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CALENDÁRIO NEGRO – DEZEMBRO

1 – O flautista Patápio Silva é contemplado com a medalha de ouro do Instituto Nacional de Música, prêmio até então nunca conferido a um negro (1901)
1 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Otto Henrique Trepte, o compositor Casquinha, integrante da Velha Guarda da Portela, parceiro de Candeia, autor de vários sambas de sucesso como: "Recado", "Sinal Aberto", "Preta Aloirada" (1922)
1 – O líder da Revolta da Chibata João Cândido após julgamento é absolvido (1912)
1 – Todas as unidades do Exército dos Estados Unidos (inclusive a Força Aérea, nesta época, uma parte do exército) passaram a admitir homens negros (1941)
1 – Rosa Parks recusa-se a ceder o seu lugar num ônibus de Montgomery (EUA) desafiando a lei local de segregação nos transportes públicos. Este fato deu início ao "milagre de Montgomery” (1955)
2 – Dia Nacional do Samba
2 – Nasce em Magé (RJ) Francisco de Paula Brito. Compôs as primeiras notícias deste que é hoje o mais antigo jornal do Brasil, o Jornal do Comércio (1809)
2 – Nasce em Salvador (BA) Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o sumo sacerdote do Axé Opô Afonjá, escritor e artista plástico, Mestre Didi (1917)
2 – Inicia-se na cidade de Santos (SP), o I Simpósio do Samba (1966)
2 – Fundação na cidade de Salvador (BA), do Ilê Asipa, terreiro do culto aos egugun, chefiado pelo sumo sacerdote do culto Alapini Ipekunoye Descoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1980)
2 – Começa em Valença (RJ), o 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988)
3 – Frederick Douglas, escritor, eloquente orador em favor da causa abolicionista, e Martin R. Delaney fundam nos Estados Unidos o North Star, jornal antiescravagista (1847)
3 – Nasce em Valença(BA), Maria Balbina dos Santos, a líder religiosa da Comunidade Terreiro Caxuté, de matriz Banto-indígena, localizada no território do Baixo Sul da Bahia, Mãe Bárbara ou Mam’eto kwa Nkisi Kafurengá (1973)
3 – Numa tarde de chuva, em um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, é fundado o Coletivo de Escritores Negros do Rio de Janeiro (1988)
4 – Dia consagrado ao Orixá Oyá (Iansã)
4 – 22 marinheiros, revoltosos contra a chibata, castigo físico dado aos marinheiros, são presos pelo Governo brasileiro, acusados de conspiração (1910)
4 – Realizado em Valença (RJ), o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, que serviu como um espaço de articulação política para as mais de 400(quatrocentas) mulheres negras eleitas como delegadas nos dezoito Estados brasileiros (1988)
5 – Depois de resistir de 1630 até 1695, é completamente destruído o Quilombo dos Palmares (1697)
5 – Nasce em Pinhal (SP) Otávio Henrique de Oliveira, o cantor Blecaute (1919)
5 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Rubem dos Santos, o radialista Rubem Confete (1937)
5 – O cantor jamaicano Bob Marley participa do show "Smile Jamaica Concert", no National Hero's Park, dois dias depois de sofrer um atentado provavelmente de origem política (1976)
6 – Edital proibia o porte de arma aos negros, escravos ou não e impunha-se a pena de 300 açoites aos cativos que infringissem a lei. (1816)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Jorge de Oliveira Veiga, o cantor Jorge Veiga (1910)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Emílio Vitalino Santiago, o cantor Emílio Santiago (1946)
6 – Realização em Goiás (GO) do Encontro Nacional de Mulheres Negras, com o tema “30 Anos contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil” (2018)
7 – Nasce Sir Milton Margai, Primeiro Ministro de Serra Leoa (1895)
7 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Luís Carlos Amaral Gomes, o poeta Éle Semog (1952)
7 – Clementina de Jesus, a "Mãe Quelé", aos 63 anos pisa o palco pela primeira vez como cantora profissional, no Teatro Jovem, primeiro show da série de espetáculos "Menestrel" sob a direção de Hermínio Bello de Carvalho (1964)
8 – Nasce em Salvador(BA) o poeta e ativista do Movimento Negro Jônatas Conceição (1952)
8 – Fundação na Província do Ceará, da Sociedade Cearense Libertadora (1880)
8 – Nasce no Harlem, Nova Iorque (EUA), Sammy Davis Jr., um dos artistas mais versáteis de toda a história da música e do "show business" americano (1925)
8 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Alaíde Costa Silveira, a cantora Alaíde Costa (1933)
8 – Dia consagrado ao Orixá Oxum
9 – Nasce em São Paulo (SP) Erlon Vieira Chaves, o compositor e arranjador Erlon Chaves (1933)
9 – Nasce em Monte Santo, Minas Gerais, o ator e diretor Milton Gonçalves (1933)
9 – Nasce em Salvador/BA, a atriz Zeni Pereira, famosa por interpretar a cozinheira Januária na novela Escrava Isaura (1924)
10 – O líder sul-africano Nelson Mandela recebe em Oslo, Noruega o Prêmio Nobel da Paz (1993)
10 – O Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, assina a nova Constituição do país, instituindo legalmente a igualdade racial (1996)
10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído pela ONU em 1948
10 – Fundação em Angola, do Movimento Popular de Libertação de Angola - MPLA (1975)
10 – Criação do Programa SOS Racismo, do IPCN (RJ), Direitos Humanos e Civis (1987)
11 – Nasce em Gary, condado de Lake, Indiana (EUA), Jermaine LaJaune Jackson, o cantor, baixista, compositor, dançarino e produtor musical Jermaine Jackson (1954)
11 – Festa Nacional de Alto Volta (1958)
11 – Surge no Rio de Janeiro, o Jornal Redenção (1950)
12 – O Presidente Geral do CNA, Cheif Albert Luthuli, recebe o Prêmio Nobel da Paz, o primeiro a ser concedido a um líder africano (1960)
12 – Nasce em Leopoldina (MG) Osvaldo Alves Pereira, o cantor e compositor Noca da Portela, autor de inúmeros sucessos como: "Portela na Avenida", "é preciso muito amor", "Vendaval da vida", "Virada", "Mil Réis" (1932)
12 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Wilson Moreira Serra, o compositor Wilson Moreira, autor de sucessos como "Gostoso Veneno", "Okolofé", "Candongueiro", "Coisa da Antiga" (1936)
12 – Independência do Quênia (1963)
13 – Dia consagrado a Oxum Apará ou Opará, a mais jovem entre todas as Oxuns, de gênio guerreiro
13 – Nasce em Exu (PE) Luiz Gonzaga do Nascimento, o cantor, compositor e acordeonista Luiz Gonzaga (1912)
14 – Rui Barbosa assina despacho ordenando a queima de registros do tráfico e da escravidão no Brasil (1890)
15 – Machado de Assis é proclamado o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (1896)
16 – Nasce na cidade do Rio Grande (RS) o político Elbert Madruga (1921)
16 – O Congresso Nacional Africano (CNA), já na clandestinidade, cria o seu braço armado (1961)
17 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Augusto Temístocles da Silva Costa, o humorista Tião Macalé (1926)
18 – Nasce em King William's Town, próximo a Cidade do Cabo, África do Sul, o líder africano Steve Biko (1946)
18 – A aviação sul-africana bombardeia uma aldeia angolana causando a morte dezenas de habitantes (1983)
19 – Nasce nos Estados Unidos, Carter G. Woodson, considerado o "Pai da História Negra" americana (1875)
19 – Nasce no bairro de São Cristóvão (RJ) Manuel da Conceição Chantre, o compositor e violonista Mão de Vaca (1930)
20 – Abolição da escravatura na Ilha Reunião (1848)
20 – Nasce em Salvador (BA) Carlos Alberto de Oliveira, advogado, jornalista, político e ativista do Movimento Negro, autor da Lei 7.716/1989 ou Lei Caó, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de raça ou cor (1941)
21 – Nasce em Los Angeles (EUA) Delorez Florence Griffith, a atleta Florence Griffith Joyner - Flo-Jo, recordista mundial dos 100m (1959)
22 – Criado o Museu da Abolição, através da Lei Federal nº 3.357, com sede na cidade do Recife, em homenagem a João Alfredo e Joaquim Nabuco (1957)
23 – Nasce em Louisiana (EUA) Sarah Breedlove, a empresária de cosméticos, filantropa, política e ativista social Madam C. J. Walker, primeira mulher a construir sua própria fortuna nos Estados Unidos ao criar e vender produtos de beleza para mulheres negras. Com sua Madam C.J. Walker Manufacturing Company, ela fez doações em dinheiro a várias organizações e projetos voltados à comunidade negra (1867)
23 – Criação no Rio de Janeiro, do Grupo Vissungo (1974)
23 - O senador americano Jesse Jackson recebe o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e o diploma de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro durante visita ao Brasil, por meio do Projeto de Resolução nº 554 de 1996, de autoria do Deputado Graça e Paz (1996)
24 – João Cândido, líder da Revolta da Chibata e mais 17 revoltosos são colocados na "solitária" do quartel-general da Marinha (1910)
25 – Parte do Rio de Janeiro, o navio Satélite, levando 105 ex-marinheiros participantes da Revolta da Chibata, 44 mulheres, 298 marginais e 50 praças do Exército, enviados sem julgamento para trabalhos forçados no Amazonas. 9 marujos foram fuzilados em alto-mar e os restantes deixados nas margens do Rio Amazonas (1910)
25 – Nasce no Município de Duque de Caxias, (RJ) Jair Ventura Filho, o jogador de futebol Jairzinho, "O Furacão da Copa de 1970" (1944)
26 – Primeiro dia do Kwanza, período religioso afro-americano
27 – Nasce em Natal (RN), o jogador Richarlyson (1982)
28 – O estado de São Paulo institui o Dia da Mãe Preta (1968)
28 – Nasce na Pensilvânia (EUA), Earl Kenneth Hines, o pianista Earl “Fatha” Hines, um dos maiores pianistas da história do jazz (1903)
29 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Édio Laurindo da Silva, o sambista Delegado, famoso mestre-sala da Estação Primeira de Mangueira (1922)
29 – Nasce em Diourbel, Senegal, Cheikh Anta Diop, historiador, antropólogo, físico e político (1923)
30 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Maria de Lourdes Mendes, a jongueira Tia Maria da Grota (1920)
30 – Nasce em Cypress, Califórnia (EUA), Eldrick Tont Woods, o jogador de golfe Tiger Woods, considerado um dos maiores golfistas de todos os tempos (1975)
31 – Nasce no Morro da Serrinha, Madureira (RJ), Darcy Monteiro, músico profissional, compositor, percussionista, ritmista, jongueiro, criador do Grupo Bassam, nome artístico do Jongo da Serrinha (1932)
31 – Nasce na Virgínia (EUA), Gabrielle Christina Victoria Douglas, ou Gabby Douglas, a primeira pessoa afro-americana e a primeira de ascendência africana de qualquer nacionalidade na história olímpica a se tornar campeã individual e a primeira ginasta americana a ganhar medalha de ouro, tanto individualmente como em equipe, numa mesma Olimpíada, em 2012 (1995)
31 – Fundada pelo liberto Polydorio Antonio de Oliveira, na Rua General Lima e Silva nº 316, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Beneficente Floresta Aurora (1872)
31 – Dia dos Umbandistas



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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Cotas: 10 anos de inclusão nas universidades públicas brasileiras

Em audiência pública com mais de três horas de duração, nesta segunda-feira (19), senadores, militantes e especialistas debateram os dez anos de existência do sistema de cotas raciais para ingresso em universidades públicas brasileiras. A conclusão dos participantes dessa reunião da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) foi unânime: depois de uma década, a ação afirmativa mostrou ser bem sucedida ao promover significativa e relevante inclusão da população negra brasileira no ensino superior público.

Para os participantes, as ações afirmativas são um instrumento legítimo para a busca da “igualdade material” preconizada pela Constituição de 1988. Eles também argumentaram a favor de programas como o Prouni e o Fies que, na opinião deles, proporcionam o acesso ao ensino superior a parcelas populacionais que historicamente ficaram de fora das universidades.

Três senadores se revezaram na condução da audiência pública: o presidente da CDH, Paulo Paim (PT-RS), Marinor Brito (PSOL-PA) e Paulo Davim (PV-RN). Todos eles destacaram a importância das ações afirmativas e elogiaram a trajetória de luta dos militantes do movimento negro presentes à reunião.

Primeiro a falar, o diretor-executivo da organização não governamental Educafro, frei David Santos, explicou que o sistema de cotas raciais é apenas um dos tipos de ações afirmativas atualmente em uso no Brasil. Salientou que existem no país sistemas específicos para ingresso no ensino superior para estudantes de escolas públicas, negros, indígenas, pessoas com deficiência, quilombolas, nativos do estado em que se localiza a instituição de ensino, cidadãos de baixa renda, professores da rede pública, população de cidades do interior e até para filhos de policiais e bombeiros mortos em serviço.

“Por que as cotas incomodam?”

David Santos informou que 160 instituições públicas brasileiras de ensino superior já adotam algum tipo de ação afirmativa, totalizando cerca de 330 mil cotistas, 110 mil deles afrodescendentes. Segundo disse, 32 universidades estaduais e 38 universidades federais têm sistemas de cotas raciais, 77% delas por iniciativa própria e as demais em virtude de legislação do respectivo estado. O diretor da Educafro afirmou que os dez anos de existência das cotas já provaram a importância desse instrumento para o Brasil e disse estranhar que muitas pessoas ainda se posicionem contrárias ao sistema.

- Por que as cotas incomodam tanto? – questionou David Santos, ao lembrar que o projeto de lei que institui sistema de cotas em todas as universidades públicas brasileiras já tramita no Congresso há longos 13 anos.

David Santos afirmou ainda que pesquisas já mostraram que o sistema de cotas não aumentou o racismo nas universidades, que a qualidade acadêmica não foi prejudicada e que o desempenho acadêmico dos cotistas não é inferior ao dos não cotistas. Ele acrescentou que estudo do Datafolha mostrou que 87% dos brasileiros concordam com as ações afirmativas.

A secretária de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Anhamona Silva de Brito, disse que o sistema de cotas vem ajudando na diminuição do racismo no país e também dos prejuízos que o racismo traz para a população. Ela informou que a secretaria e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa vêm trabalhando em um “mapa da inclusão” sobre ações afirmativas.

Anhamona Silva de Brito adiantou que a pesquisa vem estudando 114 instituições de ensino superior que possuem algum tipo de ação afirmativa. De acordo com ela, os resultados mostram que as cotas raciais correspondem a um percentual relativamente baixo se comparadas às ações afirmativas destinadas a estudantes oriundos de escolas públicas.

“Universidade mais colorida”

O reitor da Universidade de Brasília (UnB), José Geraldo de Sousa Júnior, classificou como vitoriosa a trajetória de dez anos das cotas raciais no Brasil. Ele lembrou que a UnB foi uma das primeiras a adotar o sistema por decisão própria e que atualmente a instituição tem cotas para afrodescendentes (20% das vagas vestibulares) e indígenas, além de unidades criadas em cidades do Distrito Federal com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que priorizam as populações locais, e também vagas específicas para educadores que atuam em assentamentos da reforma agrária.

Nos últimos dez anos, informou o reitor, 5.396 negros ingressaram na UnB por meio do sistema de cotas. Pelo sistema vestibular tradicional, outros 21.887 estudantes entraram na UnB. José Geraldo afirmou que as cotas ajudaram a aumentar a proporção de negros na universidade, fazendo da entidade “uma universidade mais colorida”. Ele também disse que a diferença entre o desempenho acadêmico dos cotistas e dos não cotistas é irrelevante e que a evasão entre os cotistas é menor.

O secretário de Educação Superior do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa, também disse apoiar os sistemas de ação afirmativa atualmente em voga no país e afirmou que a educação superior brasileira avançou nos últimos anos. Segundo ele, o ensino superior do Brasil forma atualmente um milhão de pessoas por ano, contra os 300 mil formados em 2002.

O representante do ministério disse também que o governo federal se preocupa com a manutenção dos estudantes nas universidades, destinando R$ 505 milhões anuais para políticas de assistência estudantil. Luiz Cláudio Costa garantiu que, a exemplo do governo Lula, o governo Dilma Rousseff continua comprometido com a expansão do ensino superior e da inclusão de populações historicamente discriminadas.

“Com a marca da inclusão”

A diretora de Gestão Acadêmica da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Elisângela Patrícia Moreira da Costa, afirmou que essa instituição já nasceu “com a marca da inclusão”, pois surgiu em 1978 no interior do estado como Instituto de Ensino Superior de Cáceres, virando universidade em 1993 e adotando o sistema de cotas a partir de 2004.

Atualmente, acrescentou a diretora, 25% das vagas de todos os processos seletivos da Unemat são destinadas à cota racial e a universidade acompanha o desenvolvimento dos cotistas desde a inscrição no vestibular até a formatura.Elisângela da Costa informou que a Unemat já percebeu grande número de trancamento de matrícula e evasão entre os cotistas, o que fez a universidade atentar para a necessidade de criação de processo de acompanhamento mais específico do desempenho acadêmico e das condições econômicas dos graduandos cotistas.

Depois de os palestrantes exporem suas ideias, cidadãos presentes na audiência pública puderam falar de suas experiências. Dentre eles, Solange Aparecida Ferreira de Campos falou de maneira emocionada e contundente. Militante do movimento negro, Solange foi a primeira brasileira beneficiada com bolsa do Prouni, o que a ajudou a se formar em Gastronomia na Universidade Anhembi Morumbi, uma instituição privada. Ela ingressou nessa universidade quando já tinha 45 anos, e formou-se em 2008. Na opinião dela, não é favor, mas sim obrigação dos governantes brasileiros apoiarem o acesso à educação da população negra, pois “nossos ancestrais negros deram o sangue por esse país”.- Se tivemos força para levar chibatadas nas costas, também temos força, competência e capacidade para ocupar qualquer cargo e exercer qualquer atividade e trabalho – afirmou.

Augusto Castro / Agência SenadoMatéria reproduzida em: Correio do Brasil

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

UNESCO seleciona Consultor/a para educação indígena - DF

(Clique na imagem para ampliá-la)

A Caixa Econômica Federal, a política do branqueamento e a poupança dos escravos, por Ana Maria Gonçalves


Uma imagem inédita de Machado

São tanto mais de admirar e até de maravilhar essas qualidades de medida, de tato, de bom gosto, em suma de elegância, na vida e na arte de Machado de Assis, que elas são justamente as mais alheias ao nosso gênio nacional e, muito particularmente, aos mestiços como ele. [...]. Mulato, foi de fato um grego da melhor época, pelo seu profundo senso de beleza, pela harmonia de sua vida, pela euritmia da sua obra.”
O trecho acima é de um artigo do jornalista, professor, crítico e historiador literário José Veríssimo, em artigo no Jornal do Comércio, um mês depois da morte de Machado. Causou espanto em muita gente, inclusive em Joaquim Nabuco, que lhe enviou uma carta: “Seu artigo no jornal está belíssimo, mas essa frase causou-me arrepio: ‘Mulato, foi de fato um grego da melhor época’. Eu não teria chamado o Machado mulato [itálico no original] e penso que nada lhe doeria mais do que essa síntese. Rogo-lhe que tire isso quando reduzir os artigos a páginas permanentes. A palavra não é literária e é pejorativa, basta ver-lhe a etimologia. O Machado para mim era um branco, e creio que por tal se tornava [sic]; quando houvesse sangue estranho, isso em nada afetava a sua perfeita caracterização caucásica. Eu pelo menos só vi nele o grego. O nosso pobre amigo, tão sensível, preferiria o esquecimento à glória com a devassa sobre suas origens”. É i nteressante perceber que o que causa espanto a Nabuco é Veríssimo ter chamado Machado de mulato, e não ter dito que as qualidades de medida, tato, bom gosto e elegância, na vida e na arte, eram alheias aos mestiços como ele, um neto de escravos. Pensamento condizente com um governo brasileiro que discutia a nossa condenação ao atraso e à pobreza de espírito, adquirida via mestiçagem. A solução seria tentar reproduzir, nos trópicos, a pureza de sangue europeia, sonho de consumo antigo das elites portuguesa, na época do Brasil colônia, e brasileira, pelo que parece, até os dias atuais.

A ideia de embranquecimentos dos brasileiros é antiga, e muitos eram abolicionistas não por questões humanitárias, mas porque acreditavam ser necessário estancar o quanto antes a introdução de sangue negro entre os nacionais. Em um ensaio publicado em Lisboa, em 1821, o médico e filósofo Francisco Soares Filho aponta a heterogeneidade do Brasil como o grande empecilho para o país se tornar um Estado Moderno: “Hum povo composto de diversos povos não he rigorosamente uma Nação; he um mixto de incoherente e fraco”. O livro de Andreas Hofbauer, Uma história do branqueamento ou o negro em questão, transcreve vários trechos do artigo de Francisco Soares Filho, “Ensaio sobre os melhoramentos de Portugal e do Brasil”, entre os quais destaco o que fala da necessidade e das vantagens de se promover a miscigenação controlada:
Os africanos, sendo muito numerosos no Brasil, os seus mistiços o são igualmente; nestes se deve fundar outra nova origem para a casta branca. (…) Os mistiços conservarão só metade, ou menos, do cunho Africano; sua côr he menos preta, os cabellos menos crespos e lanudos, os beiços e nariz menos grossos e chatos, etc. Se elles se unem depois à casta branca, os segundos mistiços tem já menos da côr baça, etc. Se inda a terceira geração se faz com branca, o cunho Africano perde-se totalmente, e a côr he a mesma que a dos brancos; às vezes inda mais clara; só nos cabellos he que se divisa huma leve disposição para se encresparem. (…) E deste modo teremos outra grande origem de augmento da população dos brancos, e quasi extinção dos pretos e mistiços desta parte do Mundo; pelo menos serão tão poucos que não entrarão em conta alguma nas considerações do Legislador.”
Hofbauer também cita o artigo de António d’Oliva de Souza Sequeira, “Addição ao projeto para o estabelecimento politico do reino-unido de Portugal, Brasil e Algarves”, de 1821, no qual, além de reforçar as ideias do benefício da mestiçagem de seu conterrâneo, aponta a necessidade de promover a imigração: “Como o Brasil deve ser povoado da raça branca, não se concederão benefícios de qualidade alguma aos pretos, que queirão vir habitar no paiz. (…) E como havendo mistura da raça preta com a branca, (…) terá o Brasil, em menos de 100 annos todos os seus habitantes da raça branca. (…) Havendo casamentos de brancos com indígenas, acabará a côr cobre; e se quizerem apressar a extinção das duas raças, estabeleção-se premios aos brancos, que se casarem com pretas, ou indígenas na primeira e segunda geração: advertindo, que se devem riscar os nomes de “mulato, crioulo, cabôco” e “indígena”; estes nomes fazem resentir odios, e ainda tem seus ressaibos de escravidão (…) sejão todos ‘Portuguezes!”.
(Um breve parênteses: não sei se sou apenas eu que consigo ver semelhanças entre o discurso acima, de 1821, com o de “esqueçamos isso de brancos, negros, amarelos etc… somos todos Brasileiros!”, muito comumente encontrados em artigos de Ali Kamel, Demétrio Magnoli e Yvonne Maggie, por exemplo, apoiados pelo requentamento da teoria da mestiçagem, feito por Gilberto Freyre.)
A ideia de que, em 100 anos, os brasileiros seriam todos brancos, foi atualizada em 1911 por João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional. Nessa época o cientificismo já tinha biologizado o conceito de raça, e o racismo brasileiro se dividia entre duas correntes de pensamento. A segregacionista, que dizia que a mestiçagem já nos tinha posto a perder e que nunca seríamos uma nação desenvolvida; e a assimilacionista, que apostava na salvação através do processo de branqueamento, com imigrantes europeus. Apostando sempre no seu povo, essa última tornou-se a posição oficial do governo brasileiro, que tentava vender, no exterior, a ideia de um país com grande futuro à espera dos europeus; ou à espera de europeus, para ser mais exata. Participávamos de feiras e congressos internacionais, disputando imigrantes com Argentina, Chile e Estados Unidos, e o discurso de Lacerda, representante brasileiro no I Congresso Universal de Raças, em Londres, tenta aplacar o medo dos europeus de compartilharem o Brasil com uma raça inferior: “(…) no Brasil já se viram filhos de métis (mestiços) apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca [...]. Alguns retêm uns poucos traços da sua ascendência negra por influência dos atavismos(…) mas a influência da seleção sexual (…) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos métis todos os traços da raça negra(…) Em virtude desse processo de redução étnica, é lógico esperar que no curso de mais um século os métis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidirá com a extinção paralela da raça negra em nosso meio“.
A elite intelectual brasileira, formada por literatos, políticos, cientistas e empresários, indignada com as declarações do diretor do Museu Nacional, foi debater nos jornais e revistas. Alguns clamavam que 100 anos era um absurdo de tempo, que o apagamento do negro se daria em muito menos. Outros debochavam do otimismo de Lacerda, como o escritor Silvio Romero, que acreditava que o processo, que todos concordavam ser irreversível, levaria, pelo menos, uns seis ou oito séculos. Mas todos concordavam que era apenas uma questão de tempo, desde que o Brasil continuasse a promover a entrada de brancos europeus, a não fazer nada para integrar os negros que já estavam no país ou para baixar a taxa de mortalidade entre eles, e a dificultar a entrada de novos africanos. De fato, o governo brasileiro financiou a vinda de imigrantes europeus, não fez absolutamente nada que ajudasse escravos e libertos e proibiu a entrada de africanos. Um decreto de 28 de junho de 1890 diz que estava proibida a entrada de africanos no Brasil, e é reforçado por outros em 1920 e 1930, quando os banidos não necessariamente precisam ser africanos, mas apenas parecer. Em 1945, um decreto lei não mais proíbe, mas diz que:
Art. 1o – Todo estrangeiro poderá, entrar no Brasil desde que satisfaça as condições estabelecidas por essa lei.
Art. 2o – Atender-se-á, na admissão de imigrantes, à necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência européia, assim como a defesa do trabalhador nacional.
Imigração europeia
Tal decreto, me parece que foi revogado apenas 1980. Mas as “características mais convenientes” da nossa ascendência europeia ainda são as desejáveis e estimuladas pelo governo, como nos mostra, exatamente 100 anos depois do pronunciamento de João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional, esse comercial da Caixa Econômica Federal (ver comercial do mês de setembro.
O fato mais visível é o branqueamento de Machado de Assis. Sobre esse assunto, que é longo e complexo, sugiro a entrevista com o professor Eduardo de Assis Duarte e, para quem quiser se aprofundar um pouco mais, a leitura de seu livro “Machado de Assis Afrodescendente: escritos de caramujo.” Veríssimo, atendendo ao apelo de Nabuco, nunca incluiu o artigo em seus livros; e para acabar com qualquer dúvida quanto à mulatice, a certidão de óbito de Joaquim Maria Machado de Assis diz que o grande escritor, da “cor branca”, faleceu de “arteriosclerose”. Questionada pelo ato falho, a assessoria de imprensa da Caixa se manifestou, dizendo que “o banco sempre se notabilizou pela sua atuaç� �o pautada nos princípios da responsabilidade social e pelo respeito à diversidade. Portanto, a Caixa sempre busca retratar em suas peças publicitárias toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país”. Mas há também outro fato interessante no universo europeizado do comercial: no Rio de Janeiro de 1908, circulam apenas brancos. O comercial, assinado por “Caixa – 150 anos” e “Governo Federal – País rico é país sem pobreza”, apaga completamente as presenças negra e mestiça da capital federal do início do século. Tais atitudes colocam o governo como propagador e vítima das políticas oficiais de branqueamento da população e de ensino deficiente, voltado para o descaso com e o esquecimento do passado escravocrata brasileiro. Tivessem os profissionais envolvidos na criação, produção e aprovação de tal comercial estudado um pouco mais a vida dos africanos no Brasil, não teriam cometido erros tão banais. E tão graves, porque em nome de um governo e de uma instituição que diz ter uma história construída por todos os brasileiros, mas que parece, nesse caso, retratar apenas aqueles brasileiros que sempre foram mais brasileiros do que os outros. A nossa desigualdade entre iguais.
Tivessem esses profissionais dado uma olhada nos levantamentos demográficos da época (embora “raça” não tenha entrado nas estatísticas entre 1890 e 1940 – porque “éramos todos brasileiros”…) ou nas crônicas publicadas em jornais e revistas da época, ou o interesse de conhecerem um pouco melhor o assunto em questão, saberiam que a população negra e mestiça do Rio de Janeiro deveria ser, no mínimo, 30 e 40% do total, mas aparentava ser muito mais. A então capital federal, onde já era numerosa a presença de escravos e libertos, recebeu grandes contingentes de negros e mulatos após a assinatura da Lei Áurea, chegados das áreas rurais e de diversas partes do Brasil. Eles eram, então, a maioria a circular pelas ruas, em busca de emprego, que não havia, ou fazendo bicos, tentando se adaptar à nova realidade. Uma “sociedade movediça e dolorosa”, como nos contam as crônicas de João do Rio, entre tantas outras tão fáceis quantos de achar, c aso houvesse interesse.
E por falar em “movediça e dolorosa”, é interessante também perceber como o governo retrata os escravos em outro comercial (ver mês de maio) referente à comemoração dos 150 anos da Caixa, o “Libertos”.
O comercial nos faz acreditar que a “poupança dos escravos” havia sido uma iniciativa progressista da Caixa quando, na verdade, foi um retrocesso nas “leis informais” que regulavam as iniciativas de compra de liberdade, e uma forma de o governo brasileiro, já no final da escravidão, lucrar um pouco mais com a exploração do trabalho escravo. Há um estudo interessante sobre essa poupança, “A poupança: alternativas para a compra da alforria no Brasil (2a metade do Século XIX)”, da historiadora e professora Keila Grinberg, que vou tentar resumir aqui, em meio a outras informações. É importante entender o cenário em que a “poupança dos escravos” foi lançada.
Após a Revolução Industrial, a Inglaterra buscava novos mercados consumidores para seus produtos e, vendo a escravidão com um dos grandes entraves, promulgou unilateralmente o Slave Trade Suppression Act de 1845, conhecido no Brasil como Bill Aberdeen. O ato considerava como sendo pirataria o comércio de escravos entre a África e as Américas, e a Inglaterra poderia abordar qualquer navio em atividade suspeita e liberar a carga humana. Muitos desses africanos foram levados para colônias inglesas no Caribe, onde trabalharam sob condições bem parecidas com a escravidão. Vários navios brasileiros foram aprendidos e destruídos, gerando uma série de incidentes diplomáticos que, em conjunção com outros fatores, levaram o Brasil a parar com o tráfico. Na verdade, a pressão era para que o Brasil obedecesse a Lei Feijó, também conhecida como “lei para inglês ver”, promulgada em 7 de novembro de 1831, que dizia:
A Regência, em nome do Imperador o Senhor Dom Pedro Segundo, faz saber a todos os súditos do Império, que a Assembléia Geral decretou, e ela sancionou a Lei seguinte:
Art. 1º. Todos os escravos, que entrarem no território ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres.
Essa lei nunca foi obedecida e precisou ser reforçada com a Lei Eusébio de Queirós, aprovada em 4 de setembro de 1850:
Art. 1: As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras encontradas nos portos, enseadas, ancoradouros ou mares territoriais do Brasil, tendo a seu bordo escravos, cuja importação é proibida pela lei de 7 de novembro de 1831, ou havendo-os desembarcado, serão apreendidas pelas autoridades, ou pelos navios de guerra brasileiros, e consideradas importadoras de escravos. Aquelas que não tiverem escravos a bordo, nem os houverem proximamente desembarcado, porém que se encontrarem com os sinais de se empregarem no tráfego de escravos, serão igualmente apreendidas e consideradas em tentativa de importação de escravos.
Inicialmente, a Lei Eusébio de Queirós também teve pouquíssimo efeito, fazendo inclusive com que o tráfico se intensificasse. Como a vida útil de um escravo era curta, e as condições dos cativeiros brasileiros nunca foram ideais para a reprodução, como acontecia, por exemplo nos EUA, os exploradores de trabalho escravo trataram de garantir um bom estoque de peças, começando a pensar, inclusive, que a escravidão, algum dia, poderia ter fim. Quando a Inglaterra intensificou o controle nos mares, começou então o aumento do comércio interno, com as províncias do Rio de Janeiro e São Paulo, ancoradas na lucrativa economia cafeeira, importando peças do norte e nordeste. Possuir escravos que se tornavam cada vez mais caros, então, começou a ser coisa de “gente grande”, com a diminuição da entrada de peças de reposição e a crescente demanda da indústria cafeeira, base da economia brasileira da ápoca. O Brasil passava por grandes transformações, e outras duas leis importantes também foram promulgadas em 1850, a Lei das Terras e a lei do Código Comercial, ambas com profundas ligações com a escravatura.
Começando a se pensar pela primeira vez em um Brasil sem escravos, a Lei das Terras defendia os interesses dos grandes latifundiários, garantindo-lhes o direito de regularizar a posse das terras que ocupavam. As terras não ocupadas passaram a ser do Estado e só poderiam ser adquiridas em leilões, com pagamento à vista, impossibilitando que ex-escravos (e possíveis colonos, porque já se discutia uma política de imigrações), quando libertados, se tornassem proprietários através de ocupações.
O Código Comercial regulamentava a criação de sociedades anônimas e comerciais, uma necessidade por causa das reorientações na economia brasileira. Não tendo mais condições de comprar escravos, a gente “média” e “miúda” começou a ter outras necessidades de crédito e a se interessar por outros bens de consumo, aumentando a importação de bens estrangeiros. Em 1851, por exemplo, surgiu no Rio de Janeiro o Banco do Commercio e da Indústria que, junto com outros bancos, passou a receber depósitos e a emprestar dinheiro. Foi esse banco que, em 1853, depois de uma fusão com o Banco Commercial do Rio de Janeiro, deu origem ao Banco do Brasil. Segundo Keila Grinberg, “(…) Com isso, o crescimento das atividades comerciais no país, devido principalmente à prosperidade dos negócios do café, foi facilitado pelo aumento da emissão de moeda, e pela autorização, por parte do governo imperial, da realização de várias operações comerciais pelos bancos”. Em 1857 já havia vários bancos oferecendo esses serviços, mas a crise no setor cafeeiro e o grande número de instituições privadas, levou o governo a centralizar a atividade bancária, principalmente as de poupança e crédito, através da Lei dos Entraves, de 1860. Foi através dessa lei que o Governo Imperial criou a Caixa Econômica, que entrou em atividade em 1861 como o primeiro banco que receberia “as pequenas economias das classes menos abastadas”, nos moldes de várias instituições privadas de grande sucesso nos EUA e na Europa.
As Caixas prestariam os serviços de depósito em poupança e de empréstimos tendo como garantia a penhora de bens. Com isso, o governo buscava “centralizar no Estado as economias dos poupadores, de pequenos a grandes, de modo que o montante arrecadado pudesse contribuir para o desenvolvimento da infra-estrutura do país, como aconteceu nos Estados Unidos, onde a poupança alavancou o investimento em ferrovias, centros de tratamento de água e esgoto e canais”. A princípio, a arrecadação não foi muito grande, ao contrário da procura por empréstimos, e só melhorou um pouco a partir de 1864, com a quebra de várias instituições concorrentes.
A Lei do Ventre Livre, de 1871, reconheceu, entre outras coisas, o direito do escravo formar pecúlio. Na verdade isso já acontecia havia muito tempo. Escravos se reuniam em associações (Juntas ou Irmandades) auto-regulamentadas e contribuiam para um fundo comum que, entre outras coisas, servia para a compra de cartas de alforrias de seus associados. A novidade da lei é que, diferente do que acontecia antes, se o escravo tivesse dinheiro suficiente a carta de alforria não poderia mais ser negada pelo seu dono. A Caixa Econômica então passou a aceitar depósitos de escravos, mas a caderneta de poupança teria que ser aberta em nome dos seus donos, porque o decreto de fundação, de 1861, dizia:
“Não serão admittidos, como depositantes ou abonadores, os menores, escravos, e mais indivíduos que não tiverem a livre administração de sua posse e bens”
E para que o escravo tivesse certeza disso, de que não era dono daquele dinheiro e daquela “poupança do escravo”, Keila Grinberg nos conta que “todas as cadernetas de escravos eram riscadas onde aparecia a palavra ‘senhor’ antes do espaço destinado à redação do nome do poupador. Para que não restasse dúvidas de que poupar não fazia de nenhum escravo, um senhor.
Isso significa que a “poupança dos escravos” criada pela Caixa Econômica Federal não é nenhuma novidade entre as modalidades de se juntar dinheiro para a compra da carta de alforria, e ainda é um retrocesso, no sentido de proibir depósitos em nome de escravos. Caixas Econômicas não estatais, surgidas na década de 1830 na Bahia, em Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro, seguindo o modelo das caixas existente em outros países escravistas das Américas, não tinham essa proibição. Então, o que a Caixa Econômica Federal fez, em 1872, ao oficializar a “poupança dos escravos”, foi permitir e reafirmar que o controle do dono sobre o escravo, com a tutela do Estado, fosse exercido inclusive sobre algo que, de comum acordo entre dono e escravo poderia ficar, anteriormente, sob a responsabilidade do escravo. Antes de oficializar essa proibição, inclusive, a própria Caixa “aceitava” depósitos de escravos, como prova a exist� �ncia da caderneta de poupança de número 12.729: “mesmo à margem da lei, entre 1867 e 1869, a escrava Luiza depositou religiosamente 5 mil réis por mês com o aval de D. Antonia Luiza Simonsen, sua senhora’, escreve Grinberg. A poupança dos escravos de ganho coloca-os novamente sob a tutela de seus senhores.
Escravos de ganho nas ruas do Rio, por Debret
Luiz Carlos Soares nos dá uma ideia da vida de um escravo de ganho no Rio de Janeiro, em sua tese “Urban Slavery in Nineteenth Century Rio de Janeiro”: “Uma parcela considerável desses cativos [que andavam pelas ruas do Rio] era constituída pelos escravos de ganho. Estes desenvolviam as mais diversas modalidades de comércio ambulante, carregando as suas mercadorias em cestos e tabuleiros à cabeça, ou transportavam, sozinhos ou em grupos, os mais variados tipos de cargas, ou ainda ofereciam os seus serviços em quaisquer eventualidades, até mesmo no transporte de pessoas em seus ombros pelas ruas da cidades nos dias chuvosos ou carregando em suas cabeças barris com os dejetos das residências que à noite eram jogados ao mar.” Profissões mais especializadas, como sapateiros, barbeiros, joalheiros, ou até mesmo mendicância e prostituição, estavam entre as atividades exercidas pelos escravos de ganho. São esses os escravos retratados no comercia l “Liberdade” da Caixa, todos saudáveis, “higienizados”, sorridentes e bem tratados. A realidade, no entanto, era bem outra. Alguns realmente conseguiam se dar bem, sendo capazes de juntar boa quantidade de dinheiro; mas eram exceções. O que valia a pena, nessa modalidade, era o escravo ter um pouco mais de liberdade em relação aos escravos rurais ou domésticos, sob maior vigilância. Os escravos de ganho eram mandados para a rua por seus senhores, onde deveriam trabalhar para pagar o “jornal”, ou seja, uma quantia diária, semanal ou mensal estipulada pelo dono. Era o excedente desse jornal, se houvesse, que os escravos poderiam poupar para empregar no que bem quisessem, desde o complemento à alimentação deficiente, roupas, aluguel de um cômodo para morar longe do senhor, ou a carta de alforria. E era esse excedente que, em nome do dono, poderia ser depositado na “poupança dos escravos”, na esperança de, um dia, ser suficiente para comprar a libe rdade; o que se tornava cada vez mais difícil.
A partir de 1850, com a venda maciça de escravos para as zonas cafeeiras, o número de escravos diminuiu consideravelmente na cidade do Rio de Janeiro. O recenseamento realizado em 1872, ano de lançamento da poupança de escravos, conta que eles eram, ao todo, 37.567, dos quais 5.785 eram criados (escravos de aluguel para serviços domésticos) e jornaleiros (de ganho). Escravos de ganho já não eram bom negócio. Em alguns setores mais lucrativos, como o de transporte, eles estavam perdendo espaço para trabalhadores livres, melhor organizados e de melhor aparência; em sua maioria imigrantes pobres portugueses. Esse é o cenário quando a Caixa Econômica Federal decide aceitar dinheiro de trabalho escravo – desde que em nome do donos, é sempre bom lembrar -. Com a alta sucessiva do preço, e com seus donos usando métodos legais e ilegais para manter os escravos que possuíam, as compras de cartas de alforria se tornaram raríssimas depois da Lei de 1871. “Q ue não restem dúvidas: a alforria custava caro. Para se ter uma ideia, entre 1860 e 1865 o preço médio pago por um escravo para ficar livre variou entre 1:350.000 réis e 1:400.000 réis, mas chegou a mais de 1:550.000 réis em 1862. Evaristo, depois de três anos de poupança acumulou irrisórios 8.100 réis. Luiza, aquela que depositava com consentimento da sua senhora Antonia Luiza Simonsen, chegou a pouco mais de 200.000 réis”, lembra Grinberg.
Provavelmente, foram raríssimos os que conseguiram comprar suas cartas de alforria através das cadernetas dos escravos, como a escrava Joana do comercial. Aplicados no banco, os recursos destinados à compra de sonho serviam para aumentar os lucros da Caixa que, segundo o estatuto de criação, podia utilizar o dinheiro das poupanças para fazer empréstimos, a juros, através do Monte de Socorro, com as penhoras. Talvez isso também pudesse ser chamado de exploração de mão de obra escrava. Da qual, hoje, a Caixa de orgulha, a ponto de apresentar como um dos grandes feitos a ser comemorado em seus 150 anos de existência. Ironicamente, ou não – pois realmente quero acreditar que é fruto da profunda ignorância histórica e da falta de sensibilidade -, o confessional foi exibido no mês de maio, para ser potencializado e remetido à Lei Áurea. Coisas da propaganda, que talvez pudesse ser usada para nos responder duas perguntas:
- O que foi feito do dinheiro dessas cadernetas de poupança quando aconteceu a abolição? O dinheiro era dos escravos, o excedente do que tinham que pagar ao dono, mas não estava no nome deles. Eles conseguiram recuperar essas economias?
- Em 1872, quando foi criada a “caderneta dos escravos”, dirigida aos escravos de ganho, já fazia 41 anos que o tráfico atlântico de escravos estava proibido. Visto que a maioria dos escravos de ganho era composta por africanos (Luiz Carlos Soares nos informa que, na segunda metade do XIX, na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, dos 2.869 pedidos de concessão de licença para trabalhar ao ganho, 2.195 eram para africanos), a Caixa, antes de aceitar a abertura das cadernetas, checava se tinham entrado legalmente no Brasil (é bom lembrar que, em 1900, a expectativa de vida do brasileiro era de 33,4 anos, sendo a dos escravos bem menor que a dos não-escravos), ou era cúmplice dos que tinham sequestrado, capturado e mantido ilegalmente africanos em cárcere privado e trabalhos forçados, conforme as leis de 1831 e 1850?
Seria bom que a Caixa Econômica Federal investigasse a possibilidade de ter cometido erros e, se for o caso, se retratasse. Pelo branqueamento de Machado e por ter lucrado, talvez ilegalmente, com o dinheiro dos escravos, e fazer disso motivo de orgulho. Se não por toda a população afrodescendente brasileira, pelos seus mais de 14.000 funcionários homenageados em um belíssimo comercial comemorando o Dia da Consciência Negra.
Para que eles não se sintam usados. Para que nós não nos sintamos enganados por meras e belas campanhas de marketing. Para que esse país comece a conhecer e respeitar sua História. Para que a Para que as palavras de sua assessoria não sejam propaganda enganosa: “O banco sempre se notabilizou pela sua atuação pautada nos princípios da responsabilidade social e pelo respeito à diversidade.” Que assim seja!

CEAO lança site que reúne textos em jornais do século XX


Já está no ar a mais nova produção do Centro de Estudos Afro-Orientais. Trata-se do site "O negro na imprensa baiana do século XX”. Nele estão catalogadas mais de 1.400 matérias de 13 jornais da primeira década do século passado (Jornal de Notícias, Correio de Notícias, A Bahia, A Coisa, Diário de Notícias, A Ordem, Foia dos Roceros, O Estímulo, Correio do Brasil, Gazeta do Povo, Correio da Tarde, Correio de Alagoinhas e O Serrinhense). As notícias expressam aspectos da vida social da população afro-brasileira, das manifestações culturais às entidades políticas.

"O negro na imprensa baiana do século XX” é mais uma fonte de consulta para os pesquisadores e o público em geral. De modo organizado, podem encontrar informações, retratadas por jornais da época, que contribuam para as produções dos estudos afro-brasileiros. A pesquisa contou com o apoio do CADCT (Fapesb) e do CNPq e teve a coordenação do professor do Departamento de Antropologia da UFBA Jocélio Teles dos Santos.

Acesse e divulgue: www.negronaimprensa.ceao.ufba.br

domingo, 18 de setembro de 2011

Lançamento Coletivo EDUFBA – Setembro de 2011 apresenta "Índios e Caboclos: a história recontada" - BA

Maria Rosário de Carvalho e Ana Magda Carvalho
       
         O livro Índios e Caboclos: a história recontada, organizado por Maria Rosário de Carvalho e Ana Magda Carvalho, integra a programação do Lançamento Coletivo – Setembro de 2011, que acontece no próximo dia 20, terça-feira, às 17h30, na Antessala do Reitor (Reitoria da UFBA). Aberto ao público, o evento apresenta quatorze títulos no total, que podem ser adquiridos a preços especiais. 
         Esta obra busca revisitar e reconstruir, através de estudos etnográficos, as categorias Índio e Caboclo, em diferentes campos semânticos, tendo como ponto de partida as suas contribuições na formação da nação brasileira. Através de artigos, faz uma retomada de dados históricos para estabelecer a distinção entre os índios e os caboclos, em seus principais pontos, sem deixar de lado seus papéis no candomblé.
         Maria Rosário de Carvalho é professora associada ao Departamento de Antropologia e Etnologia da UFBA e coordena o Programa de Pesquisa Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro (PINEB/UFBA). Ana Magda Carvalho é doutoranda em Antropologia no Programa de Pós-Graduação da UFBA e, também, é pesquisadora associada ao PINEB/UFBA. Além de artigos das organizadoras, Índios e Caboclos também traz artigos de outros pesquisadores e professores desta área. 
 
Informações adicionais sobre o livro
IBSN: 978-85-232-0764-9
Número de páginas: 270
Formato: 17 x 24 cm
Ano: 2011
Preço especial de lançamento: R$ 28,00
 
Serviço
O quê: Lançamento Coletivo EDUFBA – Setembro de 2011
Quando: 20 de setembro de 2011, terça-feira, às 17h30
Onde: Antessala do Reitor (Reitoria da UFBA, Canela – Salvador, Bahia)
Quanto: entrada gratuita

Racismo científico fundamenta debates na Faculdade de Educação (UFBA)- BA

Docentes de escolas públicas também participam

O tema "História do racismo científico e a compreensão crítica das relações ciência, tecnologia e sociedade" será debatido em seminário promovido pelo Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Matemática (Encima - Faced) e pelo Laboratório de Ensino, História e Filosofia da Biologia (LEHFIBio - IB). O debate acontece na próxima quarta-feira (dia 21 de setembro), das 8 às 12h, no Auditório I da Faculdade de Educação da UFBA. O evento envolverá palestra de Juanma Sánchez Arteaga, pesquisador vinculado ao LEHFIBio e ao Consejo Superior de Investigaciones Científicas (Espanha), seguida pela apresentação do trabalho "Um modelo colaborativo de pesquisa em educação", por Cláudia Sepúlveda (Departamento de Educação/UEFS) e Charbel Niño El-Hani (Instituto de Biologia/UFBA), e por "Relatos de experiências pedagógicas" pelos professores Jorge Bugary Teles Junior (Colégio Estadual Hermano Gouveia Neto - Lauro de Freitas) e Janaina Gelma Alves do Nascimento (Instituto de Educação Gastão Guimarães - Feira de Santana).

Fonte: http://www.ufba.br/noticias/racismo-cient%C3%ADfico-fundamenta-debates-na-faculdade-de-educa%C3%A7%C3%A3o

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Imigração libanesa é tema de palestra do PosAfro/UFBA - BA

Na próxima terça-feira (20), às 18h, acontecerá a palestra "Imigração libanesa”, ministrada pelo professor Suzuki (Universidade de Tóquio), no Auditório Agostinho da Silva do Centro de Estudos Afro-Orientais. O evento, realizado pela Linha de Pesquisa em Estudos Étnicos do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (PosAfro) da UFBA, é gratuito e aberto ao público.

Palestra: Imigração libanesa.
Quando: 20 de setembro (terça-feira), às 18h.
Onde: Auditório Agostinho da Silva (CEAO), Largo Dois de Julho.
Mais informações: posafro@ufba.br

SOS Acarajé: Eduardo Paes libera o tabuleiro das baianas nas ruas do Rio



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O prefeito do Rio, Eduardo Paes, realizou ontem à tarde, em seu gabinete, uma reunião com tempero inesquecível. A seu lado, um grupo de 25 integrantes da Associação de Baianas de Acarajé e Mingau do Rio de Janeiro (ABAM). Em clima de festa, o prefeito cantou o clássico "No tabuleiro da baiana", vaiou sua própria Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop) e se fartou de quitutes.

Paes revelou que publicará hoje um decreto autorizando as baianas a vender livremente acarajé e abará, entre outras iguarias típicas, como a categoria reivindicou na reportagem "SOS Acarajé", publicada domingo.

Entre uma cocada e um bolinho, o prefeito destacou que as baianas fazem parte do cenário carioca, são patrimônio cultural imaterial do Brasil e precisam ser tratadas de forma especial:

— Se alguém tocar em uma baiana vai tem problema comigo — brincou Paes.

Debochado, o prefeito puxou um coro de vaias contra a Seop. E fez uma declaração de amor à Bahia. Para o prefeito, Salvador é a única cidade que tem um povo alegre como o carioca:

— Sou filho de baiano, meu pai é de Amargosa, onde tem o melhor São João que já se viu. Eu adoro a Bahia e as baianas já fazem parte do cenário do Rio.

A trilha sonora da conversa foi o próprio prefeito que puxou. A música escolhida foi a clássica composição de Bala e Manuel Rosa, samba enredo do Salgueiro, de 1969, que Paes sabia de cor: "Bahia, os meus olhos tão brilhando, meu coração palpitando de tanta felicidade. És a rainha da beleza universal. Muito antes do Império, foste a primeira capital. Nega baiana, tabuleiro de quindim, todo dia ela está na igreja do Bonfim, oi, na ladeira tem, tem capoeira. Zum, zum, zum, capoeira mata um !"

Lista de pedidos

A associação aproveitou o bom humor do prefeito para sacar da bolsa uma lista de reivindicações: queriam saber como ficaria a situação das baianas de outras cidades, pediram que na caminhada pela intolerância religiosa haja uma baiana na concentração e dispersão; solicitaram ao prefeito a lavagem do busto de Zumbi, e que o prefeito conceda licenças apenas para as baianas associadas à entidade. Todos os pedidos foram prontamente atendidos por Eduardo Paes, que ganhou a bênção das baianas.

Novas regras para a venda deve sair em 15 dias

O decreto publicado pelo prefeito Eduardo Paes estabelecerá que as doceiras denominadas baianas poderão preparar no local autorizado para comercialização, acarajé e abará, entre outros quitutes. Segundo o secretário especial de Ordem Pública, Alex Costa, o objetivo nesse primeiro momento é conceder a licença e facilitar a vida das baianas. Segundo ele, num prazo máximo de 15 dias, deve sair uma regulamentação com a normas básicas que deverão ser seguidas por quem for vender comida baiana nas ruas.

As baianas consideram o documento uma conquista, já que, há mais de 20 anos, trabalham clandestinamente:

—É um sonho que estamos realizando — comemorou, emocionada, a presidente da Associação Analys de Oyá, mais conhecida como Nega do Acarajé.

Normas de higiene

Hoje, um grupo de 20 baianas começa o curso PAS (Programa Alimento Seguro), do Senac, que já treinou cerca de mil quituteiras em Salvador. Segundo a gestora do Programa, Fabiane Alheira, a ideia é repetir o sucesso do projeto no Rio:

— O Senac vai dar o primeiro passo, mas precisamos que os governantes se sensibilizem e sejam parceiros para que possamos capacitar novas baianas que venham se associar à Abam.

A associação se preocupa em manter a tradição. Segundo Analys de Oyá, a verdadeira baiana de acarajé tem que estar caracterizada com bata, balangandã, torço (turbante) e tabuleiro:

— Todo esse contexto é que configura o patrimônio imaterial. O acarajé é um quitute sagrado, por isso é obrigatório seguir um ritual.


Nelson Maca discute o filme "Faça A coisa certa" de Spike Lee no PetCine Literatura / UFBA

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(Clique na imagem para ampliá-la)

Nelson Maca (Nelson Gonçalves)

Poeta e professor, ensina Literatura Brasileira no Instituto de Letras da Universidade Católica de Salvador desde 1995. É fundador do Coletivo Blackitude: Vozes Negras da Bahia, grupo que se auto define integrante do movimento social negro, com o qual vem atuando há onze anos na Bahia e no Brasil. O coletivo realiza, de maneira independente, ações artísticas e de formação sócio-política através das linguagens da cultura hip hop e afins. Entre as diversas atividades desenvolvidas pelo grupo, destacam-se sua participação, em parceria com o Instituto cultural Steve Biko, nas três etapas iniciais do Consórcio Social da Juventude, Programa do Primeiro Emprego do Ministério do Trabalho no Governo Lula; e a implantação de dois saraus literários que acontecem, interruptamente, há dois anos na cidade de Salvador: o Sarau Bem Black e o Sarau Bem Legal. O primeiro é adulto, apresenta declarada identidade negra e acontece semanalmente no Sankofa African Bar no Pelourinho; o segundo tem orientação infanto-juvenil e estabelece uma parceria pontual com a Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. Neste contexto montou e coordena o grupo de poetas infantis Este Tal Recital, com o qual se apresenta em diversos locais na cidade de Salvador. Participou da posse Ori, primeira experiência do Hip Hop organizado de Salvador. Há mais de 25 anos promove e participa de eventos - seminários, workshops, cursos, shows, lançamentos, etc. - de Negritude, Literatura e Hip Hop na Bahia e no Brasil, tendo estabelecido parcerias pontuais com o Programa Pelourinho Cultural, Fundação Palmares, Fundação Pedro Calmon, Fundação Gregório de Mattos, Universidade Católica de Salvador, Universidade Federal da Bahia, Universidade Estadual da Bahia, Theatro XVIII, Bloco Afro Okanbi, Universidade Federal Fluminense (RJ), Só Balanço Produções (BSB), Griot Produções (BSB), Cooperifa – Cooperativa de Artistas da Periferia (SP), APAFunk – Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (RJ), entre outras. Ensinou no Instituto de Letras da UFBA, como professor substituto, e participou da primeira geração de professores do Curso Pré-vestibular Steve Biko. Tem colaborado com artigos e entrevistas para jornais e periódicos a exemplo dos jornais A Tarde e Correio, da revista da Fundação Palmares e dos sites Overmundo e Central Hip Hop. Mantém o Blog Gramática da Ira / gramaticadaira.blogspot.com e colabora no Blog Bahia na Rede / blogbahianarede.wordpress.com.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sarau Bem Black recebe Versus2 - BA

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A Versu2 apresenta seus Amigos

O Rap baiano anda em alta na Bahia e no Brasil. Sou testemunhas dessa evolução. O Sarau Bem Black tem sido um dos pontos de encontro de parte dos MCs que fazem a cena local hoje. E tem tido o privilégio de servir como plataforma de lançamento de alguns dos registros sonoros que têm ganhado a rua recentemente.

Agora chegou a vez de recebermos a Versu2, instigante grupo que acaba de trazer a público sua EP Apresento meus amigos, na sequência de várias conquistas recentes, aqui e fora. Sem dúvida um grupo que vem trabalhando com afinco e criatividade. Enfim trata-se de mais um dos que a cada dia constrói, talvez, o último degrau para a emancipação do Rap no estado: profissionalismo!

Seja na escrita, na laboração das nas bases, na gravação, na divulgação, nas performances ao vivo, na articulação de uma equipe de trabalho que extrapola o palco e no estabelecimento de parcerias pontuais, a Versu2 tem mostrado que joga o jogo!.

Bem vindo ao Sarau Bem Black, Versu2!

Durante o evento, os integrantes da Versu2 batem um breve bate-papo com os presentes e fecham a programação da noite com um pocket-show que promete contagiar!

E a todos que botam fé no nosso verbo e nos nossos corres fica aí o convite para comparecer na quarta-feira, 14 de setembro, a partir das 19:30min, lá no Sankofa African Bar – Pelourinho, e brindar com a gente mais esse passo pra frente do Rap Baiano.

(Apresento meus amigos será vendido a R$2 - dois reais)!

Nelson Maca – Blackitude.Ba

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

IV SEDER - Seminário de Educação e Diversidade Étnicorracial (NEAA/UEL) - PR

O Núcleo de Estudos Afro-Asiáticos (NEEA) da Universidade Estadual de Londrina promove, de 12 a 14 de setembro, o IV SEDER - Seminário de Educação e Diversidade Étnicorracial, no Teatro Ouro Verde e no Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH), no campus da UEL, das 14 às 22 horas.
A conferência de abertura será no dia 12, no Teatro Ouro Verde, a partir das 19 horas, com o professor Nelson Inocêncio (UNB), que vai falar sobre “Educação Inclusiva”. Após a conferência o professor lança o livro “Emanoel Araújo”. Trata-se de uma biografia de Emanoel Alves de Araújo, escultor, curador e museólogo baiano, considerado a maior expressão da arte negra no Brasil.
O investimento é de R$20,00 para discentes e R$ 40,00 para docentes e comunidade externa.
As inscrições podem ser feitas no local do evento e no site www.uel.br/eventos/seder. 
Mais informações pelo telefone (43) 3326-2099.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Comunicado da pesquisa "Faces do Brasil" - BA

Etnomídia – Grupo de Estudos em Mídia e Etnicidades da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia e do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade/CNPq-UFBA, Omi-Dùdú – Núcleo de Resgate e Preservação da Cultura Afro-Brasileira, e Afirme-se – Centro de Práticas e de Estudos de Diversidades Culturais têm o prazer de comunicar a todos os parceiros, ativistas dos movimentos sociais, do Movimento Negro e comunidade em geral:
- a renovação do contrato de doação, desta vez no valor de US$ 150.000 (cento e cinqüenta mil dólares), para a continuidade da pesquisa Faces do Brasil de monitoramento de mídia sob o olhar étnico-racial.
- a pesquisa monitora, clipa e analisa a cobertura de 23 veículos impressos (17 jornais diários e 6 revistas semanais/mensais) sobre temas relacionados a indígenas, ciganos e negros – estratos sociais historicamente marginalizados no país. Sua meta é contribuir pelo fortalecimento da democracia e da diversidade na produção de conteúdo noticioso.
- um segundo braço da pesquisa será sobre como se comporta o mercado de comunicação (jornais, revistas, TVs, rádio, publicidade) nas principais praças brasileiras depois da implantação de políticas de ações afirmativas (cotas) no Brasil.
- a doação cobre um período de dezoito meses, de 1º/09/2011 a 31/03/2013.
- o Centro de Práticas e de Estudos de Diversidades Culturais (Afirme-se), em parceria com o Núcleo Omi-Dùdú, são as organizações não-governamentais responsáveis pela gestão dos recursos recebidos.

Confira mais detalhes acessando: http://facesbrasil2011.blogspot.com
Salvador, 1º/09/2011.
Josélia Santos, presidente   I Danila de Jesus,presidente   I   Fernando Conceição,coordenador
Núcleo Omi-Dùdú.  Afirme-se.  Faces do Brasil/Etnomídia.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Dissertação aborda encantados infantis do candomblé baiano - BA

No dia 8 de setembro, a mestranda Emilena Santos do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (POSAFRO), da Universidade Federal da Bahia, defende a dissertação "Os encantados infantes do candomblé baiano: estudo sócio-religioso em terreiros de Salvador”, às 15h, no Auditório Milton Santos.
Além do professor Luis Nicolau Parés, orientador da dissertação, a banca examinadora será composta também pelos professores Renato José Amorim da Silveira (UFBA) e Angela Elisabeth Lühning (UFBA).

Onde: Auditório Milton Santos (CEAO), Largo Dois de Julho.
Quando:
8/09/11, às 15h.

Estudos africanos são temas de minicurso no CEAO/UFBA - BA

O Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) e o Programa de Intercâmbio Sul-Sul para a Pesquisa da História do Desenvolvimento (Sephis) realizam o minicurso "Estudos Africanos - Relações Índia e África”, de 13 a 15 de setembro, das 18 às 21h, na sede do CEAO, Largo Dois de Julho. O evento é gratuito. Os interessados devem se inscrever pelo e-mail: alyxandrasephisbrasil@gmail.com.
A professora Renu Modi, da Universidade de Mumbai, ministrará as aulas do curso que faz do programa Lecture Tour, ciclo de palestras sobre tema relevante para os Estudos Africanos no Brasil. No minicurso, dará especial atenção às relações entre Índia e África e também ao que concerne às migrações de africanos e relações raciais.
Um pouco sobre a palestrante – Renu Modi é pesquisadora sênior do Centro de Estudos Africanos da Universidade de Mumbai, na Índia. É cientista política graduada pelo Lady Shri Ram College for Women, em Nova Delhi. Seus livros são: Beyond Relocation: The Imperative of Sustainable Resettlement e South-South Coopertion: Africa on the Centre Stage. Além disso, já publicou sobre relações econômicas entre Índia e África numa perspectiva tanto histórica quanto contemporânea e trabalhou como consultora para desenvolvimento social para o Banco Mundial em 2005.

Minicurso: Estudos Africanos – Relações Índia e África
Quando: 13, 14 e 15 de setembro, das 18 às 21h
Onde: CEAO, Largo Dois de Julho
Quanto: Gratuito
Mais informações:
alyxandrasephisbrasil@gmail.com / (71) 8724-6364      

Inscrições abertas para curso de Iorubá - BA

Inscrições abertas para curso de Iorubá - BA



O Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) está com inscrições abertas para o curso de língua e civilização iorubá. As aulas ocorrerão todas as terças-feiras, das 18h30 às 20h30, a partir de 13 de setembro, e serão ministradas pelo professor Ayawale Ayo Olayanju, dirigente da Casa da Nigéria na Bahia.
O curso de iorubá é voltado para estudantes, professores e comunidade em geral. Durante três meses, os participantes terão noções básicas do idioma. Os interessados devem efetuar a matrícula na sede do CEAO, no Largo Dois de Julho.
Curso: Iorubá (Nível básico)
Quando: 13 de setembro a 13 de dezembro, das 18h30 às 20h30
Onde: CEAO - Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho
Mais informações: (71) 3283-5512

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Marcha "Juventude diz NÂO à violência" - BA

Você com toda certeza tem um amigo conhecido, parente que foi vitima da violência do nosso bairro, ou até mesmo V O C Ê !     

MAS ISSO NÃO PODE CONTINUAR !
Todos os dias somos discriminados pelo simples fato de sermos jovens, ou pela nossa cor, pelo bairro onde moramos, religião ou seja o que for , a questão é que já não nos dão mais voz! Juntos somos mais SIM ! Traga sua galera, pinte sua cara, tragam apitos, faixas, cartazes, movimentos artísticos, tudo que possa ser sinal de protesto! Durante o movimento e ao seu termino haverá apresentações teatrais, poesia, música e muito mais!

VEM COM A GENTE !

O QUE :    Marcha Juventude diz não à Violência !
ONDE :   Saída - Final de Linha Nova Sussuarana ás 9 hrs
                Termino- Praça Geraldo Galo | Lado da Igreja Católica
QUANDO: 11 de Setembro de 2011   
(essa data te lembra algum ato de violência?)
ATRAÇÕES:   Grupo A Febre | Guetto A | Os Agentes
                          Mt5 Louvor e Adoração | Banda PDA |  Poetas da Periferia | Ágape
EVENTO GRATUITO