CBAAC
e PANAFSTRAG
em colaboração com
Department of Language,
Linguistics and Philosophy, University of the West Indies, Mona
Campus
Kingston, Jamaica
apresentam
PARA
UM NOVO PAN-AFRICANISMO: AS CIÊNCIAS DA ANTROPOLOGIA, ARQUEOLOGIA,
HISTÓRIA E FILOSOFIA A SERVIÇO DA ÁFRICA E DA DIASPORA AFRICANA
A ser realizado em
THE UNIVERSITY OF THE
WEST INDIES MONA CAMPUS, KINGSTON JAMAICA
30
de OUTUBRO a 3 de NOVEMBRO de 2013
CHAMADA DE TRABALHOS
Preâmbulo
Até
hoje, os historiadores continuam a debater as consequências
demográficas, econômicas, sociais, culturais, religiosas e
metafísicas da escravismo, o trato negro e a “middle passage”
para as populações africanas e os descendentes de africanos nas
Américas, no Caribe e outras partes do mundo. É extremamente
difícil fixar os numerous exatos de pessoas envolvidas no trato e
seus efeitos colaterais. Contudo, o impacto psico-comportamental a
longo prazo sobre os sobreviventes nos dois lados do Atlântico ainda
precisa ser estudado de maneira sistemática.
Podemos
confiar nas ideias de Frantz Fanon na sua obra prima, les
damnés de la terre para
sugerir um
profundo reajuste psicológico para as ameaças e incertezas
decorrentes do Trato. Essa ideia é hoje explorada de maneira
rigorosa por um campo emergente de estudos conhecido como “behavioral
epigenetic” – epigenética comportamental (G. Miller 2010). Isso
pode produzir impactos significativos na nossa compreensão dos
problemas que enfrentam as populações negro-africanas hoje tanto na
continente africano como na Diáspora.
Intelectuais
e ativistas caribenhos do quilate de Blyden, DuBois, Garvey, e
Padmore, só para ficar nos mais conhecidos, eram muito ativos na
emergência e na consolidação da ideia do Pan-Africanismo como um
movimento que procura definir as origens e o destino comum a todos os
povos negro-africanos. Da mesma forma, a nova iniciativa da União
Africana para realizar o sonho dos “Estados Unidos da África”
pode ser entendida como mais um indício e expressão de um novo
Pan-Africanismo. O Colóquio que ora se propõe procura avaliar e
propor os paradigmas para este novo Pan-Africanismo dentro das óticas
das ciências humanas e sociais tais como as disciplinas de
antropologia, arqueologia, história e filosofia.
1: Pesquisas
antropológicas, arqueológicas e históricas das áreas de origem e
localização contemporânea das populações afro-diaspóricas
Onde
foi que ocorreu a escravidão? Como
foi organizada? Quais
eram suas consequências demográficas, psicológicas, econômicas,
culturais, religiosas e metafísicas? O litoral de Gana com seus
fortes e barracões, o interior do país iorubano e edo, o Golfo do
Benim, o Golfo de Biafra, o Vale do Senegal, a região norte da
iorubalândia, as cidades das costas oriental e ocidental da África
(mais conhecida como o Golfo da Guiné) etc. eram áreas de especial
notoriedade neste mapeamento do Trato Negro que durou séculos no
mundo Atlântico. É importante mapear o movimento de cativos e bens
de consumo dessas e outras regiões ao longo dos séculos XVII e
XVIII. Esse movimento também acabou influenciando a vida social, a
hierarquia e, até a arquitetura das regiões afetadas como foi o
caso do cidade iorubana de Okun.
Por
outro lado, no Vale do Rio Senegal, dois sistemas distintos de
escravismo, uma árabo-maurisco, e o outro européu deixaram uma
seqüela na área desde os século VIII e IX. A sucessiva presença
de traficantes de escravos nessas regiões até o século passado
acabou transformando a área numa região militarizada onde campeam
até hoje as bandas rivais de marabouts e seus seguidores.
2: Pesquisas
antropológicas, arqueológicas e históricas sobre a resistência
das populações africanas e afro-diaspóricas à escravidão
Sinais
da resistência e da resiliência à escravidão pelos negros
escravizados podem ser apreendidos nos diversos aspectos da vida
cotidiana tais como a arquitetura, a paisagem, as atalaias e outros
mecanismos de defesa assim como na prática de furto de mantimentos,
sabotagem de instrumentos de trabalho, nas cantigas de rebelião,
etc. As comunidades de quilombos e mocambos representam a maior prova
dessa resistência onde o negro travava uma luta ferrenha para
afirmar sua identidade e proteger sua liberdade. A paisagem de todos
o continente americano, de norte a sul, está repleta dessas
comunidades quilombolas sendo os mais famosos os quilombos do Brasil,
Jamaica, México, Suriname e o Sul dos Estados Unidos.
3: Pesquisas
antropológicas, arqueológicas e históricas sobre a cultura
material das populações africanas e afro-diaspóricas
A
tecnologia naval foi um elemento chave na formação da Diáspora
africana nas Américas e no Caribe. Os tumbeiros eram desenhados de
tal forma que permitiam o embarque do maior número possível de
cativos. Da mesma forma, a “Middle Passage” – o trecho maios
comprido do Oceano Atlântico continua hoje a abrigar altas
resonâncias nas narrativas das populações de origem africana no
Novo Mundo. A arquelogia marítima e a história da tecnologia naval
representam uma área de estudos capaz de trazer mais luz sobre o
leque de opções adotados pelas empresas marinhas e os potentados
rivais europeus durante o longo período do tráfico.
Por
outro lado, sabe-se que uma transferência do conhecimento naval se
produziu em decorrência do exílio de milhões de africanos para o
Novo Mundo. De acordo com as pesquisas arqueológicas e históricas
realizadas na área em torno da oficina de fundição de St. Thomas
na Jamaica, os ferreiros e ourives africanos estavam em alta demanda
ao longo de todo o período da escravidão. Seria muito interessante
avaliar e analizar o processo de transferência de conhecimentos
protagonizado por esta categoria de africanos escravizados durante o
longo período da escravidão.
4: Pesquisas
antropológicas, arqueológicas e históricas sobre a construção
do espaço social e identidade das populações africanas e
afro-diaspóricas
A
construção do espaço social é muitas vezes um processo dialético.
O espaço “controlado” no qual viviam os negros escravizados era
um espaço propício para a eclosão de identidades culturais que se
manifestavam de diversas formas.
A
gestão de monumentos e outros patrimônios é um processo cheio de
dificuldades pois as pessoas vêem de modos diferentes a gestão de
recursos culturais. Um bom exemplo disso é o caso dos fortes e
castelos da época da escravidão localizados ao longo do litoral de
Gana e gerenciados pela Ghana Foundation for the Preservation of
Castles and Forts. As salas dos castelos foram restauradas e
transformadas em atrações turísitcas dotadas de instalações para
atrair turistas americanos e caribenhos. Porém, os visitants
afro-americanos se sentem incomodados por essa dessacralização da
memória dos milhões de seus ancestrais que transitaram por esses
lugares em condição de escravizados. Isso é mais um exemplo dos
conflictos que resultam das questões identitárias e valores
patrimoniais entre os africanos e os afro-americanos.
5: Filosofia,
religião e práticas rituais na busca global pelo poder entre as
populações africanas e afro-diaspóricas
Como
foi possível para os negros escravizados criarem e preservarem sua
identidade cultural em condições tão adversas? Existem várias
respostas para esta pergunta. Para começar, ao contrário do que se
esperava, a dura travessia na chamada “Middle Passage” não foi
suficiente para apagar a memória cultural dos escravizados. Por
outro lado, é bem conhecido a estratégia adotada pelo senhores de
escravos de não abrigar no mesmo espaço os cativos da mesma etnia,
o que faz com que alguns especialistas falem das identidades criadas
na diápora como sendo uma identidade sincretizada. Contudo, há
todavia quem acredite na preservação de práticas culturais
africanas dentro de um “continuum”.
6: Cultura,
educação, liderança e desenvolvimento entre as populações
africanas e afro-diaspóricas
Sem
dúvida alguma, o impacto do trafíco negreiro protagonzado pelos
povos árabes e europeos continua a merecer a atenção de
pesquisadores tanto na África como no resto do mundo. Muitos
procuram entender como poderia ter-se produzido a dependência
ideológica, econômica e desenvolvimental das sociedades africanas
apesar do seu passado como povos altamente desenvolvidos e com
sistemas jutrídicas, democráticas e socio-culturais tão bem
desenvolvidos. Outros insistem que o sistema educacional herdado do
passado colonial por estados africanos não dá suficiente ênfase à
cultura e aos sistemas politico-desenvolvementais dos africanos.
Outros ainda criticam a aparente falta de noção das lideranças
africanas sobre a posição que a África ocupa ou deveria ocupar nas
conjunturas globais contemporâneas.
É
dentro dessa ótica que o CBAAC, em colaboração com PANAFSTRAG, e o
Departamento
de Línguas, Linguística e Filosofia da University of the West
Indies, Mona Campus Kingston, Jamaica,
organizam o IX Colóquio Global Africano para abordar o tema: “Um
novo Pan-Africanismo: as ciências da antropologia, arqueologia,
história e filosofia a serviço da África e da Diaspora Africana ”.
O Colóquo será realizado na University
of the West Indies Mona Campus, Kingston Jamaica de
30
de
outubro
a 3 de novembro de 2013.
O
Colóquio contará com a participação de especialistas e
pesquisadores das diversas areas humanas e sociais para promoverem
debates em torno dos seis eixos temáticos. Os trabalhos a serem
apresentados podem focalizar quaquer um das seguintes áreas
temáticas :
1: Pesquisas
antropológicas, arqueológicas e históricas sobre a área de origem
e o habitat atual de populações africanas e afro-diaspóricas
2: Pesquisas
antropológicas, arqueológicas e históricas sobre a resiliência e
resistências à escravidão no meio das populações africanas e
afro-diaspóricas
3: Pesquisas
antropológicas, arqueológicas e históricas sobre a cultura
material e tecnologia entre as populações africanas e
afro-diaspóricas
4: Pesquisas
antropológicas, arqueológicas e históricas sobre a construção do
espaço social e identidade globals das populações africanas e
afro-diaspóricas
5: Filosofia,
religião e práticas rituais em prol do desenvolvimento das
populações da África e da Diáspora africana.
6: Cultura,
educação e liderança entre as populações africanas e
afro-diaspóricas
7. A
economia política das populações africanas e afro-diaspóricas
8. Velhas
e novas configurações da dependência na África e na Diáspora
9. A
União Africana diante dos avanços da globalização e da tecnologia
da informação
10. A
redescoberta do renascimento africano
11. Outros
temas afins e relacionados.
Os
interessados em apresentar trabalhos durante o Colóquio devem mandar
um resumo de 300 toques contend o título do trabalho, nome(s) do(s)
autor(es), número(s) de telefone e e-mail de contato até o dia 9
de abril de 2013
para os enderenço a seguir::
Os
autores cujos trabalhos forem aceites serão notificados até o dia
15
de maio
e devem enviar a versão definitiva do trabalho até 15
de julho de 2013.
Informamos
que CBAAC não terá condição de financiar a participação das
pessoas para o Colóquio deste ano. Portanto, recomendamos que cada
participante procure os apoios financeiros necessários para sua
participação.
As
línguas oficiais do Colóquio serão ingles, francês, espanhol e
português.
Olá!
ResponderExcluirObrigado pela dica!
Vou enviar um resumo que fala de uma pesquisa que fiz sobre o Sudão do Sul.
Espero que seja selecionado!
Abraço e parabéns pelo belo trabalho!
Moacir
moasilcas@bol.com.br