Universidade para negros promove, com festa, a colação de grau da primeira turma
Priscilla Borges
Da equipe do Correio
Priscilla Borges
Da equipe do Correio
João Carlos dos Santos/Divulgação |
Da turma de 126 alunos, 12o são afrodescendentes. A maioria está empregada em empresas paulistas |
A próxima quinta marcará um momento histórico no país. Em São Paulo, acontecerá a formatura da primeira turma da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares (Unipalmares), instituição criada para incluir a população negra no ensino superior. Dos 1,7 mil estudantes matriculados nos três cursos da instituição, 87% se declaram afrodescendentes. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva será o patrono da turma, cuja festa acontecerá no Ginásio do Ibirapuera, com a presença de artistas como o músico Simoninha e a atriz Isabel Fillardis, que farão as honras como mestres de cerimônia; Martinho da Vila, Sandra de Sá; Jair Rodrigues; Loalwa Braz e Luck Mervil (músico haitiano, radicado no Canadá); Biro do Cavaco; Vanessa Jackson, Thobias da Vai-Vai, além dos grupos Fundo de Quintal, Papas da Língua, Cia Sandrinha Sargentelli, Dança Afro2, Indígena Xondaro, Grupo Afro Quilombolas de Luz e o ator Milton Gonçalves.
Para os 126 jovens que receberão os diplomas de conclusão do curso em administração, o momento representa vitória. “É a primeira vez que uma ONG formada por negros se torna uma instituição de ensino e coloca tantos jovens no mercado. Isso mostra que a educação pode consolidar a liberdade para todos”, comenta o reitor da Unipalmares, José Vicente.
A Unipalmares foi criada pela organização não-governamental Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sóciocultural (Afrobras) em 2003. A proposta da instituição é valorizar a história e a cultura da população negra, e qualificar e capacitar os estudantes. Por isso, as disciplinas são dadas com ênfase na perspectiva da população negra, como a história econômica do negro no Brasil, cenários econômicos contemporâneos do mercado afro-étnico no Brasil e a justiça e a igualdade.
Os estudantes têm à disposição aulas de reforço em português, matemática, inglês e informática; assistência social e psicológica; orientação vocacional; curso de inglês desde o primeiro ano e aulas de música, dança e arte afrobrasileiras. Para os idealizadores da Unipalmares, era importante criar um ambiente em que os negros estivessem nas lideranças e garantir que os mestres e doutores da instituição também fossem negros. Dos 70 professores, 38 são negros.
Qualquer estudante pode fazer o vestibular da Unipalmares. Porém, pelo menos 50% das vagas são reservadas aos candidatos que se declararem afrodescendentes. Atualmente, são oferecidos os cursos de administração, direito e logística de transportes.
Oportunidade única
Na instituição, os jovens pagam mensalidades baixas. Até o ano passado, o valor era R$ 260. A partir de agora, R$ 295. A faculdade se mantém com a ajuda de empresas parceiras da Afrobras, como os bancos Itaú, Bradesco, HSBC, Real ABN Amro, Citibank, Santander Banespa, Safra, a Camisaria Colombo e a Nestlé. Além de contribuirem para a manutenção da Unipalmares, os parceiros reservam estágios e vagas em programas de trainee para os alunos da instituição. Dos jovens que participaram dos programas até o momento, 90% foram efetivados.
“O impacto disso é a mudança de postura do ambiente corporativo. As empresas se preocuparam em inserir o negro nas ações de responsabilidade social e isso pode se replicar. Estamos criando referências”, argumenta José Vicente. Ele conta que, entre as 500 maiores empresas do país que se preocupam com a responsabilidade social, apenas 3,5% dos profissionais que ocupam cargos de direção são negros.
Andresa Amaral Santos, de 24 anos, soube da proposta da Unipalmares pelo rádio. O valor da mensalidade foi a primeira coisa que chamou a atenção da jovem. Ela já havia deixado de cursar uma faculdade porque não tinha dinheiro para arcar com as mensalidades. Depois, gostou do projeto inovador da Unipalmares. “A faculdade resgatou a cultura negra para mim”, admite.
A administradora foi a primeira aluna da instituição a iniciar um estágio no Banco Bradesco, em 2005. Andresa já foi efetivada na área de recursos humanos. “Consegui concluir uma graduação, entrar no mercado de trabalho e estou ansiosa. Acho que vivemos um marco histórico e isso é de grande responsabilidade. Espero que a nossa formatura leve o Brasil a refletir sobre a população negra”, analisa Andresa.
FONTE: Correio Brasiliense, Brasília, segunda-feira, 10 de março de 2008
Para os 126 jovens que receberão os diplomas de conclusão do curso em administração, o momento representa vitória. “É a primeira vez que uma ONG formada por negros se torna uma instituição de ensino e coloca tantos jovens no mercado. Isso mostra que a educação pode consolidar a liberdade para todos”, comenta o reitor da Unipalmares, José Vicente.
A Unipalmares foi criada pela organização não-governamental Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sóciocultural (Afrobras) em 2003. A proposta da instituição é valorizar a história e a cultura da população negra, e qualificar e capacitar os estudantes. Por isso, as disciplinas são dadas com ênfase na perspectiva da população negra, como a história econômica do negro no Brasil, cenários econômicos contemporâneos do mercado afro-étnico no Brasil e a justiça e a igualdade.
Os estudantes têm à disposição aulas de reforço em português, matemática, inglês e informática; assistência social e psicológica; orientação vocacional; curso de inglês desde o primeiro ano e aulas de música, dança e arte afrobrasileiras. Para os idealizadores da Unipalmares, era importante criar um ambiente em que os negros estivessem nas lideranças e garantir que os mestres e doutores da instituição também fossem negros. Dos 70 professores, 38 são negros.
Qualquer estudante pode fazer o vestibular da Unipalmares. Porém, pelo menos 50% das vagas são reservadas aos candidatos que se declararem afrodescendentes. Atualmente, são oferecidos os cursos de administração, direito e logística de transportes.
Oportunidade única
Na instituição, os jovens pagam mensalidades baixas. Até o ano passado, o valor era R$ 260. A partir de agora, R$ 295. A faculdade se mantém com a ajuda de empresas parceiras da Afrobras, como os bancos Itaú, Bradesco, HSBC, Real ABN Amro, Citibank, Santander Banespa, Safra, a Camisaria Colombo e a Nestlé. Além de contribuirem para a manutenção da Unipalmares, os parceiros reservam estágios e vagas em programas de trainee para os alunos da instituição. Dos jovens que participaram dos programas até o momento, 90% foram efetivados.
“O impacto disso é a mudança de postura do ambiente corporativo. As empresas se preocuparam em inserir o negro nas ações de responsabilidade social e isso pode se replicar. Estamos criando referências”, argumenta José Vicente. Ele conta que, entre as 500 maiores empresas do país que se preocupam com a responsabilidade social, apenas 3,5% dos profissionais que ocupam cargos de direção são negros.
Andresa Amaral Santos, de 24 anos, soube da proposta da Unipalmares pelo rádio. O valor da mensalidade foi a primeira coisa que chamou a atenção da jovem. Ela já havia deixado de cursar uma faculdade porque não tinha dinheiro para arcar com as mensalidades. Depois, gostou do projeto inovador da Unipalmares. “A faculdade resgatou a cultura negra para mim”, admite.
A administradora foi a primeira aluna da instituição a iniciar um estágio no Banco Bradesco, em 2005. Andresa já foi efetivada na área de recursos humanos. “Consegui concluir uma graduação, entrar no mercado de trabalho e estou ansiosa. Acho que vivemos um marco histórico e isso é de grande responsabilidade. Espero que a nossa formatura leve o Brasil a refletir sobre a população negra”, analisa Andresa.
FONTE: Correio Brasiliense, Brasília, segunda-feira, 10 de março de 2008
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