quarta-feira, 11 de março de 2009

Encontro de culturas indígenas vai à praça- BA

Desenvolver um trabalho conjunto entre os povos indígenas e o Estado, comercializar e divulgar a arte popular indígena e dar um encaminhamento às necessidades apontadas pelas comunidades.

Essas foram algumas das propostas apresentadas para discussão no Encontro das Culturas dos 14 Povos Indígenas, E-14, que realizou, na manhã de ontem, atividades na Praça do Campo Grande e no Teatro Castro Alves (TCA).

Segundo o coordenador do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), Hirton Fernandes, o objetivo do encontro "é o encaminhamento conjunto das demandas apontadas pelos grupos que se reuniram durante o E-14.

O evento organiza as relações institucionais entre o Estado e o povo indígena", proporcionando uma oportunidade de diálogo e articulação, para que o governo cumpra o seu papel de promover políticas públicas.

Articulação - Para o coordenador de Políticas para os Povos Indígenas da Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), Jerry Matalawê, a ocasião "dá visibilidade ao encontro de povos indígenas que aconteceu em Rodelas, em outubro de 2008, e continuidade aos encaminhamentos propostos naquele encontro", além de unificar propostas e divulgar em espaço público as tradições das diversas comunidades indígenas.

A construção e realização do E-14 é o resultado de articulações da Secult, por meio do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias, em parceria com as secretariais estaduais da Justiça, da Educação (SEC), do Desenvolvimento Social (Sedes), Trabalho e Renda (Setre), do Meio Ambiente (Sema), além da Fundação Nacional do Índio (Funai) e suas representações estaduais, lideranças indígenas Pataxó, Kiriri e Tuxá, as universidades Federal (Ufba) e Católica (UCsal), e a Associação Nacional de Apoio Indigenista (Anai).

Toré, ritual sagrado aos pés do Caboclo do Campo Grande

A abertura do evento aconteceu na Praça do Campo Grande, com uma exposição de arte indígena, organizada pela Secult, em parceria com o Instituto Mauá. Os produtos que estavam expostos – artefatos em madeira, barro, instrumentos musicais e utensílios – foram vendidos ao público.

Ainda ontem, no final da tarde, 150 índios de diversas comunidades realizaram o ritual sagrado do Toré, comum a todos os povos da América. Eles se reuniram aos pés do Caboclo (estátua localizada no centro da praça) e entoaram cânticos tradicionais, buscando uma conexão com as forças da natureza.

Às 19h, foi aberta, no foyer do TCA, a exposição "Os Tupinambá de Kirimuré", organizada pela professora do Departamento de História da Ufba, Maria Hilda Baqueiro Paraíso.

A exposição mostra a expropriação dos índios Tupinambá de Kirimuré, apontando a importância deste povo na construção, desenvolvimento, defesa e resistência da capital da América Portuguesa, dos séculos XVI e XVII.

Foi apresentado também um documentário, dirigido por Walter da Silveira, que conta as tradições culturais dos indígenas. O vídeo narra, por meio de entrevistas e imagens, os mitos, lendas crenças, pinturas e rituais das comunidades indígenas da Bahia.

Marco nas relações com o Estado

No ano passado, o E-14 foi realizado durante o mês de outubro e discutiu a necessidade de incentivo cultural, inclusão digital, realização de pesquisas, mapeamento, registro e publicação de dados referentes às origens e tradições dos povos indígenas.

O evento que aconteceu na aldeia Tuxá, em Rodelas, reuniu 500 pessoas, dentre os quais 266 representantes indígenas dos povos Atikum, Kaimbê, Kiriri, Kantaruré, Pankararé, Pankaru, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Payayá, Truká, Tumbalalá, Tupã, Tupinambá, Tuxá E Xucuru-Kariri.

O E-14 surge como um divisor de águas, marcando o desenvolvimento de um trabalho conjunto entre os povos indígenas e o Estado.

A reunião deste ano e atividades que estão sendo realizadas durante o evento resultam das questões levantadas durante o encontro do ano passado e da construção de experiências vividas e trocadas entre índios e representantes da sociedade civil organizada.

FONTE: http://www.egba.ba.gov.br/diario/_DODia/DO_frm0.html


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