Geógrafo de Prudente produz atlas do trabalho escravo
Perfil típico é de homens, migrantes e analfabetos usados para o desmatamento
[22/05/2012]
Eduardo Paulon Girardi, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente, é um dos geógrafos autores do Atlas do Trabalho Escravo no Brasil.
Escrito juntamente com Hervé Théry, Neli Aparecida de Mello e Julio
Hato, da USP, o material caracteriza pela primeira vez a distribuição,
os fluxos, as modalidades e os usos do trabalho escravo no país, nas
escalas municipal, estadual e regional. Ouça Podcast.
Segundo o Atlas, o perfil típico do escravo brasileiro
do século XXI é um migrante maranhense, do Norte do Tocantins ou do
Oeste do Piauí. Também é típico que seja do sexo masculino e analfabeto
funcional. Em geral esses trabalhadores são levados para as fronteiras
móveis da Amazônia, em municípios de criação recente, onde são
utilizados principalmente em atividades vinculadas ao desmatamento.
A obra utiliza fontes oficiais e consolidadas do
Ministério do Trabalho e da Comissão Pastoral da Terra e detalha as
ocorrências por setores da economia e em todo o território
nacional. Atividades relacionadas com pecuária ou carvão vegetal, em
certas regiões da Amazônia, estão entre os exemplos de risco muito alto
de existência de trabalho escravo.
Além do diagnóstico inédito, o Atlas oferece dois
produtos novos para a sociedade brasileira: o Índice de Probabilidade de
Trabalho Escravo e o Índice de Vulnerabilidade ao Aliciamento. De
acordo com o autor, essas são ferramentas inovadoras e essenciais para
gestores de políticas públicas e que podem contribuir expressivamente
para o planejamento governamental no combate a essa prática criminosa
que ainda é adotada no Brasil. Ele destaca também que, com esses dados,
financiadores e empresas podem evitar associações com
empresários ligados ao trabalho escravo.
O livro está disponível somente em versão digital no endereço http://migre.me/9bewu. Ele foi lançado pela Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
Assessoria de Comunicação e Imprensa
FONTE: Portal da UNESP
Nenhum comentário:
Postar um comentário