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CALENDÁRIO NEGRO – DEZEMBRO

1 – O flautista Patápio Silva é contemplado com a medalha de ouro do Instituto Nacional de Música, prêmio até então nunca conferido a um negro (1901)
1 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Otto Henrique Trepte, o compositor Casquinha, integrante da Velha Guarda da Portela, parceiro de Candeia, autor de vários sambas de sucesso como: "Recado", "Sinal Aberto", "Preta Aloirada" (1922)
1 – O líder da Revolta da Chibata João Cândido após julgamento é absolvido (1912)
1 – Todas as unidades do Exército dos Estados Unidos (inclusive a Força Aérea, nesta época, uma parte do exército) passaram a admitir homens negros (1941)
1 – Rosa Parks recusa-se a ceder o seu lugar num ônibus de Montgomery (EUA) desafiando a lei local de segregação nos transportes públicos. Este fato deu início ao "milagre de Montgomery” (1955)
2 – Dia Nacional do Samba
2 – Nasce em Magé (RJ) Francisco de Paula Brito. Compôs as primeiras notícias deste que é hoje o mais antigo jornal do Brasil, o Jornal do Comércio (1809)
2 – Nasce em Salvador (BA) Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o sumo sacerdote do Axé Opô Afonjá, escritor e artista plástico, Mestre Didi (1917)
2 – Inicia-se na cidade de Santos (SP), o I Simpósio do Samba (1966)
2 – Fundação na cidade de Salvador (BA), do Ilê Asipa, terreiro do culto aos egugun, chefiado pelo sumo sacerdote do culto Alapini Ipekunoye Descoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1980)
2 – Começa em Valença (RJ), o 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988)
3 – Frederick Douglas, escritor, eloquente orador em favor da causa abolicionista, e Martin R. Delaney fundam nos Estados Unidos o North Star, jornal antiescravagista (1847)
3 – Nasce em Valença(BA), Maria Balbina dos Santos, a líder religiosa da Comunidade Terreiro Caxuté, de matriz Banto-indígena, localizada no território do Baixo Sul da Bahia, Mãe Bárbara ou Mam’eto kwa Nkisi Kafurengá (1973)
3 – Numa tarde de chuva, em um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, é fundado o Coletivo de Escritores Negros do Rio de Janeiro (1988)
4 – Dia consagrado ao Orixá Oyá (Iansã)
4 – 22 marinheiros, revoltosos contra a chibata, castigo físico dado aos marinheiros, são presos pelo Governo brasileiro, acusados de conspiração (1910)
4 – Realizado em Valença (RJ), o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, que serviu como um espaço de articulação política para as mais de 400(quatrocentas) mulheres negras eleitas como delegadas nos dezoito Estados brasileiros (1988)
5 – Depois de resistir de 1630 até 1695, é completamente destruído o Quilombo dos Palmares (1697)
5 – Nasce em Pinhal (SP) Otávio Henrique de Oliveira, o cantor Blecaute (1919)
5 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Rubem dos Santos, o radialista Rubem Confete (1937)
5 – O cantor jamaicano Bob Marley participa do show "Smile Jamaica Concert", no National Hero's Park, dois dias depois de sofrer um atentado provavelmente de origem política (1976)
6 – Edital proibia o porte de arma aos negros, escravos ou não e impunha-se a pena de 300 açoites aos cativos que infringissem a lei. (1816)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Jorge de Oliveira Veiga, o cantor Jorge Veiga (1910)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Emílio Vitalino Santiago, o cantor Emílio Santiago (1946)
6 – Realização em Goiás (GO) do Encontro Nacional de Mulheres Negras, com o tema “30 Anos contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil” (2018)
7 – Nasce Sir Milton Margai, Primeiro Ministro de Serra Leoa (1895)
7 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Luís Carlos Amaral Gomes, o poeta Éle Semog (1952)
7 – Clementina de Jesus, a "Mãe Quelé", aos 63 anos pisa o palco pela primeira vez como cantora profissional, no Teatro Jovem, primeiro show da série de espetáculos "Menestrel" sob a direção de Hermínio Bello de Carvalho (1964)
8 – Nasce em Salvador(BA) o poeta e ativista do Movimento Negro Jônatas Conceição (1952)
8 – Fundação na Província do Ceará, da Sociedade Cearense Libertadora (1880)
8 – Nasce no Harlem, Nova Iorque (EUA), Sammy Davis Jr., um dos artistas mais versáteis de toda a história da música e do "show business" americano (1925)
8 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Alaíde Costa Silveira, a cantora Alaíde Costa (1933)
8 – Dia consagrado ao Orixá Oxum
9 – Nasce em São Paulo (SP) Erlon Vieira Chaves, o compositor e arranjador Erlon Chaves (1933)
9 – Nasce em Monte Santo, Minas Gerais, o ator e diretor Milton Gonçalves (1933)
9 – Nasce em Salvador/BA, a atriz Zeni Pereira, famosa por interpretar a cozinheira Januária na novela Escrava Isaura (1924)
10 – O líder sul-africano Nelson Mandela recebe em Oslo, Noruega o Prêmio Nobel da Paz (1993)
10 – O Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, assina a nova Constituição do país, instituindo legalmente a igualdade racial (1996)
10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído pela ONU em 1948
10 – Fundação em Angola, do Movimento Popular de Libertação de Angola - MPLA (1975)
10 – Criação do Programa SOS Racismo, do IPCN (RJ), Direitos Humanos e Civis (1987)
11 – Nasce em Gary, condado de Lake, Indiana (EUA), Jermaine LaJaune Jackson, o cantor, baixista, compositor, dançarino e produtor musical Jermaine Jackson (1954)
11 – Festa Nacional de Alto Volta (1958)
11 – Surge no Rio de Janeiro, o Jornal Redenção (1950)
12 – O Presidente Geral do CNA, Cheif Albert Luthuli, recebe o Prêmio Nobel da Paz, o primeiro a ser concedido a um líder africano (1960)
12 – Nasce em Leopoldina (MG) Osvaldo Alves Pereira, o cantor e compositor Noca da Portela, autor de inúmeros sucessos como: "Portela na Avenida", "é preciso muito amor", "Vendaval da vida", "Virada", "Mil Réis" (1932)
12 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Wilson Moreira Serra, o compositor Wilson Moreira, autor de sucessos como "Gostoso Veneno", "Okolofé", "Candongueiro", "Coisa da Antiga" (1936)
12 – Independência do Quênia (1963)
13 – Dia consagrado a Oxum Apará ou Opará, a mais jovem entre todas as Oxuns, de gênio guerreiro
13 – Nasce em Exu (PE) Luiz Gonzaga do Nascimento, o cantor, compositor e acordeonista Luiz Gonzaga (1912)
14 – Rui Barbosa assina despacho ordenando a queima de registros do tráfico e da escravidão no Brasil (1890)
15 – Machado de Assis é proclamado o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (1896)
16 – Nasce na cidade do Rio Grande (RS) o político Elbert Madruga (1921)
16 – O Congresso Nacional Africano (CNA), já na clandestinidade, cria o seu braço armado (1961)
17 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Augusto Temístocles da Silva Costa, o humorista Tião Macalé (1926)
18 – Nasce em King William's Town, próximo a Cidade do Cabo, África do Sul, o líder africano Steve Biko (1946)
18 – A aviação sul-africana bombardeia uma aldeia angolana causando a morte dezenas de habitantes (1983)
19 – Nasce nos Estados Unidos, Carter G. Woodson, considerado o "Pai da História Negra" americana (1875)
19 – Nasce no bairro de São Cristóvão (RJ) Manuel da Conceição Chantre, o compositor e violonista Mão de Vaca (1930)
20 – Abolição da escravatura na Ilha Reunião (1848)
20 – Nasce em Salvador (BA) Carlos Alberto de Oliveira, advogado, jornalista, político e ativista do Movimento Negro, autor da Lei 7.716/1989 ou Lei Caó, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de raça ou cor (1941)
21 – Nasce em Los Angeles (EUA) Delorez Florence Griffith, a atleta Florence Griffith Joyner - Flo-Jo, recordista mundial dos 100m (1959)
22 – Criado o Museu da Abolição, através da Lei Federal nº 3.357, com sede na cidade do Recife, em homenagem a João Alfredo e Joaquim Nabuco (1957)
23 – Nasce em Louisiana (EUA) Sarah Breedlove, a empresária de cosméticos, filantropa, política e ativista social Madam C. J. Walker, primeira mulher a construir sua própria fortuna nos Estados Unidos ao criar e vender produtos de beleza para mulheres negras. Com sua Madam C.J. Walker Manufacturing Company, ela fez doações em dinheiro a várias organizações e projetos voltados à comunidade negra (1867)
23 – Criação no Rio de Janeiro, do Grupo Vissungo (1974)
23 - O senador americano Jesse Jackson recebe o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e o diploma de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro durante visita ao Brasil, por meio do Projeto de Resolução nº 554 de 1996, de autoria do Deputado Graça e Paz (1996)
24 – João Cândido, líder da Revolta da Chibata e mais 17 revoltosos são colocados na "solitária" do quartel-general da Marinha (1910)
25 – Parte do Rio de Janeiro, o navio Satélite, levando 105 ex-marinheiros participantes da Revolta da Chibata, 44 mulheres, 298 marginais e 50 praças do Exército, enviados sem julgamento para trabalhos forçados no Amazonas. 9 marujos foram fuzilados em alto-mar e os restantes deixados nas margens do Rio Amazonas (1910)
25 – Nasce no Município de Duque de Caxias, (RJ) Jair Ventura Filho, o jogador de futebol Jairzinho, "O Furacão da Copa de 1970" (1944)
26 – Primeiro dia do Kwanza, período religioso afro-americano
27 – Nasce em Natal (RN), o jogador Richarlyson (1982)
28 – O estado de São Paulo institui o Dia da Mãe Preta (1968)
28 – Nasce na Pensilvânia (EUA), Earl Kenneth Hines, o pianista Earl “Fatha” Hines, um dos maiores pianistas da história do jazz (1903)
29 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Édio Laurindo da Silva, o sambista Delegado, famoso mestre-sala da Estação Primeira de Mangueira (1922)
29 – Nasce em Diourbel, Senegal, Cheikh Anta Diop, historiador, antropólogo, físico e político (1923)
30 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Maria de Lourdes Mendes, a jongueira Tia Maria da Grota (1920)
30 – Nasce em Cypress, Califórnia (EUA), Eldrick Tont Woods, o jogador de golfe Tiger Woods, considerado um dos maiores golfistas de todos os tempos (1975)
31 – Nasce no Morro da Serrinha, Madureira (RJ), Darcy Monteiro, músico profissional, compositor, percussionista, ritmista, jongueiro, criador do Grupo Bassam, nome artístico do Jongo da Serrinha (1932)
31 – Nasce na Virgínia (EUA), Gabrielle Christina Victoria Douglas, ou Gabby Douglas, a primeira pessoa afro-americana e a primeira de ascendência africana de qualquer nacionalidade na história olímpica a se tornar campeã individual e a primeira ginasta americana a ganhar medalha de ouro, tanto individualmente como em equipe, numa mesma Olimpíada, em 2012 (1995)
31 – Fundada pelo liberto Polydorio Antonio de Oliveira, na Rua General Lima e Silva nº 316, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Beneficente Floresta Aurora (1872)
31 – Dia dos Umbandistas



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sábado, 15 de março de 2008

Discurso do ator Milton Gonçalves na formatura da primeira turma da Unipalmares

Parece que foi ontem que fomos seqüestrados de nossa pátria mãe e dolorosamente separados de nossos filhos, mulheres, pais e maridos, jogados aos porões de embarcações infectas e apertadas, sob a promessa de uma vida desconhecida e dependente da boa vontade de outrem.

Foi neste momento então que, entre lágrimas, sangue e suor, olhamo-nos, atônitos, sem entendimento do cenário que se apresentava aos nossos olhos, no meio do balançar das ondas do grande mar. Misturaram-nos em línguas e etnias, de modo inteligente e cruel, para que não nos entendêssemos inicial e verbalmente, muito embora a linguagem do coração sempre tenha sido universal e, neste momento, nos comunicássemos livremente através dela.

Desembarcamos em um universo distante e novo, cuspidos em terra firme pelas enormes vagas deste oceano cabralino, negro como nós, de dentro dos cascos, tal como se fôramos paridos em lugares tão longínquos e inóspitos pelos uterinos navios, como enormes tartarugas de madeira.

Parece que tudo começou, então, ontem mesmo, quando fomos lavados e escovados como cavalos de raça, dos quais herdamos pejorativamente até mesmo a alcunha de crioulos e lá fomos nós, atados uns aos outros, à espera de uma resposta plausível para tanto horror.

Nos abriram as bocas e examinaram nossos dentes como simplicidade. Avaliaram nosso estado externo geral do desprezo por nossas combalidas almas, tão atordoadas pelos maus tratos e pela nua crueza da situação. Nunca, de fato, se conseguirá compreender o sentido deste tão odiento flagelo – pois a diáspora do povo negro pelo mundo tem sido o maior genocídio da história humana, não obstante o fato de que não estamos cegos para o sofrimento da humanidade como um todo e de termos plena noção da importância de grandes fatos históricos abomináveis como o extermínio dos judeus na Segunda Grande Guerra Mundial, as guerras étnicas no Oriente Médio e tantos outros conflitos de teor sócio-ideológico espalhados pelo mundo, que só geraram sofrimento e dor àqueles que a eles foram e ainda são submetidos ao longo do povoamento do planeta Terra.

Parece que foi ontem mesmo, de tardinha, que nos vimos banhados e vestidos como europeus, adequando-nos às novas condições de temperatura e pressão do Novo Mundo, passeando com as sinhás sentadas em suas liteiras, carregando suas crianças, servindo aos seus maridos e tocando o crescimento da civilização brasileira, unidos aos nativos, aos estrangeiros e aos nossos irmãos de cor.

E à medida em que o tempo foi passando, fomos nos aclimatando, misturando nossas crenças e lendas às crenças e lendas de outras paragens, dando origem aos nossos próprios costumes, desta mistura nascidos, dentro deste imenso caldeirão cultural que emergia da Terra Brasilis. Fomos, aos poucos, tomando gosto pelo chão de terra batida deste lugar, e gerações vieram, após a nossa geração, já nascidas neste latifúndio, já donas deste mesmo chão de terra batida, mas não donas de si mesmas ainda.

Revoluções explodiram por todo o mundo, penas assinaram importantes documentos e homens deram suas vidas pelo ideal, e de repente nos vimos, com júbilo, donos de nós mesmos, livres pra fazermos nossas próprias escolhas e determinarmos o rumo de nossas vidas.

Parece que foi ontem, no entanto, que os mocambos, senzalas e quilombos se transformaram paulatinamente nas favelas de hoje, onde os descamisados se abrigaram para morarem perto do trabalho, por não terem para onde ir, para se unirem aos que lá já estavam à sua espera.

E a vida seguiu rumo, fervorosa, caótica, desigual, injusta e justa sempre. O país proclamou-se independente e deixou de ser colônia, os escravos, nossos avós, e bisavós, e tataravôs, foram libertados, e o mundo girou. Muitos sentaram-se à mesa das discussões nacionais, onde o destino de uma nação se decidiria. Alguns pensaram em nós como parte integrante do povo, e outros, não o fizeram.

Parece também que foi ontem que nos descobrimos em mais da metade da população, muito embora os critérios de julgamento da cor da pele neste país sejam absolutamente relativos, dada a miscigenação, os novos conceitos de valoração da questão étnica que nos referenciam os fenótipos e aos genótipos e nos dizem que ser afro-descendente nem sempre significa ser negro, e, principalmente, dado o incrivelmente sagaz preconceito racial que assola este país até hoje, e que nos mantém presos aos grilhões de outrora, ora sob uma égide paternalista que permanece viva retro-alimentada por um ranço comodista de nossa própria responsabilidade, ora sob um fino véu que encobre um profundo racismo embutido nas relações sociais do Brasil, um país imenso construído sob tais bases enquanto nação.

Parece que foi ontem que vimos, com alegria, curiosidade e imensa expectativa, a criação da Unipalmares, a primeira universidade no Brasil construída venalmente sob os princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade, no sentido de dar oportunidades iguais àqueles que desiguais são.

Parece-me também que foi ontem mesmo que o convite para estar hoje aqui, falando para vocês palavras tão emocionadas e sinceras, me foi feito, tamanho o frescor e a vivacidade que encontro neste exato momento em meu coração de 75 anos – é uma honra e um prazer insubstituíveis para mim estar aqui, e posso ainda dizer que é um dos momentos mais marcantes da minha vida participar da formatura da primeira turma de Administração da Unipalmares.

Foi me pedido dizer-lhes algumas frases de incentivo, e busquei dentro de mim o mais visceral discurso, os mais belos termos da língua portuguesa, a emoção mais delicada que se pode ter ao ver tantos rostos negros jovens, esperançosos, na ânsia de contribuírem para a criação de um país melhor e mais nosso. Mas confesso que nada existe de mais precioso no mundo do que o brilho no olhar de vocês, formandos, com o futuro todo à sua frente, com seus corações repletos de paixão e energia, e palavra alguma substituiria isso. Vocês, formandos, representam o verdadeiro orgulho da raça, e é através de vocês que me vejo espelhado, um rapazote de vinte e poucos anos, com essa mesma esperança no peito, latejante mantida até hoje, em todo e qualquer projeto que realizo.

Por isso tudo, parece que foi ontem que tudo isso começou, e, no entanto, o tempo, veloz, só me permite agora relembrar que devemos, em primeiro lugar, agradecer àqueles primeiros de nós que vieram espremidos nos porões e aos quais devemos o orgulho de estarmos aqui nesta noite brilhante, cheia de estrelas no céu e à minha frente. Vossos canudos, tão arduamente conquistados, são vossas verdadeiras cartas de alforria. Façam bom uso deles, pois agora vocês são, verdadeiramente, donos de si mesmos.

Desejo a vocês, formandos, e às suas famílias, e aos seus professores, que nunca permitam que este sonho morra, que esta gana esmoreça, nem que tudo isto que foi construído à custa de tantas vidas no passado venha desaparecer. Unam-se à luta por um Brasil melhor, sem grilhões, onde possamos falar a mesma língua, onde se possa caminhar à frente sempre, onde diferenças conjunturais não interfiram de maneira depreciativa na estrutura social de um país que ainda tem tanto a oferecer aos seus irmãos internacionais e à sua população, traduzido em melhores condições de vida, de trabalho e de projetos sociais.

Espero que agora, com vossos diplomas, tão merecidamente, vocês, formandos da primeira turma universitária da Unipalmares, a primeira faculdade no Brasil a ensinar sob a chancela da ação afirmativa, possam encontrar, para vocês e para todos nós, brasileiros, o caminho, a estrada da liberdade plena, o cumprimento constitucional da igualdade perante a lei, o fim da busca, nesta nossa interminável, laboriosa e cheia de glória diáspora, a nossa Canaã, a NOSSA Terra Prometida.

Obrigado, de coração, por enfim, me libertarem também dos grilhões da ignorância aos quais fomos todos acorrentados no passado.

Livres, enfim.

Obrigado, meu Deus, estamos livres, enfim!”

FONTE: Bureau Polcomune, Retrospecto Afro-social, 152, 3ª ed., 13-14 mar. 2008.


Um comentário:

  1. REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA !
    A COMUNIDADE NEGRA AFRO-LATINA BRASILEIRA
    APOIA E É SOLIDARIA AO POVO PALESTINO.VIVA A PALESTINA!
    Viva! Chàvez! Viva Che!Viva! Simon Bolívar! Viva! Zumbi!
    Movimento Chàvista Brasileiro

    Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.
    Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
    O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
    quilombonnq@bol.com.br

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