Esta proposta surge motivada pela necessidade de produzir uma resposta direta e academicamente qualificada ao livro, publicado em 2003 pela UFRRJ, intitulado 'História Natural da Ilha da Marambaia'. Produzido por biólogos, botânicos, geógrafos, geólogos e arqueólogos financiados direta ou indiretamente pela Marinha de Guerra do Brasil, o livro 'História Natural da Ilha da Marambaia' tem como um dos seus aspectos mais significativos, o de servir como peça política na disputa entre a Marinha de Guerra e a comunidade quilombola, ocupante tradicional da ilha. O seu capítulo ‘histórico’ recua até a Pré-história e descreve a ocupação indígena da ilha, saltando, em seguida, todo o século XIX e primeira metade do XX, para descrever a instalação do Centro de Adestramento Militar da Marinha (CADIM) na ilha, depois de 1971.
Editado e divulgado em um momento estratégico e crítico da mobilização daquela população pelos seus direitos ao território de ocupação tradicional, mas também pelo acesso a políticas públicas de caráter fundamental (como luz, água, escola, coleta de lixo etc.) a 'História Natural da Ilha da Marambaia' apagava os moradores da história da ilha, eliminando-os no plano das representações, como forma de facilitar a sua expropriação no mundo da vida. Para isso, produziu uma “história” que, mimetizando todos os signos de cientificidade, operou, de fato, da forma mais flagrantemente ideológica, com o objetivo de encobrir, apagar, silenciar, enfim, a história social da ilha.
A motivação do projeto 'História Social da Ilha da Maramabaia' está, portanto, em reunir esforços para realizar uma nova história da ilha e de sua população, investigando não só o período 'apagado', como as próprias estratégias de apagamento do período.
Metodologia
Estamos reunindo nossos acúmulos, assim como as pesquisas ainda em curso para submetê-los a encontros nos quais debateremos nossos achados e interpretações, submetendo-os a comentadores convidados, especialistas nos diferentes campos disciplinares e temáticos reunidos. Para isso, propomos três seminários ao longo do segundo semestre de 2009 (indicativamente: setembro, outubro e novembro) para chegarmos ao final do ano com um material suficientemente orgânico para compor um volume coletivo.
Organização
Primeiro Seminário:
• Sobre o tráfico de africanos na ilha da Marambaia a partir de 1831 (Daniela Yabeta, Unirio);
• Sobre a posse e a propriedade da terra na ilha da Marambaia (Daniela Yabeta e Pedro Parga, Unirio);
• Sobre a organização sócio-espacial da ilha da Marambaia no pós-abolição (J. M. Arruti, PUC-Rio);
• Sobre os processos jurídicos de expulsão dos moradores da ilha da Marambaia (Equipe Mariana Crioula);
Segundo Seminário:
• Sobre a Escola Técnica Darcy Vargas (Vladmir Zamorano, PUC-Rio);
• Sobre as estratégias da Marinha na expropriação da comunidade da ilha da Marambaia (J. M. Arruti, PUC-Rio);
• Sobre as Ações Civis Públicas movidas pelo Ministério Público Federal (Equipe Mariana Crioula).
• Sobre o processo de reconhecimento como quilombolas e a controvérsia na esfera pública (André Figueiredo, UFRRJ e J. M. Arruti, PUC-Rio);
Terceiro seminário:
• Sobre a situação atual da educação na ilha – a escola e outras iniciativas de formação e capacitação (Tânia Amara, PUC-Rio);
• Sobre o jongo da Marambaia e a inserção do grupo em um ‘campo quilombola’ fluminense (Kalyla Maroun e Marisa Silva, PUC-Rio)
• Sobre a Oficina com a comunidade: texto coletivo (Ana Gualberto, Koinonia e moradores, Arquimar- Associação dos Remanescentes de Quilombo da Ilha da Marambaia).
OBS: Os títulos são apenas indicativos e as datas ainda estão por se estabelecer. Novos trabalhos ainda poderão ser incorporados.
Serviço
O quê? I Seminário História Social da Marambaia
Quando? 25 de setembro, 6a. feira - 16h às 18h
Onde? Rua Santo Amaro, 129 - Glória – RJ
Quem? Koinonia
Informações? 21 3042-6445 - Fax 3042-6398
Porquê ? Produção de resposta acadêmica para contrapor 'História Natural da Ilha da Marambaia’ (UFRRJ/2003) que serve como peça política na disputa entre a Marinha de Guerra e a comunidade quilombola, ocupante tradicional da ilha. No capítulo ‘histórico’, o século XIX foi “apagado” e o século XIX e primeira metade do XX, para descrever a instalação do Centro de Adestramento Militar da Marinha (CADIM) na ilha, depois de 1971
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