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CALENDÁRIO NEGRO – DEZEMBRO

1 – O flautista Patápio Silva é contemplado com a medalha de ouro do Instituto Nacional de Música, prêmio até então nunca conferido a um negro (1901)
1 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Otto Henrique Trepte, o compositor Casquinha, integrante da Velha Guarda da Portela, parceiro de Candeia, autor de vários sambas de sucesso como: "Recado", "Sinal Aberto", "Preta Aloirada" (1922)
1 – O líder da Revolta da Chibata João Cândido após julgamento é absolvido (1912)
1 – Todas as unidades do Exército dos Estados Unidos (inclusive a Força Aérea, nesta época, uma parte do exército) passaram a admitir homens negros (1941)
1 – Rosa Parks recusa-se a ceder o seu lugar num ônibus de Montgomery (EUA) desafiando a lei local de segregação nos transportes públicos. Este fato deu início ao "milagre de Montgomery” (1955)
2 – Dia Nacional do Samba
2 – Nasce em Magé (RJ) Francisco de Paula Brito. Compôs as primeiras notícias deste que é hoje o mais antigo jornal do Brasil, o Jornal do Comércio (1809)
2 – Nasce em Salvador (BA) Deoscóredes Maximiliano dos Santos, o sumo sacerdote do Axé Opô Afonjá, escritor e artista plástico, Mestre Didi (1917)
2 – Inicia-se na cidade de Santos (SP), o I Simpósio do Samba (1966)
2 – Fundação na cidade de Salvador (BA), do Ilê Asipa, terreiro do culto aos egugun, chefiado pelo sumo sacerdote do culto Alapini Ipekunoye Descoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi (1980)
2 – Começa em Valença (RJ), o 1º Encontro Nacional de Mulheres Negras (1988)
3 – Frederick Douglas, escritor, eloquente orador em favor da causa abolicionista, e Martin R. Delaney fundam nos Estados Unidos o North Star, jornal antiescravagista (1847)
3 – Nasce em Valença(BA), Maria Balbina dos Santos, a líder religiosa da Comunidade Terreiro Caxuté, de matriz Banto-indígena, localizada no território do Baixo Sul da Bahia, Mãe Bárbara ou Mam’eto kwa Nkisi Kafurengá (1973)
3 – Numa tarde de chuva, em um bairro do subúrbio do Rio de Janeiro, é fundado o Coletivo de Escritores Negros do Rio de Janeiro (1988)
4 – Dia consagrado ao Orixá Oyá (Iansã)
4 – 22 marinheiros, revoltosos contra a chibata, castigo físico dado aos marinheiros, são presos pelo Governo brasileiro, acusados de conspiração (1910)
4 – Realizado em Valença (RJ), o I Encontro Nacional de Mulheres Negras, que serviu como um espaço de articulação política para as mais de 400(quatrocentas) mulheres negras eleitas como delegadas nos dezoito Estados brasileiros (1988)
5 – Depois de resistir de 1630 até 1695, é completamente destruído o Quilombo dos Palmares (1697)
5 – Nasce em Pinhal (SP) Otávio Henrique de Oliveira, o cantor Blecaute (1919)
5 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) o compositor Rubem dos Santos, o radialista Rubem Confete (1937)
5 – O cantor jamaicano Bob Marley participa do show "Smile Jamaica Concert", no National Hero's Park, dois dias depois de sofrer um atentado provavelmente de origem política (1976)
6 – Edital proibia o porte de arma aos negros, escravos ou não e impunha-se a pena de 300 açoites aos cativos que infringissem a lei. (1816)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Jorge de Oliveira Veiga, o cantor Jorge Veiga (1910)
6 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Emílio Vitalino Santiago, o cantor Emílio Santiago (1946)
6 – Realização em Goiás (GO) do Encontro Nacional de Mulheres Negras, com o tema “30 Anos contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver – Mulheres Negras Movem o Brasil” (2018)
7 – Nasce Sir Milton Margai, Primeiro Ministro de Serra Leoa (1895)
7 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Luís Carlos Amaral Gomes, o poeta Éle Semog (1952)
7 – Clementina de Jesus, a "Mãe Quelé", aos 63 anos pisa o palco pela primeira vez como cantora profissional, no Teatro Jovem, primeiro show da série de espetáculos "Menestrel" sob a direção de Hermínio Bello de Carvalho (1964)
8 – Nasce em Salvador(BA) o poeta e ativista do Movimento Negro Jônatas Conceição (1952)
8 – Fundação na Província do Ceará, da Sociedade Cearense Libertadora (1880)
8 – Nasce no Harlem, Nova Iorque (EUA), Sammy Davis Jr., um dos artistas mais versáteis de toda a história da música e do "show business" americano (1925)
8 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Alaíde Costa Silveira, a cantora Alaíde Costa (1933)
8 – Dia consagrado ao Orixá Oxum
9 – Nasce em São Paulo (SP) Erlon Vieira Chaves, o compositor e arranjador Erlon Chaves (1933)
9 – Nasce em Monte Santo, Minas Gerais, o ator e diretor Milton Gonçalves (1933)
9 – Nasce em Salvador/BA, a atriz Zeni Pereira, famosa por interpretar a cozinheira Januária na novela Escrava Isaura (1924)
10 – O líder sul-africano Nelson Mandela recebe em Oslo, Noruega o Prêmio Nobel da Paz (1993)
10 – O Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, assina a nova Constituição do país, instituindo legalmente a igualdade racial (1996)
10 – Dia Internacional dos Direitos Humanos, instituído pela ONU em 1948
10 – Fundação em Angola, do Movimento Popular de Libertação de Angola - MPLA (1975)
10 – Criação do Programa SOS Racismo, do IPCN (RJ), Direitos Humanos e Civis (1987)
11 – Nasce em Gary, condado de Lake, Indiana (EUA), Jermaine LaJaune Jackson, o cantor, baixista, compositor, dançarino e produtor musical Jermaine Jackson (1954)
11 – Festa Nacional de Alto Volta (1958)
11 – Surge no Rio de Janeiro, o Jornal Redenção (1950)
12 – O Presidente Geral do CNA, Cheif Albert Luthuli, recebe o Prêmio Nobel da Paz, o primeiro a ser concedido a um líder africano (1960)
12 – Nasce em Leopoldina (MG) Osvaldo Alves Pereira, o cantor e compositor Noca da Portela, autor de inúmeros sucessos como: "Portela na Avenida", "é preciso muito amor", "Vendaval da vida", "Virada", "Mil Réis" (1932)
12 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Wilson Moreira Serra, o compositor Wilson Moreira, autor de sucessos como "Gostoso Veneno", "Okolofé", "Candongueiro", "Coisa da Antiga" (1936)
12 – Independência do Quênia (1963)
13 – Dia consagrado a Oxum Apará ou Opará, a mais jovem entre todas as Oxuns, de gênio guerreiro
13 – Nasce em Exu (PE) Luiz Gonzaga do Nascimento, o cantor, compositor e acordeonista Luiz Gonzaga (1912)
14 – Rui Barbosa assina despacho ordenando a queima de registros do tráfico e da escravidão no Brasil (1890)
15 – Machado de Assis é proclamado o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras (1896)
16 – Nasce na cidade do Rio Grande (RS) o político Elbert Madruga (1921)
16 – O Congresso Nacional Africano (CNA), já na clandestinidade, cria o seu braço armado (1961)
17 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Augusto Temístocles da Silva Costa, o humorista Tião Macalé (1926)
18 – Nasce em King William's Town, próximo a Cidade do Cabo, África do Sul, o líder africano Steve Biko (1946)
18 – A aviação sul-africana bombardeia uma aldeia angolana causando a morte dezenas de habitantes (1983)
19 – Nasce nos Estados Unidos, Carter G. Woodson, considerado o "Pai da História Negra" americana (1875)
19 – Nasce no bairro de São Cristóvão (RJ) Manuel da Conceição Chantre, o compositor e violonista Mão de Vaca (1930)
20 – Abolição da escravatura na Ilha Reunião (1848)
20 – Nasce em Salvador (BA) Carlos Alberto de Oliveira, advogado, jornalista, político e ativista do Movimento Negro, autor da Lei 7.716/1989 ou Lei Caó, que define os crimes em razão de preconceito e discriminação de raça ou cor (1941)
21 – Nasce em Los Angeles (EUA) Delorez Florence Griffith, a atleta Florence Griffith Joyner - Flo-Jo, recordista mundial dos 100m (1959)
22 – Criado o Museu da Abolição, através da Lei Federal nº 3.357, com sede na cidade do Recife, em homenagem a João Alfredo e Joaquim Nabuco (1957)
23 – Nasce em Louisiana (EUA) Sarah Breedlove, a empresária de cosméticos, filantropa, política e ativista social Madam C. J. Walker, primeira mulher a construir sua própria fortuna nos Estados Unidos ao criar e vender produtos de beleza para mulheres negras. Com sua Madam C.J. Walker Manufacturing Company, ela fez doações em dinheiro a várias organizações e projetos voltados à comunidade negra (1867)
23 – Criação no Rio de Janeiro, do Grupo Vissungo (1974)
23 - O senador americano Jesse Jackson recebe o título de Cidadão do Estado do Rio de Janeiro e o diploma de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro durante visita ao Brasil, por meio do Projeto de Resolução nº 554 de 1996, de autoria do Deputado Graça e Paz (1996)
24 – João Cândido, líder da Revolta da Chibata e mais 17 revoltosos são colocados na "solitária" do quartel-general da Marinha (1910)
25 – Parte do Rio de Janeiro, o navio Satélite, levando 105 ex-marinheiros participantes da Revolta da Chibata, 44 mulheres, 298 marginais e 50 praças do Exército, enviados sem julgamento para trabalhos forçados no Amazonas. 9 marujos foram fuzilados em alto-mar e os restantes deixados nas margens do Rio Amazonas (1910)
25 – Nasce no Município de Duque de Caxias, (RJ) Jair Ventura Filho, o jogador de futebol Jairzinho, "O Furacão da Copa de 1970" (1944)
26 – Primeiro dia do Kwanza, período religioso afro-americano
27 – Nasce em Natal (RN), o jogador Richarlyson (1982)
28 – O estado de São Paulo institui o Dia da Mãe Preta (1968)
28 – Nasce na Pensilvânia (EUA), Earl Kenneth Hines, o pianista Earl “Fatha” Hines, um dos maiores pianistas da história do jazz (1903)
29 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Édio Laurindo da Silva, o sambista Delegado, famoso mestre-sala da Estação Primeira de Mangueira (1922)
29 – Nasce em Diourbel, Senegal, Cheikh Anta Diop, historiador, antropólogo, físico e político (1923)
30 – Nasce no Rio de Janeiro (RJ) Maria de Lourdes Mendes, a jongueira Tia Maria da Grota (1920)
30 – Nasce em Cypress, Califórnia (EUA), Eldrick Tont Woods, o jogador de golfe Tiger Woods, considerado um dos maiores golfistas de todos os tempos (1975)
31 – Nasce no Morro da Serrinha, Madureira (RJ), Darcy Monteiro, músico profissional, compositor, percussionista, ritmista, jongueiro, criador do Grupo Bassam, nome artístico do Jongo da Serrinha (1932)
31 – Nasce na Virgínia (EUA), Gabrielle Christina Victoria Douglas, ou Gabby Douglas, a primeira pessoa afro-americana e a primeira de ascendência africana de qualquer nacionalidade na história olímpica a se tornar campeã individual e a primeira ginasta americana a ganhar medalha de ouro, tanto individualmente como em equipe, numa mesma Olimpíada, em 2012 (1995)
31 – Fundada pelo liberto Polydorio Antonio de Oliveira, na Rua General Lima e Silva nº 316, na cidade de Porto Alegre, a Sociedade Beneficente Floresta Aurora (1872)
31 – Dia dos Umbandistas



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sábado, 20 de novembro de 2010

Criatividade é tema de homenagem ao mais antigo descendente, no Brasil, do reino do Ketu

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Em celebração dos 93 anos de Deoscoredes Maximiliano dos Santos – Mestre Didi, sacerdote-artista e mais antigo descendente no Brasil do reino do Ketu, a Secneb - Sociedade de Estudos das Culturas e da Cultura Negra no Brasil vai realizar em Salvador o Seminário: Criatividade Âmago das Diversidades Culturais. A estética do sagrado - no dia 10 de dezembro de 2010 , no Palacete das Artes Rodin Bahia (Graça), a partir das 16h30,.

Estudiosos da cultura africana vão debater sobre o papel da criatividade nos mais diferentes ângulos de expressão e comunicação da realidade cultural da sociedade, manifestada através das artes e da religiosidade. O diálogo entre pesquisadores acontecerá de modo dinâmico e interativo na presença do público, que terá acesso livre. Nomes como o de Muniz Sodré, Marcos Terena, Inaicyra Falcão dos Santos, Celso Fernando Favaretto, João Carlos Sales, Olabiyi Babalola Yai, George Nelson Preston, Babatunde Lawal, Geraldo Machado, Wande Abimbola, Feliz Ayoh Omidire, Dalmir Francisco, Nelson Aguilar, José Roberto W. Penteado, Orlando Sena, Maria Brandão estão entre os participantes confirmados.

Após o seminário, às 19h, integrando às comemorações do aniversário de Mestre Didi, será lançado e autografado o livro “Criatividade Âmago das Diversidades Culturais. A estética do sagrado”, que traz exposições e reflexões dos especialistas nacionais e internacionais que participaram do seminário em 2008, em Salvador. O objetivo da publicação é estimular a pesquisa e o debate em torno de conceitos sobre diversidade, criatividade e cultura. Anexo ao livro, um CD com as saudações e cânticos ritualísticos que permearam o evento, com destaque às recitas do Awise Professor Abimbola.

Em seguida, às 20h, Duo Robatto apresentará um concerto para flauta e clarinete.

SERVIÇO
O Que: Seminário Criatividade: Âmago das Diversidades Culturais. A estética do Sagrado
Lançamento e noite de autógrafos do livro.
Quando: 10 de dezembro de 2010
Onde: Palacete das Artes Rodin Bahia (Graça)
Horário: 16h30

Mais informações e/ou contatos para entrevistas: imprensa@navii.com.br e didi@mestredidi.org

Momento Dandara, no Pelourinho - BA

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João Candido e os Quilombolas, neste dia Nacional da Consciencia Negra (Reginaldo Bispo)

Em razão das investidas do estado brasileiro, dos partidos de direita, dos ruralistas, do agronegócio e suas elites de reacionárias, contra a titulação das terras quilombolas, garantidas pela constituição de 1988[ com adoção da convenção OIT 169, ratificada pelo estado brasileiro], contra a demarcação das terras indígenas, a preservação ambiental e a reforma agrária.

Um manifesto aprovado no III Encontro Norte e Nordeste da Rede de Mocambos, ocorrido entre 03 e 07 de novembro, repudia a ADIN (Ação Direta deInconstitucionalidade) nº 3239 de 2004, do DEM, ex –PFL, prestes a ser votada no Supremo Tribunal Federal (STF), para anular o decreto 4887/03, que regulamenta titulação das terras remanescentes de quilombos. O Encontro da Rede de Mocambos, convoca todos os quilombolas, o Movimento Negro e a população brasileira, neste 20 de novembro, a cerrar fileiras em defesa das comunidades quilombolas e decreto 4887/03, contra a ADIN 3239/2004 dos ruralistas do DEM.

O Brasil da Revolta da Chibata em 1910, vivia um período de transição [que não acabou até hoje] entre a monarquia e a republica. Vacilava entre acostumar-se com o fim e a continuidade dos valores e privilégios escravistas e monarquistas, que “findaram” 11, 12 anos antes, com a abolição e a proclamação da republica. O Brasil era governado por militares, desde a queda da monarquia, apoiados pelas oligarquias monarquistas, camufladas de republicanos, denunciados por Luiz Gama ainda na década de 1870.

O exercito, a maior força militar [numericamente então] era formada majoritariamente por soldados negros, desde a Guerra do Paraguai, com um comando branco, monarquista e escravistas enrustidos.

A Guerra do Paraguai se constituía em um fantasma muito próximo, lembrando ao comando, que aquele povo negro, escravizado, sem direitos, tinha lutado [diferente dos filhos brancos dos cidadãos da elite], numa guerra que não era sua, para proteger interesses do imperialismo Inglês. O imperador D. Pedro, e as elites se serviram a isso, não sem propósito.

O objetivo denunciado por José Julio Chiavenato, em seu livro: O Negro da Senzala a Guerra do Paraguai – Hum milhão de negros desaparecem das estatísticas do Brasil, entre os sensos de 1860 e 1870. Ocorre que o exercito brasileiro só admite 150 mil soldados mortos. A outra meta era  destruir o estado indígena, sem escravidão ou analfabetismo, que ousava, em  troca de seus excedentes agrícolas, construir uma industria progressiva em  Assunção, capital do Paraguai, que comprometeria os interesses ingleses  nesta parte do mundo.

Os historiadores e a academia fogem deste assunto, como o diabo da cruz.  Este é um tabu histórico de que os intelectuais, os políticos e espanta-nos,  o próprio Movimento Negro, não tratam. Porque o tabu, que temem?

É Célia Maria Marinho, em seu livro Onda Negra, Medo Branco, aponta o fio do  novelo, que ninguém quer desenrolar. Marinho, nos conta que em meados do  século XIX, a Assembléia imperial e a Assembléia Legislativa de SP, já  debatiam uma solução final para a higiene ética, e o branqueamento da  população brasileira, de modo a torná-la visualmente social e mais palatável  aos olhos das nações amigas européias. Uma necessidade que se impõe as  elites desde 1808, com a chegada da família real, mas por imprescindível a mão de obra escravizada, só começam discutir o projeto em paralelo com a derrocada inevitável daquele sistema de produção.

As instituições do governo do general Hermes da Fonseca, em 1910, ainda não  havia assimilado a abolição e os valores da republica. A marinha, por  influencia da monarquia, ainda era a força melhor equipada, e o governo acabara de adquirir uma frota de navios de Guerra da Inglaterra [monarquia de maior tradição na navegação militar e mercante]. A marinha real foi responsável pelo treinamento operacional dos marujos brasileiros, quase todos negros.

Uma força com um poder de fogo monumental, liderada por um corpo de oficiais aristocratas, herdeiros do escravismo, formados na Inglaterra, tinha todos os componentes para manter as mesmas relações e valores escravistas com a marujada.

Tanto mais explosiva era essa relação, por ser o engajamento militar, a única possibilidade de trabalho para o jovem negro. Uma vez que as mulheres negras, eram as únicas a conseguir trabalho no pós abolição, com a política de substituição da mão de obra do negro pelos imigrantes europeus, como denuncia Célia Marinho e Chiavenato.

Ao homem negro e a sua família, só restava morrer a míngua ou na Guerra, como parte do projeto político daquela sociedade. Os negros eram seqüestrados, desde a Guerra do Paraguai, pelo governo, ou recrutados voluntários, por falta de outra opção de trabalho. O oficio do soldado era de risco de morte iminente diante dos conflitos regionais no Brasil na América Latina.

A passagem dos marinheiros pelo velho continente, a convivência com marujos europeus, o conhecimento de suas historias, provoca um sentimento de altivez e dignidade, de direito e cidadania nos mesmos.

O ultimo ingrediente deste quebra cabeças: o inicio da favelização da capital do Brasil. O Rio de Janeiro era uma cidade majoritariamente negra; depois, ali também se concentravam um grande numero de veteranos da Guerra de Canudos e do Paraguai [depois de desmobilizados], a espera do cumprimento, por parte do governo, das promessas de moradias, incorporação, indenizações e aposentadorias jamais cumpridas.

Foi neste panorama que João Candido Felisberto, soldado desde os 12 anos no Rio Grande do Sul, e voluntario na academia da Marinha aos 14, e seus companheiros, se rebelam com os castigos corporais impingidos aos marinheiros, como resquício da escravidão pelo oficialato racista.

Os marinheiros amotinados destituíram seus comandantes, mataram oficiais que resistiram, tomaram o comando da frota de 04 dos principais e mais bem armados navios da época, e exigiram o fim do castigo da chibata, melhores soldos e alimentação, apontando seus canhões para a cidade do RJ. Entre os dia 22 e 28 de novembro, foram senhores da situação, findo a qual, receberam a promessa do governo, que tinha deputados e senadores como intermediários, de que suas reivindicações e a anistia lhes seriam concedidas, desde que depusessem as armas e devolvesse a frota aos seus comandantes.

Os meses que se seguiram foram de enrrolação e descumprimento por parte do governo, do acordo firmado. Daí sobreveio outra revolta dos marinheiros, a repressão e morte sem piedade, o degredo da maioria para a Amazônia, e a prisão sob condições absolutamente insalubre de 18 dos principais lideres, entre eles João Candido. Dezesseis morreram sufocados neste cativeiro. Apenas dois sobreviveram, o almirante negro era um deles.

João Candido vagou toda a sua vida de prisão em hospitais psiquiátricos a cadeias, a espera pelo reconhecimento de sua luta, da anistia e a indenização pela injustiça sofrida. Porém, apesar do apoio da marujada [muitas gerações de marinheiros o tiveram e ainda o tem como um herói], foi o elitismo e conservadorismo do almirantado, que impediu o reconhecimento e a restauração de sua histórica personagem.

O governo Lula em um ato populista e de marketing, confere-lhe a anistia, nomeia um navio mercante com seu nome, constrói uma estatua em sua homenagem, mas não lhe confere a promoção com a patente máxima do almirantado, nem indeniza a família do grande herói da marinha, dos negros e do povo brasileiro. O navegante negro João Candido Felisberto morreu pobre na cidade de S. João do Mereti, no RJ, em 6 de dezembro de 1969, aos 89 anos de idade.

O genocídio do negro segue em pauta ainda hoje, como parte do projeto político das oligarquias e elites monarco - escravistas do Brasil. A ausência de uma política de desenvolvimento para o Brasil, que incorpore no mercado de trabalho toda a juventude, a falta de prioridade e investimentos de vulto na educação integral de qualidade, em período integral; de investimentos em oportunidades, esporte, cultura e lazer, é substituida por uma política de marginalização e genocídio da juventude negra pelas forças de segurança do estado racista, elegendo o negro e o pobre como os inimigos da nação, em um fragrante desrespeito aos direitos dos cidadãos, aos direitos humanos e a democracia. 

*Reginaldo Bispo-Coordenador Nacional de Organização do MNU – Movimento Negro Unificado.*  
Fonte: Instituto Búzios

2º Ato Show de Águas Claras - BA

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Tribunal de Justiça lembra passagem do Dia da Consciência Negra - BA


Amanhã comemora-se em todo o País o Dia da Consciência Negra, data que marca a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. O 20 de novembro foi escolhido por ser o dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder de um dos mais famosos quilombos existentes em toda a história da escravidão. Zumbi morreu em 1695, há 315 anos.

O Dia da Consciência Negra foi estabelecido pela Lei nº 10.639 de 2003, que também incluiu a data no calendário escolar e tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. A relevância está na oportunidade de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional.

Para marcar a passagem da data, o Tribunal Pleno aprovou, durante a sessão do dia 10 desse mês, por unanimidade, a proposta do desembargador Gesivaldo Britto, aditada pela desembargadora Daisy Lago, para homenagear as magistradas Mary de Aguiar Silva, admitida em 21 de março de 1962, Alexandrina de Almeida Santos, admitida em 3 de agosto de1967 e Luislinda Dias de Valois Santos, admitida 04 de junho de 1984.

Trajetórias - Remanso, no Norte do Estado, foi a primeira comarca da juíza Mary de Aguiar Silva. Em seguida, foi promovida por merecimento em 8 de julho de 1967 para a Comarca de Belmonte. Em 7 de novembro de 1978 chegou a Salvador. Aposentou-se em 21 de novembro de 1995.

Já a magistrada Alexandrina de Almeida Santos ingressou tomando posse na Comarca de Santa Terezinha. Depois, em 7 de julho de 1973, foi promovida, por merecimento, para a Comarca de Esplanada, de Segunda Entrância. Sete anos mais tarde, em 10 de junho de 1980, também por merecimento, foi promovida para Itabuna, comarca de Terceira Entrância, até chegar a Salvador, em 6 de março de 1987. A juíza Alexandrina faleceu em 11 de agosto de 2009.

A magistrada Luislinda Valois ingressou no Tribunal de Justiça em 1984, na comarca de Paramirim, onde ficou até o ano de 1987. Depois, foi promovida para a comarca de Itapetinga, onde permaneceu de 1987 a 1992, quando foi promovida para a comarca de Salvador.


Texto: Ascom TJBA / Fotos: Nei Pinto

Semana Nacional Evangélica da Consciência Negra

Atividades confirmadas:

20 novembro - África Berço do Cristianismo -  Igreja Batista em Viçoso Jardim - ANNEB


20 novembro - Culto Ações de Graça: Dia da Consciência Negra -  Igreja Presbiteriana em Águia de Haia

20 novembro 2010  - JUBILEU DE PRATA, 25 ANOS DA PASTORAL REGIONALO DE COMBATE AO RACISMO DA IGREJA METODISTA 1ª RE

20 novembro 2010 - “Tomada de Consciência” - 6ª edição do Congresso Arena de Teatro Igreja de Nova Vida da Tijuca 

21 novembro - SHOW EVANGÉLICO SEMANA DA CONSCIENCIA NEGRA - CAMAÇARI / Ba.  ANNEB / BA

21 novembro 2010 - “O amor lança fora todo o medo. O medo da discriminação, do preconceito e do racismo” -  Igreja Metodista em Arapoanga - ANNEB / DF

21 novembro - ENCONTRO VIRTUAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA - Na  Rede Afrokut - lançamento da Campanha superação do racismo na educação infantil nas igrejas.

    No dia 25/11 o CEAFRO lançará o livro "Colonos e Quilombolas" - BA

    Na próxima quinta-feira, dia 25 de novembro, a partir das 18 horas, no auditório Milton Santos, do CEAO/CEAFRO/UFBa, localizado na Pça Inocêncio Galvão 42, Largo Dois de Julho, Salvador/Ba, acontece o lançamento do livro Colonos e Quilombolas, um registro de histórias dos territórios negros urbanos formados em Porto Alegre/RS, após o período de escravização no Brasil. Esse registro se deu por meio de testemunhe e vozes iconográficas de seus protagonistas, moradores da região conhecida como Colônia Africana. Colonos e Quilombolas teve a coordenação editorial da fotógrafa gaúcha Irene Santos, introdução da professora Petronilha Gonçalves, que já integrou o Conselho Nacional de Educação e prefácio do artista plástico e curador baiano Emanoel Araújo, diretor do Museu Afro (SP).
    O novembro, em São Paulo/SP e Curitiba/PR. Em Salvador, a cronista, ativista do movimento de mulheres negras e editora do blog cidinhadasilva.blogspot.com, Cidinha da Silva, fará sessão de autógrafos. Ela foi uma das quatro mulheres que compuseram o livro: Dorvalina Fialho, Vera Daisy Barcellos e Zoravia Bettiol.
    Para Cidinha da Silva "escrever crônicas para o livro Colonos e Quilombolas foi desafiador, não pelo fato de tratar-se de uma mineira abordando temática, aparentemente, gaúcha. Não nos esqueçamos, compomos a diáspora africana no Brasil.  Mas porque é instigante criar a partir de uma "encomenda", a partir de certos parâmetros. Neste caso, definidos pelo teor dos depoimentos que subsidiaram os textos. Optei  apenas por lê-los, não quis ouvi-los para não sucumbir à tentação de buscar repetir as vozes das(os) depoentes. O grande desafio foi encontrar a minha voz narrativa para recriar as histórias que li. Fiquei muito feliz com o resultado final. Espero que a leitura do texto e da iconografia emocione às leitoras e aos leitores".
    Colonos e Quilombolas trata do território que se iniciava, na capital gaúcha, na atual Cidade Baixa e passava pelos bairros Bom Fim, Mont’Serrat, Rio Branco e estendia-se até o bairro Três Figueiras, onde ainda subsiste o Quilombo dos Silva, reconhecido pelo Governo Federal, mas, diuturnamente contestado pela vizinhança, como é regra no tratamento dado aos quilombos, urbanos e rurais, em todo o país. Apesar de ter suas ruas inscritas nos mapas do século XIX, a região, popularmente conhecida como Colônia Africana, nunca foi reconhecida pela Prefeitura Municipal como um bairro da cidade.
    Os depoimentos e as fotografias nos contam uma história de resistência e reinvenção da vida na busca da humanidade plena, roubada pelo racismo. Os moradores da Colônia Africana nos alertam, por exemplo, que os porto-alegrenses gostam de pensar que os judeus foram os primeiros habitantes do bairro Bom Fim. Não foram não. Os negros chegaram antes, bem no início do século XX. Aos poucos foram imprimindo suas marcas nas festas populares e de origem religiosa que envolviam os imigrantes europeus, também moradores do bairro. A região era povoada por homens e mulheres negros qualificados para diferentes ofícios: trabalhadores(as) domésticos(as), tais como jardineiros, cozinheiras e damas de companhia; acendedores de lampião, roçadores de terrenos, lavadeiras, benzedeiras, condutores de carros e bondes, costureiras e músicos, dentre os predominantes.
    Como define a professora Petronilha Gonçalves na introdução da obra: “Os habitantes da Colônia Africana, assim como de outros bairros negros de Porto Alegre são colonos, não porque povoaram áreas não habitadas, ou porque se dedicaram ao cultivo de terras. São colonos porque guardaram, aqueceram e lançaram em seus descendentes, sementes de culturas africanas e histórias de antepassados trazidos à força da África. Sementes que germinaram em trabalhos, celebrações, festejos, jogos, cuidados e criatividade. Os negros colonos, como os quilombolas de que trata este livro, são guardiões de conhecimentos e da sabedoria que os escravizados trouxeram em seus corpos, consciência, sentimentos, e com os quais ajudaram a erguer a nação brasileira. São colonos e quilombolas porque resistem às reiteradas tentativas de desqualificação e de extermínio, porque ergueram e continuam erguendo fundamentos das africanidades brasileiras, resistindo para não desligar de suas origens". 
    O livro será vendido ao preço de R$ 50,00 (cinquenta reais).

    *Agradecemos por sua atenção. Caso queira mais informações favor contatar com:
    Céres Santos - Coord. Executiva do Ceafro/UFBa
    Contatos Tel.: (71) 3283.5520/5510

    CEPAIA lança cartilha "Zumbi apareceu na Coroa Vermelha" - BA

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    Liderança feminina na cultura discutida em Maputo - Angola



    Com a presença de mulheres fazedoras de cultura em Moçambique e no Brasil, o evento Capulana Cultural – Experiências Femininas em Liderança Cultural acontece nos dias 02, 03 e 04 de Dezembro e conta com sessões de intercâmbio Cultural entre diversas manifestações tipicamente realizadas por mulheres (como o Tufo, Zore, Muthimba e Xingomana) juntamente com a capoeira; debates sobre o papel da mulher na cultura e no desenvolvimento; alem de oficinas acerca dos direitos  autorais e culturais.
    O Evento Capulana Cultural foi idealizado com o objectivo de  promover a mulher como agente activa da cultura e do desenvolvimento, buscando considerar  as manifestações culturais como instrumentos de militância por  um mundo mais justo e igualitário.
    Espera-se que participem do evento mais de 50 mulheres envolvidas em grupos culturais na província de Maputo. Nomes como Paulina Chiziane, Graça Samo e Janja Araújo (do Brasil) vão mediar debates entre as diversas participantes, na tentativa de identificar formas pelas quais as actividades culturais podem contribuir de forma mais activa para o desenvolvimento e a igualdade no país. As diversas actividades promovidas pelo evento possibilitam às participantes entrar em contacto e aprofundar seus conhecimentos sobre a importância da cultura e seus frutos.
    Paralelamente à programação, haverá uma sala  de Depoimentos (privada) com câmera aberta para as participantes falarem do encontro ou de suas vidas. Alem disso, haverá uma sala onde filmes sobre a mulher em Moçambique serão exibidos.

     

    PROGRAMAÇÃO


    2/Dez/2010 - Quinta-Feira, no Centro Cultural Brasil-Moçambique
    9-10hs: Apresentação da Associação Sócio Cultural Horizonte Azul
    10-10:15hs: Apresentação do Grupo de Tufo da Mafalala
    10:15--11:30hs: Mesa Redonda – Mulheres na Cultura
    11:30-11:45hs: Apresentação Muthimba de Mavalane
    11:45-12hs: Apresentação Xingomana Mercado do Povo
    12-12:30hs: Agradecimentos e encerramento da abertura

    3/Dez/2010 – Sexta-­Feira, na Casa da Cultura do Alto-­Maé
    9-12hs: Oficinas Culturais – Capoeira, Zore, Tufo, Xingomana, Muthimba
    12-13hs: Almoço
    13-14hs: Macuas e a preparação do Corpo
    14-15hs: Debate – Direitos Culturais/Direitos Autorais
    15-17hs: Roda Aberta de Capoeira

    4/Dez/2010 – Sexta-­Feira, na Casa da Cultura do Alto­Maé
    9 -10hs: Oficinas Culturais
    10 -11hs: Sessão de depoimentos
    11-12hs: Debate Rede de Mulheres / Livro de depoimentos
    12-13hs: Almoço e Encerramento

    Defesa de dissertação no POSAFRO: "Ações Afirmativas no Ensino Superior Privado: As percepções dos coordenadores do ProUni sobre o programa em instituições privadas de Salvador” - BA

    Nesta quarta-feira (24), às 11h, haverá a defesa de dissertação de Maiara Alves Oliveira no Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia.
     
    Maiara Alves Oliveira defende a dissertação "Ações Afirmativas no Ensino Superior Privado: As percepções dos coordenadores do ProUni sobre o programa em instituições privadas de Salvador”.  A orientadora é a Profa. Dra. Paula Cristina da Silva Barreto.
     
    Serviço:
     
    Dissertação: "Ações Afirmativas no Ensino Superior Privado: As percepções dos coordenadores do ProUni sobre o programa em instituições privadas de Salvador”
    Quando: 24/11, às 11h.
    Onde: CEAO, Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho.
     
    Banca Examinadora:
     
    Profa. Dra. Paula Cristina da Silva Barreto (Orientadora/UFBA)
    Prof. Dr. Jocélio Teles dos Santos (PosAfro/UFBA)
    Prof. Dr. Cloves Luiz Pereira Oliveira (UEFS)

    A ACBANTU e a Rede Kôdya manifestam seu apoio a Arany Santana e Luiza Bairros

    Nos últimos dias fomos surpreendidos pelos artigos do Sr. Law Araujo, representante da CONEN, que em nome do “Movimento Negro Baiano” as descredenciou enquanto secretárias do Governo Jaques Wagner e ainda para possíveis indicações a algum dos Ministérios da Presidenta Dilma Roussef.

    A Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu – ACBANTU e a Rede KÔDYA: Comunidades Organizadas da Diáspora Africana vem publicamente manifestar seu apoio a duas lideranças do Povo Negro da Bahia: Arany Santana e Luiza Bairros. Temos testemunhado o grande empenho de ambas a inaugurar um novo tempo na forma de fazer políticas públicas em nosso Estado: o tempo do diálogo com Povos de Terreiro, Povos Ciganos, Povos Indígenas, Comunidades Quilombolas, Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto, Comunidades Extrativistas, Pescadores Artesanais e Marisqueiras e ainda, População Negra em situação de rua, População negra em assentamentos e acampamentos, entre outros.
     
    Na gestão de Arany Santana na SEDES e de Luiza Bairros na SEPROMI diversas instituições representativas do movimento negro encontraram apoio para suas ações sociais. Podemos citar ainda o lançamento de editais de apoio a ações de combate ao racismo e à intolerância religiosa, afirmação étnica/cultural e promoção da igualdade de gênero.

    Tem sido uma luta árdua que estas duas mulheres negras vêm realizando e para nós agora é o momento de unirmos forças para juntos ampliarmos o trabalho que as duas vêm desenvolvendo com mais recursos, estrutura, assessoria, etc.


    Repudiamos ações de pessoas que tentam “falar pelo movimento negro” sem ter realizado uma discussão mínima sobre o assunto. Nós da ACBANTU não aceitamos QUE FALEM EM NOSSO NOME SEM NOSSA AUTORIZAÇÃO. Tantos espaços de discussão foram criados, tantos momentos de articulação estão sendo instalados. Não acreditamos nessa política de “fritar nomes” para possíveis indicações. Repudiamos essa política de “puxar o tapete”. Sobretudo quando se trata de negros desqualificando negros. Repudiamos o “capitão do mato” que ainda vive dentro dos diversos “movimentos negros” do nosso país. Repudiamos aqueles que fazem vigorar um antigo ensinamento dos senhores de escravos: “Quer ver um negro bem amarrado? Mande outro negro amarrar.”

    Invocamos o “Zumbi dos Palmares” e as “Marias Felipas” que vivem dentro dos diversos “movimentos negros” do nosso país. Às duas mulheres negras Arany Santana e Luiza Bairros:
     
                VO NZAAMBI WUTUSAAMBULWA! QUE DEUS LHES PROTEJA!

    PS. Colocamos também em nosso site. www.acbantu.org.br

    sexta-feira, 19 de novembro de 2010

    Mesa Redonda "O intelectual no processo eleitoral baiano 2010: balanço da participação dos políticos negros e estratégias eleitorais" - BA

    O CEAO e a APNB convidam para a mesa redonda:

    "O intelectual no processo eleitoral baiano 2010: balanço da participação dos políticos negros e estratégias eleitorais".

    Debatedores: Dra. Antônia dos Santos Garcia (NEIM-UFBa), Dra. Célia Sacramento (UEFS) e  Dr. Nilo Rosa (UEFS). Coordenador: Dr. Cloves Oliveira (UEFS/ A Cor da Bahia – UFBa). 


    Data: 25 de  novembro de 2010, quinta-feira, 2010.
    Horário: 18:30 hs
    Local: CEAO - Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40060-055. Salvador - Bahia Tel (71) 3283-5502/  www.ceao.ufba.br

    Por um Estado que proteja as crianças negras do apedrejamento moral no cotidiano escolar (Eliane Cavalleiro)

    Brasil, 20 de novembro de 2010, Dia da Consciência Negra

    Excelentíssimo Presidente da República Federativa do Brasil, Sr. Luís Inácio Lula da Silva,

     
    Em um ato político e humano, vossa excelência ofertou asilo a Sakneh Mohammadi Ashtiani como forma de preservar-lhe a vida, visto que a mesma corre risco de ser apedrejada até a morte física em seu país, o Irã.

    Se me permite a analogia, pelo exemplo que vossa senhoria encarna para a Nação, creio que seria, além de político e humano, um gesto emblemático e valoroso se  vossa senhoria manifestasse sua preocupação e garantisse “proteção” às crianças negras inseridas no sistema de ensino brasileiro, zelando por sua sobrevivência moral e sucesso em sua trajetória educacional. Como vossa senhoria já afirmou: “Nada justifica o Estado tirar a vida de alguém”, e, no caso do Brasil, nada justifica que o Estado colabore para fragilizar a vida emocional e psíquica de crianças negras, propiciando uma educação que enseja uma violência simbólica, quando não física, contra elas no cotidiano escolar. Sim, a violência diuturna sofrida pelas crianças negras no espaço escolar pode, em certa medida, ser comparada ao apedrejamento físico, visto que o racismo e seus derivados as amordaça. Assim, emocionalmente desprotegidas em sua pouca idade, as crianças passam a perseguir um ideal de “brancura” impossível de ser atingido,  fazendo-as mergulhar em um estado latente, intenso e profundo de insatisfação e estranhamento consigo mesmas.  

    É fato que as crianças em geral não possuem natureza racista, mas a socialização que lhes é imposta pela sociedade as ensina a usar o racismo e seus derivados como armas para ferir as criança as negras, em situacões de disputas e até simplesmente para demarcar espacos e territórios, bem ao exemplo dos padrões da sociedade mais ampla. A escola constitui apenas mais uma instituição social na qual as características raciais negras são usadas para depreciar, humilhar e excluir. Assim, depreciadas, humilhadas e excluídas pela prática escolar e consumidas pelo padrão racista da sociedade, as crianças negras têm sua energia, que deveria estar voltada para o seu desenvolvimento e para a construção de conhecimento e socialização, pulverizada em repetidos e inócuos esforços para se sentir aceita no cotiano escolar.

    Se há no Irã - liderados pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad - um grupo hegemônico que, embasado em uma interpretação dogmática do Islamismo e na particular percepção do que é legitimo, detém o poder de vida de  morte sob as pessoas, não menos brutal no Brasil, temos um grupo no poder que, apesar de não deliberar explicitamente pela morte física de negros e negras, investe pesadamente na manutenção da supremacia branca, advoga pelo não estabelecimento de políticas que promovam a igualdade, e nega sistematicamente qualquer esforço pela afirmação dos direitos dos afro-brasileiros.

    Excelentíssimo, a supremacia branca mina as bases de qualquer perspectiva de justiça social. A  eliminação do racismo e de seus predicativos depende do questionamento do poder branco, visto que a subalternização dos negros é fonte permanente de riqueza, prosperidade e garantia de poder arbitrário e absoluto. Não seria está também uma forma de matar e de exterminar? Não estaria aí um protótipo do modelo de genocídio à brasileira? 

    Nossa aposta, sr. presidente, é que estando sob um regime democrático - ainda que permeado por estrutura historicamente racista que nega aos negros os direitos de cidadania – possamos contar com  os órgãos públicos competentes no dever legal de zelar pela igualdade substantiva. Neste sentido, o Ministério da Educação (MEC) encontra-se submetido às leis nacionais e aos tratados internacionais promulgados pela ONU, o que legitima nosso direito de exigir que, sendo o órgão representante do Estado brasileiro no campo da educação, promova o bem estar de nossas crianças, e que não contribua, portanto, para a sua dilapidação moral.

    Senhor Presidente, que legitimidade tem um governo que abraça o projeto político de ‘um país de todos”, mas que investe recursos públicos na disseminação de uma pedagogia racista entre os seus pequenos cidadãos? Um Estado que compra e envia para as escolas material pedagógico que contém estereótipos e preconceitos quer sejam étnicos, raciais e/ou de gênero pode ser compreendido como um Estado que fornece combustível ideológico para que a humanidade dos indivíduos tidos como ‘diferentes’ seja desconfigurada. Não nos parece que é a proposta política deste governo incentivar e disseminar  ideologias racistas que promovem a deterioração da identidade e da autoestima da criança negra.

    É neste sentido, senhor presidente, que a contenda sobre o livro de Monteiro Lobato deve ser vista apenas como mais um episódio em que os negros aparecem como inconvenientes e não encontram solidariedade por parte dos formadores de opinião e representantes da administração pública. Talvez tais agentes  fossem mais solidários com a luta anti-racista caso os materiais pedagógicos contivessem referências depreciativas em relação às suas identidades.  Talvez conseguissem perceber o escárnio se as personagens obesas fossem referidas como aquelas que “comem como uma porca cebosa”. Talvez se motivassem a protestar caso um livro contivesse um padre católico apresentado como “lobo que devora criancinhas”.  Talvez também fossem contrários à distribuição de obras clássicas que contivessem a idéia preconceituosa de que: “os políticos agem no escuro como ratos ladrões”.

    Entretanto, senhor presidente, ter no livro de Monteiro Lobato personagem negra que “sobe na árvore como macaca de carvão” é visto como algo absolutamente natural e que deve ser mantido para preservar a liberdade de expressão. No fundo querem que nós negros e negras subscrevamos tal obra como um elemento histórico que, constitutivo da “democracia racial brasileira”, deve ainda ser difundido nas escolas, a despeito dos estragos que possa produzir na formação de nossas crianças brancas e negras.

    Aceitar tais práticas insidiosas é negar a nós mesmos e rasgar o histórico de resistências que marca a identidade negra.  Não podemos aceitar que nossas crianças negras sejam sacrificadas e usadas para o entretenimento, deleite e regogizo das crianças brancas. E nós, seus pais e educadores,  lamentaríamos ver nossas crianças obrigadas a se defenderem de pedradras usando pedras contra “Pedrinhos”.

    A era da inocência acabou, como nos lembra a militância negra! Os chamados textos clássicos não representam a última (sacrosanta) palavra sobre o mundo social. Não é segredo que muitos dos textos sob tal categoria  são na verdade a bíblia da dominação branca-masculina-heterosexual, representando uma falsa imagem sobre quem somos. Propicia, por exemplo, que homossexuais sejam agredidos no cotidiano escolar e/ou na calada da noite, nas esquinas escuras das nossas cidades.

    Uma educação que oferta estereótipos étnicos, raciais, de gênero e/ou homofóbicos facilita que jovens, ainda que supostamente “bem educados”,  organizem práticas criminosas como o “rodeio das gordas”, ocorrido na UNESP ainda agora. É pelo investimento possessivo na supremacia branca, assegurado pela desumanização dos negros, que pessoas queimam índios e moradores de rua; é a partir de uma educação sexista que jovens tornam-se preconceituosos a ponto de espancar mulheres em pontos de ônibus, por acreditarem que são prostitutas. É a sistemática exposição de nossos meninos e jovens a idéias e práticas machistas que constitui terreno fértil para que quando homens crescidos, diante da percepção de ameaca á sua masculindade, assassinem suas namoradas, esposas e/ou amantes, conforme constatamos nos nossos noticiários.

    Assim, senhor presidente, trata-se de legítimo e necessário o parecer do Conselho Nacional de Educação - CNE/CEB Nº: 15/2010, sobre as medidas de combate aos estereotipos e preconceitos na literatura. Não se trata de censura política, como se quer passar, mas de proteção social das nossas crianças. Pois, assim como um buquê de rosas que apesar da beleza contém espinhos pontiagudos, os livros com teor discriminatório ferem. Alguns ferem de maneira profunda e indelevelmente marcam trajetórias de vida. Logo,  podemos questionar se um educador que, ao dar a rosa, alerta sobre a existência de espinhos, estaria censurando a existência da rosa e banindo-a do jardim, ou estaria apenas, responsável que é, cumprindo o dever de proteger a criança pequena?

    Há que se ter cuidado com nossas criancas que, a partir de sua próspera administracao, sr. presidente, mais cedo adentram o cotidiano escolar. Se elas entram mais cedo na escola, é fato que também  experienciam mais cedo o  contato sistemático com um cotidiano discriminatório, repleto de violência racial, vivendo precocemente a dor e o sofrimento de serem desumanizadas com qualificativos  como macaco e urubu, assim como Monteiro Lobato dissemina em suas histórias.

    Infelizmente, sr. presidente, nós negros adultos, ainda que tenhamos sobrevivido a esses mesmos sofrimentos em nossas histórias de vida, não conseguimos encontrar remédio eficaz para curar a dor que corrói a alma de nossas crianças pequenas. Não descobrimos ainda palavras mágicas que apaguem da memória de nossas crianças a vergonha da humilhação e do escárnio público. A valorização da beleza de nossa pele e o histórico de luta de nosso povo apenas amenizam o sangramento moral. É difícil se contrapor a um ideal de beleza e de sucesso que reserva um lugar inferior na sociedade aos indivíduos de pele negra.

    Sr. Presidente, em nome de seu legado que engrandeceu este país e retirou da miséria milhões de brasileiros, não permita que, sob sua administração, mesmo nestes momentos finais, prevaleça um modelo de Educação que, apenas assentado em discursos contra o racismo e o preconceito racial, utiliza-se do poder e dos recursos públicos para a compra de materiais que veiculem estereótipos e idéias preconceituosas perniciosas para milhões de crianças, futuros cidadãos, que no futuro poderiam lembrar-se não destas “leituras”, mas sim das incomparáveis conquistas da era Lula.

    Vossa senhoria que afirmou em seus discursos a importância do combate ao racismo na sociedade;  que, através da primeira  lei assinada em seu governo - Lei 10.639, em 09 de janeiro de 2003, tornou obrigatório  o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, observe atentamente para que os profissionais do Ministério da Educação não contradigam os seus pronunciamentos públicos. Talvez, sr. presidente, não haja mais tempo para corrigir o descaso desses para com as políticas de educação em áreas quilombolas, visto que os recursos empenhados no orçamento 2009, sequer, até a presente data, foram utilizados para o pagamento dos convênios aprovados, impossibilitando assim que as escolas quilombolas recebam material didático e pedagógico adequados. Certamente não há mais tempo para elaboração e distribuição de livros para subsidiar a prática pedagógica anti-racista, visto que a política foi interrompida em 2006 juntamente  com o fim do Programa Diversidade na Universidade – que mesmo tendo recebido o aval positivo do BID para uma segunda edição ampliada, por ter sido avaliado como um programa modelo para a América Latina, não contou com a aprovação das gerências superiores do MEC.

    Infelizmente, excelentíssimo presidente, não há tempo também, certamente, para lograr as metas de formação de professores e professoras para a educação das relações etnicorraciais, visto que as secretarias de educação estaduais e municipais, devido à ausência de uma consistente campanha de combate ao racismo na educação, comandada pelo MEC, pouco se engajaram para alcançar esse objetivo.

    Essa triste realidade, sr. presidente, atesta que Fernando Haddad, ministro da educação, deixará, infelizmente no legado de seu governo, a triste memória de um trabalho inexpressivo no que concerne à políticas públicas para o combate ao racismo e a valorização da história e cultura afro-brasileiras. Ele que, mesmo tendo a faca e o queijo nas mãos, pouco fez para o fortalecimento da educação anti-racista e anti-discriminatória no país, encerra seu mandato sinalizando aliança com vertentes contrárias às conquistas sociais, dificultando, assim, que o Conselho Nacional de Educação cumpra o papel que lhe é devido.  A devolução do parecer CNE/CEB Nº: 15/2010 dá bem a dimensão do retrocesso político e concretiza  uma velada censura às políticas de combate ao racismo pelo MEC. A atitude do ministro Haddad traduz sua vontade política e fornece elementos para compreendermos o porquê do inexpressívo desenvolvimento das políticas anti-racistas no interior do MEC e, a partir dele, nos sistemas de ensino.

    Assim presidente, o senhor que compreende o combate ao racismo como uma luta pela justica social, não permita que o Estado brasileiro retroceda nas conquistas dos direitos dos afro-brasileiros: não deixe sua consciência passar em branco! Relembrando suas palavras am relação à dívida do Brasil para com o continente africano: "Têm coisas que a gente não paga com dinheiro, mas com solidariedade, companheirismo e sentimentos", seja solidário à Sakneh, mas também aproveite o 20 de novembro e renove o seu compromisso com  o  Brasil negro.  Em nome das crianças negras e brancas, em nome dos filhos do Atlântico negro,  manifeste-se favoravelmente às orientações do Parecer CNE/CEB Nº: 15/2010(http://www.euconcordo.com/com-o-parecer-152010).

    Respeitosamente, 

    Eliane Cavalleiro
    Doutora em Educação pela Faculdade de Educacao da USP, 2003 – coordenadora executiva de Geledés – Instituto da Mulher Negra, de 2001 a 2004; coordenadora de Diversidade da SECAD/MEC, de 2004 a 2006; ex-professora adjunta da Faculdade de Educacao da UNB – de 2006 a fev/2010; presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores negros, de 2008 a jul/2010, é cidadã brasileira, que luta para que seus netos e bisnetos e demais gerações tenham o direito a uma verdadeira educação anti-racista.

    quinta-feira, 18 de novembro de 2010

    Caminhada do Dia Nacional da Consciência Negra - BA


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    ABAM comemora Dia da Consciência Negra e Dia Nacional das Baians de Acarajé - BA

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    Sobre as indicações de Arany Santana e Luiza Bairros

    MEXER EM COLMEIA COM VARA CURTA...

    Tenho um amigo cuja amizade foi construída com carinhosas doses de respeito mútuo, misturada com sonhos, desejos e solidariedade de que no Brasil seja possível viver sem racismo. Para isso, ainda precisamos de muito trabalho, seja nos movimentos sociais, em especial o negro e de mulheres, seja nas instâncias de poder, na implementação de políticas públicas, muitas recentemente abortadas pelos racistas de plantão, com a conivência de negociadores no Congresso Nacional. Nesse caso, me refiro à aprovação (?) do Estatuto da Igualdade. Mas o que eu quero dizer agora trata-se de uma amizade entre pessoas que não querem pouca coisa, nem se contentam com pouco.

    Outra marca de nossa amizade ele demonstra quando adoeço. Ah! Nesses casos, ele costuma dizer “se cuide, você não imagina quantos anos serão necessários para surgir uma outra pessoa, com o seu perfil”. Ouvir isso de um dos criadores do Instituto Cultural Steve Biko - o primeiro curso de pré-vestibular para negros no Brasil, há mais de 18 anos - é tão gostoso, é tão agradável, que mexe com a minha autoestima tão achincalhada por práticas diárias de violência racial e sexual que até assusta e enfraquece uma virose. Não é exagero não!!!

    E é disso que quero falar um pouco, já que foi uma mistura de falta de respeito e de reconhecimento do papel histórico de nossas lideranças negras que me motivou responder as mal escritas notas e texto do Sr. Law Araújo, uma tentativa infantil, imatura, inconsequente de atacar, pessoas que ele, no afã oportunista de assegurar uma cadeira na dança dos/as ministeriáveis, esqueceu que as nossas diferenças não devem alcançar os pilares básicos da luta negra como a resistência histórica dos povos negros escravizados no Brasil e respeito à ancestralidade.

    Falo isso porque aprendi a respeitar mulheres guerreiras, nobres como Arany Santana e Luiza Bairros. O Sr.Law não deve saber nem consegue imaginar o que é fazer parte de um grupo que criou o primeiro bloco afro baiano, o Ilê Aiyê e ler no Jornal A Tarde, após o primeiro desfile público da entidade algo como: “tom destoante no Carnaval de Salvador?” Será que ele já parou para refletir o significado de se levar para o Carnaval uma dança negra, até então guetizada pelo racismo baiano cujos passos básicos nos embalam hoje nas noites de festa negra? Ou de falar em história da África em sala de aula muitos anos antes da criação da Lei 10.639, como fez Arany Santana.

    Será que o senhor. consegue imaginar o que é apresentar à sociedade brasileira uma proposta de beleza negra, hoje literalmente replicada em vários estados brasileiros e, com isso, levantar a autoestima das mulheres negras que passaram a esticar o pescoço (e não os cabelos) e a olhar os racistas, como diz Vilma Reis, uma grande liderança negra, com o bico na diagonal? Esse exemplo não é pouca coisa não Sr. Law Araújo. É mudança. É resistência. É identidade negra. É enfrentamento ao racismo do nosso jeito. Tudo isso, com a participação de Arany Santana. É mole?

    Agora vamos combinar: é preciso ser muito ‘banda voou” (ainda se fala essa expressão? Sou tão dinossaura...) para pensar que, usando as novas tecnologias, as novas redes sociais, alguém pode desqualificar uma mulher negra com as trajetórias de militâncias social e acadêmica de uma Luiza Bairros. Não consegue não. Pelo contrário. Acredito que a intenção foi tão infeliz que os resultados já estão na mesa. Não consegue não. Pelo contrário. Acredito que a intenção foi tão infeliz, que os resultados já estão na mesa.




    Quem chegou ao doutorado e trabalha com questões de gênero e raça sabe que dois textos de Luiza, escritos na década de 90 quebraram as barreiras acadêmicas e são referências ainda hoje, 2010, “Nossos feminismos revisitados” e “Lembrando Lélia González” porque foram produzidos de um lugar bem ausente e alvo de caras feias e de narizes torcidos no Ensino Superior: o lugar da militância, de quem pensa, projeta para o futuro o que se constrói no hoje: a possibilidade de construirmos um feminismo negro, que reconheça as diferenças e as particularidades do que é ser mulher negra no Brasil, na diáspora, É pouco? Luiza Bairros, brilhantemente investiu na inauguração de uma outra epistemologia, originária da produção de mulheres negras. Quer mais? Vamos lá, então, sem recorrer ao Currícul o Lattes.

    Luiza Bairros foi militante do Movimento Negro Unificado (MNU/1978), uma das primeiras entidades negras com caráter nacional do Brasil, com ramificações em vários estados nacionais, com um pequeno detalhe: o MNU foi criado em plena Ditadura Militar. Eu tenho orgulho de pertencer a esse grupo e se precisar, algum dia posso lhe traduzir o que significou a criação de uma entidade negra e nacional, repito, em plena Ditadura Militar. Afora isso e, até dando um salto gigantesco no tempo, vamos pensar rápido: Luiza Bairros seria indicada para atuar no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD/ONU se não tivesse ‘bala na agulha?’ Teria assumido uma Secretaria de Estado sem o apoio das feministas negras e brancas baianas e de vários segmentos do Movimento Negro baiano e nacional? E mais: ao final de sua gestão, marcada por problemas, dificuldades e conquistas ser considerada uma das melhores secretarias petistas no enfrentamento do racismo e sexismo? Gente vamos respeitar né?

    Só mais uma coisinha: dessa sua intempestiva, inconsequente e imatura atitude, com o apoio da Conen (é mesmo?) ficou uma lição: mexer com vara curta em colmeia cheia de abelhas rainhas dá problema. E a depender da espécie dessas abelhas, o saldo pode ser fatal viu? Hum... ferrão de abelha rainha, quem agüenta? Suas notas e texto evidenciaram sua total irresponsabilidade com nossas lideranças que assumiram cargos públicos levando uma proposta de governo que contemplasse a população negra e que ainda hoje enfrenta resistência dentro dos governos petistas. Por favor, me aponte quantos outros secretários e ministros petistas querem saber dessa conversa?

    Seus escritos mostram contradições elementares entre o que está no seu twitter e na abertura de um desses folhetins e que pisoteiam a idéia de credibilidade. Mesmo assim não deu prá segurar. Afinal, mexer em colméia de abelha com vara curta... Lamento que sua opção seja por um caminho suicida. Mas aproveite e reúna outros amadores incompetentes, pois esse tipo de política é descartável. Respeito é bom e está presente nas culturas de matrizes africanas. Divergência política é outra coisa, mas pode se dar, também no campo do respeito.

    Agora vamos combinar outra coisa o Senhor. se alvoroça em afirmar várias vezes em um mesmo texto, com as mesmas palavras “minhas abordagens políticas”. Menossssss! O que ficou evidente nas suas mal redigidas notas e texto é sua ‘guerra aberta’ com a  Língua Portuguesa. Quer um exemplo? Em um trecho o Senhor diz:” minha construção política, tanto para o enfrentamento da diversidade no debate político institucional interno, como também na sociedade”. Reveja: o melhor não seria, em vez de enfrentar a diversidade, defendê-la, como um caminho possível do conhecimento e respeito de outras culturas e posturas?

    Também vejo em seus textos uma intenção desrespeitosa com duas mulheres negras e... principalmente, o seu medo e já desespero, causados apenas por “fofocas” sobre  possíveis indicações de mulheres negras vitaminadas como Arany Santana e Luiza Bairros para compor os governos petistas. Por último um pedido, motivado pelo Sr.: não me deixem de fora das articulações em defesa dos nomes de Arany Santana e Luiza Bairros para os governos Dilma e Jaques Wagner. Afinal... terei o maior prazer em assinar embaixo dessas sugestões e me aliar a essas duas abelhas rainhas.

    Ceres Santos

    Jornalista (DRT 6156)
    Mestra em Educação
    Coordenadora Executiva do Ceafro
    Uma das primeiras afiliadas ao PT/RS no ano do seu surgimento

    quarta-feira, 17 de novembro de 2010

    Pela Vida da Juventude Negra é o tema da Sessão em homenagem ao Dia da Consciência Negra que será celebrada na Assembleia Legislativa - BA

    No próximo dia 18/11 (quinta-feira) será comemorado, na Assembleia Legislativa da Bahia, o Dia da Consciência Negra, com Sessão Especial proposta pelo presidente da Comissão Especial da Promoção da Igualdade, o deputado estadual Bira Corôa. O evento ocorrerá no plenário da casa com o tema “Pela Vida da Juventude Negra”. A sessão mostrará experiências êxitosas nas organizações sociais e religiosas em programas de desenvolvimento em diversos campos da juventude negra. Cinco subtemas foram escolhidos para serem debatidos no plenário, são eles: Comunicação, Mercado de Trabalho, Ponto de Cultura, Quilombos Educacionais, Terreiros de Candomblé enquanto instrumento de orientação social.
    O Dia da Consciência Negra que é celebrado em 20 de Novembro foi instituído para a reflexão sobre a promoção da igualdade e inserção do negro na sociedade brasileira. Esta data passou a ser celebrada no país por ter sido o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. O dia celebrado desde a década de 1960 tem sido mais evidenciado nos tempos atuais. A Semana da Consciência Negra, período assim chamado nos dias próximos ao 20 de Novembro, não serve apenas para discutir a inserção da população negra na sociedade, mas também a valorização, respeito e reconhecimento deste povo que vem sendo subjugado deste os tempos da escravatura pela elite dominante.
     “Temos comemorado o Dia da Consciência Negra desde o início do mandato, sempre ressaltando temas ligados a valorização e importância desse dia. Este ano estamos promovendo ações durante toda esta semana, destacando o tema Pela Vida da Juventude Negra, por expressar o resgate do segmento social que mais sofre com falta de oportunidades, geradas pelas dívidas históricas que ocorreram por mais de 300 anos de escravidão. Nesta sessão mostraremos experiências que estão ajudando a combater os riscos para a jovens negros de baixa renda”, conclui o deputado.

    IV Fórum Pró-Igualdade Racial e Inclusão Social do Recôncavo - BA

    A COR DA RODA... A RODA TEM A COR QUE A GENTE PINTA!


    PROGRAMAÇÃO

    Local – Casa da Cultura – Cruz das Almas
     
    Dia - 17/11/2010

    08:30 - Samba de Roda apresentado pelo grupo BOM VIVER;                         
    09:00- Abertura do Evento;
    09:20 – Apresentação da Poetisa Roquelina ;      
    09:40- Professora  Ilza Cruz  (Secretária de Assuntos Especiais da Prefeitura      
    de Cruz das Almas);  
    10:00 - Professora  Rita Dias e Professor  Claudio Orlando( Fórum Pró-
    Igualdade Racial e Inclusão do Recôncavo: Rodas de  Saberes/Formação e a
    Implantação de Ações Afirmativas) 
    10:40 – Intervalo para o Café; 
    11:00 - Instituto Chico Mendes (Trabalho e Importância para o Recôncavo); 
    12:00 - Intervalo para Refeição;
    14:00 - Apresentação do Grupo Cantarolama; 
    14:30 - Apresentação da Roda da  Charutaria, importância para a inclusão
    social; 
    15:30 - Apresentação do Levantamento das Comunidades Quilombolas;
    16:30 - Apresentação da Roda Caminhadas. 
    18:00 -  Apresentação da Filarmônica Euterpe; 
    19:00 -  Apresentação dos Artistas Ana Maria e Mathias Moreno e Negritude Ruts 

    Dia - 18/11/2010
           
    08:30 - Apresentação da Filarmônica Lira Guarani; 
    09:00 - Mesa redonda “Possibilidades de trabalho para os alunos formados
    pela UFRB”
    10:00 – Intervalo para o Café;
    10:30 - Apresentação da Incuba (Importância do Cooperativismo); 
    11:00 - Roda de Capoeira; 
    12:00 - Intervalo para refeição;
    14:00 – História da Capoeira e seu Futuro; 
    15:00 - Roda do esporte como Inclusão Social; 
    17:00 - Apresentação de Peça Teatral  (CEC);
    18:00 - Apresentação das Rodas de Maculelê e Puxada de Rede; 
    19:00 - Apresentação do Coral da UFRB; 
    20:00 - Apresentação dos Artistas. Levada da Zabumba e  Cássia Maria 
      
     Parcerias : Prefeitura Municipal de Cruz das Almas
                        DIREC 32
                         Fundação Cultural Galeno D’Avelírio - Casa da Cultura (Cruz das Almas)

    CUT promove ato público no 20 de Novembro - BA


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