O MNU nasceu
quando representantes de várias entidades se reuniram em resposta à
discriminação racial sofrida por quatro garotos do time infantil de
voleibol do Clube de Regatas Tietê, e à prisão tortura e morte de
Robison Silveira da Luz, acusado de roubar frutas numa feira.
Para o presidente
da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, o MNU foi um
marco para a esperança de negros e negras brasileiros na luta contra o
racismo e o preconceito. “O Movimento Negro Unificado sempre deu uma
grande contribuição na busca pela igualdade de oportunidades entre
negros e não negros”, afirma. “Muitas das organizações de combate à
discriminação racial no Brasil inspiraram-se neste movimento, o qual
ainda é hoje uma referência de força e resistência para a população
negra”, finaliza.
Após o ato no
Teatro Municipal, o MNU lutou para fazer a população negra sair das
salas de debates e das atividades lúdicas e esportivas, para ações de
confronto aos atos de racismo e discriminação racial, elaborando
panfletos e jornais, realizando atos públicos e criando núcleos
organizados em associações recreativas, de moradores, categorias de
trabalhadores, nas universidades públicas e privadas.
A luta do MNU foi
aos poucos ganhando força e se refletiu na atitude do Estado em relação
aos debates sobre a discriminação racial, culminando com a criação, em
1984, do primeiro órgão público voltado para o apoio dos movimentos
sociais afro-brasileiros: o Conselho de Participação e Desenvolvimento
da Comunidade Negra no governo Franco Montoro, então governador de São
Paulo.
Constituição de 1988 –
Foi ainda durante o mandato de Montoro que um representante da
população afrodescendente compôs a Comissão Arinos, que criminalizou a
discriminação racial na Constituição Brasileira de 1988. A tipificação
do racismo como crime foi estabelecida pela Lei Caó, de autoria do
deputado Carlos Alberto de Oliveira, promulgada em 1989.
A luta contra o
racismo também entrou para a pauta de discussão das centrais sindicais a
partir da década de 1990. O V Congresso Nacional da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) reconheceu a importância da temática racial para a
organização dos trabalhadores, e, a Central Geral dos Trabalhadores
(CGT) foi responsável pela organização do Seminário Nacional de
Sindicalistas Anti-Racistas em 1990, no Rio de Janeiro, o qual resultou
numa Comissão Nacional Contra a Discriminação Racial.
Iedo Ferreira, um
dos fundadores do Movimento Negro Unificado, espera que a luta dos
próximos anos seja pela reparação aos negros e negras do Brasil. “É
preciso resgatar a nossa identidade e nos dedicar pela reparação para o
povo negro do Brasil, que foi escravizado e tanto sofreu, afinal, sem
identidade ninguém luta e a nossa luta precisa continuar”.
Por Drielly Jardim
Fonte: Fundação Cultural Palmares
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