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CALENDÁRIO NEGRO – DEZEMBRO

1 – O flautista Patápio Silva é contemplado com a medalha de ouro do Instituto Nacional de Música, prêmio até então nunca conferido a um negro (1901)
1 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Otto Henrique Trepte, o compositor Casquinha, integrante da Velha Guarda da Portela, parceiro de Candeia, autor de vários sambas de sucesso como: "Recado", "Sinal Aberto", "Preta Aloirada" (1922)
1 – O líder da Revolta da Chibata João Cândido após julgamento é absolvido (1912)
1 – Todas as unidades do Exército dos Estados Unidos (inclusive a Força Aérea, nesta época, uma parte do exército) passaram a admitir homens negros (1941)
1 – Rosa Parks recusa-se a ceder o seu lugar num ônibus de Montgomery (EUA) desafiando a lei local de segregação nos transportes públicos. Este fato deu início ao "milagre de Montgomery” (1955)
2 – Dia Nacional do Samba
2 – Nasce em Magé (RJ) Francisco de Paula Brito. Compôs as primeiras notícias deste que é hoje o mais antigo jornal do Brasil, o Jornal do Comércio (1809)
2 – Nasce em Salvador (BA) Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o sumo sacerdote do Axé Opô Afonjá, escritor e artista plástico, Mestre Didi (1917)
2 – Inicia-se na cidade de Santos (SP), o I Simpósio do Samba (1966)
2 – Fundação na cidade de Salvador (BA), do Ilê Asipa, terreiro do culto aos egugun, chefiado pelo sumo sacerdote do culto Alapini Ipekunoye Descoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1980)
2 – Começa em Valença (RJ), o 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988)
3 – Frederick Douglas, escritor, eloquente orador em favor da causa abolicionista, e Martin R. Delaney fundam nos Estados Unidos o North Star, jornal antiescravagista (1847)
3 – Nasce em Valença(BA), Maria Balbina dos Santos, a líder religiosa da Comunidade Terreiro Caxuté, de matriz Banto-indígena, localizada no território do Baixo Sul da Bahia, Mãe Bárbara ou Mam’eto kwa Nkisi Kafurengá (1973)
3 – Numa tarde de chuva, em um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, é fundado o Coletivo de Escritores Negros do Rio de Janeiro (1988)
4 – Dia consagrado ao Orixá Oyá (Iansã)
4 – 22 marinheiros, revoltosos contra a chibata, castigo físico dado aos marinheiros, são presos pelo Governo brasileiro, acusados de conspiração (1910)
4 – Realizado em Valença (RJ), o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, que serviu como um espaço de articulação política para as mais de 400(quatrocentas) mulheres negras eleitas como delegadas nos dezoito Estados brasileiros (1988)
5 – Depois de resistir de 1630 até 1695, é completamente destruído o Quilombo dos Palmares (1697)
5 – Nasce em Pinhal (SP) Otávio Henrique de Oliveira, o cantor Blecaute (1919)
5 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Rubem dos Santos, o radialista Rubem Confete (1937)
5 – O cantor jamaicano Bob Marley participa do show "Smile Jamaica Concert", no National Hero's Park, dois dias depois de sofrer um atentado provavelmente de origem política (1976)
6 – Edital proibia o porte de arma aos negros, escravos ou não e impunha-se a pena de 300 açoites aos cativos que infringissem a lei. (1816)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Jorge de Oliveira Veiga, o cantor Jorge Veiga (1910)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Emílio Vitalino Santiago, o cantor Emílio Santiago (1946)
6 – Realização em Goiás (GO) do Encontro Nacional de Mulheres Negras, com o tema “30 Anos contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil” (2018)
7 – Nasce Sir Milton Margai, Primeiro Ministro de Serra Leoa (1895)
7 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Luís Carlos Amaral Gomes, o poeta Éle Semog (1952)
7 – Clementina de Jesus, a "Mãe Quelé", aos 63 anos pisa o palco pela primeira vez como cantora profissional, no Teatro Jovem, primeiro show da série de espetáculos "Menestrel" sob a direção de Hermínio Bello de Carvalho (1964)
8 – Nasce em Salvador(BA) o poeta e ativista do Movimento Negro Jônatas Conceição (1952)
8 – Fundação na Província do Ceará, da Sociedade Cearense Libertadora (1880)
8 – Nasce no Harlem, Nova Iorque (EUA), Sammy Davis Jr., um dos artistas mais versáteis de toda a história da música e do "show business" americano (1925)
8 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Alaíde Costa Silveira, a cantora Alaíde Costa (1933)
8 – Dia consagrado ao Orixá Oxum
9 – Nasce em São Paulo (SP) Erlon Vieira Chaves, o compositor e arranjador Erlon Chaves (1933)
9 – Nasce em Monte Santo, Minas Gerais, o ator e diretor Milton Gonçalves (1933)
9 – Nasce em Salvador/BA, a atriz Zeni Pereira, famosa por interpretar a cozinheira Januária na novela Escrava Isaura (1924)
10 – O líder sul-africano Nelson Mandela recebe em Oslo, Noruega o Prêmio Nobel da Paz (1993)
10 – O Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, assina a nova Constituição do país, instituindo legalmente a igualdade racial (1996)
10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído pela ONU em 1948
10 – Fundação em Angola, do Movimento Popular de Libertação de Angola - MPLA (1975)
10 – Criação do Programa SOS Racismo, do IPCN (RJ), Direitos Humanos e Civis (1987)
11 – Nasce em Gary, condado de Lake, Indiana (EUA), Jermaine LaJaune Jackson, o cantor, baixista, compositor, dançarino e produtor musical Jermaine Jackson (1954)
11 – Festa Nacional de Alto Volta (1958)
11 – Surge no Rio de Janeiro, o Jornal Redenção (1950)
12 – O Presidente Geral do CNA, Cheif Albert Luthuli, recebe o Prêmio Nobel da Paz, o primeiro a ser concedido a um líder africano (1960)
12 – Nasce em Leopoldina (MG) Osvaldo Alves Pereira, o cantor e compositor Noca da Portela, autor de inúmeros sucessos como: "Portela na Avenida", "é preciso muito amor", "Vendaval da vida", "Virada", "Mil Réis" (1932)
12 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Wilson Moreira Serra, o compositor Wilson Moreira, autor de sucessos como "Gostoso Veneno", "Okolofé", "Candongueiro", "Coisa da Antiga" (1936)
12 – Independência do Quênia (1963)
13 – Dia consagrado a Oxum Apará ou Opará, a mais jovem entre todas as Oxuns, de gênio guerreiro
13 – Nasce em Exu (PE) Luiz Gonzaga do Nascimento, o cantor, compositor e acordeonista Luiz Gonzaga (1912)
14 – Rui Barbosa assina despacho ordenando a queima de registros do tráfico e da escravidão no Brasil (1890)
15 – Machado de Assis é proclamado o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (1896)
16 – Nasce na cidade do Rio Grande (RS) o político Elbert Madruga (1921)
16 – O Congresso Nacional Africano (CNA), já na clandestinidade, cria o seu braço armado (1961)
17 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Augusto Temístocles da Silva Costa, o humorista Tião Macalé (1926)
18 – Nasce em King William's Town, próximo a Cidade do Cabo, África do Sul, o líder africano Steve Biko (1946)
18 – A aviação sul-africana bombardeia uma aldeia angolana causando a morte dezenas de habitantes (1983)
19 – Nasce nos Estados Unidos, Carter G. Woodson, considerado o "Pai da História Negra" americana (1875)
19 – Nasce no bairro de São Cristóvão (RJ) Manuel da Conceição Chantre, o compositor e violonista Mão de Vaca (1930)
20 – Abolição da escravatura na Ilha Reunião (1848)
20 – Nasce em Salvador (BA) Carlos Alberto de Oliveira, advogado, jornalista, político e ativista do Movimento Negro, autor da Lei 7.716/1989 ou Lei Caó, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de raça ou cor (1941)
21 – Nasce em Los Angeles (EUA) Delorez Florence Griffith, a atleta Florence Griffith Joyner - Flo-Jo, recordista mundial dos 100m (1959)
22 – Criado o Museu da Abolição, através da Lei Federal nº 3.357, com sede na cidade do Recife, em homenagem a João Alfredo e Joaquim Nabuco (1957)
23 – Nasce em Louisiana (EUA) Sarah Breedlove, a empresária de cosméticos, filantropa, política e ativista social Madam C. J. Walker, primeira mulher a construir sua própria fortuna nos Estados Unidos ao criar e vender produtos de beleza para mulheres negras. Com sua Madam C.J. Walker Manufacturing Company, ela fez doações em dinheiro a várias organizações e projetos voltados à comunidade negra (1867)
23 – Criação no Rio de Janeiro, do Grupo Vissungo (1974)
23 - O senador americano Jesse Jackson recebe o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e o diploma de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro durante visita ao Brasil, por meio do Projeto de Resolução nº 554 de 1996, de autoria do Deputado Graça e Paz (1996)
24 – João Cândido, líder da Revolta da Chibata e mais 17 revoltosos são colocados na "solitária" do quartel-general da Marinha (1910)
25 – Parte do Rio de Janeiro, o navio Satélite, levando 105 ex-marinheiros participantes da Revolta da Chibata, 44 mulheres, 298 marginais e 50 praças do Exército, enviados sem julgamento para trabalhos forçados no Amazonas. 9 marujos foram fuzilados em alto-mar e os restantes deixados nas margens do Rio Amazonas (1910)
25 – Nasce no Município de Duque de Caxias, (RJ) Jair Ventura Filho, o jogador de futebol Jairzinho, "O Furacão da Copa de 1970" (1944)
26 – Primeiro dia do Kwanza, período religioso afro-americano
27 – Nasce em Natal (RN), o jogador Richarlyson (1982)
28 – O estado de São Paulo institui o Dia da Mãe Preta (1968)
28 – Nasce na Pensilvânia (EUA), Earl Kenneth Hines, o pianista Earl “Fatha” Hines, um dos maiores pianistas da história do jazz (1903)
29 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Édio Laurindo da Silva, o sambista Delegado, famoso mestre-sala da Estação Primeira de Mangueira (1922)
29 – Nasce em Diourbel, Senegal, Cheikh Anta Diop, historiador, antropólogo, físico e político (1923)
30 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Maria de Lourdes Mendes, a jongueira Tia Maria da Grota (1920)
30 – Nasce em Cypress, Califórnia (EUA), Eldrick Tont Woods, o jogador de golfe Tiger Woods, considerado um dos maiores golfistas de todos os tempos (1975)
31 – Nasce no Morro da Serrinha, Madureira (RJ), Darcy Monteiro, músico profissional, compositor, percussionista, ritmista, jongueiro, criador do Grupo Bassam, nome artístico do Jongo da Serrinha (1932)
31 – Nasce na Virgínia (EUA), Gabrielle Christina Victoria Douglas, ou Gabby Douglas, a primeira pessoa afro-americana e a primeira de ascendência africana de qualquer nacionalidade na história olímpica a se tornar campeã individual e a primeira ginasta americana a ganhar medalha de ouro, tanto individualmente como em equipe, numa mesma Olimpíada, em 2012 (1995)
31 – Fundada pelo liberto Polydorio Antonio de Oliveira, na Rua General Lima e Silva nº 316, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Beneficente Floresta Aurora (1872)
31 – Dia dos Umbandistas



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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sábado, dia 05 de dezembro, terá o lançamento da coletânea Leituras Afro-Brasileiras: territórios, religiosidades e saúde, obra organizada pelos pesquisadores Ana Cristina de Souza Mandarino e Estélio Gomberg, editada pela Universidade Federal da Bahia e com co-edição da Editora Federal de Sergipe, através de recurso do Fundo Nacional de Saúde-FNS e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, no Terreiro Pilão de Prata, na Boca do Rio, Salvador, a partir das 18 horas.

A obra é uma coletânea de 18 textos que expressam distintas reflexões sobre o suscitar da percepção de que em terras brasilianas, territórios, religiosidades e saúdes foram/são apropriados pelos grupos afro-descendentes de acordo com suas particularidades e valores, seus interesses e suas interações junto à sociedade nacional, assim como o de divulgar reflexões, estudos e seus resultados produzidos por pesquisadores, além de agentes religiosos de diversas instituições.

Autores: Dagoberto José Fonseca, José Antonio Moraes da Silva, Elaine Pedreira Rabinovich, Edite Luiz Diniz, Ana Cecília de Sousa Bastos, Maria Francisca dos Santos Teles, Ana Cristina de Souza Mandarino, Anna Volochko, Maria Lina Leão Teixeira, Hugo de Carvalho Mandarino Jr, Estélio Gomberg, Míriam Cristina Rabelo, Paulo César Alves, João Valença, Alexandre Brasil C. da Fonseca, Ricardo Freitas, José Renato de C. Baptista, Angela Elisabeth Lühning, Wallace Ferreira de Souza, Maria do Socorro Sousa, Berta Lucia Pinheiro Kluppel, Cristiane Gonçalves da Silva, Jonathan Garcia, Fernando Seffner, Luis Felipe Rios, Richard Parker, Maria Cristina S.s Pechine; Serge Pechine, Mauro Nunes, Adailton Moreira.

Informações para aquisição: Editora UFBA www.edufba.ufba.br
Contatos: (71) 3283.6160/6164 ou Email: edufba@ufba.br
 

Evento homenageia Mãe Hilda - BA

A Secretaria de Promoção da Igualdade - SEPROMI - reitera o convite da Secretaria da Saúde (abaixo), para uma homenagem do Governo do Estado da Bahia a Mãe Hilda Jitolu. Na ocasião, será entregue a primeira etapa da reforma da Unidade de Emergência do Curuzu, que passará a chamar-se Unidade de Pronto Atendimento Mãe Hilda, bem como será lançada a segunda edição do Caderno de Educação Mãe Hilda Jitolu - Guardiã da Fé e da Tradição Africana. O evento contará com a presença do Governador Jaques Wagner. Dia: 01 de dezembro, terça-feira; Hora: 09h30min
Local: Unidade de Emergência, Rua Direta do Curuzu, s/n

Atenciosamente,


domingo, 29 de novembro de 2009

A Revolta dos Búzios (Emiliano José)

Jornal A Tarde, 06/11/2009 18:41:22

Era uma manhã de domingo em Salvador. Prometia ser um dia calmo. Cedo, no entanto, muito cedo começou o alvoroço. A notícia se espalhou entre os que assistiam às missas, nas rodas de conversa das calçadas, às portas das casas onde senhoras falavam das últimas. Papéis sediciosos, panfletos subversivos apareceram afixados em pontos centrais da cidade. Os escritos conclamavam a população a se rebelar contra o domínio de Portugal. A palavra escrita, a opinião escrita não eram aceitas na Colônia onde a imprensa era proibida pelo governo metropolitano.


Não se desconheça o fato de que o analfabetismo era altíssimo. Não havia escolas. O estudo, a leitura eram reservados a uma elite reduzidíssima. Ler, escrever eram privilégios reservados a poucos. No entanto, os boletins sediciosos, como foram chamados os panfletos, tiveram uma repercussão imensa. Menos pela leitura direta e mais pelo boca a boca, pelo boato, pela palavra falada do próprio povo, suscitada pela leitura de uns poucos alfabetizados e que traduziam por assim dizer o conteúdo explosivo dos boletins. Apareceram no dia 12 de agosto de 1798, um domingo. Dia de descanso, próprio para a troca de idéias, para a circulação de boatos, para a conversa das comadres, para o encontro dos compadres.

Cabe lembrar que Salvador era uma cidade grande para os padrões de então. Nela viviam em torno de 60 mil pessoas. Uma cidade majoritariamente negra, tempo de escravidão. Apenas 28% eram brancos. Quando nos referimos a negros, estamos querendo falar dos 52% que eram considerados como tais e mais 20% tidos como pardos. Importante observar, nem que de passagem, que Salvador hoje conta com uma população de mais de 80% de negros. A ideologia do branqueamento da sociedade brasileira não funcionou.

A leitura dos papéis sediciosos foi reduzidíssima. A repercussão, no entanto, foi extraordinária. Até porque os panfletos foram afixados em locais estratégicos da cidade. Esquina da Praça do Palácio, Rua de Baixo de São Bento, Portas do Carmo, Açougue da Praia, Igreja da Sé, Igreja do Passo e Igreja da Lapa. O conteúdo dos boletins sediciosos era incendiário para a época. Revolucionário. Os panfletos defendiam a liberdade, a igualdade e se manifestavam contra a escravidão. Era demais para aquele Brasil colonial e escravagista.

A Revolução dos Búzios – ou dos Alfaiates, como também ficou conhecida – teve três fases: o período conspiratório e de divulgação das idéias, que vai de 1794 a 1797; a preparação do levante, de maio a agosto de 1798, e as prisões, processo, condenações e execuções. Esclareça-se que no dia 22 de agosto de 1798 novos boletins foram distribuídos, e isso mesmo depois de se ter iniciado a repressão ao movimento.

Com as delações, tudo ruiu: 41 pessoas foram presas, 48 foram acusadas, 33 chegaram ao final das devassas. Quatro mulheres figuravam entre as pessoas acusadas: Luiza Francisca de Araújo, Lucrecia Maria, Domingas Maria do Nascimento e Anna Romana Lopes.

Ao final da devassa, quatro dos acusados foram condenados à morte por enforcamento: o mestre-alfaiate João de Deus do Nascimento, o aprendiz de alfaiate Manuel Faustino Santos Lira, e os soldados Lucas Dantas de Amorim Torres e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga.

Luís Gonzaga foi preso logo no dia 23 de agosto.

João de Deus do Nascimento, três dias depois, 26 de agosto. Filho da parda forra Francisca Maria da Conceição e de José de Araújo, branco, tinha 27 anos e possuía oficina à Rua Direita do Palácio. Era pai de cinco filhos, e tivera uma tempestuosa relação amorosa com Anna Romana, dez anos mais nova que ele.
Ao ser preso, começa fingindo demência, No terceiro interrogatório, decide negar ter tido qualquer idéia de revolução ou de aliciar quem quer que seja para isso. A 11 de setembro, no entanto, estufa o peito e assume fazer parte do projeto revolucionário. Pelo depoimento das testemunhas, é possível perceber o seu espírito aguerrido, altivo e revolucionário. “Insolente, atrevido e despejado, pronto para toda ação má” – era assim que o definia o coronel Dom Carlos Balthazar da Silveira.

“Muito petulante, altivo e insolente, capaz de empreender qualquer projeto mau, e ruinoso” – assim o deputado da Junta de Administração da Fazenda Real, Francisco Gomes de Souza, o definia. As palavras atravessam os séculos e se metamorfoseiam. Olhadas hoje, da perspectiva das classes dominadas, a partir do olhar revolucionário dos oprimidos, o que era visto como defeito no mestre-alfaiate, converte-se no seu contrário.

São os defeitos de João de Deus – sua insolência, seu atrevimento, sua altivez – que revelam o revolucionário e devem ser vistos, portanto, a partir do olhar dos oprimidos, como extraordinárias qualidades. São os defeitos apontados por seus acusadores que atestam sua alma revolucionária. Uma testemunha, José Antônio dos Santos, diz ter ouvido o mestre-alfaiate proclamar: “Viva a bela Liberdade”.
Lembre-se, porque importante, que num dos boletins sediciosos – Aviso ao Povo Bahinence – há uma belíssima definição do que seja liberdade. E quero manter a grafia da época.

“A liberdade consiste no estado felis, no estado livre do abatimento: a liberdade he adocura da vida, o descanço do homem com igual palallelo de huns para outroz, finalmente a liberdade he o repouzo, e bemaventurança do mundo”.

Manuel Faustino dos Santos Lira só foi detido na tarde de 14 de setembro, uma sexta-feira. Nasceu escravo, depois liberto, era alfaiate ligado à poderosa família dos Pires de Carvalho e Albuquerque, filho do ex-escravo Raimundo Ferrara e da escrava Felizarda, foi preso no Engenho da Pedra, propriedade do senhor de sua mãe, padre Antônio Francisco de Pinho, que foi quem o entregou à prisão.

Lucas Dantas do Amorim Torres caiu nas malhas da polícia no dia 9 de setembro, um domingo, na Fazenda Topo do Nambi, sertão de Água Fria. Soldado do Regimento de Artilharia, filho do homem branco Domingos da Costa e de Vicença Maria, Lucas Dantas resistiu bravamente à prisão. Foi gravemente ferido na testa, um corte de mais três polegadas. A cicatrização dos ferimentos demorou pelo menos três meses para se completar.

Os desembargadores Avellar de Barbedo e Costa Pinto apresentarem a conclusão das devassas em 5 de novembro de 1799. Estavam convencidos de que “alguns indivíduos malévolos” de Salvador haviam articulado, nas palavras deles, “execranda conspiração destinada a sublevar os Povos, subtraindo-os ao supremo Poder e alta Soberania da mesma Senhora, a quebrantar a forma de Governo estabelecida, fazendo-lhe suceder hua Democracia raza e independente”.

Nos termos da conclusão dos autos da devassa, os revolucionários eram acusados de tentarem uma sublevação destinada a “se subtrahirem ao Suavissímo e Iluminadíssimo governo” da Rainha D. Maria I e a suprimirem as leis da Metrópole pretendendo com isso construir uma República Democrática “onde” – veja-se o crime – “todos serião iguais, onde os acessos e logares representativos serião communs”.

Luís Gonzaga das Virgens, definido como aquele que “não podia suportar em pás a diferença de condições e desigualdade de fortuna” e visto como “hum dos Chefes principais” da revolução foi condenado por crime de lesa-majestade a morrer na forca. Além disso, deveria ter a cabeça e as mãos cortadas e expostas no local da execução. A sentença foi confirmada no dia 7 de novembro daquele ano de 1799, há coisa de 210 anos, quase precisamente isso.

Lucas Dantas do Amorim Torres, considerado o principal líder da revolução – ao menos segundo os autos da devassa –, Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento também foram condenado à morte por enforcamento e também teriam seus corpos esquartejados. Os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga, como penas complementares, teriam suas fardas rasgadas por dois sargentos ao “toque de caixa destemperada”.

Impõe-se a pergunta: por que foram esses quatro, e não outros, os condenados à forca? Condenados à forca e esquartejados, insista-se, com ênfase. As partes dos corpos expostas pelas ruas. Por que pobres? Por que soldados e alfaiates, homens simples? Por que negros? Por que da perigosa ralé? Talvez por tudo isso.

O historiador Luís Henrique Dias Tavares, notável intelectual baiano, rigoroso pesquisador, que fornece base a toda essa argumentação, a quem aqui homenageio, ensaia uma resposta em seu História da Sedição Intentada na Bahia em 1798 (“A Conspiração dos Alfaiates”).

Acontece que “os que iam morrer, iam morrer para dar exemplo”.

A devassa fez a devida seleção, atenuou penas para muitos outros, e cravou pena de morte para os quatro, os quatro mártires da Revolução dos Búzios, heróis do povo brasileiro.

O governador da Bahia de então, D. Fernando, num ofício, deixa claro que sempre se receou nas colônias que eclodissem rebeliões de escravos. O que se queria conter, o que se queria matar para sempre era não apenas aquela rebelião, mas qualquer outra que pudesse ser levada a cabo por negros. Quiseram as autoridades coloniais eliminar de vez o perigo que representou aquela “associação de mulatos” que pretendia coisas como liberdade, democracia, fim da escravidão.

Era demais para os brancos, era demais para as autoridades coloniais. Eliminaram-se as penas severas para as “pessoas de consideração”, para usar expressão da época, e mataram os revolucionários pobres para dar o exemplo que se pretendia definitivo

Aquela “associação de mulatos”, aquela rebelião negra, de cunho democrático, que guardava conteúdos obviamente recolhidos da Revolução Francesa, e que, de alguma forma, ia além dela ao propor o fim da escravidão, causava medo às autoridades coloniais, mesmo após tanta repressão, tantas prisões. Era preciso condenar alguns à forca para dar o exemplo. O perigo não estava nas “pessoas de consideração”. Estava nos negros atrevidos e insolentes.

Os preparativos para a execução da sentença foram cuidadosos. Até uma nova forca foi “plantada em lugar extraordinário” na Praça da Piedade. No dia 8 de novembro de 1799, quando os quatro foram executados, a Praça da Piedade foi ocupada pelos Regimento Velho, Regimento Novo e Regimento de Artilharia. Os que assistiam aos preparativos e depois à execução eram mantidos à distância pelo aparato militar.

Luís Gonzaga e João de Deus foram conduzidos para a Praça da Piedade em cadeirinhas, ou palanquins, sem cortinas ou tampas, de modo a que no trajeto pudessem ser vistos por todo o povo, que se aglomerava nas calçadas, que olhava das janelas, das varandas, que espreitava de todos os cantos, de todos os becos, todos os sobrados.

Os dois iam manietados por grilhões presos aos encostos das cadeiras. Contemporaneamente, poderíamos falar que a Colônia calculadamente promovia um espetáculo, um efeito-demonstração. Queria pelo terror público do enforcamento, atemorizar a população, especialmente o povo negro, de modo a que ninguém mais se atrevesse a rebelar-se contra a Coroa e contra a escravidão.

Salvador parou para ver o sacrifício dos mártires.

Lucas Dantas e Manuel Faustino vieram a pé da cadeia ao patíbulo. Em volta deles, além dos guardas, muitos religiosos. Quando os quatro chegam à forca, a soldadesca dá as costas para o interior da praça. Mantém as armas apontadas para o povo. Uma tropa disposta a atirar diante de qualquer manifestação. Uma tropa tensa, cheia de medo. A Colônia queria dar o exemplo. A tropa, no entanto, temia a reação dos negros e mulatos que acompanhavam o espetáculo de dor e sangue e martírio.

Tudo durou seis horas: das 9 da manhã, exata hora em que os quatro mártires saíram da cadeia, às 3 da tarde, quando os quatro jaziam sem vida, quando então tudo terminou.

Terminou, vírgula. O espetáculo macabro, pleno de crueldade e cálculo, havia de continuar.

Mortos os quatro, tiveram seus corpos esquartejados. Pedaços dos corpos dos mártires foram expostos em lugares públicos para que todo mundo visse, para que todos soubessem que aquele seria o destino de quantos se rebelassem contra a Coroa portuguesa.

A cabeça de Lucas Dantas, espetada no Campo do Dique, na parte do Desterro. A de Manuel Faustino, no Cruzeiro de São Francisco. A de João de Deus, na Rua Direita do Palácio. A de Luís Gonzaga, juntamente com as mãos, na própria Praça da Piedade, afixadas nos caibros do patíbulo. Todos, locais centrais de Salvador.

Durante cinco dias, a população de Salvador olhou nos olhos mortos dos quatro mártires, olhou para suas cabeças despregadas dos corpos, certamente alternando sentimentos de compaixão e indignação. No dia 13 de novembro de 1799, repitamos as datas, as cabeças cortadas foram retiradas das ruas e enterradas.
Para a Coroa, a perspectiva da Revolução democrático-burguesa, na esteira da Revolução Francesa, era assombrosa. E a Revolução dos Búzios, era ainda mais assombrosa pelo fato de ter negros e pobres à frente, e por sugerir uma igualdade que suprimisse a escravidão.

Tudo perigoso demais para uma Coroa que se colocava na contramão da tendência universal da revolução democrático-burguesa calcada na Revolução Francesa de 1789.

Não custa insistir que a Revolução dos Búzios ia além dos marcos da revolução democrático-burguesa, ao sugerir o fim da escravidão. Amplia os marcos revolucionários, quando soldados e artesãos, quando negros e pobres, quando os excluídos de então entram em cena. Vamos nos transportar por um momento àquele tempo.

João de Deus, indaga de Lucas Dantas, sobre o significado de uma revolução. Lucas Dantas explica que, para fazer a revolução, será necessária uma guerra civil “para que não se distinga a cor branca, parda e preta, e sermos todos felizes, sem exceção de pessoa”. Uma Revolução, vê-se, para chegar a uma sociedade de iguais.

Lucas Dantas diria ainda, ao mesmo João de Deus, que a Revolução tinha o objetivo de chegar a um governo democrático onde todos fossem felizes. E seriam felizes porque só seriam admitidos no governo “pessoas que tivessem capacidade para isso”, fossem eles “brancos, ou pardos, ou pretos, sem distinção de cor”.

*Esse texto constitui o voto favorável que dei, como relator, na Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, ao projeto do deputado Luiz Alberto (PT-Bahia), que propõe inscrever os nomes dos heróis da Revolta dos Búzios no Livro dos “Heróis da Pátria”. No âmbito daquela Comissão, foi aprovado por unanimidade

Emiliano José

sábado, 28 de novembro de 2009

I Seminário População Negra e Saúde Mental - RJ

Com base na Política Nacional de Saúde Mental que tem como um dos seus desafios a promoção da equidade e nas recomendações da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, o Instituto de Psicossomática Psicanalítica Oriaperê, em parceria com a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, estarão realizando no dia 04 de dezembro de 2009, o I Seminário População Negra e Saúde Mental do Município do Rio de Janeiro.
O Seminário conta com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro - SMSDC/RJ, do Conselho Regional de Psicologia 5ª Região - CRP/RJ, do Comitê Técnico de Saúde da População Negra da SMSDC/RJ  e da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial/SEPPIR.

Programação 
9:00h  -  Mesa de Abertura
9:30h  -  Vídeo: Racismo Institucional
10:00h - Painel 1: A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e suas interfaces com a saúde mental
12:00h - Almoço
13:30h – Apresentação da Cia da Saúde
14:00h - Painel 2: Desigualdades Raciais em Saúde e a Política Nacional de Saúde Mental 
15:30 - Painel 3: População Negra e Saúde Mental: impactos do racismo
17:00 – Encerramento
 

Local: Sede do Conselho Regional de Psicologia 5ª Região - CRP/RJ, Rua Delgado de Carvalho, 53 – Tijuca ( próximo Metrô S. Francisco Xavier)
Inscrições:  Instituto Oriaperê – tel: 2236-4613
Público Alvo: Gestores, profissionais, estudantes de saúde mental e sociedade civil.

Comissão Organizadora: Marco Antonio Guimarães, Jose Marmo da Silva e Adriana Soares Sampaio
Instituto de Psicossomática Psicanalítica Oriaperê (CRP/05-1168) – email: institutooriapere@gmail.com 

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

IX Encontro Estadual de Direitos Humanos - BA

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE DIREITOS HUMANOS
 IX ENCONTRO ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS

CONVITE SOLENIDADE DE ABERTURA

A Fundação Instituto de Direitos Humanos, criada para promover ações que visem o respeito e a efetividade dos direitos fundamentais da pessoa humana, vem manifestar a sua satisfação em contar com a presença de Vossa Excelência na Solenidade de Abertura do IX Encontro Estadual de Direitos Humanos, cujo tema é O DIREITO À EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL.

Conferência Magna
O DIREITO À EDUCAÇÃO E O ENSINO NO BRASIL

Conferencista
Doutor  PAULO GABRIEL SOLEDADE  NACIF
Reitor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Data: 09 de dezembro de 2009.
Horário:  09:00 horas
Local:  TEATRO UNEB - UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA / CABULA – SALVADOR/BAHIA

A sua presença é fundamental.

Salvador, 18 de novembro de 2009.

Hélio Mendes Cazuquel
Presidente
           Telefone 3335-5709

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE DIREITOS HUMANOS
IX ENCONTRO ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS
O DIREITO À EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL
Educação, mais que um direito, é a forma digna de viver.

INSCRIÇÕES ABERTAS    www.idh.org.br

A Fundação Instituto de Direitos Humanos participa a todos os interessados que fará realizar no período de 09 a 11 de dezembro próximo, o IX Encontro Estadual de Direitos Humanos, cujo tema é O DIREITO À EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL.

Este ano o Encontro acontecerá durante tres dias, das 08:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:000 horas. Cada dia será realizado em um local diferente, com o objetivo de alcançar um maior número de participantes.

No dia 09 de dezembro de 2009 no Teatro da UNEB - Universidade do Estado da Bahia / Cabula;

No dia 10 de dezembro de 2009 no Auditório da Faculdade de Educação da Bahia, integrante das Faculdades Olga Mettig  / Nazaré, e

No dia 11 de dezembro de 2009 no Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia – UFBA  / Canela.

A inscrição é gratuita e poderá ser feita através do site  www.idh.org.br .

No IX Encontro Estadual de Direitos Humanos estarão presentes professores; representantes de: organizações não governamentais, órgãos públicos, sindicatos, movimentos sociais, associações de bairros, faculdades, colégios; trabalhadores e pessoas preocupadas com a efetividade dos Direitos Humanos.

Professores, Estudantes e Funcionários e Pessoas interessadas façam já a sua inscrição

Bloco alternativo do Ilê Aiyê vai misturar negros e brancos - BA

Luisa Torreão, do A TARDE, 27/11/2009

Já não será mais preciso um banho de piche, como sugere os versos da emblemática canção Que bloco é esse?, para os brancos terem a chance de experimentar a negritude do Ilê Aiyê. Na quinta-feira do Carnaval de 2010, gente de pele clara, negra ou mestiça vai dividir as cordas no trio.

Primeiro bloco afro da Bahia, o Ilê anunciou, na última quarta-feira, a saída no circuito Barra-Ondina de um bloco alternativo plurirracial, o Eu Também Sou Ilê – que já havia desfilado em 1996. Onde chega, a notícia tem provocado rebuliço e divergentes opiniões. Para muita gente, trata-se de uma quebra na tradição de resistência negra da entidade de 35 anos.  

É o que defende a foliã Maíra Azevedo, 28 anos, cinco de Avenida: “Isso é uma prova de como o capitalismo está dominando a sociedade. Eu compreendo a demanda do sistema, mas prefiro o Ilê histórico, que representa uma conquista do povo negro”. Ela diz ter receio de que o bloco afro seja reduzido de três para apenas um dia, tendo o espaço ocupado pelo alternativo.

O presidente da entidade, Vovô, garante que isso não irá ocorrer. “A tradição continua”, assegura. Segundo ele, é mais um produto do Ilê que serve de alternativa àqueles que tinham vontade de sair no bloco e não podiam. “Tem muita gente que vem de fora, muito gringo que gosta da nossa musicalidade, da batida, e quer participar”, alega. 

Para o professor e antropólogo Roberto Albergaria, a intenção vai um pouco mais além: trata-se de um “factoide carnavalesco para gerar mídia e grana”. Segundo ele, o Carnaval baiano está definhando desde que teria se transformado em uma “caricatura ridícula de si mesmo”.

Albergaria não poupa críticas: “Do ponto de vista econômico, é uma excelente jogada de marketing. Já do ponto de vista cultural, é mais uma pataquada que o rendoso mercado do ‘black is business’ (negro é negócio) introduz num carnaval que já virou misto de circo e balcão de negócios, enriquecendo não só as velhas lideranças branco-mestiças, mas também os novos senhores negro-mestiços”.

Luisa Torreão, do A TARDE, 27/11/2009
 

Expectativa - Comércio à parte, há quem veja a proposta como boa alternativa para os que nunca puderam desfilar no Ilê. “Vai atender a uma expectativa de muita gente que sempre quis sair. Por esse lado, é válida a iniciativa”, argumenta a foliã afro há cinco anos Ângela Guimarães, 26. 

Ângela lembra que o cenário soteropolitano era diferente quando o Ilê foi criado. “Era uma época que exigia aquela tomada de postura. Hoje, nossa cultura agrega as diversidades”, contemporiza. Mas, como tudo tem dois lados, ela adverte: “A gente tem o receio da descaracterização, de passar a ser um Carnaval mais pasteurizado do que já é”, argumenta.

Para o doutor em antropologia Vilson Caetano, o Ilê, já muito criticado pela mídia, está querendo mostrar que não é racista. “Isso pode servir de exemplo aos blocos de brancos, onde os negros estão ausentes. Inspirados nessa postura, eles podem começar a se abrir para os negros também”, aposta.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas promove encontro em Salvador - BA

 Cerca de 120 jovens negras de diversas regiões reunidas em Salvador no mês da Consciência Negra para discutir propostas de enfrentamento ao racismo e ao sexismo, que ainda colocam as mulheres negras nos patamares mais inferiores da pirâmide social. É com esse intuito que acontece na cidade, de 27 a 29 de novembro, o 1º Encontro Nacional de Negras Jovens Feministas, no Hotel Vila Velha, iniciativa da Articulação de mesmo nome. O Encontro tem o intuito de reunir jovens negras, lésbicas, sindicalistas, rurais, candomblecistas, universitárias para discutir e tentar consolidar uma articulação de mulheres que abarque as diversas bandeiras políticas emancipatórias da condição de ser mulher negra.Nomes como Alzira Rufino, Jurema Werneck, Vilma Reis e Belinda Brito integram a programação.

 A mobilização é uma estratégia para avaliar a conjuntura e os desafios da realidade cotidiana das milhares de jovens feministas negras espalhadas pelo Brasil. Dentre as diretrizes do Encontro está a proposta objetiva de enfrentamento a qualquer tipo de discriminação, de gênero ou de raça, somada à necessidade de intervenção e participação das jovens no cenário sociopolítico. O evento contará ainda com a presença de autoridades governamentais, militantes dos movimentos Negro e Feminista Negro, além de intelectuais das temáticas.  Com o Encontro, será formatada uma Carta de Princípios que deverá ser encaminhada às Secretarias e Superintendências voltadas à criação de políticas públicas que atinjam este publico.  
 Histórico - A Articulação foi criada no 1º Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe, que ocorreu no Brasil, em 2005. Além dos painéis, plenárias e reuniões, o evento contou com a oficina Diálogo entre Movimentos Feministas e Movimento Negro, cujo resultado direto foi a criação da Articulação de Negras Jovens Feministas. A partir desse momento, inicia-se o processo de atuação, socialização e diálogo sobre a história do feminismo negro e as implicações trazidas de ser jovem negra feminista na sociedade brasileira.

PROGRAMAÇÃO
Dia 27 de novembro
Credenciamento: 14h às 18h

19h - Mesa de abertura: Feminismo Negro e Movimento de Mulheres Negras no Brasil, com Luiza Bairros e Jurema Werneck
Dia 28 de novembro
Manhã
9h - Religião e cultura afro brasileira na visão negra jovem feministas, com Alzira Rufino
10h45 - Segurança Pública para as Negras Jovens, com Vilma Reis
Tarde
14h - Movimento Feminista Negro, Movimento de Mulheres Negras e Movimento de Lésbicas e Bissexuais Negras, aonde se convergem?, com Valdecir Nascimento
15h45 - Afetividades e Jovens Negras, com Benilda Brito

I Seminário "Percepções da diferença" - SP

Promoção:
  • Programa de Pós Graduação em Direito – Área de Direitos Humanos – da Faculdade de Direito da USP
  • NEINB – Núcleo de Pesquisas e Estudos Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro
Data: Dia 9 de dezembro de 2009 - quarta-feira
Local: Auditório XI de Agosto
           Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
           Prédio Anexo  -  Térreo



Programação
9 horas
Mesa de Abertura
Professor João Grandino Rodas (Diretor da FDUSP)
Professora Monica Herman Caggiano (Presidente da Comissão de Pós Graduação da FDUSP)
Professor Calixto Salomão (Coordenador da Área Direitos Humanos dos Cursos de Pós Graduação  - FDUSP)
Professora Eunice Aparecida de Jesus Prudente (Coordenadora do Núcleo de Apoio à Pesquisa e Estudos interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro -  NEINB)

10 horas
1º Tema
OS DIREITOS HUMANOS NO CONTEXTO DA DIVERSIDADE CULTURAL
Expositores
Professor Kabenguele Munanga (Coordenador do Centro de Estudos Africanos da FFLCH/USP)
Professora Gislene Aparecida Santos (EACH/USP e Neinb)
Professora Dilma  Melo Silva (ECA/USP e Neinb)
Debatedores
Professor Renato Gomes (Instituto Luiz Gama)
Pesquisadora Isis Aparecida Conceição ( NEINB/USP)
Pesquisadora Sandra Regina do Nascimento Santos (NEINB/USP)

14 horas
2º Tema
EXCLUSÃO SOCIAL E RACIAL E PERSPECTIVAS DE AÇÃO
Expositores
Professor Calixto Salomão (Coordenador Área Direitos Humanos CPG/FDUSP)
Professor Dennis de Oliveira (ECA/USP e Neinb)
Professor Aliysson Leandro Mascaro (Departamento de Filosofia eTeoria Geral do Direito FDUSP)
Debatedores
Professor  Ricardo Alexino (ECA/USP)
Professor  Silvio Almeida (Instituto Luiz Gama)

17:00 horas
Conferência de Encerramento
Tema: A ESCRAVIDÃO NO BRASIL
Professor Fabio Konder Comparato (FD/USP)

18:30 horas
Lançamento da Coletânea Percepções da Diferença – Negros e Brancos na Escola
Museu Visconde de São Leopoldo
1º andar
Apresentação
Professora Gislene Aparecida Santos
Professor Luiz Silva Cuti
Professora Antonia Quintão Cezerilo
Professora Rosângela Malachias

19:30 horas
Coquetel
Saguão do 1º andar

Apoio Cultural
Editora Terceira Margem
CELACC  - Centro de Estudos Latinoamericanos de Cultura e Comunicação
Instituto Abya Yala de Estudos de Cultura e Comunicação da América Latina

INSCRIÇÕES
Gratuitas pelo Fone: 30914327 / CELACC  com   Sr. Gerson ou pelo e-mail: seminarioneinb@gmail.com

(Somente terão direito a Certificado com oito horas os participantes devidamente
 inscritos)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Seminário "Leituras Afro-Brasileiras: práticas e saberes na promoção da equidade social" - BA


Sábado, dia 05 de dezembro, a partir das 08h, no Terreiro Pilão de Prata, sitiado no Alto do Caxundé, Boca do Rio/Salvador, acontecerá o Seminário I Leituras Afro-Brasileiras: práticas e saberes na promoção da equidade social, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social/UFBA, através de recurso do Fundo Nacional de Saúde.


O interesse primordial é a organização de um espaço no intuito de ampliar o fortalecimento dos conhecimentos e dos mecanismos de socialização sobre a promoção de saúde por parte das religiões de matrizes africanas no estado da Bahia, envolvendo diversas instituições e indivíduos envolvidos no campo da saúde e nos movimentos sociais.

As inscrições são gratuitas e podem ser feitas previamente pelo email semin.leituras.afrobrasileiras@gmail.com


Mais informações no PPG Antropologia Social/UFBA, 71 3283-6440.


Segue a programação.
Atenciosamente,
Profa. Dra Ana Cristina de Souza Mandarino
Coordenadora


Programação
I Seminário Leituras Afro-Brasileiras
05/12/2009


Programação
Horário
Participantes
Cadastramento
08.00/08.30


Palavras de Abertura
9.00/9.30
Pai Air José de Souza, Terreiro Pilão de Prata/BA e Mãe Beata de Iemanjá, Terreiro Ile Omi Ojuaro/RJ
Mesa Redonda I "Candomblé e Saúde: diálogos na promoção da equidade"
10.00/12.00
Dra. Ana Maria Costa, Ministério da Saúde; Dra. Débora do Carmo,Secretaria do Estado  de Saúde, Dra Maria Bernadete Azevedo, Ministério Público/PE;
Moderação .Prof. Dr. Estélio Gomberg, LIDES/UFBA;
Almoço
12.00/13.30




14.00/15.30


Mesa Redonda II Candomblé e Práticas e Saberes de Saúde
Panã: a tartufa ida ao mercado ou uma ritualização terapêutica eficaz.
Profa. Dra. Ana Cristina de Souza Mandarino, PPG Antropologia Social/UFBA


A Herança Africana do Auto-Cuidado: Saberes e Práticas Tradicionais dos Cuidados ao Corpo
Mauro Nunes, Médicos Sem Fronteiras


Mulheres Quilombolas e Práticas Terapêuticas
Profa. Msc.Edite Diniz, GEOGRAFAR- UFBA


Bori: prática terapêutica no Candomblé
Profa. Dra. Maria Lina Leão Teixeira, UERJ




Coord: Profa Dra Maria do Rosário Gonçalves, PPG Antropologia, UFBA


15.30/17.00


Mesa Redonda III Candomblé e Ações Sociais
Curadores, Clientes e Guias no Jarê: O processo de tratamento em um candomblé de caboclo
Profa. Dra. Miriam Cristina Rabelo, PPG Ciências Sociais/UFBA


Quando o voluntariado é axé: a importância das ações voluntárias para a caracterização de uma religião solidária e de resistência no Brasil
Prof. Dr. Ricardo Freitas, PPG Comunicação, UESC/BA


Promoção do Corpo Afro-Brasileiro
Prof. Dr. Dagoberto Fonseca, Dep. de Antropologia, UNESP


Papel da Rede Nacional de Religiões de Matrizes Africanas e o SUS
Adailton Moreira, Terreiro Ile Omi Ojuaro/RJ




Moderação: Prof. Dr. Wilson Caetano Jr, Escola de Nutrição, UFBA
Encerramento
17.00

Lançamento do Livro Leituras Afro-Brasileiras: territórios, religiosidades e saúdes, Editora UFBA
18.00/21.00


Desenvolvimento urbano e sustentabilidade - BA

No dia 03/12, às 17h, na FIEB-Stiep, o Instituto Iris promoverá um debate sobre Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade com Beatriz Lima, arquiteta e coordenadora do Escritório de Referência do Centro Antigo de Salvador; Ubiratan Fêlix, engenheiro e secretário de Infraestrutura de Vitória da Conquista e Isabel Portela, jornalista e diretora presidente do Instituto Iris. Em pauta: o crescimento urbano de Salvador, o boom imobiliário, o Centro Histórico, PDDU e outros temas atuais da nossa urbe.
O evento é a 10º Roda de Diálogos, série de encontros organizados pelo Instituto IRIS para debater com especialistas e interessados temas relevantes da atualidade.
Inscrições gratuitas.
 
Informações:
www.institutoiris.org.br
Tel.: 3350-5526 / 87835549
Eunice Ferreira
Coordenadora de Responsabilidade Social
IRIS - Instituto de Responsabilidade e Investimento Social

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Projeto Wá Jeun Imó Ki Nbó - BA

WÁ JEUN IMÓ KI NBÓ é o evento que chegou para ficar, agregando no mesmo espaço, arte, cultura, lazer, entretenimento. Venha comer cultura que alimenta, desfrutando de uma programação que faz junção entre arte culinária e atividade didático-cultural de bom gosto, fundamentada nas tradições afro-baiana-nordestina, tendo como atrações: pratos, sobremesas e bebidas da rica gastronomia popular e mostras de artesanato, artes plásticas, fotografia , literatura, poesia, exibição de vídeo e espetáculo cênico-musical. Tudo isso para evidenciar, resgatar e preservar símbolos da nossa cultura.


Projeto WÁ JEUN IMÓ KI NBÓ – Venha Comer cultura que Alimenta
Tema: “A Consciência está na Consciência”
Quando? 27 de novembro de 2009.
Local: Casa do Benin – Pelourinho


Programação
 
·        Mostra de vídeo documentário
·        Roda de Diálogo com Stael Machado (Educadora, Psicanalista e artista plástica)
·        Jantar regado a música de Moraes (Cavaquinho) e Josevaldo (Violão)
·        Recital poético com Iara Nascimento e Eddy N’Grão
·        Exposição de artesanato de Marinalva Pinheiro
·        Exposição de artes plásticas com Wal-Ba e Júlio
Opções de Cardápio da Noite
 
·        Efó, vatapá, arroz e moqueca de peixe
·        Galinha da terra, pirão e arroz
 
E pra bebericar?
Meladinha – Aruá – Jurema – Cerveja – água – suco
 
E para dar gosto?
 
Tira gosto de Aberé – Amendoim – pipoca
 
Entrada R$ 20,00 com direito a uma das opções do cardápio + 01 dose de bebericos + 02 unidades (cervejas ou água ou suco) + 01 poção de tira gosto + cultura e arte.
 
Adquira entrada antecipada nos pontos de venda:
 
Praça do reggae – Ana ou Mary
Shopping Liberdade 3º piso na Baby lanches
Casa do Benin
 
Realização e Contatos: Tulany 8748-4183 / 9162-3077