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CALENDÁRIO NEGRO – DEZEMBRO

1 – O flautista Patápio Silva é contemplado com a medalha de ouro do Instituto Nacional de Música, prêmio até então nunca conferido a um negro (1901)
1 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Otto Henrique Trepte, o compositor Casquinha, integrante da Velha Guarda da Portela, parceiro de Candeia, autor de vários sambas de sucesso como: "Recado", "Sinal Aberto", "Preta Aloirada" (1922)
1 – O líder da Revolta da Chibata João Cândido após julgamento é absolvido (1912)
1 – Todas as unidades do Exército dos Estados Unidos (inclusive a Força Aérea, nesta época, uma parte do exército) passaram a admitir homens negros (1941)
1 – Rosa Parks recusa-se a ceder o seu lugar num ônibus de Montgomery (EUA) desafiando a lei local de segregação nos transportes públicos. Este fato deu início ao "milagre de Montgomery” (1955)
2 – Dia Nacional do Samba
2 – Nasce em Magé (RJ) Francisco de Paula Brito. Compôs as primeiras notícias deste que é hoje o mais antigo jornal do Brasil, o Jornal do Comércio (1809)
2 – Nasce em Salvador (BA) Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o sumo sacerdote do Axé Opô Afonjá, escritor e artista plástico, Mestre Didi (1917)
2 – Inicia-se na cidade de Santos (SP), o I Simpósio do Samba (1966)
2 – Fundação na cidade de Salvador (BA), do Ilê Asipa, terreiro do culto aos egugun, chefiado pelo sumo sacerdote do culto Alapini Ipekunoye Descoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1980)
2 – Começa em Valença (RJ), o 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988)
3 – Frederick Douglas, escritor, eloquente orador em favor da causa abolicionista, e Martin R. Delaney fundam nos Estados Unidos o North Star, jornal antiescravagista (1847)
3 – Nasce em Valença(BA), Maria Balbina dos Santos, a líder religiosa da Comunidade Terreiro Caxuté, de matriz Banto-indígena, localizada no território do Baixo Sul da Bahia, Mãe Bárbara ou Mam’eto kwa Nkisi Kafurengá (1973)
3 – Numa tarde de chuva, em um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, é fundado o Coletivo de Escritores Negros do Rio de Janeiro (1988)
4 – Dia consagrado ao Orixá Oyá (Iansã)
4 – 22 marinheiros, revoltosos contra a chibata, castigo físico dado aos marinheiros, são presos pelo Governo brasileiro, acusados de conspiração (1910)
4 – Realizado em Valença (RJ), o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, que serviu como um espaço de articulação política para as mais de 400(quatrocentas) mulheres negras eleitas como delegadas nos dezoito Estados brasileiros (1988)
5 – Depois de resistir de 1630 até 1695, é completamente destruído o Quilombo dos Palmares (1697)
5 – Nasce em Pinhal (SP) Otávio Henrique de Oliveira, o cantor Blecaute (1919)
5 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Rubem dos Santos, o radialista Rubem Confete (1937)
5 – O cantor jamaicano Bob Marley participa do show "Smile Jamaica Concert", no National Hero's Park, dois dias depois de sofrer um atentado provavelmente de origem política (1976)
6 – Edital proibia o porte de arma aos negros, escravos ou não e impunha-se a pena de 300 açoites aos cativos que infringissem a lei. (1816)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Jorge de Oliveira Veiga, o cantor Jorge Veiga (1910)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Emílio Vitalino Santiago, o cantor Emílio Santiago (1946)
6 – Realização em Goiás (GO) do Encontro Nacional de Mulheres Negras, com o tema “30 Anos contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil” (2018)
7 – Nasce Sir Milton Margai, Primeiro Ministro de Serra Leoa (1895)
7 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Luís Carlos Amaral Gomes, o poeta Éle Semog (1952)
7 – Clementina de Jesus, a "Mãe Quelé", aos 63 anos pisa o palco pela primeira vez como cantora profissional, no Teatro Jovem, primeiro show da série de espetáculos "Menestrel" sob a direção de Hermínio Bello de Carvalho (1964)
8 – Nasce em Salvador(BA) o poeta e ativista do Movimento Negro Jônatas Conceição (1952)
8 – Fundação na Província do Ceará, da Sociedade Cearense Libertadora (1880)
8 – Nasce no Harlem, Nova Iorque (EUA), Sammy Davis Jr., um dos artistas mais versáteis de toda a história da música e do "show business" americano (1925)
8 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Alaíde Costa Silveira, a cantora Alaíde Costa (1933)
8 – Dia consagrado ao Orixá Oxum
9 – Nasce em São Paulo (SP) Erlon Vieira Chaves, o compositor e arranjador Erlon Chaves (1933)
9 – Nasce em Monte Santo, Minas Gerais, o ator e diretor Milton Gonçalves (1933)
9 – Nasce em Salvador/BA, a atriz Zeni Pereira, famosa por interpretar a cozinheira Januária na novela Escrava Isaura (1924)
10 – O líder sul-africano Nelson Mandela recebe em Oslo, Noruega o Prêmio Nobel da Paz (1993)
10 – O Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, assina a nova Constituição do país, instituindo legalmente a igualdade racial (1996)
10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído pela ONU em 1948
10 – Fundação em Angola, do Movimento Popular de Libertação de Angola - MPLA (1975)
10 – Criação do Programa SOS Racismo, do IPCN (RJ), Direitos Humanos e Civis (1987)
11 – Nasce em Gary, condado de Lake, Indiana (EUA), Jermaine LaJaune Jackson, o cantor, baixista, compositor, dançarino e produtor musical Jermaine Jackson (1954)
11 – Festa Nacional de Alto Volta (1958)
11 – Surge no Rio de Janeiro, o Jornal Redenção (1950)
12 – O Presidente Geral do CNA, Cheif Albert Luthuli, recebe o Prêmio Nobel da Paz, o primeiro a ser concedido a um líder africano (1960)
12 – Nasce em Leopoldina (MG) Osvaldo Alves Pereira, o cantor e compositor Noca da Portela, autor de inúmeros sucessos como: "Portela na Avenida", "é preciso muito amor", "Vendaval da vida", "Virada", "Mil Réis" (1932)
12 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Wilson Moreira Serra, o compositor Wilson Moreira, autor de sucessos como "Gostoso Veneno", "Okolofé", "Candongueiro", "Coisa da Antiga" (1936)
12 – Independência do Quênia (1963)
13 – Dia consagrado a Oxum Apará ou Opará, a mais jovem entre todas as Oxuns, de gênio guerreiro
13 – Nasce em Exu (PE) Luiz Gonzaga do Nascimento, o cantor, compositor e acordeonista Luiz Gonzaga (1912)
14 – Rui Barbosa assina despacho ordenando a queima de registros do tráfico e da escravidão no Brasil (1890)
15 – Machado de Assis é proclamado o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (1896)
16 – Nasce na cidade do Rio Grande (RS) o político Elbert Madruga (1921)
16 – O Congresso Nacional Africano (CNA), já na clandestinidade, cria o seu braço armado (1961)
17 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Augusto Temístocles da Silva Costa, o humorista Tião Macalé (1926)
18 – Nasce em King William's Town, próximo a Cidade do Cabo, África do Sul, o líder africano Steve Biko (1946)
18 – A aviação sul-africana bombardeia uma aldeia angolana causando a morte dezenas de habitantes (1983)
19 – Nasce nos Estados Unidos, Carter G. Woodson, considerado o "Pai da História Negra" americana (1875)
19 – Nasce no bairro de São Cristóvão (RJ) Manuel da Conceição Chantre, o compositor e violonista Mão de Vaca (1930)
20 – Abolição da escravatura na Ilha Reunião (1848)
20 – Nasce em Salvador (BA) Carlos Alberto de Oliveira, advogado, jornalista, político e ativista do Movimento Negro, autor da Lei 7.716/1989 ou Lei Caó, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de raça ou cor (1941)
21 – Nasce em Los Angeles (EUA) Delorez Florence Griffith, a atleta Florence Griffith Joyner - Flo-Jo, recordista mundial dos 100m (1959)
22 – Criado o Museu da Abolição, através da Lei Federal nº 3.357, com sede na cidade do Recife, em homenagem a João Alfredo e Joaquim Nabuco (1957)
23 – Nasce em Louisiana (EUA) Sarah Breedlove, a empresária de cosméticos, filantropa, política e ativista social Madam C. J. Walker, primeira mulher a construir sua própria fortuna nos Estados Unidos ao criar e vender produtos de beleza para mulheres negras. Com sua Madam C.J. Walker Manufacturing Company, ela fez doações em dinheiro a várias organizações e projetos voltados à comunidade negra (1867)
23 – Criação no Rio de Janeiro, do Grupo Vissungo (1974)
23 - O senador americano Jesse Jackson recebe o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e o diploma de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro durante visita ao Brasil, por meio do Projeto de Resolução nº 554 de 1996, de autoria do Deputado Graça e Paz (1996)
24 – João Cândido, líder da Revolta da Chibata e mais 17 revoltosos são colocados na "solitária" do quartel-general da Marinha (1910)
25 – Parte do Rio de Janeiro, o navio Satélite, levando 105 ex-marinheiros participantes da Revolta da Chibata, 44 mulheres, 298 marginais e 50 praças do Exército, enviados sem julgamento para trabalhos forçados no Amazonas. 9 marujos foram fuzilados em alto-mar e os restantes deixados nas margens do Rio Amazonas (1910)
25 – Nasce no Município de Duque de Caxias, (RJ) Jair Ventura Filho, o jogador de futebol Jairzinho, "O Furacão da Copa de 1970" (1944)
26 – Primeiro dia do Kwanza, período religioso afro-americano
27 – Nasce em Natal (RN), o jogador Richarlyson (1982)
28 – O estado de São Paulo institui o Dia da Mãe Preta (1968)
28 – Nasce na Pensilvânia (EUA), Earl Kenneth Hines, o pianista Earl “Fatha” Hines, um dos maiores pianistas da história do jazz (1903)
29 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Édio Laurindo da Silva, o sambista Delegado, famoso mestre-sala da Estação Primeira de Mangueira (1922)
29 – Nasce em Diourbel, Senegal, Cheikh Anta Diop, historiador, antropólogo, físico e político (1923)
30 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Maria de Lourdes Mendes, a jongueira Tia Maria da Grota (1920)
30 – Nasce em Cypress, Califórnia (EUA), Eldrick Tont Woods, o jogador de golfe Tiger Woods, considerado um dos maiores golfistas de todos os tempos (1975)
31 – Nasce no Morro da Serrinha, Madureira (RJ), Darcy Monteiro, músico profissional, compositor, percussionista, ritmista, jongueiro, criador do Grupo Bassam, nome artístico do Jongo da Serrinha (1932)
31 – Nasce na Virgínia (EUA), Gabrielle Christina Victoria Douglas, ou Gabby Douglas, a primeira pessoa afro-americana e a primeira de ascendência africana de qualquer nacionalidade na história olímpica a se tornar campeã individual e a primeira ginasta americana a ganhar medalha de ouro, tanto individualmente como em equipe, numa mesma Olimpíada, em 2012 (1995)
31 – Fundada pelo liberto Polydorio Antonio de Oliveira, na Rua General Lima e Silva nº 316, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Beneficente Floresta Aurora (1872)
31 – Dia dos Umbandistas



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sábado, 21 de maio de 2011

Desafíos de la Cuarta Conferencia Mundial contra el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia

Entre los días 17 y 22 del próximo mes de septiembre se celebrará en Nueva York la «Cuarta Conferencia Mundial contra el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia».

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Desafíos de esta Cuarta Conferencia

Diez años después de Dur ban 2001, aunque la Declaración y el Programa de acción de la Conferencia los comprometían fuertemente, los Estados prácticamente no han actuado con respecto a dicha Declaración: muchas personas siguen siendo víctimas de racismo, de graves discriminaciones: emigrantes; gitanos a quienes se aplican políticas denunciadas por el Tribunal Europeo de los Derechos Humanos; países que votan leyes xenófobas violando la Declaración Universal de los Derechos Humanos y las normas imperativas de la ONU; construcción de muros de protección y la organización de las poblaciones asignándolas a comunidad o residencia o expulsándolas en violación de las normas del derecho internacional; instauración de un apartheid de Estado en Israel con respecto a los palestinos de los territorios ilegalmente ocupados, imposición de un bloqueo a la población de la Franja de Gaza con el pretexto de que es una «entidad hostil», mientras el conjunto de esas poblaciones son víctimas de discriminación social, política y jurídica; además se enfrentan a nuevas formas de racismo inducidas por los discursos abiertamente racistas de dirigentes políticos, con la instrumentalización de ciertas poblaciones señaladas como responsables de disfunciones mientras que son las políticas de los Estados y el sistema financiero, con su violencia estructural, las que hay que cuestionar. El desafío es enorme y la tarea sobrehumana.
Un eslabón débil, el Consejo de los Derechos Humanos
Esta conferencia, como las precedentes, depende del Consejo de los Derechos Humanos, el cual tiene como objetivo la universalidad de los derechos humanos para todas las personas del mundo cualesquiera que sean el régimen político y la religión. Sin embargo el Consejo sufre ataques directos de los Estados occidentales que quieren fortalecer su posición unilateral de hegemonía en nombre de la teoría del «choque de civilizaciones» y excluir a todos los Estados que no responden a sus exigencias o que pretenden que se escuchen todas las voces de las víctimas, incluida la del pueblo palestino, sin olvidar aquéllas de las que ya no se habla, como el pueblo checheno, o las que se rechaza oír como las de los pueblos autóctonos y las de los «dalits», así como las de las innumerables víctimas del racismo y la xenofobia por razones económicas y/o climáticas.
Los Estados poderosos quieren imponer al conjunto del mundo sus concepciones de la lucha contra el racismo, las discriminaciones y la xenofobia –igual que las de la democracia- en un terreno cuyos límites no incluyen ninguna crítica a Israel –libre para consolidar la impunidad de la que se benefician los responsables de crímenes de guerra- y donde se ha descartado la cuestión de la ofensa religiosa en beneficio de una relación de fuerza pensada a favor de Occidente.
Hay que señalar que en realidad los derechos humanos, así como el conjunto de las normas imperativas del derecho internacional, se cuestionan duramente, y más generalmente también se cuestionan los órganos de la ONU creados para conseguir que los citados derechos se respeten y se hagan efectivos. Así se plantea a la «sociedad civil» y a la «comunidad internacional» la cuestión de la sostenibilidad de esos órganos y el papel que les obliga a desempeñar una gran parte de la comunidad internacional. El primero que sufre los ataques frontales de los que quieren un mundo organizado a su conveniencia es el Consejo de los Derechos Humanos, que según algunos países «no sirve para nada».
A partir de ahí, uno de los principales desafíos de esta Conferencia consiste en la necesidad absoluta de democratizar las relaciones internacionales para que éstas dejen de ser prescritas por los países más poderosos que se encuentran en el G8 o, por mostrar una voluntad de apertura, en el G20, abierto a los países pertenecientes al BRIC.
Esa democratización no se podrá obtener sin una reforma radical de las organizaciones internacionales, en particular la de la ONU, el FMI, el Banco Mundial y la OMC. De hecho, para evitar el desarrollo del racismo, la discriminación, la xenofobia y las formas conexas de intolerancia, hay que conseguir que las instituciones financieras y comerciales internacionales se sometan al derecho internacional general, a la Carta de las Naciones Unidas y a las obligaciones relativas a la protección internacional de los derechos humanos, ésta última con los mecanismos de control, seguimiento, vigilancia, evaluación y sanciones adecuadas.
Eso implica la existencia de una sociedad internacional con un sistema de pluralismo jurídico-político que pase por el reconocimiento de la existencia de modelos sociales diferentes, de modelos democráticos pluralistas y de medios diversificados en la búsqueda del desarrollo local, regional e internacional. Un orden internacional alternativo en el que no existan formas de racismo, discriminación y xenofobia, conllevará la democratización de las relaciones internacionales: económicas, financieras, políticas etc., con una base común.
    - La reafirmación de las reglas que prohíben la amenaza y la utilización de la fuerza armada en relación con la obligación internacional de arreglar las diferencias por medios pacíficos –y no como vemos ahora a Francia haciendo la guerra en Afganistán, Costa de Marfil, Libia…
    - El fortalecimiento del sistema multilateral de cooperación internacional, de la paz y de la seguridad.
    - La reforma en profundidad de la ONU para garantizar un marco normativo que consagre la primacía del interés general sobre el interés privado.
Estamos lejos. Durante esta próxima Conferencia se corre el riesgo, otra vez, de jugar a la división del mundo sobre la base de principios muy diferentes en cuanto al orden mundial y a las relaciones de fuerza, sin olvidar que en la actualidad Occidente se enfrenta a las revoluciones árabes que bien podrían marcar el declive de ese orden mundial colonial basado en la violencia, la guerra, el racismo y el empobrecimiento organizados en una parte del planeta. Pero Occidente y sus aliados quieren evitar ese vuelco y prefieren deslegitimar la totalidad de la Conferencia antes que buscar soluciones que permitan cambiar el mundo de manera radical. Así se marca la cuestión de la legitimidad del Consejo de los Derechos Humanos y más generalmente de todo el aparato normativo de la ONU.
Para ayudar a entender con claridad esos importantes asuntos, vale la pena precisar algunos elementos relativos a las conferencias anteriores y el contexto en el cual se celebrará la de septiembre de 2011.
De 1975 a 2011. Algunos elementos
El 10 de noviembre de 1975, por medio de la Resolución 3379, la Asamblea General de las Naciones Unidas afirmaba entre otras cosas que «el sionismo es una forma de racismo y de discriminación racial» basándose en la Declaración de las Naciones Unidas concerniente a la eliminación de todas las formas de discriminación racial: «cualquier doctrina de diferenciación o de superioridad racial siempre es científicamente falsa, moralmente condenable, socialmente injusta y peligrosa».
Del 14 al 25 de agosto de 1978 tuvo lugar, en Ginebra, la Primera Conferencia Mundial de la Lucha contra el Racismo y la Discriminación Racial; se hizo hincapié en particular en el régimen de apartheid de Sudáfrica.
En 1983 se celebró la Segunda, en Ginebra.
En 1991, durante la Conferencia de Madrid, la Resolución 3379 que señalaba a la vez el derecho de los pueblos a la autodeterminación, se declaraba contra el apartheid en Sudáfrica y condenaba «la impía alianza entre el racismo sudafricano y el sionismo», bajo la presión de numerosos países occidentales se calificó de «racista» y se anuló.
Septiembre de 2001, en Durban, con este precedente se celebró la Tercera Conferencia Mundial contra el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia, que acabó dos días antes de los atentados del 11-S.
Recordemos:
    - 161 países presentes.
    - Un foro muy activo de las ONG.
    - La propuesta de algunos Estados de recuperar la Resolución 3379.
    - La salida de Estados Unidos, Israel y Canadá en señal de protesta por el cuestionamiento de Israel.
Sin embargo, y a pesar de esas salidas, la Declaración y el programa de actuación adoptados al arranque mencionaban la preocupación de los delegados sobre «la suerte del pueblo palestino que vive bajo ocupación extranjera» pero no condenaban al Estado de Israel, al que reconocían «el derecho a su seguridad» en la región.
    - La declaración de los Estados, compuesta de 122 artículos que analizan las razones de las manifestaciones del racismo, la discriminación, la xenofobia y las formas conexas de intolerancia, y desemboca en las medidas en materia de prevención y educación sobre los recursos útiles, las vías del derecho y las estrategias dirigidas a instaurar la legalidad integral y efectiva.
En esta declaración, entre otras cosas, se abordan:
    - El reconocimiento de la esclavitud y de la trata negrera como crímenes contra la humanidad (1)
    - El reconocimiento del hecho de que «el colonialismo condujo al racismo y ha causado sufrimientos cuyas consecuencias perduran en la actualidad» (2)
    - El derecho inalienable del pueblo palestino –que vive bajo ocupación extranjera- a la autodeterminación y a un Estado independiente –sin olvidar el derecho a la seguridad de todos los Estados de la región, incluido Israel (3).
    - La intolerancia religiosa (4), el crecimiento de la islamofobia y del antisemitismo (5).
    - Los derechos de los pueblos autóctonos (6).
    - La xenofobia con respecto a los emigrantes, los solicitantes de asilo, los refugiados o las personas desplazadas (7).
    - El funcionamiento del sistema penal y la aplicación de leyes en las que persiste el racismo (8).
    - La impunidad que disfrutan las personas que violan los derechos humanos (9).
    - La importancia para las poblaciones de ascendencia africana de la justicia y la igualdad de trato y del desarrollo (10)
    - El racismo hacia los gitanos (11), las mujeres (12), los jóvenes…
    - El programa de acción de la Conferencia Mundial –219 artículos algunos de los cuales recuperan los objetivos del Foro de las ONG- y dan las indicaciones y recomendaciones a los Estados para eliminar el racismo, la discriminación, la xenofobia y las formas conexas de intolerancia.
Además del cuestionamiento del Estado de Israel ha habido otros escollos: el esclavismo, la colonización y las reparaciones. En torno a esas cuestiones se ha organizado el alboroto contra esta Conferencia que algunos países occidentales han intentado privar de legitimidad y ciertas ONG han pretendido instrumentalizar. En definitiva, las cuestiones como las emigraciones, la suerte de los pueblos indígenas o el derecho de los pueblos a la autodeterminación, los jóvenes… siguen en suspenso, secuestradas…
Se convoca a los Estados, las instituciones internacionales, la sociedad civil, etc., para que demuestren compromiso y voluntad para, como precisaba Madeleine Robinson (13), «transformar la vida de millones de seres humanos de todo el mundo que son víctimas de la discriminación racial y de la intolerancia».
Ocho años después la conclusión es obvia: con ayuda de la crisis, las voluntades de reorganizar y desmantelar el orden mundial se hacen más presentes y se expresan por medio de un auténtico endurecimiento y por la violencia en las relaciones internacionales. Ya no es el momento, para los países que presuntamente pertenecen al eje del bien, de proteger los derechos humanos y todavía menos los derechos fundamentales. Hay que señalar a los culpables y rechazar que los más ricos sigan enriqueciéndose, rechazar la rapiña de los países arrasados por la guerra que exportan los antiguos colonizadores que regresan por la fuerza y matan con el aval de la ONU, la cual acepta que sus objetivos y principios se vean traicionados por la ley del más fuerte, lo que hace que el mundo corra el peligro de un conflicto generalizado y arroja a la mayoría de la humanidad bajo los golpes de una violencia orquestada para dividir y dominar mejor.
Abril de 2009 en Ginebra. En ese contexto se desarrolló la Conferencia de continuación…
Durante las conferencias preparatorias la ausencia de los países occidentales fue clamorosa. Estados Unidos persistió en su negativa a participar, Canadá e Israel amenazaron con no acudir y Francia presionó a la Unión Europea para que no participase ningún país de la UE. ¿Acaso no arrastró tras sus pasos en airosa procesión a numerosos países europeos en cuanto el presidente de la República iraní pronunció sus primeras palabras? (*).
Si se pudo celebrar fue sólo gracias a la combatividad del grupo africano y a algunas ONG presentes en Ginebra. Pero hay que señalar que algunas de estas últimas sólo estaban allí para denunciar la actitud presuntamente «parcial» del Consejo de los Derechos Humanos con respecto al Estado de Israel y otras permanecieron totalmente silenciosas. No se organizó ningún foro de ONG y la participación de la sociedad civil fue escasa. El acceso al Palacio de las Naciones estaba ampliamente restringido.
Numerosos Estados –esencialmente occidentales- a los cuales se unieron las ONG no han dejado de quitar legitimidad a la ONU mientras que habría que haber denunciado, rechazado y combatido las nuevas formas de racismo, la institucionalización de la xenofobia y las políticas liberticidas y racistas que llevan a cabo numerosos Estados, así como la asignación a comunidad del conjunto de las poblaciones. Eso habría sido particularmente importante para responder a las consecuencias que tiene para el conjunto de la humanidad la expansión de un modelo socioeconómico liberal que lleva en sí mismo una violencia estructural: guerras de agresión contra los pueblos, destrucción de la protección de los derechos humanos con una trivialización generalizada de la tortura, los secuestros, las ejecuciones sumarias, los asesinatos y las masacres de civiles; trivialización del racismo, de la xenofobia y la intolerancia conexa, que son otras tantas negaciones de los objetivos y principios de la Carta de las Naciones Unidas. La expansión del modelo neoliberal imperialista que lleva en sí mismo, de forma intrínseca, todos los elementos y los resortes de un racismo desenfrenado y renovado frente a los cambios impuestos por ese nuevo orden globalizado.
Esa conferencia de continuación fue el reflejo de las relaciones de fuerza del mundo actual. Por un lado, los defensores de un orden mundial que se presenta como el único luchador contra la amenaza cuya víctima sería la civilización occidental, y por otra parte los Estados que denuncian la política de doble rasero –tanto en el plano económico como político, financiero o militar- de la que son víctimas, el cuestionamiento de normas fundamentales en las que se basaron las principales convenciones internacionales, sin olvidar que sólo se ponen en práctica cuando lo autorizan los dominadores. El margen de maniobra depende fuertemente de sus necesidades y de lo que tienen a bien conceder los países «desarrollados».
Septiembre de 2011
Contexto de la «Cuarta Conferencia contra el Racismo, la Discriminación Racial, la Xenofobia y las Formas Conexas de Intolerancia»
Se trata de un contexto todavía más difícil y deteriorado que el de 2001 en el que se celebrará esta Conferencia. El derecho internacional de naturaleza política cada vez se cuestiona más y se encuentra fuertemente erosionado , lo cual facilita el terreno para que se desarrolle el fortalecimiento de reglas basadas en la lógica del mercantilismo de la sociedad internacional en su conjunto en función de las necesidades y las voces de las poderosas multinacionales ayudadas por los pequeños Estados y por las grandes potencias contemporáneas. Esta desestructuración se fortalece en una instancia informal como el G8, donde las decisiones se toman sin ningún control; y el G20 corre un gran riesgo de desempeñar el mismo papel, aunque pese a los BRIC.
Hay que convenir en que se trata del régimen internacional del libre comercio el que contribuye de forma sustancial a la neutralización de las normas internacionales en materia de protección de los derechos humanos, llegando a atentar directamente contra la integridad física, la libertad de las personas y el derecho a la participación (14), y por lo tanto al recrudecimiento de las formas de racismo desenfrenadas y sin complejos. En definitiva, desde la transformación de la Sociedad de las Naciones en las Naciones Unidas, hay que admitir que por desgracia, y a pesar de los esfuerzos desplegados por algunos para el cambio, el paradigma que conforma los prejuicios racistas no ha cambiado nunca.
A este contexto hay que añadir el que va a prevalecer en el marco de la próxima sesión del Consejo de los Derechos Humanos en Nueva York, en el que Palestina demandará su reconocimiento como nación soberana. Varios países ya han avanzado su reconocimiento, Argentina Brasil, Bolivia, chile, Ecuador, Perú, Paraguay, Uruguay y Venezuela. Dicho reconocimiento vendrá a reparar el Estado sin derechos en el que vive Palestina a pesar de que ya posee –aunque no guste a los partidarios de otra realidad- todos los atributos de un Estado. Debido a esta situación inicua en la que la mantienen los miembros de la «comunidad internacional», Palestina está privada del derecho al acceso a la justicia internacional para el conjunto de los crímenes de guerra y posibles crímenes contra la humanidad que padece su población.
Una simple cuestión: ¿Cómo es posible que esta comunidad internacional asuma que los responsables israelíes que han cometido crímenes de guerra «de tal gravedad que amenazan la paz, la seguridad y el bienestar del mundo» (15) disfruten de esta impunidad contra la que se creó la Corte Penal Internacional?
Frente a todo eso, en el momento en que el mundo occidental se tambalea sobre sus cimientos, porque se siente amenazado por las revoluciones de la primavera árabe, es donde se inscribirá, diez años después, esta Conferencia de Durban. ¿Conseguirá recoger el desafío? ¿Sabrán las ONG hacerse entender y llevar las voces de los pueblos que actualmente son violentados, rapiñados, amordazados y negados en nombre del modelo democrático occidental impuesto, entre otros al continente africano? La comunidad internacional, que sólo lo es porque ha recibido el mandato de los pueblos de las naciones, ¿sabrá por fin respetar los objetivos y los principios de la Carta de las Naciones Unidas sin alterarlos ni transformarlos en beneficio de las potencias hegemónicas?
¿La comunidad internacional sabrá –cincuenta años después de las independencias- tomar se el tiempo para revisar la Carta de las Naciones Unidas pensada en su época por y para los países colonizadores? Ésta es, entre otras, una de las cuestiones gracias a las cuales esta conferencia de Durban tomará todo su sentido y podrá responder a los desafíos que plantea el mundo actualmente.
El movimiento altermundista frente a esos desafíos
No somos ingenuos, esta división del mundo, organizada a partir de la instrumentalización de la lucha contra el racismo, la discriminación, la xenofobia y las formas conexas de intolerancia, viene a reforzar el discurso elaborado desde septiembre de 2001 para luchar contra el terrorismo –en nombre de la instauración de un modelo social neoliberal apoyado por el concepto del derecho de injerencia y de la responsabilidad de proteger- con el establecimiento de un discurso sobre las «buenos valores y buenas prácticas» de la democracia secuestrada por los Estados dominantes que predican el unilateralismo y ahora llaman a «una buena gobernanza mundial»
Frente a esas amenazas, esta Cuarta Conferencia reviste una importancia especial y debería ser la ocasión para afirmar que los dominados quieren reconquistar sus derechos y hacer que prevalezcan otros valores como la solidaridad entre los pueblos, la cooperación, el reparto de las riquezas, el derecho al desarrollo, etc., eso que, ciertamente, se aborda en otras luchas, pero la lucha contra el racismo, como precisó Frantz Fanon «no es un todo, sino el elemento más visible, el más cotidiano, para decirlo todo, en ciertos momentos el más grosero de una estructura dada» (16), que atraviesa todos los demás y se convierte en común a todos los hombres y mujeres que buscan y construyen las alternativas para otro mundo.
Esta conferencia hecha por los pueblos y responsabilidad de los pueblos debe mostrar la capacidad de resistencia de todos aquéllos y aquéllas que rechazan por una parte los golpes de fuerza de los dominadores cuya «opresión militar y económica precede y legitima el racismo» (17) y por otra parte al hecho de ver que se instaura la deslegitimación de la ONU y de sus instrumentos y mecanismos como el Consejo de los Derechos Humanos.
A la vista de esos desafíos, es imprescindible que el movimiento altermundista no se inscriba de antemano en un enfoque de compromiso, de apoyo para presionar a los Estados que todavía no han respondido, diez años después de Durban 2001, a las propuestas esenciales contenidas en la Declaración y el programa de acción a fin de eliminar el racismo, la discriminación, la xenofobia y las formas conexas de intolerancia que se expresa a todos los niveles de la sociedad –bajo cualquier manifestación-.
Mireille Fanon-Mendès France.  Conseil scientifique d’ATTAC
Notas:
(1) 13, Declaración y programa de acción, publicado por el Departamento de Información de la Organización de las Naciones Unidas, DPI/2261, agosto de 2002.
(2) 14, Declaración y programa de acción, publicado por el Departamento de Información de la organización de las Naciones Unidas, DPI/2261, agosto de 2001.
(3) 63, 64, ídem.
(4) 60, 66, ídem.
(5) 61, ídem.
(6) 23 y 24, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, ídem
(7) 16, 38, 46, 47, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 65, ídem.
(8) 25, ídem.
(9) 26, ídem.
(10) 34, 35, 56, ídem.
(11) 68, ídem
(12) 69, 70, 71, ídem.
(13) Alto Comisario de las Naciones Unidas de los Derechos Humanos en el cargo durante la Conferencia de Durban 2001.
(14) Según el informe sobre la globalización presentado a la Comisión de los Derechos Humanos de la ONU, las violaciones toman las formas diversas que van desde las ejecuciones extrajudiciales, desapariciones forzosas, tortura y otras formas de penas o tratamientos crueles, inhumanos o degradantes y detención arbitraria, a la negación del derecho a un juicio justo. «…Los Estados abusan de la fuerza para hacer frente a la oposición que se manifiesta contra la globalización o a la aplicación de las reglas del libre comercio a nivel local, o para intentar reforzar la protección de los regímenes de inversiones. Así, la privatización de servicios básicos como el aprovisionamiento de agua potable o la cesión de tierras u otros recursos naturales a grandes empresas han originado manifestaciones de resistencia y oposición por parte de diversos actores de la sociedad civil. La reacción de algunos Estados ha sido impedir la expresión de esos derechos democráticos. La supresión sistémica de esos derechos podría ser utilizada por el Estado como una estrategia para imponer medidas económicas impopulares, estrategia que podría tener el favor de empresas que pretenden acceder a los recursos naturales y otros de los países en desarrollo…», ONU-CDH, Derechos Económicos, Sociales y Culturales, La globalización y sus efectos sobre el pleno disfrute de los derechos humanos. Informe final presentado por J. Oloka-Oyango y Deepika Udagama, según la decisión 2000/105 de la Subcomisión, 25 de junio de 2003.
(15) Preámbulo del Estatuto de Roma de la Corte Penal Internacional.
(16) Página 39, Pour la révolution africaine, écrits politiques, La Découverte/Poche, junio de 2006.
(17) Página 46, ídem.
(*) El 20 de abril de 2008 los embajadores europeos en la ONU, indignados, abandonaron la Conferencia Mundial sobre el Racismo de la Organización de las Naciones Unidas, que se celebraba en Ginebra, en protesta por el discurso del presidente iraní Mahmud Ahmadineyad, que empezaba así: « A los distinguidos presentes quiero expresarles mi posición. Desde la Segunda Guerra Mundial, y bajo el pretexto del sufrimiento del pueblo judío, y utilizando inadecuadamente el holocausto, ellos han reiterado sus agresiones militares contra una nación entera de palestinos. Ellos, siendo inmigrantes de Europa, EEUU y otras partes del mundo, han establecido un gobierno totalmente racista en la ocupada Palestina. Bajo la excusa de comprensión del racismo y sus consecuencias en Europa, los israelíes llevaron el gobierno más cruel y racista a otras partes del mundo como lo es Palestina. Las raíces del ataque de EEUU a Iraq y su invasión de Afganistán están en la arrogancia de la anterior Administración de EEUU y la presión impuesta por poderes descontrolados para expandir su influencia en los intereses del complejo industrial y los fabricantes de armamento…».
Mireille Fanon-Mendès France
Fondation Franz Fanon
Traducido para Rebelión por Caty R.
 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

II Festival de Juventude de Cruz das Almas - BA


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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Espaço do Autor: confira entrevista com professora América Cesar, do livro "Lições de Abril"

Em clima de lançamento do livro Lições de Abril: a construção de autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha , o Espaço do Autor traz uma entrevista exclusiva com a autora América Cesar. Professora do Instituto de Letras da Universidade Federal desde 1994, onde graduou-se e obteve o título de mestrado, América Cesar é Doutora em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas. Trabalha com pesquisas na área de linguística, cultura e educação. Atualmente, desenvolve atividades para o magistério indígena e coordena o núcleo local do Observatório Escolar Indígena (CAPES/ INEP/ SECAD).

Por Laryne Nascimento

29 de abril de 2011

1 - Como surgiu a ideia de realizar o trabalho de pesquisa que deu origem ao livro Lições de Abril: a construção de autoria entre os Pataxó de Coroa Vermelha ?

O eixo da pesquisa é consequência de trabalho antigo na área ambiental, mais precisamente no início da década de 90, no movimento de defesa do São Bartolomeu, uma reserva de mata atlântica na região metropolitana de Salvador, de fundamental importância para algumas religiões tradicionais de matriz africana. A compreensão do estudo da linguagem implicado com a importância das águas e das matas para a sobrevivência da diversidade sociocultural e linguística do entorno, me levou a provocar e refletir sobre a construção do texto escrito de professoras das escolas públicas do subúrbio ferroviário, que participavam do Programa Memorial Pirajá .

Posteriormente, em 1997, continuei a olhar essa mesma construção de autoria, mas agora já no processo de formação dos professores indígenas no primeiro curso de magistério indígena na Bahia. Como era professora de língua portuguesa no referido curso, resolvi fazer minha pesquisa de doutorado com o letramento do professor (a) indígena, no Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Unicamp, que tem um grupo de pesquisa pioneiro, direcionado para a  formação do professor indígena.

Daí para Coroa Vermelha, explico no livro, foi o trabalho se fazendo já meio fora de controle das minhas intenções iniciais. O livro é a publicação da tese, que foi defendida em 2002.

2 - Qual foi o momento que mais lhe impressionou durante todo o trabalho de pesquisa realizado na Aldeia de Coroa Vermelha? 
Realmente foi a repressão absurda que foi feita pelo governo de então contra os diversos atores que se mobilizaram no chamado Brasil Outros 500 , ou Movimento de Resistência Indígena, Negra e Popular . E, embora os acontecimentos de abril não tenham sido o foco do meu trabalho, terminaram ganhando uma dimensão maior do que a que eu esperava, justamente pela violência das ações geradas nas mais diversas esferas.

Como eu era uma pesquisadora que estava morando na área naquele período, não pude deixar de observar e de me afetar por aqueles acontecimentos, mudando o meu percurso de pesquisa.

3 - Durante o processo de pesquisa para a composição do livro, a senhora enfrentou alguma dificuldade?

A pior de todas foi conviver e compartilhar com os indígenas do clima de tensão gerado pela repressão policial que se acirrou significativamente à medida que se aproximava o 22 de abril, data emblemática no projeto comemorativo oficial, e depois, o 26 de abril, dia também emblemático para a igreja católica, com o evento da missa dos 500 anos de evangelização do Brasil. Depois, foi decidir o que deveria dizer.

4 - Em sua opinião, de que modo esta obra auxilia na discussão sobre a atual situação dos povos indígenas no Brasil?

Bom, na análise dos acontecimentos, pude teorizar sobre o processo que chamo de "construção de autoria/autonomia", que na verdade é uma reinterpretação do que se poderia chamar "resistência Pataxó". Essa construção teórica é fruto da tentativa de compreender como os sujeitos subalternizados, historicamente oprimidos, como diria Paulo Freire, conseguem "tomar a palavra" e se autorizar como produtores de discursos ( e aí inclua a própria autora). Na análise dos acontecimentos de abril, procurei demonstrar como os Pataxó se apropriaram dos acontecimentos e os assimilaram dentro de uma lógica própria, que muitas vezes escapava aos esquemas previsíveis na ordem do discurso dominante, seja o do governo, seja o da igreja, seja o do próprio movimento de resistência organizado em torno do Brasil Outros 500 . Na verdade, os acontecimentos de abril são só o mote para analisar alguns mecanismos dessa "construção de autoria/autonomia". Acho que dá uma idéia da diversidade de posições e expõe a complexidade das relações interétnicas, inclusive dentro da própria comunidade indígena. Se o que digo no livro fizer refletir sobre essa complexidade e contribuir para posições menos assimétricas entre índios e não-índios, ficarei muito feliz.

5 - Como a senhora avaliaria a produção literária acerca da situação dos povos indígenas nos dias atuais?

A produção literária acerca da situação dos povos indígenas ainda é muito pouca para a importância histórica e diversidade dos povos indígenas, só para ficar no Brasil. Mas, felizmente, os próprios indígenas se apropriam hoje dos mais diversos instrumentos e conquistam cada vez mais espaços no sentido de serem ( eles e elas) os autores dos seus textos, das suas ciências e da sua História, criando explicitando, documentando, teorizando epistemologias e referências próprias. Só para dar um exemplo, a propósito, no ano de 2007, os professores e professoras Pataxó lançaram um livro cujo título é "Pataxó: uma história de resistência" em que eles contam a História do povo Pataxó, inclusive esses acontecimentos de abril, sob a sua ótica. Infelizmente, a tiragem foi muito limitada e esse livro só circulou, praticamente, nas comunidades indígenas. Infelizmente, os instrumentos burocráticos para a concessão de recursos para publicação dificultam, quando não impedem, a divulgação da produção intelectual indígena. Está na hora de as editoras das universidades prestarem atenção para a produção literária de autoria indígena, principalmente essa produção dos professores e demais intelectuais indígenas nas escolas e nas universidades.

6 - Após o lançamento deste livro, Lições de Abril , há planos para publicação de outras obras de sua autoria?

Gostei do que disse uma colega: a publicação do livro é apenas o trabalho de uma professora de escola pública prestando contas ao público. Mas, por enquanto, acho que dá para  descansar um pouquinho, antes de outra prestação de contas.

7 - Deixe uma mensagem para os leitores da EDUFBA.

Se tem uma coisa que me angustia é ver a durabilidade, a capacidade de perpetuação do racismo, do sexismo, da homofobia, dentre outras formas de opressão. Por isso seria muito bom se cada gesto nosso diariamente pudesse realmente contribuir para explicitar,  desmistificar, enfrentar, acabar de vez com essas e outras formas de degradação da dignidade humana. É muito utópico, mas utopia faz falta.

FONTE: EDUFBA

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Projeto Difusão Afro-Cultural na Educação II - MG

 
 CENAFRO CONVIDA
Lançamentos Culturais:
DIFUSÃO AFRO no. 2, revista do Cenafro
Revista distribuída gratuitamente a escolas, educadores e entidades.
 
O MARXISMO E A QUESTÃO RACIAL, livro de Carlos Moore
Em seguida, palestra com o autor Carlos Moore
Livro, com venda revertida ao Cenafro.
 
Apresentação cultural com o Terno de Congado ESTRELA GUIA.
 
27/05/11 (Sexta-feira) – 19:00 horas - Casa de Cultura Graça do Axé
Av. Cesário Crosara, 4187 – Bairro Roosevelt - Uberlândia (MG)
 
Realização:CENAFRO  
Patrocínio:FUNDAÇÃO CULTURAL PALAMARES  
ApoioUFUPROEX/Dicult

Cultura local e mercado global, na UFBA - BA

Agora em junho 2011 completa 10 anos da morte do geógrafo baiano Milton Santos, vencedor inédito do Vautrin Lud, o “Nobel” de Geografia. Professor da UFBA e da USP, para homenagear e preservar a sua memória diversas atividades estão programadas no Brasil e no exterior, particularmente na França, onde foi exilado pela ditadura militar em 1964.
 
Na Bahia, nos dias 6 e 7 de junho acontece na Reitoria da UFBA, nos auditórios do Instituto Anísio Teixeira (SEC, Paralela) e da Facom,  o Colóquio Milton Santos.3. Pesquisadores, produtores culturais, artistas e trabalhadores do mercado informal farão intervenções nos dois dias.
 
As inscrições gratuitas, abertas aos interessados até o dia 25/05, são para apresentação de trabalhos acadêmicos ou apenas como ouvinte. Veja aqui como se inscrever o quanto antes. O evento será transmitido por videoconferência para todo o território baiano.
 
E tenha o privilégio de participar dos debates que lembram o pensamento daquele importante intelectual, crítico dos rumos da globalização econômica.
 

Biografia de Lima Barreto tem lançamento em Salvador - BA

O escritor paulista Cuti autografa o trabalho e conversa com o público quarta (25/05) no Sarau Bem Black
 
O escritor paulista Cuti, um dos mais importantes autores e estudiosos da literatura negra brasileira, vem a Salvador lançar seu mais recente trabalho: a biografia Lima Barreto, estudo sobre a vida e obra do escritor carioca. Convidado do coletivo Blackitude, Cuti participa da edição do dia 25/06 (quarta-feira) do Sarau Bem Black no Sankofa African Bar (Pelourinho), quando autografa o trabalho e bate-papo com o público. A programação, gratuita, começa a partir das 19h.  
                A biografia é o sétimo volume da Coleção Retratos do Brasil Negro, da editora Selo Negro, que destaca nomes significativos da cultura e da militância negra do país. Mestre e doutor em literatura, Cuti analisa a produção de Lima Barreto (1881-1922) e mostra a atualidade dos problemas que ele apontou no início do século XX em contos, crônicas e romances. “Ainda hoje, seus livros travam uma luta contra as forças de exclusão social, muito poderosas no Brasil. Elas interferem na cultura, em especial nas artes, que têm o poder de alimentar nosso imaginário”, afirma Cuti.  
Além de falar sobre sua pesquisa, Cuti é o convidado especial do Sarau Bem Black, que acontece todas as quartas no Sankofa African Bar. Na segunda parte do evento, ele sobe ao palco para mostrar alguns de seus poemas, publicados em livros como Poemas de Carapinha (1978), Negroesia (2007) e Poemaryprosa (2009).  Cuti, pseudônimo de Luiz Silva, tem 59 anos, foi um dos fundadores da organização literária Quilombhoje e um dos criadores e mantenedores da série Cadernos Negros, que publica poemas de autores negros de todo o país desde os anos 80.
O Sarau Bem Black é coordenado pelo poeta e professor Nelson Maca. Além dos poetas residentes, o microfone é aberto à plateia, para que possa exercitar sua poesia em público. Desde sua inauguração, em setembro de 2009, o sarau conta com a presença constante do Dj Joe, que homenageia, semanalmente, um artista ou conjunto da música negra mundial. Para a edição que recebe Cuti, haverá uma seleção de samba rock, ambientando e dialogando com os poemas declamados.
A agenda de Cuti em Salvador inclui participação na Semana de Letras da UCSal. Ele ministrará o minicurso Literatura Negro-Brasileira, dias 26 e 27, das 8h às 12h, no Campus da Lapa, com inscrições a R$ 10,00. As inscrições já estão abertas no Centro Acadêmico de Letras no Campus da Lapa. Também no dia 27, o escritor segue para o Instituto de Letras da UFBA, onde fecha sua agenda oficial na Bahia num bate papo com alunos cotistas e bolsistas dos projetos Rasuras, PET - Comunidades Populares, e Conexões de Saberes, a partir das 15h.
 SERVIÇO
Evento I: Sarau Bem Black – Recital Poético
e lançamento do livro Lima Barreto de Cuti
Quando: 25/05 (quarta-feira), às 19h
Onde: Sankofa African Bar (Pelourinho)
Realização: Blackitude: Vozes Negras da Bahia
Entrada Franca

Evento II: Minicurso “Literatura Negro-Brasileira”
e lançamento do livro Lima Barreto de Cuti
Quando: 26 e 27/05 (quinta e sexta-feira), das 8h às 12h
Onde: Campus Lapa – Auditório / Rua Joana Angélica
Realização: Semana de Letras da UCSal (8119-4890 / 9182-2226)
Inscrição: Centro Acadêmico de Letras / R$ 10,00

Evento III: Bate-papo com alunos cotistas e bolsistas
e lançamento do livro Lima Barreto de Cuti
Quando: 27/06 (sexta-feira), às 15h
Onde: Instituto de Letras da UFBA / Campus de Ondina
Realização: Projetos Rasuras, PET- Comunidades Populares e
Conexões de Saberes (9917.1390)


Lima Barreto/Coleção Retratos do Brasil Negro
            O sétimo volume da Coleção Retratos do Brasil Negro traz a biografia de Afonso Henrique de Lima Barreto (1881-1992), um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos. Autor de grandes clássicos da literatura nacional, produziu romances, novelas, contos, crônicas e diários. Vítima de preconceito por ser negro e pobre, só teve a obra reconhecida décadas após sua morte. Autor de obras-primas como Triste fim de Policarpo Quaresma e Recordações do escrivão Isaías Caminha, ele foi duramente rechaçado pelos críticos.
Cuti analisa a produção do escritor e mostra a atualidade dos problemas que ele apontou no início do século XX. Dividido em três partes, o livro destaca vários aspectos da obra barreteana, abordando também as manifestações que ela provocou e ainda é capaz de provocar. Analisando a consciência crítica do escritor, Cuti mostra que ele experimentou um ângulo de visão social muito diferenciado em sua época. Na sua avaliação, a obra de Barreto ajuda a fazer analogias entre o passado e o presente e pode causar um verdadeiro incômodo intelectual e emotivo.
              Além da prosa de ficção, Barreto escreveu artigos e crônicas publicados em jornais e revistas, abordando temas intrigantes e polêmicos, tais como: corrupção na política, violência contra a mulher, ostentação social, futebol e violência, parcialidade da imprensa, literatos esnobes e hermetismo, entre outros. “Ele nos deixou um amplo e pulsante painel da vida cotidiana de seu tempo, alcançando-nos com sua capacidade de revelar e problematizar questões perenes, universais e aquelas para as quais o povo brasileiro ainda não conseguiu encontrar solução”, avalia Cuti.
          Os capítulos mostram que a obra de Barreto transgride a noção de literatura como imitação de modelos. Segundo o pesquisador, ela se afasta do propósito de arte literária evasiva, de fuga da realidade por parte do escritor e do leitor. “Seus textos impactam porque atuam no sentido oposto. Buscam expressar a realidade. Por isso, ele desrespeitou regras, sobretudo as dos gêneros e padrão de linguagem”, afirma, lembrando que, além de produzir literatura, o escritor também refletiu e escreveu sobre ela.

FICHA
Livro: Lima Barreto – Coleção Retratos do Brasil Negro
Autor: Cuti
Editora: Selo Negro Edições
Preço: R$ 22,00 (128 páginas)

terça-feira, 17 de maio de 2011

É hoje! Roda de conversa sobre ações afirmativas na UFBA - BA

C O N V I T E
 

Na manhã de 17 de maio de 2004, o auditório da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) ficou pequeno para abrigar estudantes negros/as, ativistas, representantes de entidades negras, parlamentares e docentes. É que aconteceria uma sessão histórica do Conselho Superior: a votação de um programa de políticas de Ações Afirmativas, resultado das investidas de um grupo de entidades, coordenado pelo CEAFRO/ CEAO/UFBA - denominado Comitê Pró-cotas. O programa aprovado não foi a proposta inicial, mas  fruto de embates e negociações entre a sociedade civil e a UFBA.
 
Aprovado para vigorar 10 anos, o Programa de Ações Afirmativas da UFBA passará por avaliação institucional em 2014, o que definirá a continuidade ou não do mesmo. Neste sentido, surge a necessidade de discutirmos os resultados e limites das ações implementadas a fim de traçarmos estratégias coletivas na luta por políticas educacionais antirracistas.
 
Propomos o início de uma ampla discussão sobre a adoção do Programa de Ação Afirmativa na UFBA - contextualização histórica, análise dos impactos desse programa etc,  a partir da roda de conversa: Sete anos de cotas na UFBa. E daí?
 
 
CEAFRO/UFBa

CONEXÕES DE SABERES
IINSTITUTO CULTURAL STEVE BIKO
 NENU
PROGRAMA PREPARATÓRIO PARA A PROMOÇÃO DA IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO (CEAO/UFBA)
 
LOCAL: Auditório Milton Santos, CEAO, Praça Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho SSA/BA
DATA: 17 de maio de 2011, terça-feira
HORÁRIO: Das 17h30min às 21horas

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Yalorixá e Doutora em Antropologia, Cecília Conceição Soares participará de curso gratuito em SSA - BA

Yalorixá fundadora do Ilê Axé Maroketu é tema de aula na Biblioteca Pública do Estado




Foto de Wilson Militão, extraída do Blog Mundo Afro / A Tarde



Nesta terça-feira, 17 de maio, às 17h, no auditório da Biblioteca Pública do Estado (Barris), a Professora Doutora Cecília Conceição Moreira Soares será a próxima convidada do curso Conversando com sua História, do Centro de Memória da Bahia. O tema a ser abordado será “Yalorixá Cecília do Bonocô – História de vida", assunto da tese de doutorado defendida na Universidade Federal da Pernambuco. As inscrições são gratuitas e os participantes recebem certificados.


O tema
– Buscando abordar as passagens em vários processos ritualísticos de diferentes culturas como: a ameríndia, a européia e a africana, mas com o enfoque na religião de matriz africana, a autora falará dos distintos momentos de vida da Yalorixá e as ações que a mantiveram ligada às tradições do Candomblé. “A vida religiosa de matriz afro-brasileira da Yalorixá é muito rica, tendo em vista que, anteriormente à iniciação na nação Ketu, ela passou pelo catolicismo popular, por outras vertentes religiosas, fundou uma sessão espírita e, só depois, teve a passagem definitiva para o mundo do Candomblé. Na religião afro-brasileira, Cecília recebeu a dijina Onã Sabagi, que significa ‘caminho’, local onde se realiza os rituais de iniciação da nação jeje”, ressalta a professora Cecília Moreira, neta da yalorixá e atual lider religiosa do Ilê Axê Maroketu.


História
- Cecília do Bonocô foi fundadora do Ilê Axé Maroketu, em 1943, uma tradicional casa de candomblé Ketu, com tradições Jeje, situada no bairro de Cosme de Farias, em Salvador. Hoje liderada por sua neta e próxima palestrante do Curso Conversando com sua História. “O que é interessante na análise da historia de vida da Yalorixá Cecilia do Bonocô é o fato de ser tão cheio de simbolismo e pertencimento religioso e de permanecer na memória do Povo de Santo, enquanto exímia olhadeira em copo d´água e pela força do seu Orixá Azoani (Obaluaiyê)”, afirmou.



Currículo - Além da sua tradicional herança religiosa, a Professora Doutora Cecília Conceição Moreira Soares, possui Doutorado em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco, 2009; Mestrado em História pela Universidade Federal da Bahia, 1994; é Professora da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS e da Universidade Católica do Salvador, UCSal. É membro do Núcleo de Estudos sobre a Mulher Mulieribus/UEFS e do Núcleo Cultura, Poder e Memória /UCSAL. Entre as publicações da professora destacam-se: A Mulher Negra na Bahia do Século XIX, As ganhadeiras em Salvador no século XIX; As Negras nas ruas: outros conflitos; Ser Negro no Candomblé e estereótipo verbal; e Candomblé de Paramirim na época de 1958.



O próximo encontro do Curso Conversando com sua História acontece no dia 25 de maio e terá como tema: “Entre o ‘serviço da casa’ e o ‘ganho’: escravidão em Salvador na primeira metade do século XVIII”, ministrado pela Professora Ms. Daniele Santos de Souza, da Universidade Federal da Bahia – UFBA. A aula busca refletir sobre a escravidão negra-africana em Salvador na primeira metade do século XVIII, discutindo o trabalho escravo urbano e as formas de resistência e solidariedade tecidas por africanos, crioulos e mestiços.



As inscrições podem ser feitas diariamente, das 9h às 17h, pelo telefone 3117- 6067 ou através do email: cmb.fpc.ba.gov.br







FONTE: Correio Nagô

Lançamento do documentário "Ser quilombola" - BA

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O evento ocorrerá  em 7 de junho, às 10hs, no Saguão da Assembléia Legislativa da Bahia, localizada no CAB



O documentário discorre sobre os principais elementos que constituem a identidade quilombola a partir das comunidades de São Francisco do Paraguaçu e Porteiras, localizadas, respectivamente, nos municípios de Cachoeira e Entre Rios. Ao discorrer sobre os aspectos identitários, traz à tona o debate sobre os critérios da autodefinição e territorialidade do decreto 4.887/03 que está sob ameaça no Supremo Tribunal Federal. 

A produção audiovisual, dirigida pela jornalista Jaqueline Barreto, conta com a participação dos historiadores Ubiratan Castro e João José Reis, da socióloga e professora da Universidade Federal da Bahia, Lídia Cardel, da representante da Fundação Cultural Palmares, Luciana Mota, e do sociólogo Walter Altino.

 As comunidades apresentadas pelo documentário possuem aspectos singulares:  Porteiras possui  um documento do Séc. XIX de doação da terra pelo ex-proprietário da Fazenda Porteiras aos escravos, mas, mesmo assim, após mais de 100 anos de tentativas, o território ainda não foi titulado e São Francisco do Paraguaçu ganhou repercussão internacional devido a uma reportagem exibida em 2007 pelo Jornal Nacional que, por sinal, resultou na paralisação de todos os processos da Fundação Cultural Palmares e do Instituto de Colonização e Reforma Agrária(INCRA). 

Segundo essa reportagem, a comunidade de São Francisco do Paraguaçu não se constituiria como uma comunidade quilombola. O documentário “SER QUILOMBOLA, ao abordar as nuances da identidade quilombola, surge também como um direito de resposta dessa comunidade às denúncias equivocadas da maior emissora do Brasil. Além disso, tem como finalidade contribuir com a elevação da auto-estima dos descendentes dos quilombos e, acima de tudo, como material didático  a ser utilizado pelas diversas instituições de ensino. 


Quando: 7 de junho 

Horário: às 10hs 

Local: Saguão da Assembléia Legislativa da Bahia, CAB

FONTE: Site da Omi-dudu

Festival Maroketu - BA

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Sessão Especial "Revolta dos Malês " - BA

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domingo, 15 de maio de 2011

Treze de Maio - Porque devemos queimar a bandeira brasileira!

Jaime Amparo-Alves*
 
O Brasil branco não entendeu quando, no dia 13 de abril, Paulo Sérgio Ferreira, 38 anos, escalou o mastro e queimou a bandeira brasileira que fica na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Desempregado, Sérgio explicou o seu gesto acusando o Brasil de ser uma "pátria assassina de negros". Não poderia haver protesto mais eloquente e mais incisivo. No Treze de Maio, nossas vozes se somam ao protesto silencioso de Paulo Sérgio para denunciar a morte prematura e previsível de jovens negras e negros no país da democracia racial.

O Mapa da Violência 2011, um lançamento conjunto do Ministério da Justiça e do Instituto Sangari, dá uma dimensão da distribuição calculada da morte nas periferias brasileiras. Os pesquisadores têm identificado um “padrão da mortalidade juvenil” que elege jovens negros urbanos como as principais vítimas dos assassinatos no país. Se o assassinato de jovens já expõe a tragédia programada do Brasil do futuro, o assassinato de negras e negros expõe também a necropolítical racial do país. Negros morrem mais e mais cedo do que os brancos. A
taxa de homicídio juvenil é  proporcionalmente 103,4% maior entre os negros que brancos. Em alguns estados a taxa de vitimização juvenil é tão exorbitante que mesmo os mais cínicos críticos do termo genocídio, para se referir ao massacre cotidiano negro, teriam dificuldades em justificar o injustificável: na Paraíba e em Alagoas, os estados que mais matam jovens, o índice de vitimização negra  é de 1971,2% e 1304,0% respectivamente.

Quando Paulo Sérgio denunciava a “pátria assassina de negros”, jovens negros eram assassinados no subúrbio ferroviário de Salvador e na Baixada Fluminense.  Na Baixada Santista, mães enterravam os corpos de outros tantos mortos em mais uma chacina e na capital paulista a polícia militar lavrava mais uma ‘resistência seguida de morte’.

Queimar a bandeira brasileira, neste contexto, é gesto politico imperativo para mostrar a impossibilidade negra no projeto de nação brasileira. Qual o lugar de negras e negros na nação verde-amarela? O que a morte prematura e previsível de jovens negros tem a nos dizer sobre as maneiras como a nação tem sido historicamente imaginada entre nós? O que a persistência da morte negra revela – e oculta - sobre a natureza antropofágica da democracia racial brasileira?

A verdade é que a maior nação negra fora do continente africano tem uma dor de cabeça histórica de onde situar os seus negros. Certa obsessão antropológica tem exaustivamente nos situado no botequim, no samba, na capoeira. Ali somos o Brasil exótico. Na mulata tipo exportação e nos meninos do futebol temos uma reatualizacão do colonialismo, agora no sentido colônia-metrópole. As imagens do corpo negro são consumidas no esporte, no carnaval, nas narrativas da violência em filmes como Cidade de Deus e Tropa de Elite. Em todas elas uma simbiose entre violência física e simbólica produz a morte programada e ritualizada. Afinal, não seria esta reiteração simbólica do corpo negro como descartável, feio, sexualmente disponível, e perverso,o que pavimenta o caminho para a sua liquidação total?

Se considerarmos, ainda que por um momento, o fato de que a presença negra continua um incômodo para o progresso brasileiro, e, como nos lembra Thomas Skidmore, o desafio para o Brasil entender a si próprio, poderemos entender o porquê da aceitabilidade da matança negra. Nem a África do Sul no auge do seu apartheid assassinou tantos negros como por aqui.  E, embora a ditadura militar brasileira tenha sido cruel e sangrenta, a escala de desaparecimentos políticos do regime militar não comporta comparação com os números do extermínio negro.

Porque o Brasil ainda não entendeu o significado das feridas abertas - e ainda não cicatrizadas - do Atlântico Negro, e porque o movimento social não-negro, as esquerdas brasileiras, ainda têm dificuldades em aceitar a especificidade da experiência negra, fica para nós, as vítimas, a responsabilidade de reclamar os mortos e denunciar como genocídio o fenômeno político da morte em massa. Vem de Steve Biko o alerta: ‘estamos por nossa própria conta’. É a carne negra, ‘a mais barata do mercado’, que está fora de lugar. A bandeira brasileira não nos cobre e a pátria não nos comporta porque o corpo negro é o depositário de uma incompatibilidade absoluta com a nação que se quer moderna, civilizada, européia, branca. 

Passou despercebido, mas há uma analogia a ser feita entre a bandeira que o exército brasileiro fincou, no dia 25 de novembro de 2010, no alto do Morro do Cruzeiro, no Rio de Janeiro, como símbolo de conquista de território, e a bandeira que Paulo Sérgio queimava em
Brasília, no 13 de abril de 2011. Na primeira, a bandeira manchada de sangue trazia a ordem branca, do asfalto, para a geografia suja e malvada do morro. O morro precisava ser trazido, ainda que à balas de canhões, para o seu lugar submisso no projeto de dominação racial brasileira. No segundo caso, era o Brasil negro que se rebelava e denunciava o projeto genocida do Estado brasileiro. Em ambos os casos, a bandeira é o símbolo de um projeto de vida e de morte, um projeto necropolítico que a cada dia se sofistica e se torna imprescindível para a ‘paz’.

Neste Treze de Maio de luto e de lutas, bem poderíamos parafrasear Castro Alves e gritar com todos os pulmões: quem é esse povo que a sua bandeira empresta para cobrir tanto horror e covardia? A resposta talvez teríamos que buscar na reatualização contínua e dissimulada de um mito que funciona apagando a cor dos mortos. Uma nação racialmente antropofágica, ‘uma máquina de triturar gente’, um estado genocida….Orgulho de ser brasileiro? Queimemos a bandeira!
 
*Jaime Amparo-Alves é antropólogo e jornalista Email: amparoalves@gmail.com

sábado, 14 de maio de 2011

Lançamento Segundo Relatório Desigualdades Raciais no Brasil - RJ

Prezada companheira e prezado companheiro,
 
Segue o convite para o lançamento do segundo número do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil; 2009-2010 editado pelo LAESER. O estudo versa sobre os efeitos da Constituição de 1988 sobre as assimetrias de cor ou raça no Brasil, especialmente o seu capítulo da Seguridade Social e o da legislação anti-racista.
Na mesma atividade estaremos diplomando os alunos e alunas que participaram e concluíram a Oficina de Indicadores Sociais: ênfase em relações raciais (adaptado à Lei 10.639 e 11.645), também organizada pelo nosso Laboratório de pesquisa ao longo dos últimos três anos.
A atividade ocorrerá no dia 30 de maio, das 15h às 18h30 e será realizada no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFCS) da UFRJ, que fica no Largo São Francisco de Paula no. 1, Salão Nobre, Centro, Rio de Janeiro.
Foi gigantesco o esforço para a realização deste livro, bem como para a realização das Oficinas. E é por este mesmo motivo que queremos contar com vossa ilustre presença para este momento de reflexão, debates e, também, de confraternização.
Até lá!
Marcelo Paixão
Professor do IE/UFRJ - Coordenador do LAESER

Ações afirmativas na UFBA: é hora de lutarmos pela manutenção e ampliação - BA


C O N V I T E

Na manhã de 17 de maio de 2004, o auditório da Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) ficou pequeno para abrigar estudantes negros/as, ativistas, representantes de entidades negras, parlamentares e docentes. É que aconteceria uma sessão histórica do Conselho Superior: a votação de um programa de políticas de Ações Afirmativas, resultado das investidas de um grupo de entidades, coordenado pelo CEAFRO/ CEAO/UFBA - denominado Comitê Pró-cotas. O programa aprovado não foi a proposta inicial, mas  fruto de embates e negociações entre a sociedade civil e a UFBA.

Aprovado para vigorar 10 anos, o Programa de Ações Afirmativas da UFBA passará por avaliação institucional em 2014, o que definirá a continuidade ou não do mesmo. Neste sentido, surge a necessidade de discutirmos os resultados e limites das ações implementadas a fim de traçarmos estratégias coletivas na luta por políticas educacionais antirracistas.

Propomos o início de uma ampla discussão sobre a adoção do Programa de Ação Afirmativa na UFBA - contextualização histórica, análise dos impactos desse programa etc,  a partir da roda de conversa: Sete anos de cotas na UFBa. E daí?

LOCAL - Auditório Milton Santos, no CEAO,  Pça Inocêncio Galvão, 42, Largo
Dois de Julho – SSA/Ba
DATA – 17 de maio de 2011, 3ª feira
HORÀRIO - Das 17h30 às 21 horas

CEAFRO/UFBa
CONEXÕES DE SABERES
IINSTITUTO CULTURAL STEVE BIKO
 NENU
PROGRAMA PREPARATÓRIO PARA A PROMOÇÃO DA IGUALDADE ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO (CEAO/UFBA)