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CALENDÁRIO NEGRO – DEZEMBRO

1 – O flautista Patápio Silva é contemplado com a medalha de ouro do Instituto Nacional de Música, prêmio até então nunca conferido a um negro (1901)
1 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Otto Henrique Trepte, o compositor Casquinha, integrante da Velha Guarda da Portela, parceiro de Candeia, autor de vários sambas de sucesso como: "Recado", "Sinal Aberto", "Preta Aloirada" (1922)
1 – O líder da Revolta da Chibata João Cândido após julgamento é absolvido (1912)
1 – Todas as unidades do Exército dos Estados Unidos (inclusive a Força Aérea, nesta época, uma parte do exército) passaram a admitir homens negros (1941)
1 – Rosa Parks recusa-se a ceder o seu lugar num ônibus de Montgomery (EUA) desafiando a lei local de segregação nos transportes públicos. Este fato deu início ao "milagre de Montgomery” (1955)
2 – Dia Nacional do Samba
2 – Nasce em Magé (RJ) Francisco de Paula Brito. Compôs as primeiras notícias deste que é hoje o mais antigo jornal do Brasil, o Jornal do Comércio (1809)
2 – Nasce em Salvador (BA) Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o sumo sacerdote do Axé Opô Afonjá, escritor e artista plástico, Mestre Didi (1917)
2 – Inicia-se na cidade de Santos (SP), o I Simpósio do Samba (1966)
2 – Fundação na cidade de Salvador (BA), do Ilê Asipa, terreiro do culto aos egugun, chefiado pelo sumo sacerdote do culto Alapini Ipekunoye Descoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1980)
2 – Começa em Valença (RJ), o 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988)
3 – Frederick Douglas, escritor, eloquente orador em favor da causa abolicionista, e Martin R. Delaney fundam nos Estados Unidos o North Star, jornal antiescravagista (1847)
3 – Nasce em Valença(BA), Maria Balbina dos Santos, a líder religiosa da Comunidade Terreiro Caxuté, de matriz Banto-indígena, localizada no território do Baixo Sul da Bahia, Mãe Bárbara ou Mam’eto kwa Nkisi Kafurengá (1973)
3 – Numa tarde de chuva, em um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, é fundado o Coletivo de Escritores Negros do Rio de Janeiro (1988)
4 – Dia consagrado ao Orixá Oyá (Iansã)
4 – 22 marinheiros, revoltosos contra a chibata, castigo físico dado aos marinheiros, são presos pelo Governo brasileiro, acusados de conspiração (1910)
4 – Realizado em Valença (RJ), o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, que serviu como um espaço de articulação política para as mais de 400(quatrocentas) mulheres negras eleitas como delegadas nos dezoito Estados brasileiros (1988)
5 – Depois de resistir de 1630 até 1695, é completamente destruído o Quilombo dos Palmares (1697)
5 – Nasce em Pinhal (SP) Otávio Henrique de Oliveira, o cantor Blecaute (1919)
5 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Rubem dos Santos, o radialista Rubem Confete (1937)
5 – O cantor jamaicano Bob Marley participa do show "Smile Jamaica Concert", no National Hero's Park, dois dias depois de sofrer um atentado provavelmente de origem política (1976)
6 – Edital proibia o porte de arma aos negros, escravos ou não e impunha-se a pena de 300 açoites aos cativos que infringissem a lei. (1816)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Jorge de Oliveira Veiga, o cantor Jorge Veiga (1910)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Emílio Vitalino Santiago, o cantor Emílio Santiago (1946)
6 – Realização em Goiás (GO) do Encontro Nacional de Mulheres Negras, com o tema “30 Anos contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil” (2018)
7 – Nasce Sir Milton Margai, Primeiro Ministro de Serra Leoa (1895)
7 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Luís Carlos Amaral Gomes, o poeta Éle Semog (1952)
7 – Clementina de Jesus, a "Mãe Quelé", aos 63 anos pisa o palco pela primeira vez como cantora profissional, no Teatro Jovem, primeiro show da série de espetáculos "Menestrel" sob a direção de Hermínio Bello de Carvalho (1964)
8 – Nasce em Salvador(BA) o poeta e ativista do Movimento Negro Jônatas Conceição (1952)
8 – Fundação na Província do Ceará, da Sociedade Cearense Libertadora (1880)
8 – Nasce no Harlem, Nova Iorque (EUA), Sammy Davis Jr., um dos artistas mais versáteis de toda a história da música e do "show business" americano (1925)
8 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Alaíde Costa Silveira, a cantora Alaíde Costa (1933)
8 – Dia consagrado ao Orixá Oxum
9 – Nasce em São Paulo (SP) Erlon Vieira Chaves, o compositor e arranjador Erlon Chaves (1933)
9 – Nasce em Monte Santo, Minas Gerais, o ator e diretor Milton Gonçalves (1933)
9 – Nasce em Salvador/BA, a atriz Zeni Pereira, famosa por interpretar a cozinheira Januária na novela Escrava Isaura (1924)
10 – O líder sul-africano Nelson Mandela recebe em Oslo, Noruega o Prêmio Nobel da Paz (1993)
10 – O Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, assina a nova Constituição do país, instituindo legalmente a igualdade racial (1996)
10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído pela ONU em 1948
10 – Fundação em Angola, do Movimento Popular de Libertação de Angola - MPLA (1975)
10 – Criação do Programa SOS Racismo, do IPCN (RJ), Direitos Humanos e Civis (1987)
11 – Nasce em Gary, condado de Lake, Indiana (EUA), Jermaine LaJaune Jackson, o cantor, baixista, compositor, dançarino e produtor musical Jermaine Jackson (1954)
11 – Festa Nacional de Alto Volta (1958)
11 – Surge no Rio de Janeiro, o Jornal Redenção (1950)
12 – O Presidente Geral do CNA, Cheif Albert Luthuli, recebe o Prêmio Nobel da Paz, o primeiro a ser concedido a um líder africano (1960)
12 – Nasce em Leopoldina (MG) Osvaldo Alves Pereira, o cantor e compositor Noca da Portela, autor de inúmeros sucessos como: "Portela na Avenida", "é preciso muito amor", "Vendaval da vida", "Virada", "Mil Réis" (1932)
12 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Wilson Moreira Serra, o compositor Wilson Moreira, autor de sucessos como "Gostoso Veneno", "Okolofé", "Candongueiro", "Coisa da Antiga" (1936)
12 – Independência do Quênia (1963)
13 – Dia consagrado a Oxum Apará ou Opará, a mais jovem entre todas as Oxuns, de gênio guerreiro
13 – Nasce em Exu (PE) Luiz Gonzaga do Nascimento, o cantor, compositor e acordeonista Luiz Gonzaga (1912)
14 – Rui Barbosa assina despacho ordenando a queima de registros do tráfico e da escravidão no Brasil (1890)
15 – Machado de Assis é proclamado o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (1896)
16 – Nasce na cidade do Rio Grande (RS) o político Elbert Madruga (1921)
16 – O Congresso Nacional Africano (CNA), já na clandestinidade, cria o seu braço armado (1961)
17 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Augusto Temístocles da Silva Costa, o humorista Tião Macalé (1926)
18 – Nasce em King William's Town, próximo a Cidade do Cabo, África do Sul, o líder africano Steve Biko (1946)
18 – A aviação sul-africana bombardeia uma aldeia angolana causando a morte dezenas de habitantes (1983)
19 – Nasce nos Estados Unidos, Carter G. Woodson, considerado o "Pai da História Negra" americana (1875)
19 – Nasce no bairro de São Cristóvão (RJ) Manuel da Conceição Chantre, o compositor e violonista Mão de Vaca (1930)
20 – Abolição da escravatura na Ilha Reunião (1848)
20 – Nasce em Salvador (BA) Carlos Alberto de Oliveira, advogado, jornalista, político e ativista do Movimento Negro, autor da Lei 7.716/1989 ou Lei Caó, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de raça ou cor (1941)
21 – Nasce em Los Angeles (EUA) Delorez Florence Griffith, a atleta Florence Griffith Joyner - Flo-Jo, recordista mundial dos 100m (1959)
22 – Criado o Museu da Abolição, através da Lei Federal nº 3.357, com sede na cidade do Recife, em homenagem a João Alfredo e Joaquim Nabuco (1957)
23 – Nasce em Louisiana (EUA) Sarah Breedlove, a empresária de cosméticos, filantropa, política e ativista social Madam C. J. Walker, primeira mulher a construir sua própria fortuna nos Estados Unidos ao criar e vender produtos de beleza para mulheres negras. Com sua Madam C.J. Walker Manufacturing Company, ela fez doações em dinheiro a várias organizações e projetos voltados à comunidade negra (1867)
23 – Criação no Rio de Janeiro, do Grupo Vissungo (1974)
23 - O senador americano Jesse Jackson recebe o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e o diploma de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro durante visita ao Brasil, por meio do Projeto de Resolução nº 554 de 1996, de autoria do Deputado Graça e Paz (1996)
24 – João Cândido, líder da Revolta da Chibata e mais 17 revoltosos são colocados na "solitária" do quartel-general da Marinha (1910)
25 – Parte do Rio de Janeiro, o navio Satélite, levando 105 ex-marinheiros participantes da Revolta da Chibata, 44 mulheres, 298 marginais e 50 praças do Exército, enviados sem julgamento para trabalhos forçados no Amazonas. 9 marujos foram fuzilados em alto-mar e os restantes deixados nas margens do Rio Amazonas (1910)
25 – Nasce no Município de Duque de Caxias, (RJ) Jair Ventura Filho, o jogador de futebol Jairzinho, "O Furacão da Copa de 1970" (1944)
26 – Primeiro dia do Kwanza, período religioso afro-americano
27 – Nasce em Natal (RN), o jogador Richarlyson (1982)
28 – O estado de São Paulo institui o Dia da Mãe Preta (1968)
28 – Nasce na Pensilvânia (EUA), Earl Kenneth Hines, o pianista Earl “Fatha” Hines, um dos maiores pianistas da história do jazz (1903)
29 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Édio Laurindo da Silva, o sambista Delegado, famoso mestre-sala da Estação Primeira de Mangueira (1922)
29 – Nasce em Diourbel, Senegal, Cheikh Anta Diop, historiador, antropólogo, físico e político (1923)
30 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Maria de Lourdes Mendes, a jongueira Tia Maria da Grota (1920)
30 – Nasce em Cypress, Califórnia (EUA), Eldrick Tont Woods, o jogador de golfe Tiger Woods, considerado um dos maiores golfistas de todos os tempos (1975)
31 – Nasce no Morro da Serrinha, Madureira (RJ), Darcy Monteiro, músico profissional, compositor, percussionista, ritmista, jongueiro, criador do Grupo Bassam, nome artístico do Jongo da Serrinha (1932)
31 – Nasce na Virgínia (EUA), Gabrielle Christina Victoria Douglas, ou Gabby Douglas, a primeira pessoa afro-americana e a primeira de ascendência africana de qualquer nacionalidade na história olímpica a se tornar campeã individual e a primeira ginasta americana a ganhar medalha de ouro, tanto individualmente como em equipe, numa mesma Olimpíada, em 2012 (1995)
31 – Fundada pelo liberto Polydorio Antonio de Oliveira, na Rua General Lima e Silva nº 316, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Beneficente Floresta Aurora (1872)
31 – Dia dos Umbandistas



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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Exuberancia Sin Critica

(Por Judith Butler, tradución Felipe Rivas San Martín)

Muy pocos podemos ser inmunes a la emoción de este momento. Mis amigos de izquierda me han escrito diciéndome que sienten algo parecido a la "redención", que "el país se ha vuelto hacia nosotros" o que "tenemos por fin a uno de los nuestros en la Casa Blanca". Por supuesto, como ellos, yo misma descubro que de pensar todo el día que el régimen de George W. Bush se acaba, me siento inundada por un sentimiento de incredulidad y emoción, de un enorme alivio. Y además, el pensamiento de Obama, un reflexivo y progresista candidato negro, cambia las bases históricas, y creemos que un cataclismo como ese, articula un nuevo terreno. Pero vamos a tratar de pensar cuidadosamente sobre este desplazamiento del terreno, aunque en este momento no podemos conocer plenamente sus contornos. La elección de Barack Obama es históricamente significativa en formas que aún no pueden ser dimensionadas, pero no es ni puede ser, una redención. Y si suscribimos a la mayor parte de los modos de identificación que Obama propone ("estamos todos unidos") o que nosotros mismos proponemos ("es uno de los nuestros"), nos arriesgamos a creer que este momento político puede superar los antagonismos que son constitutivos de la vida política, especialmente la vida política en estos tiempos. Siempre ha habido buenas razones para no aceptar "la unidad nacional" como un ideal, y para abrigar sospechas hacia la identificación absoluta y sin fisuras con cualquier líder político. Después de todo, el fascismo se basó en parte en esa identificación sin fisuras con el líder, y los republicanos participan de este mismo esfuerzo para organizar sus influencias políticas, por ejemplo, cuando Elizabeth Dole da una mirada a la audiencia y dice: "Los amo a todos y cada uno de ustedes".

Lo que vuelve aún más necesario pensar acerca de esta política de exuberante identificación con la elección de Obama, es si tenemos en cuenta que el apoyo a Obama ha coincidido con el apoyo a causas conservadoras. En cierto modo, este fenómeno llegó a ser parte de su "cruzada por" el éxito. En California, ganó por el 60% de la votación y, sin embargo, una porción significativa de quienes votaron por él también votó en contra de la legalización del matrimonio entre homosexuales (52%). ¿Cómo entender esta aparente contradicción? En primer lugar, recordemos que Obama nunca ha apoyado explícitamente el derecho al matrimonio gay. Además, como Wendy Brown ha afirmado, los republicanos han descubierto que el electorado no está tan abanderado por cuestiones "morales" como sí lo estuvieron ellos en las últimas elecciones, que las razones aducidas por la gente que votó a favor de Obama parecen ser predominantemente económicas, y que su razonamiento parece más plenamente estructurado por lógicas neo-liberales que por la racionalidad religiosa. Esta es claramente una de las razones por las que la función pública asignada a Palin de construir una mayoría electoral sobre la base de cuestiones morales, finalmente fracasó. Pero si cuestiones "morales" tales como el control de armas, los derechos al aborto y los derechos de los homosexuales no son tan determinantes como lo fueron una vez, sea quizás porque está emergiendo una extraña compartimentalización de la mentalidad política. En otras palabras, nos enfrentamos a nuevas configuraciones de las opiniones políticas que hacen posible la celebración de opiniones aparentemente discrepantes, al mismo tiempo: alguien puede, por ejemplo, no estar de acuerdo con Obama en ciertos temas, pero aún así han votado a favor de él. Esto se hizo más evidente en la aparición de un "contra-efecto-Bradley"(1), cuando los votantes aceptaban -explícitamente o no- hasta su propio racismo, pero decían que votarían por Obama de todas formas. Anécdotas de este tipo incluyen reclamaciones como el siguiente: "Sé que Obama es un musulmán y un terrorista, pero voy a votar por él de todos modos, él es probablemente lo mejor para la economía". Tales votantes tienen que mantener su racismo y al mismo tiempo votar a favor de Obama, resguardando su propia contradicción de creencias y sin tener la necesidad de resolverla.

Junto con una fuerte motivación económica, factores menos empíricamente discernibles entran en juego en estos resultados electorales. No podemos subestimar la fuerza de la des-identificación en esta elección, un sentimiento de repulsión hacia George W. como "representante" de la imagen de los Estados Unidos para el resto del mundo, un sentimiento de vergüenza sobre nuestras prácticas de la tortura y la detención ilegal, un sentido de disgusto que tenemos por haber iniciado una guerra con motivos falsos y propagar opiniones racistas del Islam, un sentimiento de alarma y horror frente a una crisis económica mundial provocada por los extremismos de la desregulación económica. ¿Es que a pesar de su raza, o tal vez por razón de su raza, que Obama surgió finalmente como el representante ideal de la nación? Desempeñando esa función representativa, él es al mismo tiempo negro y no-negro (algunos afirman que "no lo suficientemente negro" y otros dicen "demasiado negro"), y, como resultado, puede recurrir a los votantes que no sólo no tienen ninguna forma de resolver su ambivalencia sobre este tema, sino que además no quieren una resolución. La figura pública que permite a la población mantener y enmascarar su ambivalencia, sin embargo, aparece como la figura de "unidad": esta es sin duda una función ideológica. Tales momentos son intensamente imaginarios, pero no por eso dejan de tener una enorme fuerza política.

A medida que la elección se acercaba, se ha producido una mayor atención a la persona de Obama: su seriedad, su carácter deliberativo, su capacidad de no perder el temperamento, su manera de modelar una cierta serenidad en el rostro ante los ataques hirientes y la retórica política vil, su promesa de restablecer una versión de la nación que supere su actual vergüenza. Por supuesto, la promesa es atractiva, pero aún cuando la elección de Obama nos lleva a la convicción de que podemos superar todas las diferencias, ¿es esa unidad verdaderamente posible? ¿Cuál es la posibilidad que nosotros terminemos sufriendo una inevitable decepción cuando este líder carismático muestre su falibilidad, su complacencia al transar o incluso a vender a las minorías? Él, en efecto, ya lo ha hecho en algunos medios, pero muchos de nosotros "dejamos de lado" nuestros propios intereses, a fin de disfrutar de la no-ambivalencia(2) extrema de este momento, con el evidente riesgo de caer en un jolgorio acrítico, incluso cuando podemos tener muy claro lo contrario. Obama es, después de todo, apenas uno más de izquierda, independientemente de las atribuciones de "socialismo" proferidas por sus adversarios conservadores. ¿De qué manera estarán sus acciones limitadas por la política de los partidos, por intereses económicos, y por el poder del Estado; de qué manera se han comprometido ya? Si buscamos a través de esta Presidencia poder superar la sensación de disonancia, entonces tendremos que desechar la crítica política en favor de una exuberancia cuyas dimensiones fantasmáticas demostrarán sus consecuencias. Tal vez no podemos evitar este momento fantasmático, pero debemos ser conscientes que es sólo temporal. Así como hay racistas declarados que han dicho, "sé que él es un musulmán y un terrorista, pero voy a votar por él de todos modos," existen también las personas de izquierda que dicen, "Sé que ha vendido los derechos gays y de Palestina, pero él sigue siendo nuestra redención". "Lo sé muy bien, pero aún así": esta es la clásica formulación del desconocimiento. ¿A través de qué mecanismos mantenemos y enmascaramos conflictos de principios de este tipo? ¿Y a qué costo político?

No cabe duda de que el triunfo de Obama tendrá efectos significativos en el rumbo económico de la nación, y parece razonable suponer que veremos una nueva justificación de la regulación económica y de un enfoque de economía social que se asemeje a las formas democráticas en Europa. En Relaciones Exteriores, vamos a ver, sin duda, una renovación de las relaciones multi-laterales, dejando atrás una tendencia fatal de destrucción de los acuerdos multilaterales, que la administración Bush ha llevado a cabo. Y habrá también, sin duda, una tendencia a ir más allá de la lógica general liberal sobre cuestiones sociales, aunque es importante recordar que Obama no ha apoyado la atención de salud universal, y no ha podido apoyar explícitamente el derecho al matrimonio gay. Y aún no hay muchos motivos para alojar esperanzas de que vaya a formular una política justa de los Estados Unidos en Oriente Medio, a pesar de que es un alivio, para estar seguros, que él sabe Rashid Khalidi.

La indiscutible importancia de su elección tiene todo que ver con la superación de los límites implícitamente impuestos a los logros afro-americanos, sentimiento que ha de inundar e inspirar a jóvenes afro-americanos, pero también y al mismo tiempo, precipitar un cambio en la auto-definición de los Estados Unidos. Si la elección de Obama es señal de una voluntad por parte de la mayoría de los votantes a ser "representados" por este hombre, entonces eso es un ejemplo de cómo el "nosotros" se está constituyendo de nuevo: somos una nación de muchas razas, de la mezcla de razas; y él nos ofrece la ocasión para reconocer cómo hemos llegado a ser lo que somos y lo que aún nos queda por ser, y de esta manera existe una cierta división entre la función de representativa de la Presidencia por un lado y la población representada por otro, debe ser superada. Ese es un momento emocionante, no cabe duda. Pero puede terminar, ¿y entonces qué?

¿Qué consecuencias tendrá esta expectativa casi mesiánica investida en este líder? Con el fin de que esta Presidencia pueda tener éxito, deberá dar lugar a cierta decepción, decepción para sobrevivir: el hombre se convertirá en humano, se demostrará menos poderoso de lo que nosotros esperábamos, y la política dejará de ser una celebración sin ambivalencia y cautela. De hecho, la política va a demostrar ser menos una experiencia mesiánica que un lugar sólido para el debate, la crítica pública, y el antagonismo necesario. La elección de Obama significa que el terreno para el debate y la lucha han cambiado, y ahora es un terreno mejor, estemos seguros. Pero no es el final de la lucha, y sería muy imprudente de nuestra parte considerar lo contrario, incluso provisionalmente. Estamos, sin duda, de acuerdo y en desacuerdo con varias acciones que Obama toma y no toma. Pero si la expectativa inicial es que él es y será la "redención" en sí, entonces lo castigaremos sin piedad cuando nos falle (o vamos a encontrar la forma de negar o reprimir la decepción a fin de mantener viva la ilusión de la unidad y el amor sin ambivalencias).

Si una consecuente y dramático decepción quiere ser evitada, él tendrá que actuar rápido y bien. Tal vez la única manera de evitar un "quiebre" - una decepción de proporciones graves que a su vez pueda tornar la voluntad política en su contra - será la de tomar acciones decisivas en los dos primeros meses de su presidencia. La primera sería la de cerrar Guantánamo y encontrar maneras de transferir los casos de los detenidos a tribunales legítimos, y la segunda sería la de forjar un plan para la retirada de las tropas de Iraq y para comenzar a aplicar ese plan. La tercera sería la de retractarse de sus belicosas observaciones sobre la escalada de la guerra en Afganistán y llevar a cabo relaciones diplomáticas, soluciones multilaterales en esa esfera. Si él no toma estos pasos, su apoyo en la izquierda irá deteriorándose paulatinamente, y veremos la reconfiguración de la división entre halcones liberales y la izquierda anti-guerra. Si él nombra las principales posiciones del gabinete en base a los gustos de Lawrence Summers, o continúa las políticas económicas fallidas de Clinton y Bush, entonces en algún momento, el Mesías será despreciado como un falso profeta. En lugar de una promesa imposible, necesitamos una serie de acciones concretas que puedan comenzar a revertir la terrible derogación de la justicia cometida por el régimen de Bush, si no se cumple con eso, dará lugar a una dramática consecuente desilusión. La pregunta es qué medida de des-ilusión es necesaria en orden a recuperar una crítica política, y qué forma más dramática de "des-ilusionamiento" nos devolverá al mismo cinismo político de los últimos años. Algún remedio para esta ilusión es necesario, para que podamos recordar que la política no se trata de la persona o de la hermosa e imposible promesa que esa persona representa, sino que se trata de los cambios concretos en las políticas que podrían comenzar, que con el tiempo, y con dificultad, se puedan crear las condiciones de una mayor justicia.

NOTAS

(1) N. del T. El efecto Bradley, se refiere a Tom Bradley, un afroamericano que era considerado por encuestas como el virtual ganador de las elecciones para gobernador de California en 1982 por el partido demócrata, pero perdió de manera sorpresiva por un cerrado margen ante George Deukmejian. En los comicios estaduales de California hubo electores blancos que en los sondeos daban su voto por Bradley, pero al votar cambiaron de parecer aquejados por ideas racistas. Al parecer, los votantes blancos no se animaron a decir que no iban a votar al candidato negro para no ser tildados de "racistas". Butler usa la frase "counter Bradley-efect".

(2) N. del T: En el texto en inglés, Butler ocupa el término "un-ambivalence" que puede ser traducido literalmente como no-ambivalencia, estabilidad, etc. Tanto el concepto de "ambivalente" (ambivalencia), como el de "unambivalence", son utilizados en psiquiatría y psicoanálisis. Por otra parte, la separación con guión podría ser también un juego de palabras para referir a la idea de "UN-ambivalence" (ambivalencia de la ONU) en relación a políticas de paz, etc. De todos modos, estos usos de sentido son sólo conjeturas.

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