Até o  próximo dia 16 de novembro, o Projeto Panáfricas estará na África  registrando sons e imagens do continente de onde saíram para o mundo  milhões de seres humanos, com sua rica cultura, arte, ciência e forma de  vida. O material colhido na viagem à Nigéria, Gana e África do Sul -  primeira etapa do projeto – integrará uma série de televisão sobre o  panafricanismo e a diáspora africana.
Essa descoberta das  origens dos afrodescendentes e sua luta pela cidadania está sendo  conduzida pelo historiador cubano, Carlos Moore (www.drcarlosmoore.com),  grande conhecedor da trajetória de ícones da luta negra pelo mundo, com  os quais conviveu em diferentes países, como Fela Kuti, Cheikh Anta  Diop, Aimé Cesaire, Malcolm X, entre outros. O ativista Carlos Moore  está retornando à África após mais de duas décadas, para fazer o  lançamento da versão africana do livro: Fela: this bitch of the life,  biografia de Fela Kuti, lançada originalmente em 1982 e que em breve  terá sua versão em português. Trata-se da primeira biografia escrita  sobre um artista africano.
A equipe do Panáfricas é  formada pelo publicitário Paulo Rogério Nunes, produtor execuivo do  Projeto, e pelos jornalistas André Santana, Lucas Santana e Mateus  Damasceno, que também é cineasta e está sendo responsável pelas imagens.  Damasceno é o presidente da Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV).  Paulo Rogério e André Santana são diretores da série de TV Panáfricas e  integram o Instituto Mídia Étnica (www.midiaetnica.org),  organização social que há cinco anos vem realizando projetos sobre  mídia, tecnologia e relações étnicas, utilizando, inclusive, o  audiovisual. Alguns vídeos produzidos pelo Instituto Mídia Étnica podem  ser conferidos no Portal: www.correionago.com.br
Mateus Damasceno e Lucas Santana fazem parte da produtora baiana Caranguejeira, que tem experiência na produção de cinema e vídeo, com produtos premiados como o documentário: Bolívia, para além de Evo, fruto da experiência dos profissionais no país latino-americano. Mateus é o diretor de fotografia da serie Panáfricas e Lucas, o técnico de áudio e som direto.
A entrada na África aconteceu em 08 de outubro, pela Nigéria, país de 140 milhões de habitantes. A pauta principal no país foi o legado político e musical de Fela Kuti, criador do Afrobeat e principal referência para os nigerianos. A equipe visitou as cidades de Abuja, capital da Nigéria, Abeokuta, onde Fela Kuti nasceu e Lagos, a segunda maior cidade da África e o maior contigente negro do mundo. Foi em Lagos onde Fela criou uma comunidade chamada Kalakuta, que propunha a liberdade e solidariedade entre seus habitantes. Em Lagos também está o Africa Shrine, casa de show que se eternizou na história da música pelas apresentações de Fela e hoje é conduzida por seus filhos, a produtora Yeni e o músico Femi Kuti.
O Panáfricas entrevistou  amigos, músicos e familiares de Fela, cinco dos seus filhos e duas das  suas ex-esposas. Além de registrar o cotidiano de Lagos, com sua  tumultuada rotina de megalópole (mais de 15 milhões de habitantes) e sua  flagrante desigualdade social. Na segunda etapa da viagem, a equipe  visitou Accra, capital de Gana, primeira nação africana a ser tornar  independente do colonialismo europeu, em 1957. A pauta principal em Gana  foi a importância de Kwame Nkrumah, herói da independência e primeiro  presidente do país livre, e W.E.B. Du Bois, intelectual e ativista  afro-americano, que escolheu viver em Gana. Ambos  são considerados os pais do panafricanismo, pela contribuição  ideológica e prática na luta pela soberania africana e união entre as  nações africanas e os países da diáspora. O Panáfricas registrou uma  importante entrevista com Carlos Moore sobre o panafricanismo. As  locações foram o Instituto de Estudos Africanos, da Universidade de  Ghana, o Panafrican Centre, Memorial Kwame Nkrumah.
Em Gana, além da capital,  a equipe visitou as cidades de Cape Coast e Elmina no litoral do país,  onde registrou imagens dos fortes de onde embarcaram para as Américas  milhares de africanos sequestrados pelo comércio escravista. A última  parada dessa primeira etapa do Projeto Panáfricas está sendo a África do  Sul, país que ficou marcado pelo regime segregacionista do apartheid,  cujas leis estabeleciam as diferentes oportunidades e direitos entre  brancos e negros, até o início da década 1990. No país que sediou a  última Copa do Mundo, estão sendo enfocados as contribuições de  ativistas como Steve Biko e Nelson Mandela, através de entrevistas e  registros nas cidades de Joanesburgo e  Pretoria. O Panáfricas fez imagens surpreendentes dos arredores de  Joanesburgo, a mais desenvolvida cidade da África subsaariana, onde  estão localizados os township (comunidades segregadas criadas pelo apartheid): Soweto e Lenasia. Assim como Soweto era o local reservado aos negros, tornando-se ícone da luta contra o apartheid, Lenasia mantinha a populacão indiana bem distante do centro de Joanesburgo.
A viagem começou no dia  08 de outubro e o retorno ao Brasil será no dia 16 de novembro. O  projeto pretende filmar também em outros países africanos e da diáspora negra como Etiópia, Tanzânia, Martinica, Jamaica, Estados Unidos e Índia. 
Confira imagens e notícias no Blog: www.panafricas.blogspot.com
Por Andre Santana
Fonte: Correio Nagô 
 
 
   
 
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