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CALENDÁRIO NEGRO – DEZEMBRO
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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil 120 anos após a abolição
Mário Theodoro (org.) Luciana Jaccoud Rafael Guerreiro e Osório Sergei Soares / Brasília, 2008 |
O livro apresenta um conjunto de estudos enfocando diversos aspectos da questão racial no Brasil. Inicia com um enfoque histórico (capítulo 1), que analisa a formação do mercado de trabalho brasileiro à luz do passado escravista e da transição para o trabalho livre. Na seqüência, há um capítulo (2) sobre a discriminação racial e a ideologia do branqueamento que ganham força, sobretudo a partir da abolição. O terceiro capítulo trata do tema racial tendo em vista as diferentes abordagens sobre a questão da mobilidade social, proporcionando um rico quadro da trajetória dos estudos relacionados ao tema. Os capítulos 4 e 5 tratam dos dados mais recentes sobre as desigualdades raciais, extraídos da Pnad: um sobre os aspectos demográficos outro sobre os diferencias de renda. Já o capítulo 6 trata das políticas públicas de combate à desigualdade racial no Brasil, seus limites e abrangência. Finalmente, no capítulo 7 são apresentadas algumas conclusões com base no que foi discutido nos capítulos anteriores. Solicitação de exemplares: glaucia@ipea.gov.br |
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Câmara reconhece prática de capoeira como profissão
Mabel retirou a exigência de inscrição do mestre capoeirista na Confederação Brasileira de Capoeira.
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou na última quarta-feira (3), em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 7150/02, do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que reconhece a prática de capoeira como profissão. O projeto já aprovado pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público segue para a análise do Senado.
Pela proposta, o capoeirista passa a ser considerado atleta profissional, apto a participar de eventos públicos ou privados mediante remuneração. A capoeira já é reconhecida como manifestação cultural de dança, de luta ou de outras formas de competição.
A CCJ aprovou o parecer do relator, deputado Sandro Mabel (PR-GO), pela constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa do projeto, com emenda que suprime a exigência de inscrição do mestre capoeirista na Confederação Brasileira de Capoeira (CBC). Segundo Mabel, essa exigência criaria indesejável reserva de mercado, em conflito com o princípio do livre exercício profissional.
Íntegra da proposta:
- PL-7150/2002
Pela coletividade (Zelinda Barros)
Movimentos sociais como o feminismo, que nas últimas décadas têm sido responsáveis pela renovação da agenda política e reorientação na formulação de políticas públicas, convivem em seu momento atual com uma fragmentação interna que, em vez de refletir a saudável pluralidade política na luta por afirmação de direitos de maiorias tornadas minoritárias, tem sido extremamente prejudicial à ampliação de suas ações. Na medida em que interesses de grupos que acederam ao poder público formal reproduzem práticas outrora denunciadas quando se constituíram em forças com propósitos transformadores, a credibilidade dos grupos que ainda se dedicam seriamente a atividades indispensáveis à consolidação democrática aos poucos é comprometida. É necessária uma mudança similar à que deve ocorrer na economia, voltada majoritariamente à reprodução auto-referenciada de capitais especulativos. A alienação do capital, constituído em valor em si mesmo, é comparável à alienação provocada pela busca pelo “empoderamento” das mulheres, palavra recorrentemente utilizada como artifício justificador da manutenção das hierarquias racial e de gênero. Muitas ações que são ditas “empoderadoras”, como oficinas, cursos e outros, muitas vezes escondem justamente o seu compromisso com a manutenção de fronteiras e reprodução de práticas discriminatórias ou contribuem para que as desigualdades prossigam intocadas. Não é o caso de abolir tais iniciativas, que em si não são prejudiciais, mas prestar atenção ao processo no qual elas são forjadas. Muitas vezes persiste a mesma distribuição desigual de atribuições, a mesma busca pelo destaque individual e o desrespeito às diferenças que se diz considerar. Na estrutura formal, chegamos a um ponto em que os grupos que defendem interesses de gênero e raciais se alternam e são mantidas divisões que contribuem para o insucesso das ações propostas. Ou não há, no contexto atual, nenhum elemento que nos credencie a afirmar a possibilidade de construção de identidades coletivas - o que eu ainda duvido, ou temos aí a necessidade de uma profunda reflexão acerca dos rumos que estamos imprimindo à luta por interesses coletivos e da alteração desses rumos. Insisto mais uma vez: a pluralidade é saudável e necessária, mas o desrespeito, a desqualificação, a auto-promoção, a busca desenfreada pelo “poder” são fortes ingredientes de um processo estéril e autofágico em movimentos em que são propostas ações que visem à coletividade.
Encontro com a dramaturga, poeta e romancista angolana Isabel Ferreira - BA
DATA: Terca-Feira, 9 de dezembro de 2008.
HORÁRIO: 16h.
LOCAL: Instituto de Letras/UFBA
Campus Universitario de Ondina
ENTRADA FRANCA
Grupo de Estudos de Literaturas/Culturas Africanas / ILUFBA.
Livro resgata as primeiras imagens de professores e alunos negros
O exemplar é recheado de 54 fotos raras e inúmeros textos que contam a história dos primeiros professores e alunos negros nas escolas da Primeira República (1889 a 1930), nos estados do Rio de Janeiro e Mato Grosso. De acordo com Lúcia, naquela época os negros ocupavam cargos de destaque nas escolas públicas - eram diretores, por exemplo - e representavam boa parte do quadro de docentes. Da mesma forma, alunos brancos e negros dividiam a mesma sala de aula, em semelhante proporção.
Veja a fotogaleria com fotos do livro
- Escrevi diversos artigos sobre o assunto e as pessoas diziam que eu era louca, que os negros só começaram a estudar para ser professor na década de 1960. Então, me senti desafiada a provar aquilo. Demorou dez anos, desde o dia que achei a primeira foto, mas aí está o resultado - comemora Lúcia, que é pesquisadora associada do Programa de Educação sobre o Negro na Sociedade Brasileira, da UFF, e professora da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
Reforma educacional afasta os negros das escolas
- Entre 1910 e 1930 ocorreu um processo de branqueamento das posições de prestígio e das salas de aula. Muitos intelectuais achavam que a solução para o desenvolvimento do Brasil era a imigração da população européia. Então, foram criadas regras para afastar os negros.
As normas fizeram parte de uma reforma educacional brasileira do início do século passado, que no Rio aconteceu em 1927. Pelas regras implementadas, professores com mais de quatro obturações dentárias, sem algum dos dentes, ou não nascidos na cidade do Rio de Janeiro não eram aceitos nas escolas. Além disso, foi criado um programa de estímulo à aposentadoria, conta Lúcia.
- Com os alunos, o processo foi parecido. Eles precisavam preencher um formulário escolar que mais parecia uma ficha médica, que acabava por discriminar os mais pobres, em sua maioria negros.
Cotas contribuem para a formação de uma elite negra, dia Lúcia
O resultado dessa política, a professora acredita, é sentido ainda hoje no reduzido número de negros no magistério - apenas 4,3%, segundo dados do último Censo - e nas universidades. Para resolver o problema, ela se diz a favor da reserva de vagas para estudantes negros, adotada por algumas instituições, entre elas a Uerj.
- Pesquisas já comprovaram que os cotistas não diminuíram a qualidade do ensino dessas universidades. Pelo contrário, eles são os mais esforçados. As políticas afirmativas são essenciais para que criemos uma elite negra no país. Se elas não são a solução definitiva, são pelo menos a temporária - defendedomingo, 7 de dezembro de 2008
Audiência pública Quilombo dos Alpes
Em virtude dos acontecimentos no Quilombo dos Alpes, socializamos que o Quilombo em conjunto com o Movimento Negro está em Vigília nos dias 06 e 07 de dezembro, pois a Comunidade ainda ameaçada pelo assassino de suas duas lideranças quilombolas Joelma e Guinho, está com dificuldades de garantir sua segurança, seja pela Brigada Militar, Polícia Civil e a própria Polícia Federal, a qual competia a segurança do Quilombo , uma vez que, diante do processo de Titulação aberto no INCRA, deveria ter sua segurança garantida pelo Poder Público Federal.
Também chamamos as organizações e movimentos sociais para uma mobilização em Frente ao Palácio da Polícia Civil do Estado, na segunda feira , 08 de dezembro com concentração a partir das 8.30 da manhã , para um ATO DE PROTESTO CONTRA A VIOLÊNCIA NOS TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS E EM ESPECIAL, OS ASSASSINATOS DE JOELMA E GUINHO DIRIGENTES DA ASSOCIAÇÃO QUILOMBOLA DOS ALPES NO DIA 4 DEZEMBRO E CONTRA A NEGLIGÊNCIA DO ESTADO EM TODAS SUAS ESFERAS, SOBRETUDO COM RELAÇÃO A SEGURANÇA PÚBLICA.
Dia 11 de dezembro ocorrerá uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores , às 10 horas da manhã com o objetivo garantir a segurança da comunidade, apurar os fatos e fazer justiça social a partir da titulação imediata da comunidade.
ASSOCIAÇÃO DA COMINIDADE REMANESCENTE DOS ALPES D. EDWIRGES
Escritora guineense lança livro no CEAO - BA
O DESAFIO DO ESCOMBRO. Nação, identidades, pós-colonialismo na literatura da Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Garamond, 2007, 422 p.
O DESAFIO DO ESCOMBRO é um estudo pioneiro de Moema Parente Augel que trata da literatura contemporânea da Guiné-Bissau, numa abordagem plural à luz dos Estudos Culturais, cruzando conhecimentos e questionamentos sobre ancestralidades, identidades e resistências culturais às velhas e novas formas de colonialismo. A autora, neste ensaio lúcido e consistente, acompanha os diversos momentos da poesia e da prosa guineenses, enquanto espaço de projeção identitária, detectando o papel que assumem seus escritores que, desconstruindo a história hegemônica, se empenham na afirmação da nacionalidade, através das representações simbólicas que fazem a singularidade dessa literatura quase desconhecida, mesmo do público de língua portuguesa.
A conjuntura literária da Guiné-Bissau dos anos 90 em diante é decididamente marcada pela força da dicção de Abdulai Sila e o tratamento do inverso em Mistida; pela recuperação da memória ancestral no cantopoema de Odete Semedo No fundo do canto; pelo acerto de contas de Filinto de Barros com os “Comandantes” e a visão dos esquecidos em Kikia Matcho; pelo riso irônico, divertido e participante das crônicas de Carlos Lopes em Corte Geral , assim como pela multifacetada busca identitária e pela afirmação da diferença nos poemas de Tony Tcheka, Félix Sigá, Huco Monteiro, Respício Nuno, entre outros.
Moema Parente Augel, em O DESAFIO DO ESCOMBRO, analisa e apresenta esses autores e seus textos descolonizados, onde os ecos da opressão colonial e seus prolongamentos transparecem no tecido literário, interligando as práticas de resistência e recuperação da história à arquitetação do futuro. A obra ressalta como esses escritores partem dos destroços de uma utopia em ruínas, promovendo o ressarcimento da auto-estima e do respeito; lutam contra a anulação cultural do acervo simbólico tradicional e a homogeneização redutora das diferenças que constituem a especificidade guineense; apontam pistas para a revivência do espírito identitário da comunidade nacional. Elevando suas vozes testemunhais, reabilitam a história dos vencidos e plasmam, com seus textos, a representação simbólica de uma comunidade de destino, de história e de cultura: a Guiné-Bissau;
Nota sobre a autora:
Moema Parente Augel é Licenciada em Letras pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), Mestra em Ciências Humanas pela mesma Universidade e Doutora em Literaturas Africanas pela Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Radicada na Alemanha, foi professora de Português e Cultura Brasileira nas Universidades de Bielefeld e Hamburgo, encontrando-se aposentada desde 2006. Dedica-se há décadas à literatura afrobrasileira e à literatura guineense. Tendo vivido na Guiné-Bissau entre 1992 e 1998, vem publicando uma série de estudos a respeito, destacando-se a Nova Literatura da Guiné-Bissau ((Bissau: INEP, 1998, 466 p.). Outras publicações: Ora di kanta tchiga. José Carlos Schwarz e o Cobiana Djazz (1997); Schwarze Prosa. Prosa Negra. Afrobrasilianische Erzählungen der Gegenwart. (1992); Schwarze Poesie. Poesia Negra. Afrobrasilianische Dichtung der Gegenwart (1988, 1988².); Visitantes estrangeiros na Bahia oitocentista (1980).
NÃO FALTEM!
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Coleção retrata a história do negro no Brasil
Publicação da Caros Amigos Editoral traz um mosaico que mescla o histórico e o contemporâneo, buscando o resgate da História do Negro no Brasil. A publicação enfoca as lutas e a força de uma das culturas mais vigorosas que constituem e constróem nossa nação em todos os aspectos da sua vida.
Redação - Carta Maior
"O negro construiu basicamente, a riqueza no Brasil. Durante 400 anos, dos 500 que o Brasil tem de existência, o negro foi a classe trabalhadora." Essa frase de Joel Rufino orienta todo o trabalho da coleção de fascículos Os Negros, nova publicação da Caros Amigos Editora.
A coleção traz um mosaico dinâmico que mescla o histórico e o contemporâneo, buscando o resgate da História do Negro no Brasil. A publicação enfoca as lutas e a força de uma das culturas mais vigorosas que constituem e constróem nossa nação em todos os aspectos da sua vida.
Atendendo à lei 10.639 de 2.003 que institui o ensino de História da África nas escolas, os fascículos oferecem material de consulta ao público em geral, professores e alunos.
Produzido pela equipe da Caros Amigos conta com a preciosa contribuição de Joel Rufino dos Santos, negro, historiador, que com seu olhar nos ajuda a dar voz ao outro lado da História. Cada um dos 16 números com 32 páginas apresenta um tema:
1- Resistências e rebeliões I
2- O que é racismo
3- As muitas religiões
4- Os fazedores
5- Resistência e rebeliões II
6- Música Popular
7- O melhor futebol do mundo
8- Música erudita
9- As muitas religiões II
10- Bravas mulheres
11- Os movimentos
12- As muitas religiões II
13- Arte afrobrasileira
14- Resistências e rebeliões III
15- Américas negras
16- Quem construiu o Brasil
No total são 512 páginas. O fascículo número oito trará uma capa dura para encadernar a coleção e no dezesseis um índice onomástico. Para maiores informações, clique AQUI.
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Lançamento do livro "O guardador de memórias", de Isabel Ferreira - BA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDO DE LINGUAGENS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS I
Encontro com a escritora angolana
ISABEL FERREIRA
A escritora autografará seu livro O guardador de memórias
Dia 03 de dezembro de 2008, às 16 horas
Local: UNEB – CAMPUS I Cabula
Sala 03 do Prédio da Pós-Graduação/Salvador/Bahia
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
II Encontro de Performance e Política das Américas e 8º Colóquio do Nepaa - RJ
A programação completa já está disponível no Bomgá da Mata - www.bomgadamata.org.
Maiores informações podem ser obtidas no campus da Unirio, Av. Pateur, 436, fundos, Urca, Rio de Janeiro, fone (21) 2542-2565.
Truculência Policial destrói a sede da ONG Grupo Cultural Jongo da Serrinha - RJ
O Dr. Siro Darlan de Oliveira – Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente fez pronunciamento imediato:
O Rio de Janeiro está sediando o 3º Congresso Internacional de Combate às Violências sexuais contra crianças e adolescentes. E, paralelamente, a menos de 50 quilômetros do Rio Centro, a polícia dá mais uma demonstração de despreparo e desrespeito às populações mais carentes.
Assim como fizeram na ocupação violenta do Complexo do Alemão, quando deixaram todas as crianças fora das escolas por mais de 60 dias, acabam de destruir um dos raros espaços culturais e educacionais existentes em comunidades empobrecidas, ao atacarem com fúria e violência a população da Serrinha sob o pretexto, aplaudidas por alguns desavisados cidadãos, de combater os comerciantes de drogas, que por incompetência da policia de fronteiras e falta de políticas públicas, obrigação dos governos estaduais e municipais, ocupam o lugar que deveria ter sido preenchido pelo Estado.
O Jongo da Serrinha é um dos mais tradicionais grupos de cultura do país tendo recebido diversos prêmios por seu trabalho artístico e social. Com 40 anos de história, o grupo de Madureira foi fundado por Mestre Darcy e sua mãe, Vovó Maria Joana Rezadeira que, preocupados com a extinção do jongo na cidade, transformaram a antiga dança praticada nos quintais da Serrinha num espetáculo.
... para ler a íntegra do pronunciamento do Dr. Siro Darlan
O Grupo Cultural Jongo da Serrinha está situado à Rua Balaiada – Madureira - Rio de Janeiro - RJ, CEP 21360-360 – 21-2437-5546
FONTE: Memória Lélia Gonzalez
Seminário “ Raça e Gênero: a dupla militância da mulher negra” - BA
O Instituto Cultural Steve Biko, junto com o Fórum de Quilombos Educacionais da Bahia( Foquiba) tem o prazer de convidá-l@s para participar do 1º Seminário sobre “ Raça e Gênero: a dupla militância da mulher negra” como parte da campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
Dia: 06 de Dezembro 2008
Horário: 13h30min ás 18h
Local: Sede Instituto Steve Biko
domingo, 30 de novembro de 2008
Para mudar, "alter-estima" (Zelinda Barros)
A partir da observação de intervenções de colegas feministas e da experiência de trabalho com estudantes cotistas nos últimos meses, tenho refletido bastante sobre as ações desenvolvidas em oficinas e sobre sua efetividade. Durante muito tempo investimos na “recuperação da auto-estima” dos(as) participantes, como se ela garantisse, em grande parte, o desdobramento satisfatório das intervenções. Claro que é importante que qualquer pessoa reconheça e goste de si mesma, mas hoje penso que a consideração da auto-estima como prioritária na mobilização à ação social transformadora não é suficiente, pois o principal problema não é o “eu”, mas o(a) “outro(a)”. O investimento deve ser feito na “alter-estima”, pois falta muita consideração e respeito ao outro, e muitas vezes a supervalorização de nós mesmos(as) não nos permite ver e considerar as necessidades das outras pessoas com as quais interagimos - mesmo aquelas que consideramos “iguais”. Não falo da coletividade anônima referida nos estudos macrossociológicos. Me lembro de uma queixa feita por um ativista negro a respeito da incoerência entre aqueles(as)que proferem discursos impactantes acerca de questões coletivas, mas são incapazes de sequer dar um “Bom dia” a pessoas que ocupam posições de menor status ocupacional, como porteiros, zeladores(as) e garis, ou até mesmo companheiros de ativismo de menor prestígio.
Atualmente, as pessoas estão tão auto-referenciadas que até mesmo um “Oi, tudo bem?” se tornou um ritual vazio, pois quem pergunta não quer saber a resposta e nem mesmo pára para ouvir se você está realmente bem ou mal. Eu vejo com muito bons olhos o avanço, em termos institucionais, provocado pela ação dos movimentos sociais, mas percebo que necessitamos agora de um redimensionamento. Institucionalmente, muito já foi e ainda precisa ser feito, mas não devemos perder de vista que instituições são feitas por pessoas, que estas pessoas têm sentimentos, aspirações e agem a partir de seus próprios lugares, suas vivências, perspectivas... é preciso tocar as pessoas, trazê-las para a ação coletiva não somente porque têm a mesma religião, cor, gênero ou ideologia que nós, mas porque a vida na terra depende de todos(as). E esta convergência é necessária não apenas entre aqueles(as) que tradicionalmente são vistos(as) e se vêem como oponentes mas, principalmente, entre os(as) chamados(as) “companheiros(as)”, que muitas vezes se calam vergonhosamente quando vêem o(a) outro(a) em perigo ou em situação vexatória. Me lembro de um colega de trabalho de meu pai, “amigo” de farras constantes que, num assalto ao local onde trabalhavam, fugiu e o deixou pra trás sem nem mesmo prestar socorro enquanto o amigo era vítima de um atentado.
Palestra "O Trauma intergeracional da escravidão: resiliência e criatividade, observações no Pelourinho" - BA
"O Trauma intergeracional da escravidão: resiliência e criatividade, observações no Pelourinho"
Com a Drª Denise Gimenez Ramos*
Lançamentos dos Cursos 2009 de Pós-graduação, Aperfeiçoamento e Extensão do Instituto Junguiano da Bahia.
Dia: 04 de dezembro – quinta-feira – das 19h às 22h
Local: Bahia Othon Palace Hotel - Av. Oceânica, Ondina
Informações : IJBA – 71-3356-1645
e-mail: instituto@ijba.com.br
www.ijba.com.br
Psicóloga clínica, doutora em Psicoterapia Clínica e professora titular da PUC-SP. Autora de vários artigos, pesquisas e livros sobre o fenômeno psique-corpo, membro da Internacional Association for Analytical Psychology e da New York Academy of Sciences.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Pensamento Social Brasileiro e Participação da Juventude - MG
Prof. Juarez Guimarães (UFMG)
Beto Cury (Secretaria Nacional de Juventude
Secretaria Geral da Presidência da República)
MvBill (CUFA - Central Única das Favelas)
Mediador:
Prof. Leonardo Avritzer (UFMG)
Local:
Auditório da Fundação Casa de Rui Barbosa
Rua São Clemente, 134 - Botafogo - Rio de Janeiro / RJ
Informações:
(31) 3499-3551
Representações do pensamento social acerca do casamento inter-racial (Zelinda Barros)
Alguns estudos demonstram como opera o conceito de raça em nossa sociedade e a persistência da interdição do casamento entre indivíduos considerados racialmente diferentes, o que nos leva a refletir sobre a importância e a influência da raça como categoria social e as representações existentes a respeito do casamento inter-racial. Neste artigo, são apresentadas e discutidas as representações sociológicas dominantes sobre o casamento inter-racial, muitas vezes reduzidas a uma visão monológica das relações raciais. Após criticar esta concepção, discuto as mudanças ocorridas no casamento e, por fim, proponho uma nova maneira de analisar os casamentos inter-raciais.
Palavras-chave: casamento, raça, representações, casais inter-raciais.
Onde encontrar? http://www.enfoques.ifcs.ufrj.br/marco08/03.htm
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Jovem cientista do Instituto Steve Biko recebe prêmio
Sheila Regina dos Santos Pereira, integrante da equipe pedagógica do Instituto Cultural Steve Biko (ICSB) e grande vencedora na categoria Graduado do Prêmio Jovem Cientista 2007, que teve como tema "Educação para reduzir as desigualdades sociais", viaja essa semana a Brasília para, ao lado dos ganhadores das demais categorias, participar da cerimônia de premiação do XXIII Prêmio Jovem Cientista.
A chegada de Sheila à capital brasileira está prevista para o dia 26 de novembro, quando será oferecido, à noite, um coquetel de confraternização com a coordenação do evento. E no dia 27, às 16 h, ela receberá, no Palácio do Planalto, a premiação máxima dessa edição diretamente das mãos do Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva. Sheila será acompanhada por alguns membros do ICSB: Lázaro Passos Cunha (diretor de projetos), Abraão Félix da Penha (orientador de sua pesquisa), Gabriela Pereira Gusmão (coordenadora pedagógica) e Leonardo Souza (colaborador do instituto), que dividirão com ela esse momento tão especial, não somente para a família Biko, mas para toda a comunidade afro-descendente baiana.
Com o desenvolvimento de projetos sócio-educativos que visam a ascensão da comunidade afro-descendente e o resgate de seus valores ancestrais, o ICSB tem sido, desde 1992, uma grande referência na luta contra as iniqüidades sociais que persistem no Brasil. O instituto foi pioneiro na implantação do primeiro curso pré-vestibular para negros (as) do país, responsável pelo ingresso de mais de 1000 estudantes no ensino superior. Hoje, o ICSB abriga outros quatro projetos voltados para discutir e influenciar as políticas de juventude, dando-lhes ferramentas formativas pautadas na promoção da cidadania e valorização de sua identidade. Egressa de um dos programas educativos do Steve Biko, Sheila é um grande exemplo do sucesso desse trabalho, e serve como estímulo para que essa luta cresça cada vez mais.
SOBRE O PRÊMIO
O Prêmio Jovem Cientista existe desde 1981 e tem o objetivo de revelar e estimular talentos na área da Ciência e Tecnologia, bem como a popularização do conhecimento, sobretudo entre os jovens.
Promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Grupo Gerdau e a Fundação Roberto Marinho, o prêmio contou nesta edição com um total de 1.748 trabalhos inscritos de todo o Brasil. Sheila é a primeira baiana a vencer a categoria máxima do prêmio, com a pesquisa Oguntec: Uma experiência de ação afirmativa no fomento à educação científica.
No trabalho, a jovem pesquisadora relata o processo de acompanhamento pedagógico que desenvolve junto aos estudantes do programa Oguntec/Steve Biko, cujo objetivo principal é o estímulo e a disseminação da Ciência e Tecnologia entre estudantes negros e negras de escolas públicas baianas. Em sua análise Sheila Regina elenca uma série de dificuldades educativas e sociais comuns aos estudantes de escolas públicas para o acesso ao conhecimento, revela a acentuação expressiva desta problemática entre a parcela negra e feminina da população brasileira e reflete sobre a necessidade de adoção de políticas públicas efetivas em face do quadro social traçado.
MAIORES INFORMAÇÕES
SHEILA REGINA PEREIRA (ASSISTENTE PEDAGÓGICO): (71) 8861.9943
LÁZARO PASSOS (DIRETOR DE PROJETOS): (71) 9906.2400
INSTITUTO STEVE BIKO: (71) 3242 3230
NUCOM - Núcleo de Comunicação
Instituto Cultural Steve Biko16 anos promovendo ações afirmativas