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CALENDÁRIO NEGRO – DEZEMBRO

1 – O flautista Patápio Silva é contemplado com a medalha de ouro do Instituto Nacional de Música, prêmio até então nunca conferido a um negro (1901)
1 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Otto Henrique Trepte, o compositor Casquinha, integrante da Velha Guarda da Portela, parceiro de Candeia, autor de vários sambas de sucesso como: "Recado", "Sinal Aberto", "Preta Aloirada" (1922)
1 – O líder da Revolta da Chibata João Cândido após julgamento é absolvido (1912)
1 – Todas as unidades do Exército dos Estados Unidos (inclusive a Força Aérea, nesta época, uma parte do exército) passaram a admitir homens negros (1941)
1 – Rosa Parks recusa-se a ceder o seu lugar num ônibus de Montgomery (EUA) desafiando a lei local de segregação nos transportes públicos. Este fato deu início ao "milagre de Montgomery” (1955)
2 – Dia Nacional do Samba
2 – Nasce em Magé (RJ) Francisco de Paula Brito. Compôs as primeiras notícias deste que é hoje o mais antigo jornal do Brasil, o Jornal do Comércio (1809)
2 – Nasce em Salvador (BA) Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o sumo sacerdote do Axé Opô Afonjá, escritor e artista plástico, Mestre Didi (1917)
2 – Inicia-se na cidade de Santos (SP), o I Simpósio do Samba (1966)
2 – Fundação na cidade de Salvador (BA), do Ilê Asipa, terreiro do culto aos egugun, chefiado pelo sumo sacerdote do culto Alapini Ipekunoye Descoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1980)
2 – Começa em Valença (RJ), o 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988)
3 – Frederick Douglas, escritor, eloquente orador em favor da causa abolicionista, e Martin R. Delaney fundam nos Estados Unidos o North Star, jornal antiescravagista (1847)
3 – Nasce em Valença(BA), Maria Balbina dos Santos, a líder religiosa da Comunidade Terreiro Caxuté, de matriz Banto-indígena, localizada no território do Baixo Sul da Bahia, Mãe Bárbara ou Mam’eto kwa Nkisi Kafurengá (1973)
3 – Numa tarde de chuva, em um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, é fundado o Coletivo de Escritores Negros do Rio de Janeiro (1988)
4 – Dia consagrado ao Orixá Oyá (Iansã)
4 – 22 marinheiros, revoltosos contra a chibata, castigo físico dado aos marinheiros, são presos pelo Governo brasileiro, acusados de conspiração (1910)
4 – Realizado em Valença (RJ), o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, que serviu como um espaço de articulação política para as mais de 400(quatrocentas) mulheres negras eleitas como delegadas nos dezoito Estados brasileiros (1988)
5 – Depois de resistir de 1630 até 1695, é completamente destruído o Quilombo dos Palmares (1697)
5 – Nasce em Pinhal (SP) Otávio Henrique de Oliveira, o cantor Blecaute (1919)
5 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Rubem dos Santos, o radialista Rubem Confete (1937)
5 – O cantor jamaicano Bob Marley participa do show "Smile Jamaica Concert", no National Hero's Park, dois dias depois de sofrer um atentado provavelmente de origem política (1976)
6 – Edital proibia o porte de arma aos negros, escravos ou não e impunha-se a pena de 300 açoites aos cativos que infringissem a lei. (1816)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Jorge de Oliveira Veiga, o cantor Jorge Veiga (1910)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Emílio Vitalino Santiago, o cantor Emílio Santiago (1946)
6 – Realização em Goiás (GO) do Encontro Nacional de Mulheres Negras, com o tema “30 Anos contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil” (2018)
7 – Nasce Sir Milton Margai, Primeiro Ministro de Serra Leoa (1895)
7 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Luís Carlos Amaral Gomes, o poeta Éle Semog (1952)
7 – Clementina de Jesus, a "Mãe Quelé", aos 63 anos pisa o palco pela primeira vez como cantora profissional, no Teatro Jovem, primeiro show da série de espetáculos "Menestrel" sob a direção de Hermínio Bello de Carvalho (1964)
8 – Nasce em Salvador(BA) o poeta e ativista do Movimento Negro Jônatas Conceição (1952)
8 – Fundação na Província do Ceará, da Sociedade Cearense Libertadora (1880)
8 – Nasce no Harlem, Nova Iorque (EUA), Sammy Davis Jr., um dos artistas mais versáteis de toda a história da música e do "show business" americano (1925)
8 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Alaíde Costa Silveira, a cantora Alaíde Costa (1933)
8 – Dia consagrado ao Orixá Oxum
9 – Nasce em São Paulo (SP) Erlon Vieira Chaves, o compositor e arranjador Erlon Chaves (1933)
9 – Nasce em Monte Santo, Minas Gerais, o ator e diretor Milton Gonçalves (1933)
9 – Nasce em Salvador/BA, a atriz Zeni Pereira, famosa por interpretar a cozinheira Januária na novela Escrava Isaura (1924)
10 – O líder sul-africano Nelson Mandela recebe em Oslo, Noruega o Prêmio Nobel da Paz (1993)
10 – O Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, assina a nova Constituição do país, instituindo legalmente a igualdade racial (1996)
10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído pela ONU em 1948
10 – Fundação em Angola, do Movimento Popular de Libertação de Angola - MPLA (1975)
10 – Criação do Programa SOS Racismo, do IPCN (RJ), Direitos Humanos e Civis (1987)
11 – Nasce em Gary, condado de Lake, Indiana (EUA), Jermaine LaJaune Jackson, o cantor, baixista, compositor, dançarino e produtor musical Jermaine Jackson (1954)
11 – Festa Nacional de Alto Volta (1958)
11 – Surge no Rio de Janeiro, o Jornal Redenção (1950)
12 – O Presidente Geral do CNA, Cheif Albert Luthuli, recebe o Prêmio Nobel da Paz, o primeiro a ser concedido a um líder africano (1960)
12 – Nasce em Leopoldina (MG) Osvaldo Alves Pereira, o cantor e compositor Noca da Portela, autor de inúmeros sucessos como: "Portela na Avenida", "é preciso muito amor", "Vendaval da vida", "Virada", "Mil Réis" (1932)
12 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Wilson Moreira Serra, o compositor Wilson Moreira, autor de sucessos como "Gostoso Veneno", "Okolofé", "Candongueiro", "Coisa da Antiga" (1936)
12 – Independência do Quênia (1963)
13 – Dia consagrado a Oxum Apará ou Opará, a mais jovem entre todas as Oxuns, de gênio guerreiro
13 – Nasce em Exu (PE) Luiz Gonzaga do Nascimento, o cantor, compositor e acordeonista Luiz Gonzaga (1912)
14 – Rui Barbosa assina despacho ordenando a queima de registros do tráfico e da escravidão no Brasil (1890)
15 – Machado de Assis é proclamado o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (1896)
16 – Nasce na cidade do Rio Grande (RS) o político Elbert Madruga (1921)
16 – O Congresso Nacional Africano (CNA), já na clandestinidade, cria o seu braço armado (1961)
17 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Augusto Temístocles da Silva Costa, o humorista Tião Macalé (1926)
18 – Nasce em King William's Town, próximo a Cidade do Cabo, África do Sul, o líder africano Steve Biko (1946)
18 – A aviação sul-africana bombardeia uma aldeia angolana causando a morte dezenas de habitantes (1983)
19 – Nasce nos Estados Unidos, Carter G. Woodson, considerado o "Pai da História Negra" americana (1875)
19 – Nasce no bairro de São Cristóvão (RJ) Manuel da Conceição Chantre, o compositor e violonista Mão de Vaca (1930)
20 – Abolição da escravatura na Ilha Reunião (1848)
20 – Nasce em Salvador (BA) Carlos Alberto de Oliveira, advogado, jornalista, político e ativista do Movimento Negro, autor da Lei 7.716/1989 ou Lei Caó, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de raça ou cor (1941)
21 – Nasce em Los Angeles (EUA) Delorez Florence Griffith, a atleta Florence Griffith Joyner - Flo-Jo, recordista mundial dos 100m (1959)
22 – Criado o Museu da Abolição, através da Lei Federal nº 3.357, com sede na cidade do Recife, em homenagem a João Alfredo e Joaquim Nabuco (1957)
23 – Nasce em Louisiana (EUA) Sarah Breedlove, a empresária de cosméticos, filantropa, política e ativista social Madam C. J. Walker, primeira mulher a construir sua própria fortuna nos Estados Unidos ao criar e vender produtos de beleza para mulheres negras. Com sua Madam C.J. Walker Manufacturing Company, ela fez doações em dinheiro a várias organizações e projetos voltados à comunidade negra (1867)
23 – Criação no Rio de Janeiro, do Grupo Vissungo (1974)
23 - O senador americano Jesse Jackson recebe o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e o diploma de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro durante visita ao Brasil, por meio do Projeto de Resolução nº 554 de 1996, de autoria do Deputado Graça e Paz (1996)
24 – João Cândido, líder da Revolta da Chibata e mais 17 revoltosos são colocados na "solitária" do quartel-general da Marinha (1910)
25 – Parte do Rio de Janeiro, o navio Satélite, levando 105 ex-marinheiros participantes da Revolta da Chibata, 44 mulheres, 298 marginais e 50 praças do Exército, enviados sem julgamento para trabalhos forçados no Amazonas. 9 marujos foram fuzilados em alto-mar e os restantes deixados nas margens do Rio Amazonas (1910)
25 – Nasce no Município de Duque de Caxias, (RJ) Jair Ventura Filho, o jogador de futebol Jairzinho, "O Furacão da Copa de 1970" (1944)
26 – Primeiro dia do Kwanza, período religioso afro-americano
27 – Nasce em Natal (RN), o jogador Richarlyson (1982)
28 – O estado de São Paulo institui o Dia da Mãe Preta (1968)
28 – Nasce na Pensilvânia (EUA), Earl Kenneth Hines, o pianista Earl “Fatha” Hines, um dos maiores pianistas da história do jazz (1903)
29 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Édio Laurindo da Silva, o sambista Delegado, famoso mestre-sala da Estação Primeira de Mangueira (1922)
29 – Nasce em Diourbel, Senegal, Cheikh Anta Diop, historiador, antropólogo, físico e político (1923)
30 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Maria de Lourdes Mendes, a jongueira Tia Maria da Grota (1920)
30 – Nasce em Cypress, Califórnia (EUA), Eldrick Tont Woods, o jogador de golfe Tiger Woods, considerado um dos maiores golfistas de todos os tempos (1975)
31 – Nasce no Morro da Serrinha, Madureira (RJ), Darcy Monteiro, músico profissional, compositor, percussionista, ritmista, jongueiro, criador do Grupo Bassam, nome artístico do Jongo da Serrinha (1932)
31 – Nasce na Virgínia (EUA), Gabrielle Christina Victoria Douglas, ou Gabby Douglas, a primeira pessoa afro-americana e a primeira de ascendência africana de qualquer nacionalidade na história olímpica a se tornar campeã individual e a primeira ginasta americana a ganhar medalha de ouro, tanto individualmente como em equipe, numa mesma Olimpíada, em 2012 (1995)
31 – Fundada pelo liberto Polydorio Antonio de Oliveira, na Rua General Lima e Silva nº 316, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Beneficente Floresta Aurora (1872)
31 – Dia dos Umbandistas



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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Colaborem com o Pré-vestibular Palmares - ES

Pessoal, boa noite.

Escrevo para pedir uma colaboração, na medida da possibilidade/vontade de cada um. Desde o ano passado, estou ajudando o Fórum da Juventude Negra do ES em algumas ações, como por exemplo o seminário que discutiu o funk como elemento da cultura negra contemporânea (no CCJE, em setembro de 2010), a passeata pelo fim do extermínio da juventude negra (no final de 2010) e, agora, em 2011, o Pré-vestibular Palmares, que ocorre em um espaço cedido pela escola pública estadual no bairro Maracanã, Cariacica, com a ação de professores voluntários (o bairro foi escolhido porque está nas imediações de Padre Gabriel, bairro que foi assim batizado em homenagem ao padre francês Gabriel Maire, assassinado por defender ideais de justiça social).

Eles têm uma série de limitações materiais, mas têm uma vontade fora de série de fazer diferença na construção de um mundo mais igualitário. Sensibilizada com a situação de quem não conseguiu uma vaga no PUPT ou não tem como bancar o deslocamento até uma de suas unidades e, mesmo assim, quer arrancar do chão sua chance de entrar na universidade, estou começando uma campanha, para conseguir duas coisas: 1) montar uma biblioteca de sala para uso do Palmares, com livros didáticos de diversas disciplinas escolares e com exemplares de livros de literatura, especialmente os que estão na lista do vestibular; 2) comprar um datashow com notebook, para auxiliar os professores nas aulas, evitando que percam tempo escrevendo certas coisas no quadro e tornando algumas aulas um pouco mais dinâmicas e/ou menos abstratas, pelo recurso a imagens, pela reprodução de textos para leitura integral etc.

Os livros didáticos são para que os estudantes possam estudar os conteúdos escolares (então, preferencialmente, livros do professor, que têm respostas, são bem-vindos), e os livros de literatura da lista do vestibular são para que possam ler as obras. Essa biblioteca é essencial porque, não sendo alunos regulares do sistema estadual, não podem ter acesso pleno às bibliotecas escolares. Quem tiver livros didáticos ou de literatura para doar, por favor, pode me dizer que a gente combina um jeito de fazer chegar até eles (deixa na Ufes e eu pego ou algo assim). E a campanha do datashow com notebook é uma utopia: quem puder doar qualquer quantidade em dinheiro ou quem sabe um desses equipamentos entre em contato, por favor: mariaameliadalvi@gmail.com.

Os livros do vestibular são os seguintes:

I.   O navio negreiro – Castro Alves; 
II.   O noviço – Martins Pena; 
III.   Poemas – Mário de Sá-Carneiro; 
IV.   Romanceiro da Inconfidência – Cecília Meireles; 
V.   Vidas Secas – Graciliano Ramos; 
VI.  Ensaio sobre a cegueira – José Saramago; 
VII.  Boca do inferno – Ana Miranda; 
VIII.  Senhor branco ou o indesejado das gentes: poemas  – Paulo Roberto Sodré; 
IX.  Kitty aos 22: divertimento – Reinaldo Santos Neves

Se puderem repassar a campanha, que se inicia com este e-mail, eu agradeço.

Abraço a todos,

Maria Amélia

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Seminário: Lugares, margens e relações: raça, cor e mestiçagem na experiência afro-americana - SP

Agência FAPESP – O seminário internacional “Lugares, margens e relações: raça, cor e mestiçagem na experiência afro-americana” será realizado nos dias 24 e 25 de fevereiro na USP com o objetivo de reunir pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos para estabelecer uma rede internacional para estudar a diversidade da experiência afro-americana, compreendida no cruzamento de disciplinas e épocas variadas.
O seminário é organizado pelo professor Antonio Sérgio A. Guimarães, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP, pela professora Lilia Schwarcz, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da USP, e pelo professor Pedro Meira Monteiro, da Universidade Princeton.
O evento tem apoio dos programas de pós-graduação em Sociologia e em Antropologia da USP, da Universidade Princeton e do Centro de Estudos da Metrópole, um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid) da FAPESP.
Silvia Lara (Unicamp), Bruno Carvalho (Princeton), Edward Telles (Princeton), Nadya Araujo Guimarães (USP), André Botelho (UFRJ), Elide Rugai Bastos (Unicamp), Arcadio Díaz-Quiñones (Princeton), Vagner Gonçalves da Silva (USP), Ângela Alonso (USP), Tera Hunter (Princeton) e Wlamira Albuquerque (UFBA) serão alguns dos pesquisadores que farão apresentações.
Nao há necessidade de se fazer inscrições. Informações adicionais podem ser obtidas com a Secretaria da Pós-Graduação em Sociologia da USP: sociousp@usp.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. ou (11) 3091-3724.

Carta aberta ao Ziraldo, por Ana Maria Gonçalves

Num extenso e substancial texto a escritora Ana Maria Gonçalves  nos revela as entranhas do pensamento racista de Monteiro Lobato e do seu mais novo herdeiro Ziraldo, autor da camiseta do Bloco Carnavalesco "Que merda é essa" que desfila no bairro de Ipanema, zona sul carioca, região de alta classe média do Rio de Janeiro. Num vídeo em que o link (Que merda é essa?) está no texto abaixo, vê-se que o bloco foi fundado por um grupo com negros frequentadores das praias e bares de Ipanema fazendo exatamente aquela "mistura racial" em que o negro se vê constrangido a ridicularizar-se para ser aceito no grupo como normalmente acontece na democracia racial brasileira.

Carta Aberta ao Ziraldo



Caro Ziraldo,


Olho a triste figura de Monteiro Lobato abraçado a uma mulata, estampada nas camisetas do bloco carnavalesco carioca "
Que merda é essa?" e vejo que foi obra sua. Fiquei curiosa para saber se você conhece a opinião de Lobato sobre os mestiços brasileiros e, de verdade, queria que não. Eu te respeitava, Ziraldo. Esperava que fosse o seu senso de humor falando mais alto do que a ignorância dos fatos, e por breves momentos até me senti vingada. Vingada contra o racismo do eugenista Monteiro Lobato que, em carta ao amigo Godofredo Rangel, desabafou: "(...)Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde. E vão apinhados como sardinhas e há um desastre por dia, metade não tem braço ou não tem perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi?” “Desastre na Central.” Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problema terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança!..." (em "A barca de Gleyre". São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1944. p.133).

Ironia das ironias, Ziraldo, o nome do livro de onde foi tirado o trecho acima é inspirado em um quadro do pintor suíço Charles Gleyre (1808-1874), Ilusões Perdidas. Porque foi isso que aconteceu. Porque lendo uma matéria sobre o bloco e a sua participação, você assim o
endossa : "Para acabar com a polêmica, coloquei o Monteiro Lobato sambando com uma mulata. Ele tem um conto sobre uma neguinha que é uma maravilha. Racismo tem ódio. Racismo sem ódio não é racismo. A ideia é acabar com essa brincadeira de achar que a gente é racista". A gente quem, Ziraldo? Para quem você se (auto) justifica? Quem te disse que racismo sem ódio, mesmo aquele com o "humor negro" de unir uma mulata a quem grande ódio teve por ela e pelo que ela representava, não é racismo? Monteiro Lobato, sempre que se referiu a negros e mulatos, foi com ódio, com desprezo, com a certeza absoluta da própria superioridade, fazendo uso do dom que lhe foi dado e pelo qual é admirado e defendido até hoje. Em uma das cartas que iam e vinham na barca de Gleyre (nem todas estão publicadas no livro, pois a seleção foi feita por Lobato, que as censurou, claro) com seu amigo Godofredo Rangel, Lobato confessou que sabia que a escrita "é um processo indireto de fazer eugenia, e os processos indiretos, no Brasil, 'work' muito mais eficientemente".

Lobato estava certo. Certíssimo. Até hoje, muitos dos que o leram não vêem nada de errado em seu processo de chamar negro de burro aqui, de fedorento ali, de macaco acolá, de urubu mais além. Porque os processos indiretos, ou seja, sem ódio, fazendo-se passar por gente boa e amiga das crianças e do Brasil, "work" muito bem. Lobato ficou frustradíssimo quando seu "processo" sem ódio, só na inteligência, não funcionou com os norte-americanos, quando ele tentou em vão encontrar editora que publicasse o que considerava ser sua obra prima em favor da eugenia e da eliminação, via esterilização, de todos os negros. Ele falava do livro
"O presidente negro ou O choque das raças"que, ao contrário do que aconteceu nos Estados Unidos, país daquele povo que odeia negros, como você diz, Ziraldo, foi publicado no Brasil. Primeiro em capítulos no jornal carioca A Manhã, do qual Lobato era colaborador, e logo em seguida em edição da Editora Companhia Nacional, pertencente a Lobato. Tal livro foi dedicado secretamente ao amigo e médico eugenista Renato Kehl, em meio à vasta e duradoura correspondência trocada pelos dois:“Renato, tu és o pai da eugenia no Brasil e a ti devia eu dedicar meu Choque, grito de guerra pró-eugenia. Vejo que errei não te pondo lá no frontispício, mas perdoai a este estropeado amigo. (...) Precisamos lançar, vulgarizar estas idéias. A humanidade precisa de uma coisa só: póda. É como a vinha".

Impossibilitado de colher os frutos dessa poda nos EUA, Lobato desabafou com Godofredo Rangel: "Meu romance não encontra editor. [...]. Acham-no ofensivo à dignidade americana, visto admitir que depois de tantos séculos de progresso moral possa este povo, coletivamente, cometer a sangue frio o belo crime que sugeri. Errei vindo cá tão verde. Devia ter vindo no tempo em que eles linchavam os negros." Tempos depois, voltou a se animar: "Um escândalo literário equivale no mínimo a 2.000.000 dólares para o autor (...) Esse ovo de escândalo foi recusado por cinco editores conservadores e amigos de obras bem comportadas, mas acaba de encher de entusiasmo um editor judeu que quer que eu o refaça e ponha mais matéria de exasperação. Penso como ele e estou com idéias de enxertar um capítulo no qual conte a guerra donde resultou a conquista pelos Estados Unidos do México e toda essa infecção spanish da América Central. O meu judeu acha que com isso até uma proibição policial obteremos - o que vale um milhão de dólares. Um livro proibido aqui sai na Inglaterra e entra boothegued como o whisky e outras implicâncias dos puritanos". Lobato percebeu, Ziraldo, que talvez devesse apenas exasperar-se mais, ser mais claro em suas ideias, explicar melhor seu ódio e seu racismo, não importando a quem atingiria e nem por quanto tempo perduraria, e nem o quão fundo se instalaria na sociedade brasileira. Importava o dinheiro, não a exasperação dos ofendidos. 2.000.000 de dólares, ele pensava, por um ovo de escândalo. Como também foi por dinheiro que o
Jeca Tatu, reabilitado, estampou as propagandas do Biotônico Fontoura.

Você sabe que isso dá dinheiro, Ziraldo, mesmo que o investimento tenha sido a longo prazo, como ironiza Ivan Lessa: "Ziraldo, o guerrilheiro do traço, está de parabéns. Finalmente o governo brasileiro tomou vergonha na cara e acabou de pagar o que devia pelo passe de Jeremias, o Bom, imortal personagem criado por aquele que também é conhecido como “o Lamarca do nanquim”. Depois do imenso sucesso do calunguinha nas páginas de diversas publicações, assim como também na venda de diversos produtos farmacêuticos, principalmente doenças da tireóide, nos idos de 70, Ziraldo, cognominado ainda nos meios esclarecidos como “o subversivo da caneta Pilot”, houve por bem (como Brutus, Ziraldo é um homem de bem; são todos uns homens de bem – e de bens também) vender a imagem de Jeremias para a loteca, ou seja, para a Caixa Econômica Federal (federal como em República Federativa do Brasil) durante o governo Médici ou Geisel (os déspotas esclarecidos em muito se assemelham, sendo por isso mesmo intercambiáveis)".


No tempo em que linchavam negros, disse Lobato, como se o linchamento ainda não fosse desse nosso tempo. Lincham-se negros nas ruas, nas portas dos shoppings e bancos, nas escolas de todos os níveis de ensino, inclusive o superior. O que é até irônico, porque Lobato nunca poderia imaginar que chegariam lá. Lincham-se negros, sem violência física, é claro, sem ódio, nos livros, nos artigos de jornais e revistas, nos cartoons e nas redes sociais, há muitos e muitos carnavais. Racismo não nasce do ódio ou amor, Ziraldo, sendo talvez a causa e não a consequência da presença daquele ou da ausência desse. Racismo nasce da relação de poder. De poder ter influência ou gerência sobre as vidas de quem é considerado inferior. "Em que estado voltaremos, Rangel," se pergunta Lobato, ao se lembrar do quadro para justificar a escolha do nome do livro de cartas trocadas, "desta nossa aventura de arte pelos mares da vida em fora? Como o velho de Gleyre? Cansados, rotos? As ilusões daquele homem eram as velas da barca – e não ficou nenhuma. Nossos dois barquinhos estão hoje cheios de velas novas e arrogantes, atadas ao mastro da nossa petulância. São as nossas ilusões". Ah, Ziraldo, quanta ilusão (ou seria petulância? arrogância; talvez? sensação de poder?) achar que impor à mulata a presença de Lobato nessa festa tipicamente negra, vá acabar com a polêmica e todos poderemos soltar as ancas e cada um que sambe como sabe e pode. Sem censura. Ou com censura, como querem os quemerdenses. Mesmo que nesse do Caçadas de Pedrinho a palavra censura não corresponda à verdade, servindo como mero pretexto para manifestação de discordância política, sem se importar com a carnavalização de um tema tão dolorido e tão caro a milhares de brasileiros. E o que torna tudo ainda mais apelativo é que o bloco aponta censura onde não existe e se submete, calado, ao pedido da prefeitura para que não use o próprio nome no desfile. Não foi assim? Você não teve que escrever "M*" porque a
palavra "merda" foi censurada? Como é que se explica isso, Ziraldo? Mente-se e cala-se quando convém? Coerência é uma questão de caráter.

O que o MEC solicita não é censura. É respeito aos Direitos Humanos. Ao direito de uma criança negra em uma sala de aula do ensino básico e público, não se ver representada (sim, porque os processos indiretos, como Lobato nos ensinou, "work" muito mais eficientemente) em personagens chamados de macacos, fedidos, burros, feios e outras indiretas mais. Você conhece os direitos humanos, inclusive foi o artista escolhido para ilustrar a
Cartilha de Direitos Humanosencomendada pela Presidência da República, pelas secretarias Especial de Direitos Humanos e de Promoção dos Direitos Humanos, pela ONU, a UNESCO, pelo MEC e por vários outros órgãos. Muitos dos quais você agora desrespeita ao querer, com a sua ilustração, acabar de vez com a polêmica causada por gente que estudou e trabalhou com seriedade as questões de educação e desigualdade racial no Brasil. A adoção do Caçadas de Pedrinho vai contra a lei de Igualdade Racial e o Estatuto da Criança e do Adolescente, que você conhece e ilustrou tão bem. Na página 25 da sua Cartilha de Direitos Humanos, está escrito: "O único jeito de uma sociedade melhorar é caprichar nas suas crianças. Por isso, crianças e adolescentes têm prioridade em tudo que a sociedade faz para garantir os direitos humanos. Devem ser colocados a salvo de tudo que é violência e abuso. É como se os direitos humanos formassem um ninho para as crianças crescerem." Está lá, Ziraldo, leia de novo: "crianças e adolescentes têm prioridade". Em tudo. Principalmente em situações nas quais são desrespeitadas, como na leitura de um livro com passagens racistas, escrito por um escritor racista com finalidades racistas. Mas você não vê racismo e chama de patrulhamento do politicamente correto e censura. Você está pensando nas crianças, Ziraldo? Ou com medo de que, se a moda pega, a "censura" chegue ao seu direito de continuar brincando com o assunto? "Acho injusto fazer isso com uma figura da grandeza de Lobato", você disse em uma reportagem. E com as crianças, o público-alvo que você divide com Lobato, você acha justo? Sim, vocês dividem o mesmo público e, inclusive, alguns personagens, como uma boneca e pano e o Saci, da sua Turma do Pererê. Medo de censura, Ziraldo, talvez aos deslizes, chamemos assim, que podem ser cometidos apenas porque se acostuma a eles, a ponto de pensar que não são, de novo chamemos assim, deslizes.

A gente se acostuma, Ziraldo. Como o seu
menino marrom se acostumoucom as sandálias de dedo: "O menino marrom estava tão acostumado com aquelas sandálias que era capaz de jogar futebol com elas, apostar corridas, saltar obstáculos sem que as sandálias desgrudassem de seus pés. Vai ver, elas já faziam parte dele" (ZIRALDO, 1986,p. 06, em O Menino Marrom). O menino marrom, embora seja a figura simpática e esperta e bonita que você descreve, estava acostumado e fadado a ser pé-de-chinelo, em comparação ao seu amigo menino cor-de-rosa, porque "(...) um já está quase formado e o outro não estuda mais (...). Um já conseguiu um emprego, o outro foi despedido do quinto que conseguiu. Um passa seus dias lendo (...), um não lê coisa alguma, deixa tudo pra depois (...). Um pode ser diplomata ou chofer de caminhão. O outro vai ser poeta ou viver na contramão (...). Um adora um som moderno e o outro – Como é que pode? – se amarra é num pagode. (...) Um é um cara ótimo e o outro, sem qualquer duvida, é um sujeito muito bom. Um já não é mais rosado e o outro está mais marrom" (ZIRALDO, 1986, p.31). O menino marrom, ao crescer, talvez virasse marginal, fado de muito negro, como você nos mostra aqui: "(...) o menino cor-de-rosa resolveu perguntar: por que você vem todo o dia ver a velhinha atravessar a rua? E o menino marrom respondeu: Eu quero ver ela ser atropelada" (ZIRALDO, 1986, p.24), porque a própria professora tinha ensinado para ele a diferença e a (não) mistura das cores. Então ele pensou que "Ficar sozinho, às vezes, é bom: você começa a refletir, a pensar muito e consegue descobrir coisas lindas. Nessa de saber de cor e de luz (...) o menino marrom começou a entender porque é que o branco dava uma idéia de paz, de pureza e de alegria. E porque razão o preto simbolizava a angústia, a solidão, a tristeza. Ele pensava: o preto é a escuridão, o olho fechado; você não vê nada. O branco é o olho aberto, é a luz!" (ZIRALDO, 1986, p.29), e que deveria se conformar com isso e não se revoltar, não ter ódio nenhum ao ser ensinado que, daquela beleza, pureza e alegria que havia na cor branca, ele não tinha nada. O seu texto nos ensina que é assim, sem ódio, que se doma e se educa para que cada um saiba o seu lugar, com docilidade e resignação: "Meu querido amigo: Eu andava muito triste ultimamente, pois estava sentindo muito sua falta. Agora estou mais contente porque acabo de descobrir uma coisa importante: preto é, apenas, aausência do branco" (ZIRALDO, 1986, p.30).

Olha que interessante, Ziraldo: nós que sabemos do racismo confesso de Lobato e conseguimos vê-lo em sua obra, somos acusados por você de "macaquear" (olha o termo aí) os Estados Unidos, vendo racismo em tudo. "Macaqueando" um pouco mais, será que eu poderia também acusá-lo de estar "macaqueando" Lobato, em trechos como os citados acima? Sem saber, é claro, mas como fruto da introjeção de um "processo" que ele provou que "work" com grande eficiência e ao qual podemos estar todos sujeitos, depois de sermos submetidos a ele na infância e crescermos em uma sociedade na qual não é combatido. Afinal, há quem diga que não somos racistas. Que quem vê o racismo, na maioria os negros, que o sofrem, estão apenas "macaqueando". Deveriam ficar calados e deixar dessa bobagem. Deveriam se inspirar no menino marrom e se resignarem. Como não fazem muitos meninos e meninas pretos e marrons, aqueles que são a ausência do branco, que se chateiam, que se ofendem, que sofrem preconceito nas ruas e nas escolas e ficam doídos, pensando nisso o tempo inteiro, pensando tanto nisso que perdem a vontade de ir à escola,
começam a tirar notas baixas porque ficam matutando, ressentindo, a atenção guardadinha lá debaixo da dor. E como chegam à conclusão de que aquilo não vai mudar, que não vão dar em nada mesmo, que serão sempre pés-de-chinelo, saem por aí especializando-se na arte de esperar pelo atropelamento de velhinhas.

Racismo é um dos principais fatores responsáveis pela limitada participação do negro no sistema escolar, Ziraldo, porque desvia o foco, porque baixa a auto-estima, porque desvia o foco das atividades, porque a criança fica o tempo todo tendo que pensar em como não sofrer mais humilhações, e o material didático, em muitos casos,
não facilita nada a vida delas. E quando alguma dessas crianças encontra um jeito de fugir a esse destino, mesmo que não tenha sido através da educação, fica insuportável e merece o linchamento público e exemplar, como o sofrido por Wilson Simonal. Como exemplo, temos a sua opinião sobre ele: "Era tolo, se achava o rei da cocada preta, coitado. E era mesmo. Era metido, insuportável". Sabe, Ziraldo, é por causa da perpetuação de estereótipos como esses que às vezes a gente nem percebe que eles estão ali, reproduzidos a partir de preconceitos adquiridos na infância, que a SEPPIR pediu que o MEC reavaliasse a adoção de Caçadas de Pedrinho. Não a censura, mas a reavaliação. Uma nota, talvez, para ser colocada junto com as outras notas que já estão lá para proteger os direitos das onças de não serem caçadas e o da ortografia, de evoluir. Já estão lá no livro essas duas notas e a SEPPIR pede mais uma apenas, para que as crianças e os adolescentes sejam "colocados a salvo de tudo que é violência e abuso", como está na cartilha que você ilustrou. Isso é um direito delas, como seres humanos. É por isso que tem gente lutando, como você também já lutou por direitos humanos e por reparação. É isso que a SEPPIR pede: reparação pelos danos causados pela escravidão e pelo racismo.

Assim você
se defendeu de quem o atacou na época em que conseguiu fazer valer os seus direitos: "(…) Espero apenas que os leitores (que o criticam) não tenham sua casa invadida e, diante de seus filhos, sejam seqüestrados por componentes do exército brasileiro pelo fato de exercerem o direito de emitir sua corajosa opinião a meu respeito, eu, uma figura tão poderosa”. Ziraldo, você tem noção do que aconteceu com os, citando Lobato, "negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão", e do que acontece todos os dias com seus descendentes em um país que naturalizou e, paradoxalmente, nega o seu racismo? De quantos já morreram e ainda morrem todos os dias porque tem gente que não os leva a sério? Por causa do racismo é bem difícil que essa gente fadada a ser pé-de-chinelo a vida inteira, essas pessoas dos subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal, - porque nelas está a ausência do branco, esse povo todo representado pela mulata dócil que você faz sorrir nos braços de um dos escritores mais racistas e perversos e interesseiros que o Brasil já teve, aquele que soube como ninguém que um país (racista) também de faz de homens e livros (racistas), por causa disso tudo, Ziraldo, é que eu ia dizendo ser quase impossível para essa gente marrom, herdeira dessa gente de cor que simboliza a angústia, a solidão, a tristeza, gerar pessoas tão importantes quanto você, dignas da reparação (que nem é financeira, no caso) que o Brasil também lhes deve: respeito. Respeito que precisou ser ancorado em lei para que tivesse validade, e cuja aplicação você chama de censura.

Junto com outros grandes nomes da literatura infantil brasileira, como
Ana Maria Machado e Ruth Rocha, você assinou uma carta que, em defesa de Lobato e contra a censura inventada pela imprensa, diz:"Suas criações têm formado, ao longo dos anos, gerações e gerações dos melhores escritores deste país que, a partir da leitura de suas obras, viram despertar sua vocação e sentiram-se destinados, cada um a seu modo, a repetir seu destino. (...) A maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças. Nenhum de nós, nem os mais vividos, têm conhecimento de que os livros de Lobato nos tenham tornado pessoas desagregadas, intolerantes ou racistas. Pelo contrário: com ele aprendemos a amar imensamente este país e a alimentar esperança em seu futuro. Ela inaugura, nos albores do século passado, nossa confiança nos destinos do Brasil e é um dos pilares das nossas melhores conquistas culturais e sociais."É isso. Nos livros de Lobato está o racismo do racista, que ninguém vê, que vocês acham que não é problema, que é alicerce, que é necessário à formação das nossas futuras gerações, do nosso futuro. E é exatamente isso. Alicerce de uma sociedade que traz o racismo tão arraigado em sua formação que não consegue manter a necessária distância do foco, a necessário distância para enxergá-lo. Perpetuar isso parece ser patriótico, esse racismo que "faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças." Sabe o que Lobato disse em carta ao seu amigo Poti, nos albores do século passado, em 1905? Ele chamava de patriota o brasileiro que se casasse com uma italiana ou alemã, para apurar esse povo, para acabar com essa raça degenerada que você, em sua ilustração, lhe entrega de braços abertos e sorridente. Perpetuar isso parece alimentar posições de pessoas que, mesmo não sendo ou mesmo não se achando racistas, não se percebem cometendo a atitude racista que você ilustrou tão bem: entregar essas crianças negras nos braços de quem nem queria que elas nascessem. Cada um a seu modo, a repetir seu destino. Quem é poderoso, que cobre, muito bem cobrado, seus direitos; quem não é, que sorria, entre na roda e aprenda a sambar.

Peguei-o para bode expiatório, Ziraldo? Sim, sempre tem que ter algum. E, sem ódio, espero que você não queira que eu morra por te criticar. Como faziam os racistas nos tempos em quem ainda linchavam negros. Esses abusados que não mais se calam e apelam para a lei ao serem chamados de "macaco", "carvão", "fedorento", "ladrão", "vagabundo", "coisa", "burro", e que agora querem ser tratados como gente, no concerto dos povos. Esses que, ao denunciarem e quererem se livrar do que lhes dói, tantos problemas criam aqui, nesse país do futuro. Em uma matéria do Correio Braziliense você
disse que "Os americanos odeiam os negros, mas aqui nunca houve uma organização como a Ku Klux Klan. No Brasil, onde branco rico entra, preto rico também entra. Pelé nunca foi alvo de uma manifestação de ódio racial. O racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos”. Se dependesse de Monteiro Lobato, o Brasil teria tido sua Ku-Klux-Klan, Ziraldo. Leia só o que ele disse em carta ao amigo Arthur Neiva, enviada de Nova Iorque em 1928, querendo macaquear os brancos norte-americanos: "Diversos amigos me dizem: Por que não escreve suas impressões? E eu respondo: Porque é inútil e seria cair no ridículo. Escrever é aparecer no tablado de um circo muito mambembe, chamado imprensa, e exibir-se diante de uma assistência de moleques feeble-minded e despidos da menos noção de seriedade. Mulatada, em suma. País de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan é país perdido para altos destinos. André Siegfred resume numa frase as duas atitudes. "Nós defendemos o front da raça branca - diz o sul - e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brasil". Um dia se fará justiça ao Kux-Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca - mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destroem (sic) a capacidade construtiva." Fosse feita a vontade de Lobato, Ziraldo, talvez não tivéssemos a imprensa carioca, talvez não tivéssemos você. Mas temos, porque, como você também diz, "o racismo brasileiro é de outra natureza. Nós somos afetuosos." Como, para acabar com a polêmica, você nos ilustra com o desenho para o bloco quemerdense. Olho para o rosto sorridente da mulata nos braços de Monteiro Lobato e quase posso ouvi-la dizer: "Só dói quando eu rio".

Com pesar, e em retribuição ao seu afeto,


Ana Maria Gonçalves
 

Nova edição do "Tempo em Curso" já disponível online

Prezado leitor e prezada leitora do “Tempo em Curso”,
 
Com satisfação informo que já se encontra disponível no portal do LAESER (www.laeser.ie.ufrj.br/tempo_em_curso.asp) a primeira edição de 2011 do boletim eletrônico mensal de nosso Laboratório. Neste caso a satisfação é acrescida pelo fato de que com este exemplar o “Tempo em Curso” ingressa em seu terceiro ano ininterrupto de existência.
 
O “Tempo em Curso” é dedicado ao estudo dos indicadores do mercado de trabalho metropolitano brasileiro desagregado pelos grupos de cor ou raça e gênero. A origem dos dados é a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 
Os dados comentados nesta edição são os referentes ao mês de novembro de 2010. Ademais, em sua primeira parte, este boletim eletrônico sempre traz um tema de importante conhecimento dentro do campo da questão das assimetrias de cor ou raça e das políticas de promoção da igualdade racial.
 
Como destaque da presente edição pode ser mencionada a inédita pesquisa realizada pelo LAESER sobre a Pesquisa de Informações Básicas Municipais que revelou que no ano de 2009, somente 148 municípios brasileiros, 2,7% do total, contavam com Conselho de Igualdade Racial ou similar. Os demais dados sobre cada unidade da federação poderão ser lidos na própria publicação.
 
Mais uma vez, nós do LAESER, contamos com vosso diálogo, críticas e reflexões.
 
Boa leitura!
 
Marcelo Paixão – Professor do Instituto de Economia da UFRJ; Coordenador do LAESER

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Projeto Diálogos sobre Diversidade e a Lei 10.639/03 seleciona - RJ

A Pró-Reitoria de Extensão - PROEX, através da Coordenação Geral de Diversidades - COGED, torna público o Edital 19, de 17 de fevereiro de 2011,  para processo seletivo e contratação por tempo determinado, de Bolsistas de Extensão e Coordenador Adjunto de Projeto, que atuarão no Projeto Diálogos sobre Diversidade e a Lei 10.639/03, aprovado no PROEXT 2010. O referido projeto tem como objetivo geral a implantação das Diretrizes Nacionais para a Educação Étnico-raciais – Lei 10.693/03, que trata da obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar. Haverá a participação de profissionais do IFRJ, das instituições educacionais e movimentos sociais nas diferentes regiões que o IFRJ tem atuação.

http://www.ifrj.edu.br/extenso.php

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mapa da Intolerância Religiosa será lançado em março - BA

O Mapa da Intolerância Religiosa - Violação ao Direito de Culto no  Brasil será lançado no dia 26 de março, em Salvador, Bahia, durante a  reunião da Coordenação Nacional do Coletivo de Entidades Negras - CEN.

Produzido pelo jornalista Marcio Alexandre M. Gualberto (Coordenador  Nacional de Política Institucional do CEN, editor do blog Palavra  Sinistra e Coordenador da Rede Social da Religiosidade Afro-Brasileira) o Mapa da Intolerância Religiosa - Violação ao Direito de  Culto no Brasil trará um histórico da violação do direito de culto no  Brasil nos últimos 10 anos.

O Mapa da Intolerância Religiosa - Violação ao Direito de Culto no  Brasil é marcado por duas trágicas coincidências. Inicia com o relato  da morte de Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda -  ialorixá do  terreiro Axé Abassá de Ogum. A líder religiosa morreu, em 21 de  janeiro de 2000, numa situação de combate contra a intolerância  religiosa, praticada por evangélicos em seu templo, localizado no  Abaeté, em Itapuã, na Bahia -, e se encerra com a repercussão da morte  brutal de Rafael Zamora Diaz - babalawô cubano com quem o autor se  cuidava no Culto de Ifá.

O Mapa da Intolerância Religiosa falará não só da intolerância  praticada no dia-a-dia mas dedicará atenção especial ao que o autor 
chama de "intolerância religiosa praticada pelo aparelho do estado".  Segundo Marcio Alexandre "quando um prefeito manda derrubar uma casa- de-santo; uma delegada não encontra culpados num caso de agressão de  policiais a uma Yalorixá incorporada e uma escola demite uma  professora por falar de Exu numa aula sobre história da África,  estamos diante de flagrantes casos que demonstram a incapacidade -  para não dizer má vontade e racismo - do Estado brasileiro em lidar  com questões ligadas à religiosidade de matriz africana".

O informe, além de relatar os casos trará um apanhado de propostas que  vêm sendo construídas ao longo dos anos pelas organizações sociais que  lutam em prol das religiões de matrizes africanas e das próprias casas  religiosas, visando dirimir ao máximo os casos que, infelizmente,  segundo o autor, se tornam cada vez mais frequentes, à mesma proporção 
em que crescem os movimentos neo-pentecostais.

O Mapa da Intolerância Religiosa não conta com nenhum apoio  institucional. Apesar de haver solicitado apoio a vários órgãos 
governamentais para apoio apenas para impressão, o Mapa da  Intolerância Religiosa não conseguiu nenhum apoio. Sendo assim, ele 
estará disponível para download na data prevista do seu lançamento e o  autor coloca-se à disposição para, se convidado, apresentar o Mapa em  todos os estados do Brasil.

Marcio Alexandre quer fazer do Mapa da Intolerância Religiosa um  projeto permanente. "A idéia é transformar o Mapa da Intolerância 
Religiosa num site que receba denúncias de todo o país, que aponte os  estados onde ocorrem mais casos e que encaminhe as denúncias aos  órgãos respectivos em cada estado ou município que possam dar solução  às intolerâncias sofridas. Nossa intenção é que o Mapa funcione como  uma espécie de observatório da intolerância religiosa em nosso país".

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uneb implanta graduação inédita em História e Cultura Brasileira e Africana - BA

A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) reafirma, mais uma vez, seu pioneirismo na adoção de projetos de reconhecimento e valorização das populações negras. A partir do mês de março serão iniciadas as aulas da primeira turma da Licenciatura em História e Cultura Brasileira e Africana, graduação inédita no país, oferecida no Campus V da universidade, em Santo Antônio de Jesus.
O curso, vinculado ao Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor/Plataforma Freire), do Ministério da Educação (MEC), é executado por meio da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). A proposta de implantação da licenciatura foi apresentada pelo Centro de Estudos dos Povos Afro-Índio-Americanos (Cepaia) da universidade e pelo grupo de pesquisa Firmina, vinculado à Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PPG) da instituição acadêmica.
A graduação contribui para a aplicabilidade da Lei federal 10.639/03, que torna obrigatória a inclusão de temas relacionados à História e Cultura Afro-Brasileira na rede pública de ensino do País. A licenciatura, com duração de três anos, tem o objetivo de atender docentes do ensino fundamental e médio das redes municipais e estadual da região cadastrados no Parfor.
No domingo (13), ocorreu a seleção para a primeira turma da licenciatura, com cerca de 150 professores concorrendo a 50 vagas. O curso tem o apoio da Prefeitura Municipal de Santo Antônio de Jesus.

Ensaio geral do Bankoma - BA

O ensaio geral do Bloco Afro Bankoma irá realizar-se no dia 20 de Fevereiro, a partir das 15 horas, na Praia de Buraquinho, em Lauro de Freitas. Não percam mais este evento Bankoma, onde iremos apresentar a música tema desse ano!!! 
Contamos com a vossa presença!!

Osmundo Pinho e Rosana Heringer lançam livro "Afro Rio Século XXI"



Um livro que se desenvolve em quatro eixos fundamentais, que procuraram retratar de modo descritivo e analítico a situação das relações raciais no Rio de Janeiro deste início de século XXI: 1) “Crítica histórica”; 2) “Antirracismo, desenvolvimento e desigualdade”; 3) “Modernidade e cultura negra” (mapa afrocultural); 4) “Gênero, sexualidade e relações raciais na periferia”. Unindo o rigor acadêmico e o engajamento na causa, Afro Rio Século XXI é uma contribuição de peso para superar o silêncio que envolve a exclusão racial no Brasil.
IMPORTANTE: Amanhã e depois, 17 e 18/02, na Editora Garamond online com 50% de desconto. 

Ciência Hoje Online lança Projeto "Séculos indígenas"

Projeto pioneiro criado com o objetivo de registrar a realidade indígena brasileira lança documentário inédito. A Ciência Hoje On-line apresenta com exclusividade a vinheta de abertura do filme, que estreará em breve.

Leia mais e veja o vídeo em:


http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2011/02/seculos-indigenas

GAPECC seleciona estudantes para curso pré-vestibular - BA


A FUNDAÇÃO GAPECC ABRE VAGAS PARA O SEU CURSO PRÉ-VESTIBULAR GRATUITO 2011

VAGAS EXCLUSIVAS PARA ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

NÃO PERCA ESTA OPORTUNIDADE, A UNIVESIDADE PÚBLICA PERTENCE A VOCÊ.
CORRA ATRÁS DA SUA VAGA!

DATA: 21 a 24 de Fevereiro de 2011

   LOCAL : COLÉGIO ESTADUAL MANOEL DEVOTO
           Rua Osvaldo Cruz, s/n. Rio Vermelho. Ponto de referencia: Bom Preço, próximo ao Quartel de Amaralina.              
HORÁRIO:  13:30 ás 18:00h
OBS: Levar RG e comprovante de residência (conta de luz) – Original e cópia.

NÃO COBRAMOS NENHUM TIPO DE TAXAS NEM MENSALIDADES. 
O PROJETO FUNCIONA NO TURNO VESPERTINO

Comunidade no Orkut: GAPECC         
Telefones para contato: 8207-5704, 8718-9901, 8634-5757, 8263-4209, 8275-1657, 8219-1572

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Encerramento do ciclo comemorações dos 100 anos do Terreiro Ilê Axé Afonjá - BA


(Clique nas imagens para amplia-las)

Carta Aberta - Racismo na Farmácia Sant'ana Salvador - BA

--- Em seg, 7/2/11, Patrícia Rammos escreveu:

De: Patrícia Rammos
Assunto: Carta Aberta - Racismo na Farmácia Sant'ana - Salvador / Bahia
Data: Segunda-feira, 7 de Fevereiro de 2011, 19:07

Olá queridíssimos amigos e sociedade !!!

Para quem não me conhece, permita que eu me apresente. Meu nome é Patrícia Rammos, sou atriz e produtora. 

Antes de mais nada, gostaria de dizer que, apesar de discordar algumas vezes, confio (e muito) na justiça do nosso país. Inclusive, tentei me manter um tanto calada durante esse tempo exatamente por acreditar nela e entender que deveria deixá-la fazer seu trabalho. Mas agora preciso e devo falar. Não só por mim, mas porque devo isso a mim, a minha família e todos vocês.

Entendam o caso:

Há alguns anos, mais precisamente no dia 10 de Outubro de 2007, as 18 horas, de uma quarta-feira, quando estava voltando da minha aula de boxe, precisei passar chuva numa das lojas Sant'ana da Graça, a que fica ao lado da Frio Gostoso, próximo ao Mac Donald's. Devo ter ficado nas dependências da loja por uns dez minutos. Aproveitei que estava lá e dei uma olhada em algumas estantes. Olhei, mas não levei. Como a chuva passou, resolvi ir pra casa. Quando estava já na Ladeira da Barra, um pouco depois da Academia Life, nas imediações da Aliança Francesa, um senhor alto, forte, me abordou e ordenou que eu abrisse minha sacola. Como pensei que era uma assalto, por conta da forma da abordagem, obedeci. Após remexer minha bolsa, o tal senhor me pediu desculpas, se apresentou como segurança da Farmácia Santa'ana e disse que tinha feito isso porque alguém tinha dito que achava que eu tinha colocado algo na bolsa. O que eu senti a partir daquele momento foi um misto de raiva, revolta, vergonha, desespero, medo e indignação. Tentei levá-lo ao Módulo Policial mais próximo (aquele da esquina), mas como ele se recusou voltei à Farmácia, falei com a gerente, pedi os dados dele e ela me disse que ele tinha comentado sobre isso. O cara ainda disse que "gente da nossa cor - ele também é negro - o povo pensa tudo que é ladrão", que não era para eu acusá-lo, que tinha um filho doente, bla, bla, bla... Foi um momento muito difícil, um dos mais difíceis da minha vida. Me senti frágil, vulnerável, injustiçada, sozinha... Mas reuni minhas forças e fui à uma delegacia. Depois dei queixa no Ministério Público e entrei com uma Ação na Justiça. O processo está tramitando na 24ª Vara Cível.

Agora o que posso dizer a vocês sobre o caso? O juiz acabou de arquivar por não conseguir identificar o criminoso. O tal segurança "sumiu" e a farmácia alega que não conhece e que ele nunca existiu. Ou seja, dias depois deram sumiço no tal segurança, que chegou até a falar com os jornalistas de um jornal daqui e se recusou a comentar sobre o episódio. A gerente agora sofre de amnésia. Além de não saber quem é o segurança, "diz que" não se lembra de ter falado comigo. A empresa também alega que não contrata seguranças e que, inclusive, não poderia ter cometido racismo, porque o seu quadro de funcionários é composto por uma maioria negra. Engraçado, negro pode trabalhar e vender pra loja, comprar não, né? Porque esse argumento em nada isenta a responsabilidade deles.

Para piorar, no dia da primeira audiência, o meu advogado, por questões sérias, chegou um pouco atrasado e o juiz declarou que como eu não possuía quem me defendesse, estava impossibilitada de ser ouvida e indicar minhas testemunhas. Não fui e nem sou leviana, temos provas de que ele existe, de que ele trabalhou lá, de que cometeu outras violências, mas precisamos e queremos ser ouvidos. O Ministério Público também arquivou o caso porque também não consegue achar o tal senhor. Será que com tantas pessoas para falar, não se pode fazer com que a empresa em questão seja obrigada a trazê-lo? Todas as testemunhas por parte da farmácia dizem que ele não existe e todas as minhas ainda não foram ouvidas. Ou seja, eu sou a louca. Se temos como provar o que aconteceu, como não podem nos ouvir? Que lei é essa que privilegia o réu e não ouve a vítima? A desculpa é "como a vítima estava sem advogado, não vai poder ser ouvida". E assim termina o caso?

Não estou sozinha, tenho várias testemunhas e acredito que, num país como o meu, que a lei dá crédito a quem chega na hora, mesmo que este tenha abrigado pessoas que agridem pessoas pelo tom de sua pele, preciso e devo correr atrás dos meus direitos. Inclusive, eu estava lá, na hora. Uma lei não pode ser tão matemática. Eu fui agredida e isso  também teve hora, minuto e segundo. E quem vai pagar por isso? De fato o cara trabalhava para a farmácia e temos como provar isso. Se ele era contratado ou não, aí entra uma outra infração: Contratação informal de pessoas incapazes de exercerem tais funções.

Como já falei, eu ainda respeito, eu ainda acredito, eu ainda creio na lei do meu país. E peço o apoio de todos vocês. E não é pelo dinheiro, é pelo respeito, é porque não quero que outras pessoas passem por isso. A gente não pode sair de casa sem saber se vai voltar. Imaginem se eu tivesse resolvido colocar meu sabonete líquido dentro da bolsa pra tomar banho na academia, após a aula, e este fosse encontrado pelo segurança? Como eu iria provar para o "brucutu" que aquilo era meu e não usurpado da loja? Vou ter que andar com nota fiscal de tudo que compro? Olha só o mundo que estamos construindo !!! Fiquei pensando tanto nisso !!! Hoje se vou sair, penso em tudo que levo na bolsa, onde vou entrar... porque infelizmente, na minha terra, não tem essa história de que "quem não deve não teme". Aqui é a lei é dos mais fortes. Não a toa sumiram com ele, contrataram mais de dois advogados, instruíram os funcionários...  É esse o mundo que estamos construindo para os nossos filhos, sobrinhos e por que não, nós mesmos? Não posso e não vou me conformar.

Quem me conhece sabe que odeio o discurso eterno do coitadinho, não tenho nenhum complexo de senzala, mas fui criada aprendendo a respeitar as pessoas e exigindo reciprocidade desse respeito. Tudo bem simples.

Por isso, Senhor Juiz, Senhor Promotor, com todo respeito, pensem com carinho. Poderia ter sido sua filha, sua esposa, seu vizinho, seu tio... E por qualquer razão. Não são só os negros que são vítimas de tais situações vexatórias. É o negro, a loira, o português, o nordestino, o baiano, a mulher, o gay, o advogado... E isso, infelizmente, ninguém pode arquivar.


Um abraço.

Patrícia Rammos

Revista de pedagogia recebe artigos sobre ações afirmativas até o dia 20 de abril

Ações afirmativas: esse será o tema de uma edição especial da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, a Rbep. A edição de número 232, prevista para ser lançada no final de 2011, trará artigos sobre o assunto. Interessados em publicar textos devem encaminhar o material até o dia 20 de abril para análise, por meio do sistema eletrônico de editoração de revistas, em http://www.rbep.inep.gov.br.
Os estudos deverão abordar questões em torno de políticas afirmativas como cotas para negros, cotas para egressos de escola pública e abertura de novos campi em bairros onde se concentram camadas sociais mais baixas. Os artigos passarão primeiramente por um processo de avaliação cega por pares - avaliadores de uma região diferente da região do autor do texto farão a análise. Depois, a editoria científica da revista, formada por especialistas distribuídos pelo País, emite parecer final. Os interessados podem obter mais informações pelo e-mail editoria.rbep@inep.gov.br.
Histórico - A Rbep foi criada em 1944 e traz artigos de natureza técnico-científica resultantes de estudos e pesquisas que contribuam para o debate e desenvolvimento de conhecimento educacional, além de oferecer subsídio às decisões políticas na área. O público da revista é formado por professores, pesquisadores, alunos de graduação e pós-graduação, técnicos e gestores na área de educação.
Desde sua criação, a revista, que é pluritemática, já passou por diversas mudanças. Atualmente, a publicação está na edição de número 229, volume 91, e é quadrimestral. O periódico está disponível também na versão on-line.
É possível fazer o cadastro para receber novidades da revista, na página http://www.rbep.inep.gov.br, no item Cadastro. Mas, mesmo não sendo cadastrada, qualquer pessoa pode ter acesso às edições.

Fonte: INEP

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Seminário de Mobilização e Articulação da Vª Marcha Estadual Zumbi dos Palmares - RS

Companheiro(a),

Ao cumprimentar Vossa Senhoria, vimos pela presente convidá-lo(a) para participar do Seminário de Mobilização e Articulação da Vª Marcha Estadual Zumbi dos Palmares, que tem por Tema: “Por um Projeto de Desenvolvimento: O Negro compartilhando o poder e construindo as políticas públicas”, que ira acontecer no dia 25 de fevereiro de 2011, das 18h30min às 21 horas, no Plenarinho da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.
Neste Seminário queremos dar inicio a um debate que nos leve a tratar de temas de interesse da população negra de nosso Estado como: saúde, educação, segurança pública, turismo, políticas para as mulheres, juventude, direitos humanos, desenvolvimento, etc., temas que são muito caros a comunidade negra em nosso Estado e País, assim, esperamos abrir um espaço de dialogo entre o movimento social negro com o Governo Estadual e Federal na busca de uma maior equidade na presença de negros nos governos.
Certos de podermos contar com a presença de Vossa Senhoria, apresentamos protesto de apreço e estima.
Atenciosamente,
JOSÉ ANTONIO DOS SANTOS DA SILVA
Membro da Coordenação da Marcha Zumbi dos Palmares
51.91792404
53.99491618 
Proposta de Programação:
18 horas – Inicio do Credenciamento.
18h30min – Apresentação do Vídeo da IVª Marcha Estadual Zumbi dos Palmares.
19h00min – Composição da Mesa de Debates
- Debate com o Plenário até ás 21 horas.
- Considerações Finais e encaminhamentos.
 

Vendedora de sorvetes e ex-moradora de rua passa na Ufba

Antes, Mona morou na rua e foi ajudante de cozinha

  
Alexandre Lyrio | Redação CORREIO
alexandre.lyrio@redebahia.com.br 
Na prova da vida,  Mona Lisa Nunes de Souza, 23, marcou a alternativa correta. Restava o vestibular e, também nesse caso, acertou em cheio. Aprovada  na Universidade Federal da Bahia (Ufba), seu nome consta entre os 45 selecionados para cursar História. Seria apenas mais uma estudante de ensino superior se na sua linha do tempo tudo não tivesse conspirado para que sequer completasse o primeiro grau.


A fábrica de sorvetes no quarto do barraco e saindo para estudar História  

“Sentem-se aí”, convidou, ao receber o CORREIO na Igreja Batista Sinai, no Barbalho, onde fez um cursinho para alunos de baixa renda. Após puxar a cadeira e sentar-se, a mais nova estudante de História da Ufba começou contando a sua própria. Uma trajetória de tragédia e superação.
Atual vendedora de sorvetes no bairro do Santo Antônio, Mona conta que foi abandonada pela mãe quando criança. Entregue à avó numa cidade do interior, apanhava e era tratada como empregada doméstica. “Passava o dia lavando roupa e arrumando a casa. Me alimentava com restos de comida dela”.
Sempre teve o sonho de reencontrar a mãe. Mas, quando ela reapareceu de repente, descobriu que na verdade o pesadelo começaria ali. Aos 9 anos, foi trazida para a capital sem ter onde morar. Passou seis anos nas ruas. A essa altura, a mãe e as duas irmãs estavam viciadas em crack. “Nunca nem toquei nessas”.

Sobrevivia pedindo esmolas, fazia malocas de papelão para dormir e esperava o “carro da sopa” passar à noite. Pela manhã, tomava café na Ladeira de Santana, onde até hoje existe uma instituição de caridade que assiste moradores de rua. Quando tinha comida para cozinhar, usava fogareiros de álcool. Numa dessas, aos 14 anos, foi vítima de uma explosão.

Alma queimada
“Coloquei álcool e não vi que ainda tinha fogo aceso no fogareiro”. Mona ficou 30 dias internada no setor de queimados do Hospital Geral do Estado com 40% do corpo atingido com queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus. “Fiquei desfigurada. Minha mãe só foi me visitar uma vez”. Isso lhe queimou a alma.

Órgãos públicos até ajudaram a família, que em alguns anos foi agraciada com duas casas do governo. “Mas minha mãe vendia as casas e voltava para a rua”. Mona era a única a não se conformar. Por iniciativa própria, longe dos olhares da mãe, matriculava-se em escolas públicas.

“Minha mãe era analfabeta e não queria que eu estudasse. Sempre dizia: ‘Pra que estudo? Com a vida que você tem, você não precisa’. Mas eu me matriculava escondido”. 

Perdeu alguns anos letivos por ausência. “Eu  tinha que fazer serviços domésticos o dia inteiro. Senão apanhava. Apanhava muito”. Através de uma instituição pública, conseguiu emprego como ajudante de cozinha de um restaurante que só abria aos sábados e domingos. Ganhava R$ 15 por dia. Foi quando fugiu de casa para morar no emprego. Teve que largar a família para não abandonar os livros.

Teve outros dois empregos. Trabalhava das 6h às 19h e corria para escola. No Colégio Estadual Marques de Abrantes, no Santo Antônio, conheceu o esposo, Welson Pereira, 27, com quem se casou há quatro anos. Logo ele, que largou os estudos para ser sorveteiro. “Ele é meio preguiçoso para os estudos. Fica dando desculpa pra não voltar a estudar”.

Sustento  Juntaram um dinheirinho, compraram freezer e máquina de fazer sorvete. Até outro dia, Mona passava a manhã e as tardes misturando ingredientes e essências para produzir o seu sustento. À noite, tentava garantir o seu futuro na sala de aula. “Às vezes fazia tudo ao mesmo tempo. Enquanto fazia o sorvete dava uma olhadinha nos livros”. Atravessou o segundo grau nos colégios Central e Icéia. Depois, entrou para o cursinho. 

“Só chegava aqui esbaforida, essa menina”, lembra Riva Araujo, coordenadora do cursinho. O professor de História Marcelo Mascarenhas, o maior incentivador, diz que a realidade vivida pela aluna faz com que ela entre na universidade com uma maior capacidade crítica.

“É incrível. Para Mona, história é algo vivo. Através da disciplina, ela parece entender melhor as engrenagens sociais que a levaram a condição de pobreza e exclusão”, acredita o professor. Na nova fase, Mona tentou incluir as irmãs e a mãe.  Mas descobriu que, ao colocá-las dentro da sua própria casa, estava sendo roubada. “Levavam minhas coisas para sustentar o vício”.
Como não deu certo. Prefere nem ter notícias, mas elas chegam. “A última vez que soube das minhas irmãs, uma estava namorando um traficante. A outra continua se prostituindo”. A mãe, a maior mágoa, é a única a fazê-la chorar. “O mais duro é saber que ela não gostava de mim”. 

A aprovação na Ufba ajuda a abrandar o passado triste. Estava entre os 191 inscritos no vestibular para História. Enfrentou cinco candidatos para cada vaga. Agora só espera o dia da matrícula e o início das aulas, marcado para o final de fevereiro.

A paixão pela disciplina que dá nome ao curso começou de repente. “Fico imaginando como aconteciam as coisas do passado.  Me imagino na cena. Me revolto com as injustiças daquele tempo”, diz Mona. Curioso. Uma pessoa tão interessada no passado jamais abriu mão do futuro.

Barraco abriga fábrica de sonhos
Tem de coco, creme com passas, abacaxi, umbu e muito mais. Mona Lisa e o marido Welson fabricam seus sonhos numa casa onde não chega carro, um barraco construído bem na encosta que divide o bairro do Santo Antônio e a Cidade Baixa. A residência, ainda de reboco, tinha dois quartos, mas um deles foi transformado em sorveteria.

O CORREIO foi recebido com sorvete de umbu para aliviar o calor escaldante. Por enquanto, o casal abastece quatro sorveteiros, além do próprio Welson, que também circula com o carrinho pelas ruas. Por dia, fabricam em média dez litros de sorvete.

“Dá pra manter nossa casa. Principalmente nessa época do Verão”. Os sorvetes são da fruta. “Mas alguns têm que colocar essência”, ensina. Agora, Mona vai ter que se desdobrar entre os afazeres de sorveteira e estudante de História. Só não dá pra misturar sorvete de coco, chocolate ou umbu com história do Brasil, geral ou contemporânea.

Cursinho tem professores voluntários
O cursinho em que Mona estudou pertence à Associação Sinai para Desenvolvimento do Cidadão (ASDC), da Igreja Batista Sinai. Destinado para alunos de baixa renda, todos os 11 professores são voluntários. “E extremamente dedicados”, diz a coordenadora Riva Araújo.

Mona não foi a única dos 120 alunos do curso a ser aprovada numa instituição de ensino federal. Mais 18 passaram no vestibular da Ufba e outros 15 conseguiram vagas no não menos concorrido Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (Ifba).

Parte dos alunos paga uma taxa simbólica entre R$ 40 e R$ 60. “Alguns não pagam nada. Os mais pobres a gente tem que dar o dinheiro do transporte”, diz Riva.

Outros cursos comunitários em Salvador
Em Salvador, há outros cursos para estudantes de baixa renda. Somente dois deles estão oferecendo 680 vagas, com mensalidades que variam de R$ 50 a R$ 90. São eles a Associação dos Ex-Alunos da Uneb (Unex) e a ONG Pierre Bordieu, ambas com inscrições abertas. A primeira tem matrícula até o dia 10 de fevereiro e início das aulas programado para 4 de abril. A segunda inscreve até o dia 11 desse mês e começa em 21 de março.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Reunião do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-racial - RS

O Forum Permanente de Educação e Diversidade Éticorracial RS.
CONVOCAÇÃO PARA REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA AMPLIADA
Dia: 21 de fevereiro
Horário: Das 9h às 11h30m
Local: SEDUC – Secretaria Estadual de Educação. Av. Borges de Medeiros, 1501 – Porto Alegre.
Com o intuito de darmos continuidade na construção e fortalecimento das relações do Fórum, estamos lhe convidando para participar de reunião com a seguinte pauta:
1.      Atividade do dia 21 de março, em parceria com as CREs, regionalizando e convidando organizações do movimento social negro.
2.      Reorganização do Fórum.
3.      Eleição do Fórum em junho.
4.      Repercussão do documento encaminhado ao Ministro da Educação, sobre a SECAD. Informes de como está o processo na SECAD, se vai continuar ou se vai realmente ter a fusão.
WALDEMAR MOURA LIMA
Coordenador do Fórum-RS
 
José Antonio dos Santos da Silva
51.91792404
53.99491618
www.joseantoniodossantosdasilva.blogspot.com
Ubunto.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

1ª Seminário de Articulação da V Marcha Estadual Zumbi dos Palmares - RS

(Clique na imagem para ampliá-la)

Ensaio do Bloco Afro Os Negões - BA

Imperdível! Começou o ensaio do Bloco Afro Os Negões. Anote na sua agenda e garanta momentos de muita alegria na terra da folia.

Um dos blocos afro mais tradicionais de Salvador já está esquentando os tambores, atabaques e tudo o que tem direito para a maior festa de rua do Planeta.
Os Negões já estão com o repertório pronto para agitar milhares de foliões nas ruas de Salvador no Carnaval 2011.
Os ensaios dos Negões vai acontecer todos os sábados até as vésperas do Carnaval, e até lá vai ter muita novidade.
O ensaio é realizado no Largo do Monte Belém, na Avenida Vasco da Gama, ao lado do viaduto da Av. Garibaldi.
Sob a batuta do maestro Tata, os integrantes da Banda do bloco Afro, entre eles os cantores Fidel Cobra, Bob Grilo, Baleiro e Sandoval vão garantir momentos de muita alegria e descontração ao alcance de todos, os ensaios são abertos ao público.
Todos os sábados a banda afro Os Negões vai receber convidados especiais, no dia 12, próximo sábado os convidados são:    O CANTOR LUCAS DE FIORY DO OLODUM,
E ADELSON DO ILÊ.

Voce não pode perder, anote na sua agenda os ensaios começam as 20h00 e terminam às 23h00.

OS NEGÕES RUA VASCO DA GAMA, 400, 1º ANDAR. VASCO DA GAMA SALVADOR - BAHIA - BRASIL CEP 40.230-900 (55)  71 - 32611725/ 96038521/ 99621022/86077571/87652682

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Carta do Conselho Municipal das Comunidades Negras de Salvador - BA

O Conselho Municipal das Comunidades Negras da Cidade do Salvador – CMCN, órgão colegiado ligado à secretaria Municipal da Reparação – SEMUR, criado pelo decreto 15.330, de 18/11/2004, com a finalidade de propor, em âmbito municipal, políticas de promoção da igualdade racial com ênfase na população negra de Salvador, com o objetivo de promover a inclusão social dos afrodescendentes, vem registrar a sua indignação com os rumos da gestão administrativa da cidade, e ao mesmo tempo prestar solidariedade aos trabalhadores que se encontra com os salários em atraso há mais de dois meses, bem como com os demitidos.

A falta de destreza e capacidade administrativa, aliada ao desrespeito para com as pessoas da cidade, cria empregos acima da capacidade de gestão do município e, sem pensar nas conseqüências para com os cidadãos, demite-os, com salários atrasados, e sem a preocupação da qualidade dos serviços prestados à população deste município, que na sua maioria, cumpre a sua obrigação, pagando em dia seus impostos.

 Cabe-nos registrar que, historicamente, existe um lugar reservado para o trabalho de negras e negras desta cidade, que está ligado aos trabalhos que embora dignos, exigem uma menor qualificação profissional, e, em conseqüência está sujeita aos piores salários.
Pois, é esta mesma população que ora encontra-se com a sua situação trabalhista sendo desrespeitada.

São pais e mães de famílias que dependem deste salário para sustentar seus dependentes e o CMCN, não poderia ficar omisso diante desta situação. Precisamos nos reunir em busca de alternativas de melhoria das condições de vida da população desta cidade, 2ª maior concentração de população negra do mundo e que merece ser respeitada por aqueles que foram legitimados por esta mesma população para administrar o erário público, na esperança de ser contemplada.

O CMCN reforça aqui o seu compromisso com a população negra de Salvador e, enfatiza que está atento aos caminhos políticos tomados por uma cidade que se comprometeu junto a organismos internacionais a combater o racismo e o racismo institucional, criando políticas inclusivas para a população negra.

Conselho Municipal das Comunidades Negras
Contatos: semur_conselho@yahoo.com.br
           (71)4009-2614/4009-2600