Como entidade membro do Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos (Fendh) e, portanto, uma das organizações responsáveis pela elaboração do III Plano Nacional de Direitos Humanos (Pndh), o Coletivo e Entidades Negras vem a público manifestar sua posição política sobre determinados temas que se tornaram polêmicos nos meios de comunicação e na sociedade brasileira.
As reações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil no que tange às questões referentes à liberdade religiosa atém-se ao fato de que o III Pndh propõe que os espaços públicos não mais exibam elementos da fé cristã como cruzes e crucifixos. Segundo dom Dimas, presidente da Cnbb, por esta lógica até mesmo Cristo Redentor, no morro do Corcovado no Rio de Janeiro deveria ser demolido.
O CEN foi uma das entidades que mais lutou para que houvesse menção a este ponto no III Pndh e não recuamos em nossa posição por entender que o Brasil é um país com distintas tradições religiosas e não é correto que apenas uma seja favorecida, seja de que forma for.
Entendemos que a liberdade de culto deve ser dada a todos os segmentos religiosos de maneira igualitária; desta forma, compreendemos que não cabe aos espaços públicos, laicos por excelência, ostentar nenhum símbolo religioso.
Para nós, a defesa dos direitos humanos no que se refere à religião tem vinculação direta com a afirmação da fé, o direito à reunião e à não discriminação de qualquer segmento ou manifestação religiosa.
Chamamos a Igreja Católica e sua Conferência de Bispos, no nosso caso, o Fórum Nacional de Religiosidade de Matriz Africana, para uma discussão séria e comprometida realmente com a constituição de um país onde todos os segmentos religiosos, independente de sua tradição, força política ou dimensão tenha o mesmo tratamento por parte do Estado brasileiro, pois entendemos que a intolerância e o desrespeito religioso é hoje um problema que grassa em todo o país e atinge candomblecistas, umbandistas, católicos, muçulmanos, judeus e outros segmentos com base no racismo e no desrespeito às diferenças culturais.
Ao invés de olhar para os seus símbolos e para sua dimensão política, histórica e cultural, a Igreja Católica, através de sua Conferência de Bispos, poderá, em parceria com o Forum Nacional de Religiosidade de Matriz Africana somar forças e construir uma ampla campanha que vise combater a ignorância que gera intolerância e desrespeito religioso e assim se tornar um agente ativo na construção de uma sociedade democrática e justa para todos.
Coordenador Nacional de Política Institucional do
Coletivo de Entidades Negras - CEN - www.cenbrasil.org.brEditor do site: www.messina.com.br
Editor do blog Palavra Sinistra e da Rede Social Religiosidade Afro-Brasileira
Colunista de Afropress - Agência de Informação Multiétnica
Twitter: http://twitter.com/marciogualberto
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